Bolsonaro: convidarei povo de São Paulo para falar se voto tem que ser auditado

Política
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Em um discurso confuso em defesa do voto impresso e novamente sem apresentar provas de fraude nas eleições, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou neste domingo, 1º, que, "se preciso for", fará um convite para que o "povo de São Paulo" se pronuncie sobre mudanças no sistema de votação.

"Se o povo lá disser que o voto tem que ser auditado, que a contagem tem que ser pública, e que o voto tem que ser impresso, na forma como se propõe a PEC da (deputada) Bia (Kicis), tem que ser desta maneira", disse Bolsonaro.

O presidente não explicou por que e como seria feita uma eventual consulta à população de São Paulo sobre o voto impresso. O Estado tem o maior colégio eleitoral do País. Bolsonaro também não citou a possibilidade de consulta a outras unidades da Federação e não explicou por que apenas São Paulo seria ouvida.

A ideia do voto impresso está materializada na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/2019, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF). A proposta está em comissão especial da Câmara, que retomará os trabalhos na próxima semana, após o recesso parlamentar. A tendência é de que PEC seja derrotada. Nos últimos dias, Bolsonaro tem intensificado o discurso a favor do voto impresso, numa tentativa de emplacar a proposta no Congresso.

Neste domingo, em fala por telefone a apoiadores de Brasília, durante ato a favor da proposta, Bolsonaro afirmou que não está, "em hipótese alguma, querendo impor" sua vontade. "É a vontade de vocês", disse o presidente. "Quem fala que a eleição é auditada é mentiroso. É quem não tem amor à democracia", acrescentou.

Na última quinta-feira, 29, Bolsonaro havia apresentado, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, uma mistura de fake news, vídeos descontextualizados que circulam há anos na internet e análises enviesadas sobre números oficiais da apuração dos votos para atacar o atual sistema. Ao mesmo tempo, admitiu não ter provas, mas sim "indícios" de irregularidades.

No ato deste domingo, Bolsonaro voltou a citar supostas irregularidades em eleições ocorridas em São Paulo. Ele não se aprofundou sobre a questão nem forneceu argumentos que embasassem sua desconfiança. Nas redes bolsonaristas, o pleito presidencial de 2014 em São Paulo é citado como um "exemplo" - nunca corroborado pela Justiça Eleitoral - de fraude.

Bolsonaro e seu grupo político defendem eleições com o uso de papel, justamente como forma de garantir que não haja fraudes - embora o sistema eletrônico não tenha apresentado fraudes desde que foi lançado, na década de 1990.

No ato deste domingo, 1º, Bolsonaro também afirmou que a maioria dos deputados federais seria favorável ao voto impresso. Conforme o presidente, a ideia já encontra respaldo, inclusive, entre a maioria da população brasileira. "Somos a maioria no Brasil, estamos do lado certo. Não vamos esperar acontecer para depois tomar providências. Juntos faremos o que for necessário para que haja contagem pública e eleições democráticas", acrescentou Bolsonaro, sem explicar o que seria "fazer o necessário".

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A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse neste sábado, 3, que o presidente dos EUA, Donald Trump, propôs enviar tropas americanas ao México para ajudar seu governo a combater o tráfico de drogas, mas que ela rejeitou o plano.

As declarações de Sheinbaum foram feitas a apoiadores no leste do México, em resposta a uma reportagem do Wall Street Journal publicada na sexta, 2, descrevendo uma tensa ligação telefônica no mês passado na qual Trump teria pressionado ela a aceitar um papel maior para o exército dos EUA no combate aos cartéis de drogas no México.

"Ele disse, 'Como podemos ajudá-la a combater o tráfico de drogas? Eu proponho que o exército dos Estados Unidos venha e ajude você'. E você sabe o que eu disse a ele? 'Não, presidente Trump'", relatou a presidente do México. Ela acrescentou: "A soberania não está à venda. A soberania é amada e defendida".

"Podemos trabalhar juntos, mas vocês no território de vocês e nós no nosso", disse Sheinbaum. Com uma explosão de aplausos, ela acrescentou: "Nunca aceitaremos a presença do exército dos Estados Unidos em nosso território".

A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as declarações de Sheinbaum. A postura firme de Sheinbaum neste sábado sinaliza que a pressão dos EUA por intervenção militar unilateral colocaria ela e Trump em atritos, após meses de cooperação em imigração e comércio. Fonte: Associated Press.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse estar pronto para um cessar-fogo com a Rússia a partir deste sábado, 3, caso o país rival aceite uma trégua de, pelo menos, 30 dias. "Esse é um prazo razoável para preparar os próximos passos. A Rússia precisa parar a guerra - cessar seus ataques e bombardeios", escreveu Zelenski em seu perfil da rede social X.

Na mesma publicação, o mandatário ucraniano disse estar se preparando para importantes reuniões e negociações de política externa. "A questão fundamental é se nossos parceiros conseguirão influenciar a Rússia a aderir a um cessar-fogo total - um silêncio duradouro que nos permitiria buscar uma saída para esta guerra. No momento, ninguém vê tal prontidão por parte da Rússia. Pelo contrário, sua retórica interna é cada vez mais mobilizadora", completou, pedindo sanções à energia e aos bancos russos para pressionar o país a parar os ataques.

Mais cedo neste sábado, 3, Zelenski negou a proposta de uma trégua de 72 horas proposta pela Rússia em virtude das comemorações do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, em 9 de maio. Os ucranianos também se negaram a garantir a segurança das autoridades que forem a território russo para as celebrações.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve desembarcar em Moscou no próximo dia 8 para participar do evento. A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, já está em solo russo.

Na preparação para a eleição parlamentar nacional, o governo interino de Portugal anunciou que planeja expulsar cerca de 18 mil estrangeiros que vivem no país sem autorização.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse, neste sábado, 3, que o governo de centro-direita emitirá aproximadamente 18 mil notificações para que as pessoas que estão no país de maneira ilegal saiam.

O ministro afirmou que, na próxima semana, as autoridades começarão a emitir os pedidos para que cerca de 4,5 mil estrangeiros nesta situação saiam voluntariamente dentro de 20 dias.

A medida foi anunciada às vésperas das eleições parlamentares. O endurecimento das regras de imigração tornou-se uma das principais bandeiras de campanha do governo de centro-direita da Aliança Democrática, que busca a reeleição.

Portugal realizará uma eleição geral antecipada em 18 de maio. O primeiro-ministro, Luis Montenegro, convocou a votação antecipada em março, depois que seu governo minoritário, liderado pelo Partido Social Democrata, conservador, perdeu o voto de confiança no Parlamento e renunciou.

Portugal foi pego pela onda crescente de populismo na Europa, com o partido de extrema-direita na terceira posição nas eleições do ano passado.