Diante de manifestações pró-Bolsonaro, oposição muda discurso para ir às ruas

Política
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Pressionados pela mobilização em defesa do governo Jair Bolsonaro nas últimas semanas, líderes de movimentos sociais, centrais sindicais e grupos de oposição abandonaram a defesa do "fique em casa" na pandemia e marcaram novas manifestações contra o presidente e a gestão federal, apesar dos riscos de as aglomerações disseminarem a covid-19. Agora, o discurso é de que é possível ir às ruas de forma segura para protestar contra o atraso na vacinação e a postura do governo no combate à doença.

Há protestos marcados em Brasília nesta quarta, 26, e no sábado, 29, em capitais e cidades de médio porte, incluindo 76 municípios. Coordenador nacional da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim encara esses protestos como um "desafio": "Tomamos a decisão de voltar às ruas, de aumentar um degrau no tom das manifestações, até para fazer uma avaliação inclusive do ponto de vista dos cuidados sanitários".

A ideia é adotar regras rígidas de organização e distanciamento e até distribuir máscaras tipo PFF2 (considerada a mais segura por especialistas) para atrair manifestantes. Os motivos para a mudança de tom, segundo líderes dos movimentos, são tanto a manutenção de índices elevados de contaminação e mortes devido à pandemia, quanto a crise socioeconômica e o comportamento de Bolsonaro, que tem participado de sucessivos atos.

Os organizadores também querem explorar o desgaste provocado pelo avanço da CPI da Covid no Senado e o momento de pior avaliação do governo, como mostram as últimas pesquisas de opinião. Levantamentos de intenção de voto ainda demonstram queda no eleitorado disposto a reeleger Bolsonaro.

Uma parte da oposição, porém, avalia que não é o momento para sair às ruas e cobrar o impeachment do presidente. O PT, por exemplo, não tem divulgado as manifestações de sábado em suas mídias sociais, ao contrário de outros partidos e grupos que participam da mobilização. Para alguns petistas, o desgaste de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto deve perdurar até o próximo ano, o que seria interessante do ponto de vista eleitoral. Conforme revelou a Coluna do Estadão, sob esse ponto de vista, o ideal seria "deixar sangrar" o presidente até a eleição. "Os protestos são uma questão que cabe aos movimentos, respeito a autonomia deles", disse o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). "A avaliação é que o governo Bolsonaro se apega a um grupo de fanáticos e está vivendo um desgaste profundo."

Programação

Hoje, centrais sindicais fazem uma mobilização que tem o protesto contra a fome e o apelo para a renovação do auxílio emergencial no valor de R$ 600 como principais bandeiras. Neste caso, há a previsão de protesto presencial apenas em Brasília. Já no próximo sábado, movimentos sociais e partidos de esquerda sairão às ruas sob o mote "Fora Bolsonaro" em vários Estados.

As orientações para evitar a transmissão de covid-19 durante os protestos circulam nas redes sociais e em grupos de WhatsApp. Entre as medidas que os movimentos têm recomendado para os protestos mais seguros estão o uso preferencialmente da máscara tipo PFF2 ou duas máscaras, distanciamento entre os manifestantes de um a dois metros, escolha de locais sempre ao ar livre e evitar o transporte público em horários de pico. Os comunicados aconselham ainda a nunca retirar a máscara no meio de um grupo para tomar água ou fumar, por exemplo, além de voltar direto para casa após o protesto.

"Ficar em casa não tem ajudado a avançar no plano de vacinação no Brasil, não tem ajudado a derrotar o Bolsonaro", afirmou a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que incentiva a participação nos atos. Ela argumentou que o próprio presidente "empurra" os insatisfeitos para manifestações de rua, uma vez que não houve política federal para garantir o isolamento social. "É preciso se manifestar para poder emparedar o governo no momento em que ele está fragilizado, então as condições políticas justificam 'mudar um pouco a chave' e retomar uma agenda de rua."

Riscos

Especialistas ressaltam que não há como evitar totalmente o risco de transmissão e que o Brasil vive um momento especialmente preocupante na pandemia. "Há desafios práticos, porque não é muito fácil manter esse distanciamento (mínimo de 1,5m), e o risco é maior do que se a pessoa ficar em casa, então não é o momento ideal especialmente porque provavelmente estamos vivendo um aumento da transmissão", afirmou o infectologista Eliseu Waldman, da Faculdade de Saúde Pública da USP. "É preciso ter o mínimo de disciplina, se não você pode estar induzindo a população ao contágio. Há novas variantes circulando, algumas que aparentemente levam a quadros mais graves. Não é o recomendável. É uma opção individual, quem achar que deve ir à manifestação deve ter responsabilidade, e as lideranças também."

A coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Tatiana Roque, diz que já houve ondas de protestos que observaram medidas de segurança sanitário no exterior e não teriam provocado alta nas infecções. Ela cita o caso como os protestos do movimento Black Lives Matter nos Estados Unidos, entre maio e junho do ano passado.

A conclusão consta de um estudo publicado por cinco pesquisadores do National Bureau of Economic Research, nos Estados Unidos, em janeiro. "A compreensão das formas de transmissão mudou muito com o avanço da pandemia e os estudos que foram surgindo", diz Tatiana. "A taxa de contágio ao ar livre, com máscara, mantendo o distanciamento recomendado de 1,5 metro, é muito baixa."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Ao menos 98 pessoas foram presas, nesta quinta-feira, durante uma manifestação contra a prisão de Mahmoud Khalil, um ativista palestino detido por seu envolvimento com manifestações pró-Palestina na Universidade de Columbia. O protesto, organizado pela Jewish Voice for Peace, começou pouco depois do meio-dia, dentro da Trump Tower, em Manhattan.

Cerca de 200 ativistas e apoiadores da organização judaico-americana que apoia a causa palestina se reuniram no interior do edifício, denunciando o que chamam de repressão à liberdade de expressão.

O grupo vestia camisetas vermelhas com dizeres como "Não em nosso nome", escrito em letras brancas, em referência ao movimento Make America Great Again popularizado por Trump. Os manifestantes hastearam faixas e gritaram slogans hostis ao atual presidente americano.

"Lutem contra os nazistas, não contra os estudantes", eles gritavam antes de alguns serem presos, relataram jornalistas da AFP.

Mahmoud Khalil, palestino e aluno de pós-graduação da Escola de Relações Internacionais e Públicas, atuou como porta-voz de um movimento estudantil da Universidade de Columbia contra a guerra de Israel em Gaza. Ele foi preso por agentes do Departamento de Segurança Interna em sua residência universitária na noite do último sábado, 8.

"Liberdade para Mahmoud, liberdade para a Palestina", dizia um cartaz, referindo-se à detenção aguardando a deportação de Mahmoud Khalil, que possui um green card para residência permanente nos Estados Unidos.

"Estou aqui para me inspirar nas centenas de judeus de Nova York que estão se manifestando para exigir a libertação de Mahmoud Khalil, e que nosso judaísmo não seja usado como uma arma para violar os direitos dos americanos e destruir a democracia", explicou James Schamus, que se descreve como um "professor judeu" na Universidade de Columbia. Para ele, a luta de Donald Trump contra o antissemitismo é uma "cortina de fumaça".

A ideia de que "criticar Israel é antissemita, e que alguém pode ser sequestrado em nossas ruas e expulso do país se expressar opiniões políticas sobre este conflito no exterior, deveria causar arrepios de terror na espinha", acrescentou. A polícia de Nova York não confirmou as prisões durante a manifestação.

Há vários dias, o presidente Trump vem atacando universidades e, em nome do combate ao antissemitismo, prometendo medidas orçamentárias retaliatórias contra instituições que não combaterem o antissemitismo. Sua administração já cortou US$ 400 milhões em subsídios e contratos para a Columbia.

Ele também ameaça deportar estrangeiros que participarem dos protestos. Ele prometeu que o processo contra Mahmoud Khalil seria seguido por "muitos outros".

Prisão de jovem com green card

O governo Trump está tentando deportar o imigrante palestino com cidadania americana que ajudou a liderar protestos na Universidade de Columbia contra a ofensiva militar de Israel contra o grupo terrorista Hamas em Gaza.

Mahmoud Khalil, 30 anos, que se formou em dezembro na Columbia com um mestrado em políticas públicas, foi preso por oficiais de imigração em Nova York no sábado e enviado a um centro de detenção na Louisiana. Ele possui um green card e é casado com uma cidadã americana que está grávida de oito meses. Trump disse que o caso de Khalil foi "a primeira prisão de muitas que virão".

"Sabemos que há mais estudantes da Columbia e de outras universidades em todo o país que se envolveram em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e o governo Trump não vai tolerar isso", disse Trump nas redes sociais.

"Se vocês apoiam o terrorismo, incluindo o massacre de homens, mulheres e crianças inocentes, sua presença é contrária aos nossos interesses nacionais e de política externa, e vocês não são bem-vindos aqui. Esperamos que todas as Faculdades e Universidades dos Estados Unidos cumpram essa determinação", acrescentou.

A prisão e a tentativa de expulsão de Khalil pelo Serviço de Imigração e Alfândega provocou críticas ao governo e abriu um debate sobre os direitos de liberdade de expressão e a crescente repressão do governo Trump à imigração e às universidades que o presidente e seus assessores alegam ser muito de esquerda.

O governo não apresentou publicamente a autoridade legal para a prisão. Mas duas pessoas com conhecimento do assunto disseram que o Secretário de Estado, Marco Rubio, se baseou em uma cláusula da Lei de Imigração e Nacionalidade que lhe dá amplo poder para expulsar estrangeiros.

A disposição diz que qualquer "estrangeiro cuja presença ou atividades nos Estados Unidos o Secretário de Estado tenha motivos razoáveis para acreditar que teria consequências adversas potencialmente graves para a política externa dos Estados Unidos é passível de ser deportado".

Rubio também republicou uma declaração do Departamento de Segurança Interna que acusava Khalil de ter "liderado atividades alinhadas ao Hamas". Mas as autoridades não o acusaram de ter qualquer contato com o grupo terrorista, de receber orientações dele ou de fornecer apoio material a ele.

Em vez disso, a justificativa é que os protestos anti-Israel que Khalil ajudou a liderar eram antissemitas e promoviam um ambiente hostil para os estudantes judeus em Columbia.

Enquanto estudava na Columbia, Khalil foi líder dos protestos no campus que eclodiram depois que o Hamas lançou um ataque a Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando outras 250. Os militares israelenses realizaram ataques em Gaza que mataram cerca de 50 mil palestinos.

Os protestos pró-palestinos e um acampamento de estudantes em Columbia - bem como a resposta da administração da universidade, que incluiu pedir à polícia para retirar os manifestantes - se tornou um tema polêmico nos EUA. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Mais de 100 milhões de pessoas nos Estados Unidos estarão no caminho de uma intensa tempestade a partir de sexta-feira, 14, já que o sistema traz a ameaça de incêndios, nevascas, tornados e inundações à medida que avança para o leste através das Grandes Planícies.

O Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA previu ventos fortes que se estendem desde a fronteira canadense até o Rio Grande, com rajadas de até 130 km/h, o que cria um risco significativo de incêndio no Texas, Novo México e Oklahoma. Enquanto isso, uma rajada de inverno é esperada mais ao norte, com possíveis condições de nevasca nas Dakotas e em Minnesota.

A região central, desde a Costa do Golfo até Wisconsin, corre o risco de tempestades severas que podem gerar tornados e granizo. No sábado, 15, a previsão é de que as tempestades severas se desloquem para Louisiana, Mississippi, Alabama, Tennessee e depois para a Flórida. A possibilidade de enchentes é uma preocupação desde a Costa Central do Golfo até a parte superior do Vale de Ohio.

Espera-se que o clima turbulento chegue à Costa Leste no domingo, 16, com ventos fortes e risco de inundações repentinas em áreas localizadas.

As forças russas expulsaram o exército ucraniano da maior cidade da região fronteiriça russa de Kursk, afirmaram as autoridades nesta quinta-feira, 13.

A alegação do Ministério da Defesa da Rússia de que recapturou a cidade de Sudzha, horas depois que o presidente russo, Vladimir Putin, visitou seus comandantes em Kursk e vestiu uniformes militares, não pôde ser verificada de forma independente.

As autoridades ucranianas não fizeram nenhum comentário imediato sobre a alegação.

Putin afirmou que concorda com a proposta de cessar-fogo dos EUA, mas que o acordo deve levar a uma paz duradoura e eliminar as "causas raízes do conflito", em coletiva de imprensa nesta quinta. Fonte: Dow Jones Newswires.