Witzel e Flávio Bolsonaro batem boca e CPI vai estudar depoimento 'reservado'

Política
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Declarações do governador cassado do Rio Wilson Witzel na CPI da Covid colocando sob suspeita a atuação da subprocuradora Lindôra Araújo desencadearam um bate-boca na comissão, protagonizado pelo governador cassado e o senador Flávio Bolsonaro. Aliados no passado, os dois estão rompidos e trocaram farpas na CPI. O clima esquentou quando Witzel alegou perseguição em razão das investigações das quais é alvo e sugeriu a quebra de sigilo da procuradora, com a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).

Witzel propôs então a realização de um segundo depoimento, reservado e em segredo de Justiça, para apresentar elementos para uma investigação "contra pessoas que estão desvirtuando a atuação funcional". "E vamos descobrir quem está patrocinando investigação contra governador", disse ele. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse que irá avaliar como essa segunda oitiva poderá ser feita.

"A dr. Lindôra em ofício encaminhado a governadores demonstra que é parcial no trabalho", disse Witzel. "Filho 01" do presidente Jair Bolsonaro, Flávio se pronunciou dizendo ser "grave" a acusação do ex-governador, e pediu que o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde as investigações tramitam, seja notificado sobre.

"Muito grave, ele foi afastado por decisão do ministro Benedito, em seguida pela Corte especial, está dizendo que há um conluio de ministros do STJ para persegui-lo, deveria ter notificação para ser apurado o que está sendo trazido por ele", rebateu Flávio.

As interrupções do senador durante a fala de Witzel fizeram senadores de oposição apontarem para um "ato de intimidação" por parte de Flávio Bolsonaro. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a sugerir que o depoimento fosse prestado de forma reservada desde já. "Não faço a menor questão de que o senador Flávio esteja ou não presente", respondeu Witzel. "Se for reservado, vou estar presente também", rebateu Flávio, que ainda protagonizou um bate-boca com Renan.

"Não tenho problema de estar na presença dele (Flávio), conheço ele desde garoto, a família, seu pai de longa data, e minha questão aqui não é pessoal, é em defesa da democracia", disse Witzel, seguido por uma alfinetada de Flávio. "Que discurso lindo". "Se o senhor fosse mais educado e menos mimado, teria respeito", rebateu o ex-governador. "Não vai me intimidar não. Flávio é contumaz em dar declarações atacando o Poder Judiciário", completou Witzel, para quem governadores precisam ter foro no STF em razão de uma "perseguição do governo federal". Segundo o governador cassado, houve vazamento sobre operações da Polícia Federal contra governadores.

Witzel disse ainda que o operador que menciona seu nome numa escuta telefônica pode ter sido coagido. As investigações contra o governador cassado e o suposto esquema de corrupção na área da Saúde do Rio apontam escutas em que o operador financeiro de Mário Peixoto, Luiz Roberto Martins, teria citado o ex-juiz federal.

Queiroz

Wilson Witzel negou que tenha interferido nas investigações envolvendo o ex-assessor de Flávio Bolsonaro Fabrício Queiroz e afirmou ter dito à época que a polícia tinha independência para seguir a investigação. "O que a Polícia fez ou deixou de fazer ela fez de forma independente, sem minha intervenção", reforçou.

Em depoimento à CPI, Witzel defendeu que, com ele, não foi encontrado "nenhum centavo nem qualquer bem que seja considerado de valor" e afirmou que o que aconteceu foi um "assassinato de reputação" contra seu mandato incentivado pela imprensa. Questionado sobre a relevância das perguntas sobre os processos contra Witzel, o relator Renan Calheiros (MDB) afirmou que as perguntas se vinculam à CPI porque fatos ocorreram após apuração de desvios da covid-19.

Apesar da defesa de sua inocência, o presidente da comissão interveio na fala do governador cassado e afirmou que "não dá pra esconder que um secretário da sua administração foi pego com R$ 18 milhões". "Não é possível que uma pessoa tenha desviado R$ 18 milhões e ninguém informar para uma controladoria", disse Aziz.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.