Mendonça tenta acalmar o Senado e chegar ao STF

Política
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Oficialmente indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, nesta terça-feira, à vaga deixada pelo ministro Marco Aurélio Mello no Supremo Tribunal Federal, André Mendonça começou uma peregrinação em busca da aprovação dos senadores para ter seu nome aprovado pelo plenário da Casa, ainda resistente a sua nomeação. Alçado ao Supremo sob o rótulo de "terrivelmente evangélico", Mendonça se destacou principalmente pela lealdade ao presidente.

No Congresso, a resistência ao nome do atual advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública se dá, sobretudo, pelo fato de os parlamentares avaliarem a sua atuação no governo como subserviente ao presidente. Os senadores temem que ele use o cargo de ministro para perseguir e punir políticos contrários ao projeto de Bolsonaro.

Diante deste quadro, Mendonça se mobilizou no último mês para se tornar um nome mais palatável aos senadores. Com Bolsonaro prometendo antecipadamente aos setores evangélicos que ele seria o escolhido, o ministro da AGU procurou o Congresso para se despir da pecha de ter pouca interlocução política. Apesar da resistência que enfrenta no Legislativo, ele conseguiu desbancar outro favorito ao cargo de ministro do STF, o procurador-geral da República Augusto Aras.

Entre os membros da Corte da qual pretende fazer parte, a percepção é outra. Segundo apurou o Estadão, não há resistência interna entre os ministros do Supremo quanto à indicação de Mendonça. O presidente do STF, Luiz Fux, e o ministro Dias Toffoli - com quem Mendonça trabalhou na AGU - apoiam seu nome por sua capacidade técnica. O mesmo é defendido pelo ministro Luis Roberto Barroso, que o considera um jurista com bons resultados como servidor público e um quadro importante para a Corte.

A formação acadêmica de Mendonça, com pesquisas desenvolvidas na Universidade de Salamanca (Espanha) com foco no estudo da corrupção, também chegou a ser aventada no Congresso como um sinal de que ele poderá integrar a ala "punitivista" da Corte.

Para Roberto Dias, professor de direito constitucional da FGV-Direito (SP), porém, o perfil de Mendonça não se enquadra nas duas alas comumente citadas para explicar a organização do plenário do Supremo: a punitivista e a "garantista" (maior ênfase aos direitos dos réus). "Ele ultrapassa os limites do perfil punitivista e chega a ser autoritário ao usar mecanismos que não são legítimos do ponto de vista Constitucional para calar a oposição", afirma.

Rubens Beçak, professor associado de direito constitucional da Universidade de São Paulo (USP), avalia que Mendonça se notabilizou, justamente, pelo apego à Lei de Segurança Nacional (LSN) em sua atuação. Ele destaca a importância de o Senado Federal analisar os indícios de "subserviência ao presidente, em vez da Presidência da República", quando esteve no cargo de ministro da Justiça.

O indicado do Planalto ao Supremo usou a LSN - um dispositivo originado no período da ditadura militar - para investigar críticos do presidente e do governo. Jornalistas que expressaram críticas a Jair Bolsonaro e, até mesmo, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) foram alcançados por processos movidos por Mendonça.

Quando ocupou o cargo de ministro da Justiça deixado por Sergio Moro, que acusou o presidente Bolsonaro de tentar interferir nas ações da PF, tinha poderes para solicitar à Polícia Federal a instauração de inquéritos contra personalidades que pudessem representar ameaças ao presidente. Na AGU, Mendonça defendeu a submissão dos Estados no caso das decisões sobre pandemia e, ainda, que civis que ofendam instituições militares passem a ser julgadas por militares. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Os Emirados Árabes Unidos pediram que Israel não tome medidas que possam agravar as tensões no Oriente Médio em declaração divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores do país neste domingo, 20. Na declaração, o ministério responsabiliza as autoridades israelenses pela interrupção do cessar-fogo na região e pediu que se abstenham de medidas que possam agravar as tensões. No comunicado, os Emirados Árabes Unidos também afirmam "rejeição categórica a todas as práticas que violem o direito internacional e ameacem levar a uma maior escalada" do conflito na região.

A declaração dos Emirados Árabes Unidos ocorre após ameaças de invasão e fechamento da mesquita de Al-Aqsa, localizada em Jerusalém e foco histórico de tensões entre judeus e muçulmanos. Na declaração, os Emirados Árabes Unidos afirmaram haver necessidade de "proteção total aos locais sagrados islâmicos e cristãos" e de impedir violações no complexo da mesquita.

"Os Emirados Árabes Unidos condenam nos termos mais fortes os apelos extremistas para bombardear a Mesquita de Al-Aqsa e o Domo da Rocha e cometer violações contra os cristãos em Jerusalém. Também condenam veementemente as violações de Israel contra os cristãos em Jerusalém durante o Sábado Santo, incluindo a negação de acesso às igrejas e agressões físicas, alertando sobre as sérias repercussões dessas práticas arbitrárias, que ameaçam aumentar ainda mais as tensões na região", disse o país na declaração emitida pelo Ministério das Relações Exteriores.

Por fim, os Emirados Árabes Unidos apelaram à comunidade internacional por esforços para alcançar uma paz abrangente com base em dois Estados. A manifestação ocorre também depois de novos ataques das forças israelenses no Líbano, com Israel intensificando as ações militares na região.

Os Emirados Árabes Unidos são um dos países que atuam como mediadores do conflito em Gaza.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou neste domingo, 20, que as forças ucranianas lançaram ataques noturnos na região de Donetsk, apesar do cessar-fogo de Páscoa. "Durante a noite do #CessarFogoPáscoa, o regime de Kiev lançou 48 drones, incluindo um sobre a Crimeia. Tropas ucranianas atingiram posições russas com armas e canhões 444 vezes e realizaram 900 ataques com drones do tipo quadricóptero", informou o ministério em publicação na rede social X.

Segundo o ministério, houve "mortos e feridos entre a população civil". O ministério afirma que as tropas russas observaram rigorosamente o cessar-fogo. Autoridades instaladas pela Rússia na região ucraniana parcialmente ocupada de Kherson também disseram que as forças ucranianas continuaram seus ataques.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou no sábado uma trégua temporária nos ataques pelo exército russo durante o fim de semana de Páscoa. De acordo com o Kremlin, o cessar-fogo durará das 18 horas, horário de Moscou, de sábado, até a meia-noite do domingo de Páscoa.

Putin não ofereceu detalhes sobre como o cessar-fogo seria monitorado ou se abrangeria ataques aéreos ou batalhas terrestres, que ocorrem 24 horas por dia.

No sábado, poucas horas após anunciar o cessar-fogo, Putin participou de uma missa de Páscoa na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou, liderada pelo Patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa Russa e defensor da guerra na Ucrânia. A trégua temporária declarada ocorre em meio à ameaça dos Estados Unidos de abandonarem as negociações para um cessar-fogo entre os países, caso não haja um progresso em breve.

A Ucrânia também acusa a Rússia de não respeitar o cessar-fogo. Desde que a trégua temporária foi anunciada por Putin, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirma que as ações militares russas continuam.

Mais cedo, Zelensky acusou a Rússia de violar o cessar-fogo e contabilizou 26 ataques em 12 horas. O governo ucraniano propõe a extensão do cessar-fogo para 30 dias após a Páscoa.

*Com informações da Associated Press

Opositores do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizaram protestos em várias cidades dos Estados Unidos no sábado, 19, denunciando o que classificam como "ameaças aos ideais democráticos do país". Os organizadores afirmam se opor ao que chamam de violações dos direitos civis e constitucionais de Trump, incluindo os esforços para deportar dezenas de imigrantes e reduzir o governo federal, demitindo milhares de funcionários públicos e efetivamente fechando agências. Os protestos acontecem apenas duas semanas após manifestações semelhantes em todo o país.

As manifestações incluíram uma marcha pelo centro de Manhattan e um comício em frente à Casa Branca. Em Boston, manifestantes se concentraram na reconstituição das Batalhas de Lexington e Concord, alegando que o país vive um momento perigoso para sua liberdade.

Em Denver, centenas de manifestantes se reuniram no Capitólio do Estado do Colorado com faixas expressando solidariedade aos imigrantes e dizendo ao governo Trump: "Tirem as Mãos!". Milhares de pessoas também marcharam pelo centro de Portland, Oregon, enquanto em São Francisco, centenas soletraram as palavras "Impeach & Remove" em uma praia de areia ao longo do Oceano Pacífico, também com uma bandeira dos EUA de cabeça para baixo. As pessoas protestaram pelo centro de Anchorage, Alasca, com cartazes feitos à mão listando os motivos pelos quais estavam protestando.

Em outros lugares, protestos foram planejados em frente a concessionárias da Tesla contra o bilionário e conselheiro de Trump, Elon Musk, e seu papel na redução do governo federal. Outros organizaram eventos mais voltados para o serviço comunitário, como campanhas de arrecadação de alimentos, palestras e trabalho voluntário em abrigos locais.

Em Washington, manifestantes citavam preocupações com as ameaças aos direitos ao devido processo legal, protegidos pela Constituição, à Previdência Social e a outros programas federais de segurança. Em Columbia, Carolina do Sul, centenas de pessoas protestaram na sede do governo estadual segurando cartazes com slogans como "Lute Ferozmente, Harvard, Lute".E em Manhattan, manifestantes se reuniram contra as contínuas deportações de imigrantes enquanto marchavam da Biblioteca Pública de Nova York em direção ao Central Park e passavam pela Trump Tower. Fonte: Associated Press