Partidos retomam diálogo por alternativa de centro

Política
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Dirigentes de partidos do centro decidiram retomar as conversas sobre uma eventual aliança na disputa presidencial do ano que vem após a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhar as ruas em recentes manifestações pelo País. Pela primeira vez desde o início da pandemia, dirigentes partidários vão se reunir hoje presencialmente em um almoço em Brasília. Sem um nome natural, as legendas já não consideram nas discussões alternativas como o empresário e apresentador Luciano Huck ou o ex-juiz federal Sérgio Moro.

O almoço foi uma ideia do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que é apresentado como pré-candidato do DEM. Foram convidados os presidentes do MDB, PSDB, PDT, Novo, Podemos, PV, Cidadania, Solidariedade e PSL. Nem todos estarão presentes porque já tinham agendas marcadas, mas a iniciativa foi bem recebida pelo grupo, que busca visibilidade na opinião pública.

A avaliação da maioria dos líderes partidários é a de que os "outsiders" não estão dispostos a enfrentar as urnas no ano que vem e que é preciso ocupar esse espaço com um nome competitivo da própria política. Após um período recluso, Huck perdeu espaço como opção.

Segundo informação divulgada ontem pelo jornalista Daniel Castro, do portal UOL, o apresentador confirmaria a renovação de seu contrato com a TV Globo numa entrevista que concedeu ao programa de Pedro Bial e que iria ao ar na madrugada de hoje. Procurada, a assessoria de Huck não havia se manifestado. Ele é o mais cotado para ocupar o lugar de Fausto Silva na programação dos domingos da emissora.

"Huck não está descartado, mas hoje tem muito mais obstáculos do que há algum tempo. Agora não temos um candidato nosso", admitiu o presidente do Cidadania, Roberto Freire. A legenda abrigou os grupos de renovação ligados a Huck e durante um longo período manteve proximidade com o apresentador.

'Viáveis'

O almoço dos dirigentes partidários vai ocorrer um dia após o PSDB definir seu modelo de prévias com voto indireto (mais informações na pág. A8). A aposta entre os tucanos é que até novembro, quando acontecerá a eleição interna, a terceira via terá apenas duas opções viáveis: o escolhido do partido e Ciro Gomes.

O PSDB conta com quatro postulantes: os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. "O almoço de amanhã (hoje) é uma demonstração de que existe um conjunto de forças que se veem na obrigação de oferecer alternativas reais a essa polarização", disse o presidente do PSDB, Bruno Araújo. Segundo o tucano, o partido, apesar das prévias já marcadas, vai discutir todas as alternativas de forma "aberta e democrática".

O presidente do PDT, Carlos Lupi, contou que foi convidado pelo presidente do DEM, ACM Neto, mas não poderá ir ao almoço, pois já tinha uma viagem marcada. "Depois do advento do Wilson Witzel no Rio, do Romeu Zema em Minas, e dos governadores de Santa Catarina (Carlos Moisés, do PSL) e Amazonas (Wilson Lima, do PSC) - todos eles outsiders que foram um fracasso - não há espaço para um nome diferente, que podia ser o Luciano Huck ou o Sérgio Moro. São duas cartas fora do baralho. Que novidade você inventa assim? Isso não se constrói do dia para o outro. O Ciro vai acabar agregando uma boa parte desse grupo."

Lupi é cético sobre a possibilidade de uma frente partidária em torno de uma candidatura única, mas aposta no "pragmatismo" das legendas de centro. "Vai ter uma divisão. Um ou dois podem ficar com Bolsonaro, outros com Lula, e uns 2 ou 3 podem ficar com a gente. Vai depender de quem tem chance de ganhar. Se chegar em março do ano que vem e o Ciro tiver entre 12% ou 15%, o que acho possível, vamos ter uma boa parte desse grupo. Se ele não conseguir (esse patamar), não teremos. Eles são bem pragmáticos."

Os partidos do centro estão pressionados pelas manifestações de rua contra e a favor ao presidente Jair Bolsonaro e o crescente protagonismo da polarização com o ex-presidente Lula. No início de abril, os presidenciáveis da centro-direita à centro-esquerda chegaram a assinar um manifesto e montar um grupo de WhatsApp chamado "Polo Democrático". O movimento, porém, esbarrou em crises internas e desavenças.

"É importante nós sairmos da polarização. Por isso precisamos manter viva a discussão de um nome que represente o equilíbrio e a moderação", disse o deputado Baleia Rossi, presidente do MDB, que apresentou o nome da senadora Simone Tebet (MS).

Mandetta ressaltou que essa será a primeira reunião nos "moldes normais da política". "Até agora era por celular, live e vídeo. Vamos sentar e conversar. Pensando juntos as coisas podem sair melhor. A gente tem que trabalhar mais o conceito de pré-aliança do que pré-candidatura. Os partidos vão depurando nomes", afirmou.

O Novo chegou recentemente a anunciar a pré-candidatura de João Amoêdo à Presidência. Nove dias depois, porém, Amoêdo desistiu da postulação diante das divergências internas.

O almoço ocorre após uma reaproximação entre o presidente do DEM, ACM Neto, e do MDB, Baleia Rossi. Eles, que estavam rompidos desde a eleição para a presidência da Câmara, jantaram na semana passada no apartamento de Bruno Araújo em Brasília. O MDB e o PSL, por sua vez, estreitaram a relação nos últimos meses e estão até elaborando um plano em conjunto com as respectivas fundações - chamado "Ponto de Equilíbrio".

Para Roberto Freire, do Cidadania, a ideia do encontro ampliado presencial é dar o primeiro passo para chegar a um denominador comum. "É encontrar um nome comum, do Mandetta ao Ciro, passando por Doria, Tasso e Leite", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.