Dólar fecha em alta de 0,32% com IOF e cena externa negativa

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O fantasma de uma guinada populista do governo Jair Bolsonaro, materializado pelo aumento do IOF para bancar o Auxílio Brasil, e o fortalecimento global da moeda americana - em meio à espera do encontro do Federal Reserve e às preocupações com a economia chinesa - deram o tom dos negócios no mercado de câmbio local nesta sexta-feira, 17.

O dólar já iniciou o dia em alta e, em uma escalada ao longo da manhã, correu até a máxima de R$ 5,3474 (+1,57%). Tudo sugeria que o real amargaria a lanterna entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities, que caíam em bloco. A febre compradora, contudo, cedeu ainda no fim da manhã, em meio à realização de lucros e ajuste de posições, o que vez a moeda se acomodar abaixo de R$ 5,30 ao longo da tarde.

Ao final da sessão, a moeda americana, que registrou mínima a R$ 5,2524, era negociada a R$ 5,2821, em alta de 0,32%. Com o avanço desta sexta-feira, o dólar encerra a semana com leve valorização (0,28%) e acumula alta de 2,13% em setembro.

No fim das contas, o dólar subiu mais em relação ao peso mexicano (+0,47%), considerado um principais pares do real, e ao rand sul-africano (+1,05) - este devolvendo parte dos ganhos recentes bem acima da média das demais divisas emergentes. O índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes - subia cerca de 0,30% e operava acima da linha dos 93 pontos.

O head de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, Alexandre Netto, observa que o real está longe do que seria considerado seu preço de equilíbrio e já carrega um prêmio de risco por causa dos problemas domésticos, fatores que limitariam o espaço para perdas mais agudas no curto prazo. "Mas o movimento mais forte de alta do dólar pela manhã mostra o quão sensível a taxa de câmbio está à questão política", afirma Netto. "O aumento do IOF faz parte de um conjunto de medidas que reforçam a percepção de que o presidente Bolsonaro, que tem aprovação cada vez pior, pode embarcar num populismo fiscal".

O governo surpreendeu o mercado com o anúncio do aumento do IOF até 31 de dezembro ontem à noite, em publicação simultânea à tradicional live de Bolsonaro às quintas-feiras. O decreto era explícito: a arrecadação adicional de R$ 2,14 bilhões é para bancar o Auxílio Brasil, a versão vitaminada do Bolsa Família. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) exige que toda despesa venha acompanhada de da fonte de custeio, e o governo, que quer pôr o Auxílio Brasil de pé ainda neste ano, encontrou a receita no IOF.

De onde vai vir o dinheiro para a continuidade do programa em 2022 ainda não se sabe. É preciso primeiro resolver a questão dos precatórios (cuja PEC tramita na Câmara) e da reforma do Imposto de Renda (que precisa ser apreciada pelo Senado) para saber como o programa vai ser bancado.

Para a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, o aumento do IOF sugere ao mercado "maior probabilidade" de o governo adotar medidas populistas para tentar recuperar a popularidade, abalada como mostram as pesquisas de opinião. "O impasse sobre a questão do teto dos gastos permanece. Sem uma solução para os precatórios, qualquer ampliação de gastos fica comprometida. Não é à toa que o real se desvalorizou muito mais que o seus pares pela manhã", afirma.

Ex-secretário do Tesouro Nacional e diretor da ASA Investments, Carlos Kawall afirma que o aumento do IOF reforça a visão de que a política econômica está a reboque dos objetivos eleitorais de Bolsonaro. "Isso está sendo contabilizado com outras medidas que o governo tem feito com o objetivo único de aumentar o Bolsa Família em um ano eleitoral, como a PEC dos precatórios e a reforma do Imposto de Renda", disse.

Segundo Kawall, o efeito da postura do governo sobre a taxa de câmbio vai dificultar ainda mais o trabalho do Banco Central de ancoragem das expectativas de inflação. A ASA Investments espera que a taxa Selic termine o ciclo de alta em 9%. "Achamos que é 9%. Mas, se continuarmos a ver pressão no câmbio não compensada por commodities, talvez tenha que ser mais que 9%. Uma taxa de 10% não é um absurdo."

Não bastassem os problemas domésticos, os ativos locais se deparam com ventos externos contrários. Na expectativa pelo comunicado de política monetária do Federal Reserve, no próximo dia 22, o mercado reduz a exposição a ativos de risco. Além de eventualmente anunciar o começo da redução da compra mensal de bônus ('tapering'), o Fed trará atualização das expectativas de seus membros para início da alta de juros. A taxa dos Treasuries subiram em bloco hoje, com o 'yield' da T-note de 10 anos subindo mais de 3%, para a faixa de 1,37%.

O economista-chefe do Instituto de Finanças Internacional (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks, observa, ressalta que a piora dos ativos emergentes em meio à alta do rendimento dos Treasuries é um sinal para quem pensa que o tapering será um evento sem importância. "Se um pequeno salto aleatório nos rendimentos já provoca esse tipo de depreciação das moedas emergentes, o anúncio do tapering e dados melhores americanos serão bem piores", afirma Brooks, em comentário no Twitter.

Outro ponto de preocupação no mercado é a crise de solvência da segunda maior incorporadora da China, a Evergrande, e seus potenciais efeitos sobre a economia do gigante asiático e, por tabela, em todo o mundo. Em medida preventiva, o governo chinês anunciou injeção de 90 bilhões de yuans (cerca de US$ 14 bilhões) no sistema financeiro. Com as dúvidas em relação à produção de aço, os preços do minério de ferro (um dos carros-chefe da pauta de exportação brasileira) caíram hoje 4,91% no porto de Qingdao, na China, e já acumulam baixa de 21,4% na semana, dadas as incertezas sobre a produção siderúrgica.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinará nesta quinta-feira, 20, uma ordem executiva com o objetivo de desmantelar o Departamento de Educação, segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt. "O presidente finalmente está tomando a ação necessária para devolver a educação aonde ela pertence, ou seja, aos educadores mais próximos dos alunos, em suas salas de aula e em seus respectivos estados", disse Leavitt aos jornalistas na manhã desta quinta.

Mais cedo, ela postou nas redes sociais que Trump estava assinando uma ordem com o objetivo de "eliminar" o departamento. Trump sempre afirmou que as responsabilidades do departamento deveriam ser transferidas para os estados.

Embora fechar o departamento de 4 mil funcionários exija uma ação do Congresso, o governo já começou a tomar medidas para reduzi-lo, incluindo o anúncio na semana passada de que cortaria o pessoal em quase 50%. O departamento "continuará a cumprir todos os programas estatutários sob sua responsabilidade, incluindo empréstimos estudantis, bolsas Pell, financiamento para estudantes com necessidades especiais e concessão de bolsas competitivas", disse a secretária de Educação, Linda McMahon ao anunciar os cortes.

Em uma entrevista à SiriusXM no início desta semana, McMahon disse que o papel do departamento é "ajudar a fornecer financiamento para que os estados possam cuidar de seus próprios programas", acrescentando que a criatividade e a inovação devem vir dos próprios estados.

O departamento supervisiona cerca de US$ 1,6 trilhões em empréstimos estudantis garantidos pelo governo federal, que são de milhões de americanos. Reduzir suas operações poderia ajudar a indústria de educação privada, caso isso leve a menos supervisão federal. Fonte: Dow Jones Newswires.

A procuradora-geral dos Estados Unidos, Pamela Bondi, apresentou nesta quinta-feira, 20, acusações contra três indivíduos responsáveis pela "destruição violenta" de propriedades da Tesla. Segundo comunicado do Departamento de Justiça dos EUA (DoJ, na sigla em inglês), "todos os três réus enfrentarão todo o peso da lei por usarem coquetéis molotov para incendiar carros e estações de recarga da Tesla".

"O DoJ está comprometido em acabar com todos os atos de violência e incêndio criminosos direcionados a propriedades da Tesla e outras", afirma o texto. "A era de cometer crimes sem consequências acabou", declarou Bondi. "Que isto sirva de aviso: se você participar desta onda de terrorismo doméstico contra propriedades da Tesla, o DoJ colocará você atrás das grades."

De acordo com o DoJ, um dos réus foi preso após lançar cerca de oito coquetéis molotov em uma concessionária da Tesla, além de estar armado com um rifle. Outro réu tentou incendiar Teslas com coquetéis molotov.

O terceiro escreveu "mensagens ofensivas contra o presidente Donald Trump" em estações de recarga da montadora antes de incendiá-las.

As penas para os acusados variam de cinco a 20 anos de prisão.

A parceria entre a Rússia e a China é de natureza estratégica e a cooperação entre Moscou e Pequim na esfera militar está se desenvolvendo em todas as áreas, disse o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Sergei Shoigu, segundo a agência de notícias RIA Novosti.

O dirigente afirmou ainda que o espaço e a energia nuclear são áreas promissoras de cooperação.

"Hoje, esta é uma parceria estratégica... Na parte militar, tudo está se desenvolvendo em todas as direções", disse Shoigu aos jornalistas. Ele observou que a Rússia e a China realizam patrulhas aéreas estratégicas conjuntas na região da Ásia-Pacífico e que os dois países também realizam exercícios navais.

Shoigu disse ainda que a declaração do presidente francês Emmanuel Macron sobre a possibilidade de defender a União Europeia com armas nucleares francesas, representa uma ameaça direta a toda a comunidade mundial. Segundo Shoigu, a Rússia leva isso muito a sério.

O secretário do Conselho de Segurança russo afirmou ainda que as armas do país foram aperfeiçoadas durante a operação militar especial e haverá uma longa fila para elas no mundo, disse o secretário do Conselho de Segurança da Federação Russa, Sergei Shoigu.

Shoigu disse que as armas foram colocadas à prova em combate e foram levadas à perfeição.