Depoente exibe áudio atribuído a Luiz Miranda na CPI; material será periciado

Política
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Em áudio atribuído ao deputado Luis Miranda (DEM-DF), o parlamentar teria tentado negociar a compra de vacinas com a empresa com Davati Medical Supply. O áudio foi veiculado pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Dominguetti afirmou ter recebido pedido de propina do ex-diretor de Logística em Saúde da pasta, Roberto Ferreira Dias, exonerado ontem do cargo.

O deputado Luis Miranda se tornou pivô na CPI após ter dito que alertou o presidente Jair Bolsonaro sobre um suposto esquema de corrupção na compra da vacina indiana da Covaxin. Dominguetti, por sua vez, se apresentou como vendedor de 400 milhões de doses da AstraZeneca pela Davati. No áudio, que para os senadores não ficou totalmente claro e precisa ser periciado, Luis Miranda teria dito que tem um comprador para aquisição espontânea de doses.

"Se o produto estiver no chão e meu nome 'Luis Miranda, tenho aqui o produto e tal', o meu comprador entende que é fato, ok, e encaminha toda a documentação necessária, amarra, faz as travas, faz os contratos todos e bola para frente", diz o áudio exibido na CPI nesta quinta-feira. A gravação, de acordo com Dominguetti, teria sido enviada ao representante oficial da Davati no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho. O depoente informou que recebeu o áudio após o depoimento de Luis Miranda na CPI, na semana passada.

Confusão

O áudio provocou controvérsia na CPI. Os senadores suspeitam de uma tentativa do governo do presidente Jair Bolsonaro de tentar "virar o jogo" na investigação. "Não venha achar que aqui todo mundo é otário, nem pateta. Veja bem qual é seu papel aqui. Do nada surge um áudio do deputado Luis Miranda. Chapéu de otário é marreta, irmão", afirmou o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-BA). O deputado foi convocado para prestar um novo depoimento, inicialmente secreto, na próxima terça-feira, 6. Aziz, porém, anunciou que a audiência será pública.

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A Rússia libertou uma cidadã russo-americana condenada por traição em troca de um homem russo-alemão preso por contrabando nos Estados Unidos nesta quinta-feira, 10, enquanto os dois países se reuniam para tentar restaurar os laços diplomáticos.

Ksenia Karelina está "em um avião a caminho de casa, nos Estados Unidos", disse o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em uma publicação na rede social X. Ela foi presa na cidade de Yekaterinburg, nos Montes Urais, em fevereiro de 2024, e condenada por traição devido a uma doação de cerca de US$ 52 para uma instituição de caridade que ajudava a Ucrânia. As autoridades dos EUA classificaram o caso como "absolutamente absurdo".

Arthur Petrov foi libertado como parte da troca em Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos, segundo o Serviço Federal de Segurança (FSB), principal agência de segurança e contraespionagem da Rússia. Petrov foi preso em Chipre em agosto de 2023 a pedido dos EUA, sob acusação de contrabando de microeletrônicos sensíveis para a Rússia, e extraditado para os EUA um ano depois.

Karelina faz parte de um número crescente de cidadãos americanos presos na Rússia nos últimos anos, à medida que as tensões entre Moscou e Washington aumentaram por causa da guerra na Ucrânia. Sua libertação é a mais recente de uma série de trocas de prisioneiros de alto perfil realizadas entre Rússia e EUA nos últimos três anos, e a segunda desde que o presidente Donald Trump assumiu o cargo e reverteu a política de isolamento de Moscou adotada por Washington com o objetivo de encerrar a guerra na Ucrânia.

Diplomatas russos e americanos se reuniram nesta quinta-feira (9) em Istambul para mais uma rodada de negociações sobre a melhoria das relações diplomáticas. As discussões terminaram após seis horas sem declarações das delegações, informaram as agências estatais Tass e RIA Novosti.

Em fevereiro, a Rússia libertou o professor americano Marc Fogel, preso por acusações de drogas, em uma troca que a Casa Branca descreveu como parte de um degelo diplomático que poderia impulsionar negociações de paz. No mesmo mês, a Rússia libertou outro americano poucos dias após sua prisão por acusações de tráfico de drogas.

Ksenia Karelina, ex-bailarina também identificada em alguns veículos de mídia como Ksenia Khavana, morava em Maryland (EUA) antes de se mudar para Los Angeles. Ela foi presa ao retornar à Rússia para visitar a família no ano passado.

O FSB a acusou de "coletar proativamente" dinheiro para uma organização ucraniana que fornecia equipamentos às forças de Kiev. O First Department, um grupo de direitos russos, disse que as acusações se basearam em uma doação de US$ 51,80 a uma instituição de caridade dos EUA que ajudava a Ucrânia.

O advogado de Karelina, Mikhail Mushailov, disse no Instagram que ela já entrou em contato com sua família desde a libertação. "Estou radiante por saber que o amor da minha vida, Ksenia Karelina, está a caminho de casa após uma detenção injusta na Rússia", disse seu noivo, Chris van Heerden, em comunicado. "Ela suportou um pesadelo por 15 meses e mal posso esperar para abraçá-la. Nosso cachorro, Boots, também está ansioso por seu retorno."

Ele agradeceu ao presidente Donald Trump e seus enviados, assim como a figuras públicas proeminentes que defenderam o caso dela.

O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Mike Waltz, disse no X que "o presidente Trump e sua administração continuam trabalhando dia e noite para garantir que americanos detidos no exterior retornem para suas famílias."

Karelina estava a caminho da Base Aérea de Andrews, em Maryland, segundo uma fonte familiarizada com o caso que pediu anonimato para comentar. A agência de notícias estatal dos Emirados Árabes Unidos, WAM, divulgou fotos de Karelina embarcando em um avião e outra dela ao lado de Yousef al-Otaiba, embaixador dos Emirados nos EUA.

O FSB, que informou que o presidente russo Vladimir Putin havia concedido indulto a Karelina antes da troca, divulgou um vídeo mostrando ela sendo escoltada até um avião em algum lugar da Rússia. As imagens depois mostraram o que parece ser o momento da troca no aeroporto de Abu Dabi, com Arthur Petrov saindo de um avião e apertando as mãos de autoridades russas na pista.

O mesmo vídeo mostrou Petrov fazendo exames médicos durante o voo de volta à Rússia. "Não tenho queixas em especial, só estou um pouco cansado", disse ele.

Petrov foi acusado pelo Departamento de Justiça dos EUA de envolvimento em um esquema para adquirir microeletrônicos sujeitos a controles de exportação americanos em nome de um fornecedor russo de componentes críticos para a indústria de armamentos do país. Ele enfrentava uma pena de até 20 anos de prisão nos EUA.

Abu Dabi foi cenário de outra troca de prisioneiros de alto perfil entre Rússia e Estados Unidos. Em dezembro de 2022, a estrela do basquete americano Brittney Griner foi trocada pelo notório traficante de armas russo Viktor Bout.

Os Emirados Árabes têm atuado como mediador em trocas de prisioneiros entre Rússia e Ucrânia, enquanto a cidade de Dubai, cheia de arranha-céus, se tornou lar de muitos russos e ucranianos que fugiram após a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia em 2022.

A China negou qualquer envolvimento militar na Ucrânia, depois que Kiev disse ter capturado dois homens chineses no leste do país.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, disse nesta quarta-feira, 9, que Pequim ainda estava tentando confirmar com a Ucrânia os detalhes da captura dos dois cidadãos chineses que, segundo as autoridades, estavam lutando pelo exército russo.

Ele negou a afirmação do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de que mais chineses se juntaram às forças russas.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a união entre os países latino-americanos e caribenhos em seu discurso na IX Cúpula da Celac, em Tegucigalpa, Honduras, e, sem citar os Estados Unidos, criticou a alta das tarifas imposta pelo presidente norte-americano, Donald Trump. "Tarifas arbitrárias desestabilizam economia internacional e elevam preço. A história nos ensina que guerras comerciais não tem vencedores", afirmou.

O evento reúne representantes dos 33 países da América Latina e do Caribe.

"A América Latina e o Caribe enfrentam hoje um dos momentos mais críticos da história. Percorremos um longo caminho para consolidar nossos ideais de emancipação", disse Lula.

O presidente defendeu que a atuação da região "não deve apenas se orientar por interesses defensivos" e que é preciso um programa de ação estruturada em outros temas, como na defesa da democracia e combate às mudanças climáticas. "É imperativo que a América Latina e o Caribe redefinam seu lugar na nova ordem global que de descortina", afirmou.

A fala do chefe do Executivo vai em linha com apuração do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) na semana passada de que Lula aproveitaria o evento em Honduras para tentar arregimentar as Américas a ampliarem o comércio entre si depois do tarifaço de Donald Trump.

Presidentes do México e de Cuba também defendem a união dos países

"A esperança hoje é a unidade", disse a presidente do México, Claudia Sheinbaum, que também defendeu mais integração econômica e respeito à soberania dos países do grupo.

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, foi na mesma linha.

"Em um momento em que o mundo vive uma escalada de tensões, com aumento dos conflitos bélicos e aprofundamento das desigualdades, é crucial unir esforços e trabalharmos juntos pelo bem-estar, a paz e a segurança do povo latino-americano e caribenho", disse ele. "Só a unidade pode nos salvar."