'Analista' de Bolsonaro atuou como secretário de Ramos

Política
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"Ao meu lado, o analista de inteligência Eduardo." Apresentado sem nenhuma credencial por Jair Bolsonaro, o "analista Eduardo" foi peça-chave na live em que o presidente admitiu não ter provas de fraude na eleição passada, mas usou da emissora pública, a TV Brasil Gov, para disseminar dúvidas e informações falsas sobre as urnas eletrônicas.

Apesar do traje civil, terno e gravata, trata-se de mais um oficial verde-oliva a se envolver na pressão do governo por mudanças no sistema de votação, a pouco mais de um ano das eleições de 2022. Como o Estadão revelou, o ministro da Defesa, general de Exército da reserva Walter Braga Netto, mandou recado à cúpula do Congresso de que não haveria eleições sem voto impresso. Conhecido como "coronel Eduardo", o analista disse na live que as urnas têm "problemas" e precisam de "melhorias". Sem apresentar dados, referendou o discurso do presidente.

Coronel de Artilharia da reserva do Exército, Eduardo Gomes da Silva, de 54 anos, goza da confiança do ministro Luiz Eduardo Ramos, hoje na Secretaria-Geral da Presidência. Foi levado por Ramos para o Planalto em 2020, com outros oficiais com experiência na área de Inteligência do Exército. À época, Ramos estava prestigiado e chefiava a Secretaria de Governo (Segov).

Primeiro, Eduardo atuou como secretário adjunto na Secretaria Especial de Relações Institucionais. Participava da interlocução direta com parlamentares no Congresso. Ramos montou um esquema na Segov para monitorar a fidelidade de deputados e senadores em votações e declarações nas redes sociais, atrelando a ficha de cada um cargos de indicados e verbas liberadas. Em abril, quando o ministro foi deslocado para a Casa Civil, Eduardo acompanhou o chefe e passou a ter atuação mais discreta, com o cargo de assessor especial. São quase R$ 37 mil brutos de salário por mês.

Em uma rede dedicada a experiências profissionais, ele se apresenta como "assessor de inteligência" no governo federal. Eduardo foi oficial de inteligência do Centro de Inteligência do Exército (CIE), quando o general Eduardo Villas Bôas era o comandante-geral. O CIE faz parte do gabinete do comandante-geral, no Quartel-General do Exército em Brasília.

Eduardo é da turma de 1990 da Academia Militar das Agulhas Negras. Segundo oficiais contemporâneos, em 2018 ele já demonstrava simpatia por Bolsonaro enquanto estava na ativa. Em grupos virtuais de militares, "patrulhava" os críticos da partidarização. "É complicado um oficial que serviu no CIE ter esse tipo de postura como a de ontem (anteontem). É revelador de que, talvez, a política partidária já seja um assunto bem acompanhado pelo Centro", disse o coronel da reserva Marcelo Pimentel, que era amigo de Eduardo e colega de mestrado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A China e as Filipinas realizaram uma reunião crucial nesta terça-feira, 2, para tentar aliviar a escalada das tensões após o seu pior confronto no disputado Mar da China Meridional, que gerou temores de um conflito mais amplo que poderia envolver os Estados Unidos, aliado de Manila. Não houve menção a qualquer acordo importante para tentar evitar a repetição do caótico confronto de 17 de junho em Second Thomas Shoal, que causou ferimentos ao pessoal da marinha filipina e danificou dois barcos militares.

O banco de areia ao largo do noroeste das Filipinas emergiu como o ponto de inflamação mais perigoso nas águas disputadas, que a China reivindica praticamente na sua totalidade. Navios militares e civis chineses cercaram os fuzileiros navais filipinos a bordo de um navio encalhado, tentaram impedir o seu reabastecimento e exigiram a retirada das Filipinas. As delegações chinesa e filipina "afirmaram o seu compromisso de diminuir as tensões sem prejuízo das suas respectivas posições", disse o Departamento das Relações Exteriores em Manila em um comunicado na terça-feira. "Houve progressos substanciais no desenvolvimento de medidas para gerir a situação no mar, mas permanecem diferenças significativas".

A subsecretária de Relações Exteriores das Filipinas, Theresa Lazaro, disse ao seu homólogo chinês, o vice-ministro das Relações Exteriores, Chen Xiaodong, "que as Filipinas serão implacáveis na proteção de seus interesses e na defesa de sua soberania, direitos soberanos e jurisdição" no Mar do Sul da China, de acordo com o lado filipino.

Antes da reunião, as Filipinas planejavam pedir formalmente à delegação da China que devolvesse pelo menos sete rifles que o pessoal da guarda costeira chinesa apreendeu durante o confronto de 17 de junho no banco de areia e pagasse pelos danos, disse uma autoridade filipina à Associated Press sob condição de anonimato.

Vândalos decapitaram a cabeça de uma escultura que representava a Virgem Maria durante o parto de Jesus Cristo na última segunda-feira, 1º, na Catedral de Santa Maria, em Linz, na Áustria. A obra era criticada e considerada blasfema por alguns católicos. As informações são do jornal britânico The Guardian.

A escultura, posicionada sobre um pedestal em uma sala da catedral, mostrava Maria dando à luz em uma rocha. Ela fazia parte de uma exposição de arte sobre os papéis das mulheres, imagens familiares e igualdade de gênero, afirmou a diocese de Linz, em comunicado.

O vandalismo foi denunciado à polícia e a identidade dos autores ainda é desconhecida, mas, segundo o jornal, o católico tradicionalista Alexander Tschugguel, conhecido por um ato de vandalismo durante o sínodo amazônico do Vaticano, em 2019, disse em uma publicação no X (antigo Twitter) que um dos responsáveis entrou em contato com ele.

De acordo com Alexander, esse indivíduo afirmou que arrancou a cabeça da escultura porque seus e-mails e ligações para a diocese de Linz para reclamar da escultura foram ignorados.

O vigário episcopal para educação, arte e cultura da diocese de Linz, Johann Hintermaier, condenou a decapitação da escultura. "Estávamos cientes de que também provocamos debate com essa instalação. Se ferimos os sentimentos religiosos das pessoas, sentimos muito, mas condeno fortemente este ato violento de destruição, a recusa a dialogar e o ataque à liberdade artística", afirmou, em nota.

"Quem removeu a cabeça da escultura foi muito brutal", afirmou a criadora da obra, Esther Strauss. "Para mim, essa violência é uma expressão do fato de que ainda existem pessoas que questionam o direito das mulheres sobre seus próprios corpos. Precisamos tomar uma posição muito firme contra isso."

Mais de 90 pessoas morreram esmagadas e dezenas ficaram feridas num tumulto durante uma celebração religiosa hindu no Estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia, nesta terça-feira, 2. Segundo a agência de notícias AFP, autoridades locais confirmaram 97 mortes.

O tumulto aconteceu no final do encontro religioso organizado por um guru conhecido localmente como Bhole Baba, que celebra as reuniões há mais de duas décadas. De acordo com o policial Rajesh Singh, a superlotação pode ter ocasionado o tumulto causado no vilarejo, situado a cerca de 350 quilômetros a sudoeste da capital do Estado, Lucknow. Os relatórios iniciais sugerem que mais de 15.000 pessoas se reuniram para o evento, que tinha permissão para receber apenas cinco mil pessoas.

Vídeos não verificados nas redes sociais mostraram um grande número de cadáveres, a maioria mulheres, em um pátio não identificado. "As pessoas começaram a cair umas sobre as outras. Aqueles que foram esmagados morreram", disse Shakuntala Devi, que presenciou a cena, à agência de notícias Press Trust of Índia.

Pelo menos 60 pessoas chegaram aos necrotérios do distrito nas primeiras horas e mais de 150 pessoas foram internadas em hospitais, disse o médico Umesh Tripathi. Em uma postagem na plataforma de mídia social X, o ministro-chefe de Uttar Pradesh, Yogi Adityanath, chamou o incidente de "extremamente triste e comovente" e informou que as autoridades estão investigando a causa.

Histórico

Na Índia, tumultos durante peregrinações religiosas são comuns devido à má aplicação das medidas de segurança pública. Nos últimos anos, as autoridades aumentaram a vigilância de grandes reuniões religiosas, disponibilizando mais agentes policiais e utilizando drones para monitoramento.

Em 2013, peregrinos que visitavam um templo para um festival hindu popular no estado central de Madhya Pradesh foram pisoteados uns pelos outros, temendo que uma ponte desabasse. Na ocasião, cerca de 115 morreram esmagados e afogadas após caírem no rio.

Em 2011, outra fatalidade deixou 100 devotos hindus mortos após serem esmagados em festival religioso no Estado de Kerala, no sul do país. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)