Cloroquina tem Bolsonaro como maior influenciador

Política
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O presidente Jair Bolsonaro é o maior influenciador digital da cloroquina no Facebook. Em todo o mundo, nenhum usuário da plataforma provocou tanto engajamento ao citar o remédio - o resultado foi uma onda de desinformação sobre seu uso no tratamento de covid-19. As postagens que ele publicou sobre o assunto geraram 11 milhões de interações e 1,7 milhão de compartilhamentos na rede social, aponta edição do Estadão deste domingo, 6.

Do início da pandemia, em março de 2020, até o final de maio de 2021, considerando os 100 textos no Facebook com mais interações sobre cloroquina, em português e outras línguas, o presidente foi o autor de 42 - ou seja, quatro em cada dez.

O medicamento, cuja bula indica utilização contra malária e doenças autoimunes, se transformou em símbolo da desinformação sobre a pandemia no Brasil por ter sido apresentado por Bolsonaro como elemento principal do que chamou de "tratamento precoce" - suposta cura contra a covid-19. Estudos rigorosos, porém, não demonstraram eficácia contra os efeitos do coronavírus, e alguns indicaram risco de efeitos adversos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda "fortemente" que não seja utilizada contra covid-19. Os alertas da ciência foram ignorados ou contestados por Bolsonaro, que, ao propagandear uma falsa cura, desprezar medidas de isolamento social e apostar na chamada "imunidade de rebanho", criou no país um ambiente propício ao aumento de contágios e de mortes.

No ranking global de engajamento sobre a cloroquina, Bolsonaro ficou à frente do ex-presidente americano Donald Trump (1,1 milhão de interações) e até da OMS (491 mil), segundo análise feita com a ferramenta CrowdTangle, que permite dimensionar o envolvimento dos usuários da plataforma com determinados conteúdos. A análise revela ainda que as mensagens de Bolsonaro que promoveram o chamado tratamento precoce foram bem recebidas por seu público: menos de 1% das reações foram negativas.

Diferentemente do que ocorre na maioria dos demais países, a desinformação sobre a pandemia ganhou no Brasil um caráter institucional. Nos últimos 15 meses, além do presidente, outras autoridades e aliados políticos do governo utilizaram redes sociais e a estrutura oficial de comunicação para boicotar sistematicamente orientações de especialistas sobre distanciamento social, medicamentos, uso de máscaras e até mesmo a importância das vacinas. Nesse contexto, o Brasil acabou entre os dez países do mundo com maior mortalidade per capita por covid-19.

Corrente

As páginas de parlamentares brasileiros no Facebook publicaram quase 4,5 mil textos com os termos "cloroquina" e "hidroxicloroquina" (um derivado da droga) desde março de 2020, gerando nada menos que 43 milhões de interações. O predomínio dos bolsonaristas nesse debate foi avassalador. Entre os 100 posts mais populares da lista, apenas um era de um integrante da oposição e três de um deputado independente; os outros 96 provinham de governistas. Encabeçam o ranking a deputada federal Carla Zambelli (3,6 milhões de interações) e Eduardo e Flávio Bolsonaro (850 mil e 379 mil), filhos do presidente.

Bolsonaro foi também um dos políticos que geraram mais engajamento ao fazer postagens sobre outros medicamentos sem eficácia comprovada contra covid-19: ivermectina (157 mil interações); azitromicina (750 mil) e nitazoxanida (231 mil).

A primeira postagem que o presidente fez sobre a cloroquina foi em 26 de março de 2020, quando anunciou a eliminação do imposto de importação do medicamento. A mensagem que obteve o maior alcance no Facebook foi publicada quando ele próprio estava com covid-19, em julho de 2020. Na ocasião, ele escreveu: "Aos que torcem contra a hidroxicloroquina, mas não apresentam alternativas, lamento informar que estou muito bem com seu uso e, com a graça de Deus, viverei ainda por muito tempo". Foram 101 mil compartilhamentos. A maioria dos afetados por covid-19 se recupera, tomando ou não medicamentos inócuos. Estima-se que a letalidade seja próxima de 2% do total de infectados.

Promoção

Bolsonaro fez propaganda da droga em diversas ocasiões. Recentemente, disse ter retomado o consumo de cloroquina, "antes mesmo de procurar o médico". "Olha só o exemplo que estou dando: tomei aquele remédio porque estava com sintoma", afirmou, em uma transmissão de vídeo pelo Facebook. "Tomei, fiz exame, não estava (doente). Mas, por precaução, tomei."

Apesar de ter se referido claramente à cloroquina, o presidente não disse o nome da droga. Isso se deve ao fato de o Facebook, no início de abril, ter apagado um vídeo em que Bolsonaro espalhou falsidades sobre a cloroquina - segundo a rede social, o conteúdo violou as normas da plataforma. "Não vou falar o nome para não cair a live. Aquele negócio que o pessoal usa para combater malária, usei lá atrás e no dia seguinte estava bom."

A Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que investiga a resposta federal à pandemia está reunindo indícios sobre a existência de um "gabinete paralelo" que assessorou Bolsonaro durante a pandemia, formado por entusiastas da cloroquina e da tese da imunidade de rebanho.

A análise sobre o impacto de Bolsonaro no cenário de desinformação da pandemia foi feita pelo Estadão Verifica em conjunto com a LatamChequea, coalizão de agências de checagens de fatos da América Latina. A íntegra do texto pode ser lida no blog do Estadão Verifica.

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Grande parte da população de Cuba ficou sem energia entre sexta-feira, 14 e sábado, dia 15, após a ilha sofrer o quarto apagão em seis meses. Autoridades informaram que a queda foi provocada por uma avaria em uma subestação em Havana. O fornecimento começou a ser restabelecido lentamente no sábado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, defendeu neste sábado, 15, manter a pressão para que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, aceite um cessar-fogo na Ucrânia. O premiê promoveu uma reunião virtual com 25 líderes dispostos a garantir uma eventual trégua no conflito.

Starmer reafirmou o compromisso de apoiar a Ucrânia na luta contra invasão russa e assegurar o cumprimento de um cessar-fogo, que tem sido negociado pelos EUA. Céticos sobre qualquer promessa de Putin, os europeus têm discutido como garantir a segurança dos ucranianos no cenário de trégua, mas os russos apresentam resistências.

PRESSÃO

"Concordamos em continuar a pressão sobre a Rússia, manter a ajuda militar para a Ucrânia e continuar a restringir a economia russa, para enfraquecer a máquina de guerra de Putin e levá-lo à mesa de negociações", disse o premiê.

Starmer convocou o encontro virtual após afirmar que o Putin "não leva a paz a sério". A Ucrânia aceitou uma proposta de trégua dos EUA, mas a Rússia disse que era preciso discutir os termos do acordo e exigiu um série de concessões ucranianas.

"A ideia, em si, é correta, e certamente a apoiamos. Mas há questões que precisamos discutir", disse Putin. A resposta foi interpretada como uma forma de atrasar o cessar-fogo, sem desagradar Donald Trump.

O encontro de sábado reuniu líderes de 25 países da Europa, além de Comissão Europeia, Canadá Austrália, Nova Zelândia e Ucrânia. A ideia, segundo Londres é criar uma coalizão disposta a apoiar uma "paz justa e duradoura".

"Minha sensação é que, mais cedo ou mais tarde, Putin terá de sentar à mesa e negociar", disse Starmer. "Se Putin não negociar, devemos fazer todo o possível para aumentar a pressão sobre a Rússia, para que ela acabe com esta guerra."

MACRON

Starmer e o presidente francês, Emmanuel Macron, lideram os esforços por garantias de segurança para Ucrânia desde que Trump abriu negociações diretas com a Rússia, no mês passado. As primeiras conversas, sem a participação dos ucranianos, acenderam o alerta na Europa, preocupada com a guinada na política externa americana.

Sob Trump, os EUA votaram com a Rússia contra uma resolução da ONU que condenava a guerra. O presidente americano repetiu falsas alegações de Putin sobre o conflito e chegou a suspender o apoio militar e o compartilhamento de informações da inteligência americana com a Ucrânia.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse que discutiu com Macron os aspectos técnicos sobre como o cessar-fogo poderia ser aplicado. "Nossas equipes continuam trabalhando em garantias de segurança claras, e estarão prontas em breve", afirmou Zelenski.

Starmer e Macron, que conversaram por telefone na véspera da reunião virtual deste sábado, expressaram a disposição de enviar tropas britânicas e francesas à Ucrânia, mas não está claro se outros países estão dispostos a fazer o mesmo e, mais importante, se Putin aceitará. (Com agências internacionais).

Mais 135 brasileiros repatriados dos Estados Unidos chegaram neste sábado, 15, ao País. Em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), o quarto voo com imigrantes deportados desde o começo do ano pousou em Fortaleza e depois desembarcou no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte.

Minas Gerais costumava ser o destino dos voos com deportados dos Estados Unidos, mas o governo decidiu mudar a rota para reduzir o tempo que os brasileiros passam algemados depois que o tratamento dado aos imigrantes abriu uma crise diplomática entre Brasília e Washington. As algemas foram retiradas já na parada em Fortaleza.

De volta à Casa Branca, Donald Trump fechou o certo contra os 11 milhões de imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos e intensificou as prisões como parte da operação para deportação em massa. Estima-se que 230 mil brasileiros estão em situação irregular nos Estados Unidos. Desses, 38 mil estão sob ordem de deportação, sem possibilidade de recurso.

No primeiro voo de deportação da era Trump, as imagens de brasileiros algemados em território nacional e as denúncias de maus tratos por parte das autoridades americanas levaram o governo a pedir explicações sobre o tratamento considerado degradante.

Depois do episódio, o chefe da embaixada americana, Gabriel Escobar, pediu desculpas em reunião a portas fechadas. E autoridades dos dois países se reuniram para discutir os próximos voos com deportados.

José Maria Ferreira da Costa, um dos deportados, afirmou que a tentativa de imigrar para os Estados Unidos não valeu a pena. Ele ficou detido por quatro meses após cruzar a fronteira. "A gente nos Estados Unidos é tratado muito mal dentro da prisão. Passa muita fome, é muito maltratado. É uma situação muito desagradável para um pai de família, uma mãe de família, com suas crianças. Não desejo para ninguém", relatou no desembarque em Minas Gerais.

Em Fortaleza, os deportados receberam os primeiros atendimentos antes de seguir para Minas Gerais, origem de boa parte dos imigrantes. A operação envolve os ministérios de Direitos Humanos e Cidadania, Relações Exteriores, Justiça e Segurança Pública e Defesa, além da Polícia Federal.

De acordo com o governo brasileiro, os repatriados recebem alimentação, água, orientações para regularizar os documentos e apoio logístico para retornar a suas cidades de origem. No aeroporto de Confins, uma equipe multidisciplinar com assistentes sociais e psicólogos estava à disposição dos deportados.

Com o voo deste sábado, o total de repatriados dos Estados Unidos desde o começo do ano chega a 498, segundo informações do governo. O País tem recebido deportados com frequência desde 2018, em acordo com os EUA para reduzir o tempo que os brasileiros ficam detidos por imigração ilegal.

Dentre os deportados, dois foram presos pela Polícia Federal já na parada em Fortaleza por estarem com mandado de prisão em aberto no Brasil: um, de Rondonópolis (MT), foi condenado por homicídio e porte ilegal de arma; outro, de Contagem (MG), cometeu um roubo e havia fugido da prisão.