Bolsonaro fala em 'guerra química' e faz insinuações sobre a pandemia

Política
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O presidente Jair Bolsonaro voltou a levantar dúvidas sobre a origem do vírus da covid-19. Ele mencionou teorias conspiratórias segundo as quais o vírus da covid-19 teria sido criado em laboratório, algo que cientistas já disseram ser improvável, ou que teria se espalhado a partir a ingestão de um "animal inadequado" - em referência a vídeos que mostrariam chineses tomando sopa de morcego, um hábito que não é comum no país asiático.

Sem citar a China, Bolsonaro insinuou que a pandemia seria um instrumento de guerra para garantir maior crescimento econômico. Também voltou a defender a prescrição de cloroquina como tratamento precoce contra a covid-19, embora estudos apontem que o uso do medicamento não apenas não tem eficácia comprovada contra a doença como também estaria associado a maior índice de mortalidade.

"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou se nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí, os militares sabem que o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês. O que está acontecendo com o mundo todo, com sua gente e com o nosso Brasil?", questionou.

Tratamento precoce

Bolsonaro desafiou senadores da CPI a convocarem médicos que defendam o uso da cloroquina para a covid-19. "Estamos sugerindo que sejam convocados ou convidados autoridades que venham falar do tratamento precoce. Canalha é aquele que é contra o tratamento precoce e não apresenta alternativa. Esse é um canalha", disse. "O que eu tomei todo mundo sabe. Ouso dizer que milhões de pessoas fizeram esse tratamento. Por que ser contra?", acrescentou.

Durante a fala de Bolsonaro, no Planalto, o ex-ministro da Saúde Nelson Teich afirmava, na CPI da Covid, que deixou o cargo por discordar da pressão do presidente para que o medicamento fosse imposto como método de tratamento contra o novo coronavírus.

Apesar do colapso no sistema de saúde de Manaus em janeiro, Bolsonaro sustentou que o medicamento evitou mortes no Amazonas. "E espero que a experiência de Manaus com doses cavalares de hidroxicloroquina seja completamente desnudada pelos senadores. Por que não se investe em remédio, por que é barato demais? É lucrativo para empresas farmacêuticas e laboratórios investir no que é caro?", disse.

O presidente cobrou também investigação sobre o uso dos recursos federais por Estados e municípios. "Essa CPI tenho certeza que vai ser excepcional no final da linha, vai mostrar sim o que alguns fizeram erradamente com os bilhões entregues pelo governo para seus respectivos Estados e municípios."

Por fim, justificou a demora na compra de vacinas da Pfizer na existência de cláusulas contratuais que exigiam que o governo se responsabilizasse pela aplicação e elogiou o projeto de lei de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que deu conforto ao governo para assinar a aquisição.

"Graças a lei de iniciativa dele (Pacheco), sancionada em março, pudemos então comprar as vacinas da Pfizer, mas já vinham sendo contratadas por nós lá atrás, Faltava olharmos o contrato, quem não leu critica, quem leu fica conosco", disse.

Economia

Sobre a economia, Bolsonaro disse que o que mais quer é que o País se livre do vírus e volte à normalidade. Disse que as medidas de isolamento são elogiadas pela esquerda porque "o desemprego e a miséria são terreno fértil para ditaduras". "O Brasil foi um dos países que menos decresceu em razão da pandemia", afirmou. "Tivemos mais empregos com carteira assinada no fim de 2020 do que no fim de 2019. Começamos bem 2021, não podemos continuar com essa política do fecha tudo e fique em casa."

Ao falar de estatais, o presidente disse que a Caixa deve registrar um lucro elevado neste ano e elogiou o BNDES. Citou nominalmente o atual presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, que, à frente de Itaipu, realizou investimentos em aeroportos e pontes no Paraná. "Estamos conduzindo estatais com seriedade", afirmou.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.