Teich expõe cronologia da semana em que deixou o cargo e pressão pela cloroquina

Política
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O ex-ministro da Saúde Nelson Teich expôs na CPI da Covid a cronologia de sua saída da pasta em maio, quando foi pressionado a ampliar as recomendações do uso da cloroquina para pacientes da covid-19. Na semana em que pediu demissão do cargo, relembrou Teich, o presidente Jair Bolsonaro falou a apoiadores que o ministro da Saúde deveria estar afinado a ele, que defende o uso do medicamento sem eficácia comprovada, em divergência com Teich.

Um dia antes de deixar o cargo, houve uma reunião entre Bolsonaro e empresários na qual o chefe do Executivo afirmou que a aplicação da cloroquina seria expandida. Na noite, foi a vez do presidente falar em "live" nas redes sociais sobre a expansão do uso do medicamento. Foi a gota d'água para Teich. "Ai no dia seguinte eu peço a minha exoneração", relatou o ex-ministro.

"Naquela semana teve uma fala do presidente ali na saída da Alvorada onde ele fala que o ministro tem que estar afinado, e cita o meu nome especificamente. Na véspera, pelo que eu vi, tem uma reunião com empresários onde ele fala que o medicamento vai ser expandido. A noite em uma live onde ele coloca que espera que no dia seguinte vá acontecer isso, que vai ter uma expansão do uso, e aí no dia seguinte eu peço a minha exoneração", explicou Teich.

No depoimento, o ex-ministro repetiu que resolveu deixar a pasta onde atuou por quase um mês porque percebeu que não teria autonomia necessária para tocar as ações do ministério. "Aquela sequência mostrou que eu não teria autonomia para conduzir, e ali, não tinha sentido eu continuar. E até em respeito ao presidente, pela posição dele, ele que me colocou lá, ele que foi eleito pela sociedade. Então até numa posição natural, se o natural, já que não havia uma autonomia - e isso era um pré-requisito básico pra eu continuar -, na minha opinião, naquele momento, o certo seria em sair", disse o ex-ministro.

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O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, confirmou nesta terça-feira, 1, que autoridades russas e americanas estão organizando um novo encontro para discutir temas sensíveis, como a retomada da Iniciativa do Mar Negro e os entraves ao funcionamento das embaixadas. A declaração foi dada após uma reunião do Conselho de Segurança da Rússia, na qual Lavrov abordou a evolução das relações com Washington.

Lavrov afirmou que a Rússia tem cumprido "rigorosamente o cessar-fogo" firmado em 18 de março entre os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump. No entanto, acusou a Ucrânia de continuar atacando infraestruturas energéticas russas. "O moratório não está sendo respeitado, pois instalações energéticas da Federação Russa continuam sofrendo ataques, com, no máximo, pausas de um ou dois dias", declarou.

O chanceler lembrou que, no dia do acordo, sete drones ucranianos foram interceptados. "Desde então, temos seguido esse acordo com o presidente Trump de maneira integral", disse. Segundo Lavrov, a lista de violações foi enviada ao conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Mike Waltz.

Outro tema em pauta é a retomada da Iniciativa do Mar Negro, que busca viabilizar a exportação de grãos e fertilizantes russos. "Reconhecemos positivamente a disposição dos EUA em remover os obstáculos criados por sanções unilaterais ilegais", afirmou. No entanto, cobrou medidas concretas: "Agora, não queremos mais promessas vazias, mas sim acesso garantido aos portos, condições normais de frete e seguro".

As restrições ao funcionamento das embaixadas em Moscou e Washington também estão na mesa de negociações. Lavrov responsabilizou a administração Obama pelos entraves e disse que Moscou apenas reagiu com "reciprocidade". Ele mencionou uma reunião já realizada em Istambul e a preparação de um segundo encontro. "Vemos sinais de progresso", afirmou, sem dar detalhes.

A União Europeia (UE) alertou, em comunicado, que "os exercícios militares de grande escala da China ao redor de Taiwan estão aumentando as tensões no Estreito". O Serviço Europeu de Ação Externa, órgão diplomático do bloco, ressaltou que a paz e a estabilidade na região são de "importância estratégica" para a segurança e a prosperidade globais.

"A UE tem um interesse direto na preservação do status quo no Estreito de Taiwan. Nos opomos a quaisquer ações unilaterais que alterem esse status quo por meio da força ou coerção", afirma a nota. O bloco pede que todas as partes ajam com "moderação" e evitem medidas que possam agravar ainda mais as tensões, "que devem ser resolvidas por meio do diálogo entre as duas margens do Estreito".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse, nesta terça-feira, 1, em uma publicação na Truth Social, que teve uma conversa via telefone com o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, e que a ligação "correu muito bem". De acordo com o republicano, os líderes discutiram vários tópicos, entre os quais o "tremendo progresso militar" americano contra os Houthis, do Iêmen, além de possíveis soluções para a Faixa de Gaza.