PSDB repudia atos bolsonaristas, mas adia decisão sobre apoio a impeachment

Política
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A reunião da Executiva Nacional do PSDB nesta quarta-feira, dia 8, não chegou a uma decisão favorável ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Convocado pelo presidente nacional do partido, Bruno Araújo, o encontro virtual debateu uma reação aos discursos antidemocráticos de Bolsonaro em atos do 7 de Setembro, mas não houve unidade.

A direção do partido, que agora se diz de oposição, pressiona para tentar mudar a posição de tucanos apoiadores do governo no Congresso. Segundo nota do PSDB Nacional, a decisão em passar a integrar a oposição foi unânime.

"O partido repudia as atitudes antidemocráticas, truculentas e irresponsáveis adotadas pelo presidente da República em manifestações pelo Dia da Independência", diz a nota. "O PSDB se alinha a todas as forças da sociedade brasileira que têm na democracia, na defesa das instituições e no respeito à liberdade o seu maior compromisso."

Nos bastidores, integrantes da direção tucana reconheceram que o discurso do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), em defesa de uma "pacificação" sem dar margem ao impeachment, influenciou o debate no PSDB. Para um dirigente partidário ouvido reservadamente, a fala calculada de Lira, transmitida na TV Câmara, "jogou um balde de água fria" na expectativa de quem apoia o afastamento de Bolsonaro.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, disse que Bolsonaro cometeu atos "ilícitos" e "crime de responsabilidade" ao anunciar que vai passar a desconsiderar decisões do ministro da Corte Alexandre de Moraes. Mas a acusação de Fux, acompanhada de uma cobrança sobre o Congresso, foi ignorada.

Com divergências na bancada tucana na Câmara, explicitada em episódios recentes como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, a Executiva optou por cobrar um posicionamento e debate entre os parlamentares, sejam deputados ou senadores. No mês passado, o partido orientou a bancada a defender a urna eletrônica e não apoiar a retomada do voto em cédulas de papel e contagem manual, como defende Bolsonaro, mas o resultado foi outro: 14 tucanos foram favoráveis e 12 contrários; 5 não votaram, e o ex-presidenciável Aécio Neves (MG) se absteve.

A reunião ocorreu à tarde, de modo virtual, com cerca de 30 integrantes da Executiva. Segundo tucanos presentes, ninguém pediu a palavra para defender Bolsonaro ou o governo na reunião virtual. Em vez disso, todos repudiaram os atos de Bolsonaro. Porém, reconheceram as divisões internas que impedem posicionamentos futuros mais enfáticos.

A direção do partido submeteu uma nota à avaliação dos presentes, em tom de "repúdio". O posicionamento da direção tenta sensibilizar integrantes do PSDB na Câmara e no Senado - a avaliação corrente é de que sem unidade nas bancadas não dá para ir além na defesa do impeachment. A expectativa é gerar um debate interno entre deputados e senadores tucanos, além de estimular a discussão semelhante nos demais partidos.

No PSD, cuja direção também pautou o debate do impeachment, também não houve avanços. Os parlamentares da bancada reconhecem que não há maioria absoluta entre os deputados do PSD, e que só uma ação direta do presidente nacional, Gilberto Kassab, poderia encaminhar o rumo do partido para apoiar o impeachment de Bolsonaro. Para Kassab, as manifestações evidenciaram que Bolsonaro, apesar da mobilização ao longo de um mês para o 7 de Setembro, não conseguiu convencer a maioria da população ir às ruas a seu favor.

Kassab promete acompanhar os passos do presidente diariamente e monitorar crimes de responsabilidade. Ele disse que a chance de abertura do processo é grande e se tornará "pedra jogada" caso ele de fato desrespeite uma decisão judicial do STF.

"O presidente vem perdendo credibilidade e popularidade. A avaliação do governo é muito ruim. Estamos chegando na iminência de abrir o impeachment", disse Kassab.

Kassab tem sido cada vez mais crítico do governo e estimula a pré-candidatura à Presidência do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado. Mas também sabe dos "bolsonaristas" no PSD. Para cuidar do assunto, Kassab formou uma comissão interna, com os líderes na Câmara, Antonio Brito (BA) e no Senado, Nelsinho Trad (MS). Eles conversaram na manhã desta quarta-feira. Também foram chamados a integrar o colegiado o senador Otto Alencar (BA) e o deputado André de Paula (PE) - presidentes de diretórios em seus Estados, eles são vistos como não alinhados ao Palácio do Planalto. Mas não houve nenhuma decisão concreta a favor do impeachment até agora.

Ao contrário do PSDB e do PSD, que não chegaram a nenhuma decisão ainda, o Podemos anunciou ser contrário ao afastamento de Bolsonaro. Outrora alinhado ao ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-juiz da Operação Lava Jato Sérgio Moro, o partido descartou apoiar o impeachment.

"O Podemos descarta aderir ao movimento de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, por entender que a abertura de uma nova crise política, em meio à pandemia do coronavírus, desemprego e crise econômica, só agravaria o sofrimento das camadas mais vulneráveis, que já vivem em situação de extrema dificuldade", diz nota assinada pela presidente do partido, Renata Abreu (SP), e pelos líderes do Podemos no Senado, Alvaro Dias (PR), e na Câmara, Igor Timo (MG).Na avaliação do partido, "disputas políticas devem ser resolvidas por meio das urnas" e é preciso buscar uma terceira via para as eleições de 2022. A legenda reafirmou o posicionamento de independência em relação ao governo Bolsonaro e da defesa de pautas como o combate à corrupção e o fim do foro privilegiado. Além disso, a nota destaca que a sigla ficará "vigilante pela preservação das instituições democráticas, rejeitando toda e qualquer bravata autoritária em todos os Poderes."

LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DO PSDB:

O PSDB decidiu hoje, por unanimidade, em reunião da Executiva Nacional, que é oposição ao governo de Jair Bolsonaro.

O partido repudia as atitudes antidemocráticas, truculentas e irresponsáveis adotadas pelo presidente da República em manifestações pelo Dia da Independência.

O PSDB se alinha a todas as forças da sociedade brasileira que têm na democracia, na defesa das instituições e no respeito à liberdade o seu maior compromisso.

Com a participação da Executiva e das bancadas na Câmara e Senado iniciamos o processo interno de discussão sobre crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente da República. O primeiro passo foi o debate aberto ocorrido hoje e agora será aprofundado pelas bancadas do Congresso Nacional.

Conclamamos todas as forças do centro democrático a formar uma frente de oposição ao governo de Jair Bolsonaro. É da união dessas forças que virá a derrota definitiva do projeto autoritário de poder que o atual ocupante do Palácio do Planalto encarna e a volta do modelo político e econômico petista também responsável pela profunda crise que enfrentamos.

Basta de insensatez. Os brasileiros esperam de seu governante soluções para a pandemia, que beira 600 mil mortos; para o desemprego, que vitima 14 milhões de pessoas; para a inflação, que beira os dois dígitos; para a paralisia econômica; para a desigualdade; para a crise hídrica e para o descalabro fiscal. Um presidente que saiba enfrentar a desestruturação social e econômica ao invés de buscar enfrentar a própria lei.

A democracia brasileira permitiu que milhares fossem às ruas no dia de ontem defender suas ideias. Mas também defendemos os milhões que ficaram em casa e querem um Brasil que possa superar a crise.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que o Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação entre Rússia e Venezuela foi "totalmente acordado" e está pronto para ser assinado. A declaração foi feita durante uma videoconferência com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em comemoração aos 80 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

"Estou satisfeito em anunciar que o Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação entre nossos países foi totalmente acordado", afirmou Putin. Segundo o líder russo, o pacto "criará uma base sólida para a expansão de nossos laços multifacetados a longo prazo" e poderá ser formalizado durante uma visita de Maduro à Rússia, em data ainda a ser definida.

Putin também convidou Maduro para as celebrações do 80º aniversário da Vitória na Grande Guerra Patriótica, em 9 de maio, em Moscou. O presidente russo destacou que a Venezuela apoiou a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, fornecendo combustíveis e outros materiais essenciais para o esforço de guerra.

Além disso, Putin ressaltou a convergência de posições entre os dois países em temas internacionais. "Juntos, nos opomos a qualquer manifestação de neonazismo e neocolonialismo. Agradecemos que a Venezuela apoie as iniciativas russas relevantes em fóruns multilaterais", afirmou. Ele acrescentou que ambos os países buscam "construir uma ordem mundial mais justa" e promover "a igualdade soberana dos Estados e a cooperação mutuamente benéfica sem interferência externa".

O presidente russo reafirmou ainda o compromisso de Moscou com Caracas. "A Rússia fará e continuará fazendo tudo o que for possível para tornar nossos esforços conjuntos nas esferas comercial, econômica, científica, técnica, cultural e humanitária ainda mais próximos e abrangentes", declarou.

Um grupo de democratas, liderado pelo líder da minoria do Senado, Chuck Schumer, ajudou os republicanos para que projeto de lei para financiar o governo até setembro avançasse, evitando uma paralisação, mas deixando os democratas desanimados e profundamente divididos sobre como resistir à agenda agressiva do presidente Trump.

O parlamentar de Nova York e outros nove membros da bancada democrata romperam com a maioria de seu partido em uma votação processual para uma medida de financiamento de US$ 1,7 trilhão, levando a um placar de 62 a 38, acima do limite necessário de 60 votos para que um projeto de lei passe pelo Senado. Um republicano, o senador Rand Paul de Kentucky, votou não. Uma votação final é esperada para o final do dia.

Na votação final subsequente que exigiu apenas uma maioria simples, o Senado aprovou o projeto de lei por 54-46, em grande parte de acordo com as linhas partidárias. Agora, ele segue para sanção do presidente Donald Trump.

O resultado no Senado, onde os republicanos têm uma maioria de 53-47, ressaltou o quão pouco poder os democratas têm para resistir aos planos de Trump e alimentou a crescente frustração nas fileiras do partido sobre sua diretriz e liderança. Em seus primeiros 50 dias de mandato, Trump se moveu para cortar drasticamente a força de trabalho federal e controlar a ajuda externa, ao mesmo tempo em que preparava o cenário para um pacote de cortes de impostos, reduções de gastos e gastos maiores com defesa da fronteira.

Schumer, que enfrentou duras críticas de seu próprio partido ao longo do dia, disse que o projeto de lei do Partido Republicano era a melhor de duas escolhas ruins. Ele argumentou que bloquear a medida e arriscar uma paralisação teria permitido que Trump e o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), comandado por Elon Musk, acelerassem a reestruturação de agências federais, citando o poder da administração durante um gap de financiamento para determinar quais funcionários e serviços são essenciais ou não essenciais.

O Hamas disse nesta sexta-feira, 14, que aceitou uma proposta dos mediadores para libertar um refém americano-israelense vivo e os corpos de quatro pessoas de dupla nacionalidade que morreram em cativeiro. O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, lançou dúvidas sobre a oferta, acusando o Hamas de tentar manipular as negociações em andamento no Catar sobre a próxima etapa do cessar-fogo em Gaza.

O grupo não especificou imediatamente quando a libertação do soldado Edan Alexander e dos quatro corpos aconteceria - ou o que espera receber em troca. Também não é claro quais mediadores propuseram o que o Hamas estava discutindo. O Egito, Catar e EUA têm orientado as negociações, e nenhum deles confirmou ter feito a sugestão até a noite de sexta-feira.

Autoridades dos EUA, incluindo o enviado Steve Witkoff, disseram que apresentaram uma proposta na quarta-feira para estender o cessar-fogo por mais algumas semanas enquanto os lados negociam uma trégua permanente. O gabinete de Netanyahu declarou que Israel "aceitou o esboço de Witkoff e mostrou flexibilidade", mas que o Hamas se recusou a fazê-lo.