Cenário político na Bahia aguarda definição de Roma

Política
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As principais lideranças políticas baianas aguardam o resultado de uma cisão entre dois antigos aliados para definir o cenário para as próximas eleições no maior colégio eleitoral da região Nordeste - e quarto do Brasil, com cerca de 10 milhões de eleitores. Se do lado governista a candidatura do senador e ex-governador Jaques Wagner (PT) é dada como certa, na oposição uma indefinição de como o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) e o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), irão se comportar: se vão fazer as pazes e caminhar juntos na mesma chapa ou se vão lançar candidaturas distintas.

Roma entrou na política pelas mãos de Neto, de quem foi chefe de gabinete na gestão do presidente do DEM na prefeitura de Salvador. Os dois tinham uma relação de amizade até fevereiro, quando cortaram relações após Roma aceitar o convite do presidente Jair Bolsonaro para assumir o ministério da Cidadania, contrariando Neto. Não se falam desde então, dizem ambos.

Embalado pela "vitrine" que é comandar o ministério responsável por programas de forte apelo eleitoral, como a reestruturação do Bolsa Família, que na versão bolsonarista ganhou o nome de Auxílio Brasil, Roma não esconde que gosta da ideia sair candidato. Sua candidatura é incentivada pelo Palácio do Planalto para garantir um palanque para Bolsonaro no Estado, uma vez que Neto descarta fazer este papel, mesmo sem Roma na disputa.

"O presidente tem encorajado um protagonismo meu maior aqui na Bahia", disse o ministro, que tem intensificado a participação em eventos ao lado de Bolsonaro. Em junho, durante uma agenda em Amargosa (BA), Bolsonaro disse que "João Roma é o futuro da Bahia". Na quinta-feira passada, o ministro fez um pronunciamento em rede nacional no qual falou sobre políticas de transferência de renda, saúde, educação e emprego. Nos bastidores, tem conversado com lideranças políticas no interior do Estado.

Neste cenário, partidos que compõem o grupo de Neto pretendem aguardar até o final do ano para saber se haverá ou não uma reaproximação entre o ex-prefeito e o ministro, e evitam falar como se posicionariam em um cenário hipotético com as duas candidaturas. Uma eventual entrada de Roma na disputa tem potencial de esvaziar a chapa de Neto para além do Republicanos, partido do ministro.

ACM Neto tem intensificado conversas. Até o final de setembro, pretende visitar 40 municípios para levar seu nome, conhecido na capital, para o interior do Estado, onde seu avô, o ex-governador Antônio Carlos Magalhães, morto em 2007, ainda tem "recall". Além disso, endossa a transferência do aliado, o deputado Elmar Nascimento, do DEM para o PSL, por onde ele deve concorrer ao Senado. Neto aposta no eleitor "nem Lula nem Bolsonaro", e diz que só abriria seu palanque para uma candidatura nacional se for da "terceira via". "Não vou adotar uma linha de enfrentamento contra Lula ou Bolsonaro. Não vou nacionalizar o debate", disse.

Sua estratégia tem fundamento. Sondagens iniciais apontam que Neto sai na frente quando entrevistados são questionados em quem votariam para governador em 2022. A situação se inverte e Jaques Wagner toma a liderança quando o nome dele aparece relacionado a Lula - não por acaso, o ex-presidente encerrará na Bahia, no dia 26, seu périplo por Estados do Nordeste, iniciado ontem. As sondagens também mostram espaço para uma "terceira via" bolsonarista.

Na chapa governista, o problema é acomodar os interesses. Wagner é considerado nome certo para encabeçar a chapa. "É o melhor nome para manter a unidade do grupo porque foi ele mesmo quem o uniu", disse o presidente do PT na Bahia, Éden Valadares. Além disso, Wagner é amigo pessoal de Lula, um importante puxador de votos no Estado. No segundo turno da eleição de 2018, por exemplo, Fernando Haddad (PT) obteve 72,69% dos votos válidos, contra 27,31% de Jair Bolsonaro (então no PSL).

O cientista político Paulo Fábio Dantas Neto, professor da Universidade Federal da Bahia, considera que o cenário nacional terá forte influência na eleição para o governo da Bahia. "A presença do elemento nacional sempre foi historicamente um elemento muito importante nas eleições ao governo da Bahia. Acredito que tende a não ser diferente", disse.

O vice-governador, João Leão (Progressistas), no entanto, pleiteia a vaga. "Eu ajudei o grupo por 14 anos, nada mais natural que me dar a oportunidade de concorrer ao governo", disse. Leão vive um impasse: não pode concorrer mais a vice porque foi reeleito, e não vê espaço para concorrer ao Senado - a cadeira já estaria reservada à reeleição de Otto Alencar (PSD). Sua opção seria emplacar um aliado na presidência da Assembleia Legislativa, que desde 2017 é ocupada por uma alternância pelo PSD e Progressistas - sendo o atual aliado de Otto.

Nesta configuração, também ficaria de fora Rui Costa. No PT, fala-se na possibilidade de Rui refazer os passos de Wagner em 2014, quando o então governador cumpriu o mandato até o final e no ano seguinte assumiu um ministério. Há também a possibilidade de Rui se afastar para ceder a Leão nove meses de governo, e assim contemplar o Progressistas. "Temos até dezembro para resolver. Não vejo no horizonte um racha no grupo", disse Wagner. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que está aberto a uma reunião em junho com o presidente chinês, Xi Jinping. Os líderes ainda não se encontraram presencialmente desde Trump assumiu a presidência, em 20 de janeiro.

Em entrevista à Fox News divulgada nesta quarta-feira, 19, o republicano afirmou que a receita arrecada com os "golden visas" será usada para reduzir a dívida americana e que haverá uma série de verificações para os recebedores do visto especial.

Em fevereiro, o presidente americano revelou uma nova proposta de "visto dourado", destinado a estrangeiros ricos dispostos a pagar milhões pelo direito de viver nos EUA.

Ele voltou a dizer que as tarifas impostas em 2 de abril serão recíprocas de países que tiram vantagem dos EUA e que seus antecessores presidenciais deixaram "o país na mão".

O presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou que vai solicitar a ajuda do Exército brasileiro, dos Estados Unidos e de países europeus para combater o crime organizado no país, considerado o mais violento da América Latina em 2024. A declaração foi dada em entrevista ao jornal britânico BBC nesta terça-feira, 18.

São Paulo, 19/03/2025 - Os exércitos fariam parte de uma força militar estrangeira, que Noboa propõe para ajudar no combate ao narcotráfico do país. Ele já havia falado sobre o plano antes, mas esta foi a primeira vez que o presidente nomeou países, incluindo o Brasil. "Setenta por cento da cocaína do mundo sai pelo Equador. Precisamos da ajuda de forças internacionais", disse à BBC.

Fontes do Exército brasileiro ouvidas pelo Estadão disseram que é improvável que tropas sejam enviadas. A atuação de forças estrangeiras costuma ser utilizado como recurso extremo em países com crises e tende a ser abordado no âmbito da ONU, que aprovam, por exemplo, as missões de paz. O Brasil liderou uma dessas missões no passado, no Haiti, mas esse não é o caso do Equador.

Noboa, que disputa o segundo turno das eleições presidenciais contra a candidata Luisa González no dia 13, afirmou que também quer que o presidente dos EUA, Donald Trump, passe a considerar as organizações criminosas do país como terroristas, a exemplo do que fez contra os cartéis de drogas do México.

Desde que assumiu o cargo em novembro de 2023, o governo Noboa enfrenta uma crise de segurança que o levou a declarar conflito armado interno em janeiro do ano passado e a alterar a legislação para endurecer as leis. O decreto autorizou o Exército equatoriano a atuar nas ruas do país.

Apesar disso, a violência no Equador continua em alta. Em janeiro, a polícia do Equador registrou o janeiro mais violento da história. Foram 600 homicídios, contra 479 no ano passado. Nos primeiros 50 dias deste ano, 1,3 mil homicídios foram registrados - uma média de um assassinato a cada hora.

Os homicídios estão relacionados, em sua maioria, ao narcotráfico. O Equador se tornou um dos principais exportadores de cocaína para os Estados Unidos nos últimos anos. O fluxo fortaleceu diferentes facções criminosas, que disputam territórios entre si e atuam em diversos negócios ilícitos além do narcotráfico, como mineração ilegal e tráfico de armas.

Segundo um relatório da Iniciativa Global Contra o Crime Transnacional Organizado de 2024, uma das facções presentes no Equador é o Primeiro Comando da Capital (PCC). Facções da Albânia, México e Itália também atuam no país, além de grupos locais como Los Choneros e Los Lobos.

Segundo a BBC, Noboa ordenou que o Ministério das Relações Exteriores busque acordos de cooperação com "nações aliadas" para apoiar a polícia e o exército do Equador e quer mudar a Constituição para permitir a instalação de bases militares estrangeiras no país.

Críticos do presidente afirmam que o plano, no entanto, tem um caráter eleitoral. Com a permanência da violência, esse é o tema de maior preocupação entre os equatorianos, de acordo com as pesquisas eleitorais. No primeiro turno, Noboa, que era o favorito, ficou à frente da adversária Luisa González, do Movimento pela Revolução Cidadã, por 0,5%.

Analistas de segurança afirmam que a estratégia adotada pelo presidente com relação a segurança é insuficiente, porque não englobam o fortalecimento de instituições. "São necessárias estratégias mais abrangentes para enfraquecer as estruturas e redes do crime organizado", disse Robert Muggah, diretor do Instituto Igarapé.

Israel disse nesta quarta-feira que suas tropas retomaram parte de um corredor que divide a Faixa de Gaza, e seu ministro da Defesa advertiu que os ataques se intensificarão até que o Hamas liberte dezenas de reféns e abandone o controle do território.

Os militares afirmaram que retomaram parte do Corredor Netzarim, onde haviam se retirado anteriormente como parte de um cessar-fogo iniciado em janeiro. Essa trégua foi rompida na terça-feira, 19, por ataques aéreos israelenses que mataram mais de 400 palestinos, a maioria mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

Em Israel, a retomada de ataques aéreos e das manobras terrestres levantou preocupações sobre o destino de cerca de duas dúzias de reféns mantidos pelo Hamas que, acredita-se, ainda estejam vivos. Milhares de israelenses participaram de manifestações contra o governo em Jerusalém e muitos pediram um acordo para trazer os prisioneiros de volta para casa.

Um porta-voz do Hamas, Abdel-Latif al-Qanou, disse que as ações das forças terrestres em Gaza eram um sinal claro de que Israel havia desistido da trégua e estava reimpondo um "bloqueio".

Também hoje, as Nações Unidas declararam que um de seus funcionários foi morto em Gaza e outros cinco ficaram feridos em um aparente ataque a uma casa de hóspedes. Não ficou imediatamente claro quem estava por trás do ataque, de acordo com a ONU.