O general que se tornou um 'soldado' do bolsonarismo

Política
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As credenciais que levaram o general Walter Braga Netto ao governo de Jair Bolsonaro eram a de um militar experiente que executou a árdua missão de ser o interventor da Segurança Pública no Rio, em 2018, por designação de Michel Temer. Pelas mãos de oficiais que já haviam embarcado no projeto de Bolsonaro, chegou à Casa Civil em fevereiro de 2020. Desde que assumiu a pasta e, posteriormente, o Ministério da Defesa, passou a ser visto como um militar que aderiu ao bolsonarismo e se transformou em um "soldado" do presidente na marcha a favor do tensionamento com as demais instituições e da politização das Forças Armadas.

Considerado pelos pares um enérgico cumpridor de ordens e totalmente fiel ao presidente, Braga Netto virou uma eminência parda no governo. Antes dos últimos atritos, setores do Supremo Tribunal Federal e do Congresso e alas moderadas da caserna vinham manifestando incômodo com o que classificavam como patrocínio de Braga Netto à radicalização.

Os relatos colhidos pela reportagem com pessoas que interagem ou interagiram com o general apontam que o ministro é avesso a discussões e alguém que não reconhece que errou ao aceitar a tarefa de misturar Forças com a política.

O contexto da ida de Braga Netto para a Defesa deixou claro o propósito da escolha feita pelo presidente. O fim de março foi marcado por demissões coletivas de militares. Junto com o então ministro Fernando Azevedo e Silva, os três comandantes das Forças renunciaram. O motivo seria a recusa da cúpula militar em alinhar as tropas ao presidente. "Preservei as Forças Armadas como instituições de Estado", dizia a nota Azevedo e Silva.

Nos quatro meses desde a sucessão, Braga Netto contabiliza ao menos quatro situações em que anuiu a interesses do bolsonarismo. A primeira foi minimizar a não punição ao general da ativa Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, por participação em evento político com Bolsonaro no Rio.

O regramento disciplinar do Exército proíbe expressamente a conduta, mas nada aconteceu por intervenção do presidente. Depois da impunidade, em junho, Braga Netto disse que as Forças estão "coesas e disciplinadas".

Em julho, ele liderou a dura reação ao presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), que, sem generalizar, mencionou um "lado podre" das Forças Armadas. A comissão, que investiga a condução da pandemia - é uma das principais fontes de problemas para o governo e para os militares que o compõem.

A nota, com tom de ameaça, teria sido publicada sem que todos os três comandantes fossem consultados. "As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro", dizia o texto.

Em seguida, o comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Junior, foi ainda mais duro, em entrevista ao jornal O Globo. Entre outras coisas, disse que "homem armado não ameaça". As reações foram fortes, mas Braga Netto não sinalizou reprimendas.

Agora, o Estadão revelou que o general fez uma ameaça direta às disputas eleitorais. Ao soltar um comunicado oficial, o militar disse na nota que os cidadãos desejam um processo com "maior transparência e legitimidade". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.