Tinha poderes para fechar Brasil, mas não tranquei um botequim, diz Bolsonaro

Política
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Alvo de críticas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o presidente Jair Bolsonaro fez neste sábado uma defesa da atuação do governo durante a pandemia do novo coronavírus. Segundo ele, era preciso atuar em duas frentes "com a mesma responsabilidade": a do tratamento do vírus e a do desemprego. "Tinha poderes para fechar Brasil, mas não tranquei um botequim sequer", disse.

O comentário de Bolsonaro, feito a uma plateia de apoiadores em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, repete uma ideia defendida pelo governo desde o início da pandemia. Para especialistas ligados à área médica e mesmo economistas de fora do governo, no entanto, esta ideia traz um falso dilema: o de que tratar do vírus pressupõe prejudicar a economia.

Aos apoiadores, Bolsonaro também voltou a afirmar que o Supremo Tribunal Federal (STF) o impediu de tomar as medidas necessárias durante a pandemia. "Se tivesse autoridade para conduzir o Brasil naquele momento, menos pessoas teriam nos deixado", afirmou. O Brasil soma atualmente 555.512 mortes pela covid-19, conforme o Consórcio de Imprensa.

A afirmação do presidente sobre o Supremo, no entanto, é incorreta. Na quarta-feira, o STF já havia rebatido Bolsonaro por meio das redes sociais, afirmando que "uma mentira repetida mil vezes" não se torna verdade.

"É falso que o Supremo tenha tirado poderes do presidente da República de atuar na pandemia. É verdadeiro que o STF decidiu que União, estados e prefeituras tinham que atuar juntos, com medidas para proteger a população", disse o Supremo na ocasião.

No evento deste sábado, Bolsonaro também afirmou que o País nunca teve um "time de ministros como eu tenho, escolhidos por critério técnico". O comentário contrasta com as mudanças mais recentes anunciadas pelo próprio governo, feitas para acomodar apoiadores do Centrão em cargos do primeiro escalão da administração pública.

O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, foi alocado na Casa Civil, o que consolida a influência da cúpula do Centrão no governo. Com isso, o general da reserva Luiz Eduardo Ramos foi deslocado para a Secretaria-Geral da Presidência. Onyx Lorenzoni (DEM), que estava na secretaria, será o titular do Ministério do Trabalho - Pasta retirada do controle do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Durante o evento em Presidente Prudente, Bolsonaro também afirmou que "muitos deputados e senadores" estão do lado do governo. Ao mesmo tempo, relativizou sua atuação como político. "Não nasci para ser político, nasci para ser soldado", afirmou. Ex-militar, Bolsonaro foi durante 27 anos deputado federal, antes de se tornar presidente.

Bolsonaro participou neste sábado de passeio de motocicletas em Presidente Prudente, no interior de São Paulo. Nesta tarde, ele visita um hospital na cidade e se reúne com prefeitos da região.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.