Catori diz na CPI da Covid que Barros não participou de reunião sobre vacina

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Sócio da farmacêutica Belcher, Emanuel Ramalho Catori afirmou à CPI da Covid nesta terça-feira, 24, que o deputado e líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), não participou de reuniões com o governo sobre a vacina Convidencia, do laboratório chinês CanSino, que era representado pela Belcher no Brasil durante um período no primeiro semestre.

Ele ainda afirmou que a audiência da qual participou com a presença de Barros não discutia vacinas e ainda contava com a presença de outras seis empresas. "A audiência foi registrada pelo ministério. Não se tratou portanto de agenda às escuras e sem registro sobre a vacina Convidencia", disse.

A declaração vai ao encontro do que falou Barros em depoimento à CPI. Na ocasião, o líder do governo afirmou que a audiência teve registros publicados na internet. "Tem uma audiência que está no Flickr do Ministério da Saúde, com todos as fotografias, onde o CEO da Belcher foi tratar com o ministro sobre um medicamento chamado Avifavir, que é um antiviral que foi distribuído largamente na Rússia, segundo eles com um efeito muito positivo", disse Barros quando esteve na comissão.

Catori afirmou também que não seria verdadeira a informação de que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, teria o recebido no dia 15 de abril como representante da CanSino, acompanhado de Barros, sem registro na agenda. "A informação não é verdadeira. A Belcher não representava a Cansino na data, apenas obteve a carta de autorização da CanSino em 19 de abril. A primeira interface da Belcher sobre a Convidencia se deu por e mail enviado em 12 de maio, com reunião em 19 de maio", afirmou o empresário.

Contradições

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que o depoimento de Emanuel Catori, "começa muito mal" após apontar o que chamou de "contradições" em torno do relato de uma reunião em que Catori participou junto do deputado Ricardo Barros.

Sobre reunião que teria ocorrido em 15 de abril, o empresário afirmou que não teria sido possível tratar sobre a vacina porque a Belcher só passou a representar a CanSino no Brasil a partir do dia 19 do mesmo mês. Em resposta, Renan afirmou que a contextualização feita por Catori era contraditória porque, no dia 6 de abril, a Belcher já havia fechado um termo de confidencialidade com a empresa chinesa.

"Começa muito mal seu depoimento, com óbvias contradições, tentando passar a ideia de que encontro com Barros não poderia ter tratado da vacina", apontou o relator.

Catori, por sua vez, manteve o depoimento e reafirmou que a reunião tratou apenas de um medicamento. "Não há contradição, quando estabelecemos termo de confidencialidade, em nenhum momento podemos falar em nome da vacina sem a autorização", disse. Por outro lado, o empresário confirmou que chegou ao encontro a partir de um convite do deputado. "Quem marcou para o senhor ir lá?", questionou o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). "O deputado Ricardo Barros", respondeu.

No depoimento, Catori disse também que quem aproximou a Belcher da CanSino foi um parceiro privado da Rússia, um laboratório com o qual a Belcher já seria parceiro. Questionado sobre o nome da empresa russa, o empresário não quis revelar. "Vou usar o direito de ficar em silêncio para não expor um parceiro estrangeiro", afirmou o depoente.

O sócio da farmacêutica Belcher Emanuel também se negou a responder quanto a empresa receberia em negociação para venda do imunizante Convidencia. "Nós estamos num processo avaliando se vamos fazer judicialização com CanSino, por isso mantenho meu direito de ficar em silêncio", afirmou Catori.

Durante a oitiva, o empresário lembrou que a CanSino revogou unilateralmente as credenciais da Belcher para representar o laboratório no Brasil por razões de compliance. Segundo ele, a Belcher, no entanto, não "reconhece as alegações" feitas sobre a farmacêutica brasileira e, por isso, avalia a possibilidade de judicializar a decisão da CanSino.

A pedido de Renan Calheiros, Catori afirmou que poderá fornecer à CPI os documentos da parceria que existia entre a CanSino e a Belcher. "Não finalizamos contrato, temos a carta de autorização, estávamos em trâmite de finalização do contrato", disse.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.