Para embaixador dos EUA, corrupção é 'o câncer do Brasil'

Política
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Em sua última entrevista coletiva, antes de deixar o País, no próximo domingo, o embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman, elogiou o presidente Jair Bolsonaro, disse que o Brasil tem uma democracia sólida e instituições que funcionam e que não acredita em nenhum tipo de retrocesso nem em golpe contra a realização das eleições de 2022. O problema, segundo ele, é outro: "O câncer do Brasil é a corrupção".

Questionado sobre a manchete do Estadão de ontem, relatando que o ministro da Defesa, general Braga Netto, endossou para o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), a ameaça de Bolsonaro de que não haverá eleições sem voto impresso, o embaixador foi incisivo ao desconsiderar qualquer hipótese de golpe: "Para nós, a democracia é inegociável e este (o Brasil) é um país super democrático. Todos que fizeram previsão de que a democracia ia acabar no Brasil erraram sempre", disse Chapman.

Ele não citou o PT nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal adversário de Bolsonaro em 2022, mas disse que, se há preocupação, não é com ameaças à democracia e à realização de eleições, mas sim "com mensalão, petrolão, Lava Jato". A manifestação pode ser considerada uma tomada de posição indireta em relação à polarização política brasileira.

Para o embaixador, que reuniu os jornalistas para um café da manhã, a decisão brasileira sobre o 5G envolve questões não apenas comerciais, "mas de princípios". E lembrou que, se a China, que oferece a tecnologia da empresa Huawei, é o maior parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos são o principal investidor. Usando dados de 2019, disse que os investimentos americanos aqui foram de US$ 145 bilhões, ante apenas US$ 28 bilhões da China.

"E o que deve pesar mais? A questão econômica ou as empresas que operam sob regimes autoritários, inclusive roubando propriedade intelectual?", perguntou aos jornalistas, frisando que o governo brasileiro não deve decidir "com uma visão mercantilista": "Esse é um alerta de amigo", disse, relatando que tem conversado pessoalmente com vários ministros e visitou 14 Estados brasileiros. Anteontem, por exemplo, se encontrou com o da Economia, Paulo Guedes.

Chapman lembrou, ainda, que, se há investimentos americanos no Brasil, há também de empresas brasileiras nos EUA, como a JBS, uma das maiores produtoras de carne in natura do mundo. "E na China, eles têm permissão de investir lá?", acrescentou, para falar várias vezes da "importante parceria" entre EUA e Brasil em diferentes áreas, como defesa, segurança, agricultura e meio ambiente.

Amazônia

Ele disse que o Brasil tem muito a mostrar na área ambiental e pode se tornar "o grande herói mundial do meio ambiente", já na reunião da ONU para o clima (COP) deste ano, mas de nada adianta mostrar os ganhos com energia limpa ou os compromissos do governo com investimentos e com o controle de emissão de carbono, se não mostrar resultados concretos numa área especifica: o desmatamento da Amazônia.

O pior momento da passagem de Todd Chapman por Brasília, em plena pandemia de covid-19, foi a transição do governo de Donald Trump para o de Joe Biden, principalmente pelas ligações que o presidente Bolsonaro alegava ter com Trump e pela demora do Planalto em reconhecer o resultado das eleições. O embaixador, porém, minimizou as dificuldades: "As relações são de Estado e nossos países têm vários interesses em comum, que evoluem muito bem", disse.

Aos 59 anos, Chapman não está apenas deixando a embaixada americana em Brasília, mas também se despedindo da carreira diplomática, na qual serviu em três governos democratas e três republicanos. Disse que é uma "decisão política, familiar" e anunciou que assumirá cargos na iniciativa privada e manterá contatos com o Brasil, onde nasceu seu filho mais velho, há 31 anos.

Uma das saudades que a família levará do Brasil, segundo ele, é da bela casa alugada no bairro mais sofisticado de Brasília, o Lago Sul, onde habitam sete araras, seis pavões e outras variedades de pássaros. "Todos legalizados pelo Ibama", frisou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Caças britânicos interceptaram duas aeronaves russas voando perto do espaço aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), segundo comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa do Reino Unido. As interceptações marcam o primeiro voo da Força Aérea Real (RAF, na sigla em inglês) como parte da Operação "CHESSMAN" e ocorrem poucas semanas após o início da defesa britânica, junto à Suécia, do flanco leste da Otan.

O comunicado diz que dois Typhoons da RAF foram enviados da Base Aérea de Malbork, na Polônia, na última terça-feira, dia 15, para interceptar uma aeronave de inteligência russa Ilyushin Il-20M "Coot-A" que sobrevoava o Mar Báltico.

Depois, na quinta-feira, dia 17, outros dois Typhoons partiram da base para interceptar uma aeronave desconhecida que deixava o espaço aéreo de Kaliningrado e se aproximava do espaço aéreo da Otan.

Ainda segundo o documento, a medida segue o compromisso do governo britânico de aumentar os gastos com defesa para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

"O Reino Unido é inabalável em seu compromisso com a Otan. Com a crescente agressão russa e o aumento das ameaças à segurança, estamos nos mobilizando para tranquilizar nossos Aliados, dissuadir adversários e proteger nossa segurança nacional por meio do nosso Plano para a Mudança", disse o ministro das Forças Armadas, Luke Pollard, em nota.

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta segunda-feira, 21, que o Brasil é o País da paz e que por isso continuará tentando ajudar no diálogo pelo fim das guerras, como a que ocorre na faixa de Gaza. Alckmin foi questionado em entrevista à CNN Brasil sobre o resultado de esforços de lideranças como o Papa Francisco, que morreu nesta segunda-feira, 21, para pacificar regiões.

"O Brasil é o país da paz, e exatamente por não ter litígio com ninguém, ele pode ajudar, ajudar nesse diálogo. É mais demorado infelizmente, mas o Brasil é sempre um protagonista importante, e o presidente Lula é um protagonista importante da paz e do diálogo, vamos continuar nesse trabalho", disse o vice-presidente.

Alckmin contou também que ainda conversará com Lula sobre a presença do Brasil no enterro do pontífice, e lembrou que o presidente já decretou luto oficial de sete dias pela morte do papa. "Para nós católicos, nosso líder, o Papa, sua santidade. Para toda a humanidade, a figura maravilhosa da paz, da concórdia, do diálogo entre as religiões, da inclusão, do respeito, é uma vida de exemplos que fica para todos nós. E o Brasil tinha um enorme carinho com o Papa", disse Alckmin sobre o papa Francisco.

O ministro também foi perguntado sobre a agenda do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que encontrou o líder da igreja católica em audiência reservada no ano passado, no contexto de conversas sobre a agenda de tributação de super-ricos - que atualmente é a proposta de compensação fiscal para o governo ampliar a faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Sobre o tema, Alckmin disse ser importante que o País tenha boas políticas públicas para ajudar a vida dos que mais necessitam. "E levar essa verdadeira mensagem de fraternidade, de diálogo, não de prepotência, de força, mas do diálogo e da compaixão", afirmou.

"Amar ao próximo não é discurso. Amar ao próximo são atitudes, são propostas, são ações, que a fé sem obras é morta", disse o vice-presidente.

A China irá impor sanções a algumas autoridades dos Estados Unidos e chefes de organizações não governamentais (ONGs) por comportamentos flagrantes relacionados a Hong Kong, informou o Ministério das Relações Exteriores. As sanções são uma resposta às penalidades impostas pelos Estados Unidos em março contra seis autoridades chinesas e de Hong Kong, afirmou o porta-voz do ministério, Guo Jiakun, em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 21.

Pequim irá impor sanções a vários membros do Congresso americano, autoridades governamentais e chefes de ONGs por terem "se comportado mal em questões relacionadas a Hong Kong", disse Jiakun, sem revelar os nomes.

O porta-voz alertou que os Estados Unidos não têm permissão para interferir nos assuntos de Hong Kong. Pequim considera Hong Kong uma parte inalienável da China. "Quaisquer ações equivocadas tomadas pelos EUA em questões relacionadas a Hong Kong serão respondidas com firmes contra-ataques e medidas recíprocas da China", disse Guo.

A medida ocorre semanas após o Departamento de Estado dos EUA impor sanções a autoridades chinesas e de Hong Kong, citando a repressão política contínua em Hong Kong - e os esforços para estender essa repressão a cidadãos dos EUA - e as restrições ao acesso ao Tibete.

As seis autoridades citadas pelos EUA incluem Raymond Siu, comissário de polícia de Hong Kong, e Paul Lam, secretário de Justiça da cidade. Fonte: Dow Jones Newswires