Negacionista diante da pandemia, Jair Bolsonaro destoa de seus antecessores

Política
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A postura negacionista de Jair Bolsonaro na pandemia da covid-19 - o que inclui colocar vacinas sob suspeita - vai na contramão da conduta adotada por pelo menos dez ex-presidentes durante surtos de doenças no País. O histórico de seus antecessores mostra apoio a autoridades de Saúde, com campanhas de incentivo à imunização da população. De Arthur Costa e Silva a Michel Temer, todos enfrentaram, cada um a seu tempo, crises sanitárias.

Bolsonaro, no entanto, destoa. Hoje, o presidente da República poderia estar imunizado contra a covid há um mês, mas, até agora, não demonstrou a intenção de tomar a vacina. O Brasil contabiliza mais de 400 mil mortes pelo novo coronavírus.

"Alguns falam que eu tô dando um péssimo exemplo. Ou é imbecil ou o idiota. Eu já tive o vírus. Eu já tenho anticorpos. Pra que tomar vacina de novo?", disse em dezembro. No início de abril, reafirmou que já está imunizado. "Depois que o último brasileiro for vacinado, vou decidir se vacino ou não."

A imunização para a faixa etária do presidente - ele fez 66 anos em março - teve início, em Brasília, em 3 abril. Se ele tivesse sido imunizado no primeiro dia com a Coronavac - da fabricante chinesa Sinovac e do Instituto Butantan - poderia já ter recebido a segunda dose. Questionada, a Secretaria de Comunicação da Presidência disse não saber se Bolsonaro foi ou não imunizado, já que se trata de "decisão de cunho pessoal".

Militares

Nos anos 1960, quando o Brasil chegou a ocupar o terceiro lugar no mundo com a maior incidência de varíola, o general Costa e Silva já estava imunizado quando, para "garantir" a segurança da vacina, recebeu mais uma dose.

Mais tarde, quando o País registrou os primeiros surtos de meningite, o governo Médici ignorou diretrizes de controle da doença e proibiu a divulgação de informações sobre a epidemia, alegando risco à segurança nacional. A desinformação e a falta de medidas para conter a doença marcaram a época.

A mudança veio com o general Ernesto Geisel, que assumiu a Presidência e adotou uma nova política de enfrentamento da epidemia. A Comissão Nacional de Controle de Meningite foi criada para coordenar, com Estados e municípios, a ajuda do governo federal. Os casos passaram a ser monitorados e o governo investiu na habilitação de laboratórios, na produção de imunizantes, além de firmar acordos de importação de vacinas. Em maio de 1975, Geisel foi fotografado sendo imunizado pelo ministro da Saúde, Paulo de Almeida Machado.

Na década seguinte, a pólio foi a doença da vez. À frente do Ministério da Saúde, Waldir Arcoverde desenvolveu um programa que se tornaria a "base" para campanhas de imunização realizadas até hoje. A ação foi acompanhada de perto pelo general João Figueiredo.

'Escondido'

Integrantes de governos anteriores sempre fizeram questão de ser associados a campanhas oficiais de vacinação. Mas na gestão Bolsonaro é diferente. Em reunião na semana passado do Conselho de Saúde Suplementar, o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, afirmou que tomou a vacina da covid "escondido", "para não criar caso". Disse, ainda, que tenta "convencer" Bolsonaro a se imunizar. "A vida dele corre risco." Dos oito ministros do governo que estão em idade para tomar a vacina, pelo menos seis já receberam a primeira dose. O vice-presidente Hamilton Mourão já recebeu a segunda dose.

Zé Gotinha

Além de ampliar a cobertura vacinal em crianças, o governo José Sarney teve como principal legado a criação do Zé Gotinha, idealizado pelo artista plástico Darlan Rosa. Ainda nos anos 1990, o governo Fernando Collor reforçou as campanhas de multivacinação.

Nos anos seguintes, de Itamar Franco a Temer, as políticas de conscientização e vacinação em massa foram consolidadas com campanhas publicitárias no rádio e na TV. O governo Fernando Henrique Cardoso chegou a comemorar a marca de 100% de cobertura vacinal infantil no início dos anos 2000.

Em 2008, em evento para divulgar a vacinação, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vacinado pelo governador de São Paulo à época, José Serra, que tinha sido derrotado pelo petista nas eleições presidenciais de 2002.

Em 2009, a OMS alertou o mundo para o risco de pandemia de gripe suína (H1N1). No mês seguinte, quando o Brasil tinha oito casos da doença, Lula chegou a minimizar o vírus, mas depois de, em agosto, o Brasil se tornar o país com mais mortes no mundo, o Ministério da Saúde redobrou a atenção às recomendações da OMS e investiu em vacinas e insumos.

Em 2016, Dilma Rousseff, já alvo de impeachment, fez um pronunciamento em rede nacional para pedir união no combate à dengue e ao zika. Após a queda da petista, Michel Temer deu sequência ao incentivo a campanhas de vacinação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Partido Democrata de Hong Kong, fundado em 1994 por Martin Lee, deve ser diluído ainda este ano. No último domingo, 13, 90% dos membros da sigla presentes em uma assembleia votaram pela dissolução do partido. O porcentual de votantes permite que os líderes da sigla prossigam com as medidas necessárias para o encerramento.

A discussão sobre a dissolução ocorre desde fevereiro, quando o presidente da sigla, Lo Kin-hein, afirmou que os membros se reuniriam para discutir o encerramento.

O Partido Democrata de Hong Kong foi um dos maiores do país nos anos seguintes à sua criação, formada por uma junção dos antecessores Meeting Point, Democratic Party e United Democrats of Hong Kong (UDHK). O partido ocupou amplo número de cadeiras ao longo dos anos, com grande representatividade política.

Desde 1997, quando a soberania de Hong Kong foi transferida para a China, o partido já indicava sua atitude com relação à transferência de governo afirmando em sua primeira cláusula que "Hong Kong é uma parte inalienável da China" e que o partido apoiava a "reversão de Hong Kong para a China".

No momento de maior atuação, o partido defendeu pautas que passavam do sufrágio universal aos direitos trabalhistas, passando por tentativas de negociações com Pequim em 2010, por exemplo.

Com o passar do tempo e aumento dos conflitos entre o país e o governo chinês, o Democrata passou a ser considerado um partido moderado, o que rendeu críticas de outras siglas pró-democracia, consideradas mais radicais.

Muitos membros do partido foram exilados ou presos nos anos seguintes com a crescente tensão entre o país e a China após a promulgação da Lei de Soberania Nacional, culminando em sua possível dissolução ainda este ano.

Lau Wai-hing, que foi vice-presidente do partido, disse à BBC que não concordava com a dissolução da sigla, mas que não gostaria de "ver mais pessoas indo para a cadeia".

O partido deve realizar nova assembleia entre os membros até que se decida pela possível dissolução. Até lá, a sigla deve manter suas atividades.

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, relatou 46 ataques russos e 901 ocorrências de bombardeios, 448 deles com armamento pesado, até às 16h deste domingo, em horário local, em publicação no X neste domingo, 20. O presidente citou relatório do coronel-general Oleksandr Syrskyi, chefe do exército ucraniano. Zelensky também afirmou que a Rússia é a única fonte da guerra entre os países.

"O exército ucraniano está agindo - e continuará agindo - de forma totalmente simétrica. Essa Páscoa demonstrou claramente que a única fonte dessa guerra, e a razão pela qual ela se arrasta, é a Rússia" escreveu o presidente ucraniano. "Estamos prontos para avançar em direção à paz e a um cessar-fogo completo, incondicional e honesto, que poderia durar pelo menos 30 dias, mas até agora não houve resposta da Rússia a esse respeito", acrescentou.

A Rússia anunciou no sábado, 19, um acordo de cessar-fogo durante o feriado de Páscoa, de acordo com informações da agência de notícias estatal Tass. O presidente da Ucrânia, no entanto, afirma que os bombardeios continuam.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, acusou a Rússia neste domingo de criar uma falsa aparência de respeito a um cessar-fogo de Páscoa, afirmando que Moscou continuou lançando ataques durante a noite, mesmo após o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar uma trégua temporária unilateral na Ucrânia.

"Na manhã de Páscoa, podemos dizer que o exército russo está tentando criar uma impressão geral de cessar-fogo, mas, em alguns locais, não abandona tentativas isoladas de avançar e causar perdas à Ucrânia", disse Zelenski em uma publicação na rede X.

Apesar da declaração de cessar-fogo feita por Putin no sábado, Zelenski afirmou na manhã de domingo que as forças ucranianas registraram 59 episódios de bombardeios russos e cinco investidas de unidades em diferentes pontos da linha de frente, além de dezenas de ataques com drones.

Em uma atualização posterior também publicada na plataforma, Zelenski disse que "apesar de a Ucrânia ter declarado uma abordagem simétrica às ações russas", houve um aumento nos bombardeios e ataques com drones desde as 10h (horário local). Ele afirmou, no entanto, que "ao menos foi algo positivo o fato de não terem soado os alertas de ataque aéreo".

"Na prática, ou Putin não tem controle total sobre seu exército, ou a situação prova que, na Rússia, não há qualquer intenção de dar um passo real para encerrar a guerra - o único interesse é obter uma cobertura favorável na mídia", escreveu ele.

Zelenski afirmou que a Rússia deve cumprir integralmente as condições do cessar-fogo e reiterou a proposta da Ucrânia de estender a trégua por 30 dias, a partir da meia-noite de domingo.

Ele disse que a proposta "permanece sobre a mesa" e acrescentou: "Agiremos de acordo com a situação real no terreno".

Zelenski declarou, na noite de sábado, que algumas áreas estavam mais calmas desde o anúncio do cessar-fogo, o que, segundo ele, demonstra que Putin é a "verdadeira causa" da guerra.

"Assim que Putin deu a ordem para reduzir os ataques, a intensidade dos bombardeios e das mortes diminuiu. A única fonte desta guerra e de sua continuidade está na Rússia", escreveu ele na rede X.

Autoridades nomeadas pela Rússia na região ucraniana parcialmente ocupada de Kherson afirmaram que as forças ucranianas continuaram os ataques.

"Assim que Putin deu a ordem para reduzir os ataques, a intensidade dos bombardeios e das mortes diminuiu. A única fonte desta guerra e de sua continuidade está na Rússia", escreveu ele na rede X.

Autoridades nomeadas pela Rússia na região ucraniana parcialmente ocupada de Kherson afirmaram que as forças ucranianas continuaram os ataques.

Poucas horas após anunciar o cessar-fogo, o presidente Vladimir Putin participou na noite de sábado de uma missa de Páscoa na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou, conduzida pelo Patriarca Kirill - líder da Igreja Ortodoxa Russa e defensor declarado de Putin e da guerra na Ucrânia.

Segundo o Kremlin, o cessar-fogo terá duração das 18h de sábado, no horário de Moscou, até a meia-noite após o domingo de Páscoa.

Putin não forneceu detalhes sobre como o cessar-fogo seria monitorado nem se ele se aplicaria a ataques aéreos ou aos combates terrestres que continuam sem interrupção.

O anúncio foi feito após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar na sexta-feira que as negociações entre Ucrânia e Rússia estão "chegando a um ponto decisivo" e insistir que nenhum dos lados está "jogando com ele" em sua tentativa de pôr fim à guerra, que já dura três anos.