Barroso deve falar sobre democracia e direitos humanos em sua posse na presidência do STF

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O ministro Luís Roberto Barroso toma posse nesta quinta-feira, 28, para um mandato de dois anos como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Edson Fachin assume como vice.

Barroso vai substituir Rosa Weber, que se aposenta compulsoriamente porque está prestes a completar 75 anos, idade limite para permanecer no tribunal.

A cerimônia vem sendo organizada há dias e tem uma lista extensa de convidados. A cantora Maria Bethânia foi convidada pelo próprio ministro para se apresentar no evento.

A sessão solene deve seguir o protocolo padrão no STF. Barroso tem um discurso preparado - deve elogiar a antecessora, ressaltar a importância da democracia e do respeito às instituições democráticas, pregar a defesa de direitos fundamentais e o combate a desigualdades.

Natural de Vassouras (RJ), Barroso chegou ao STF em 2013, indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para a cadeira do ministro aposentado Carlos Ayres Britto.

Nos últimos dez anos, foi relator de ações importantes, como as que discutem o piso nacional da enfermagem, o Fundo do Clima, as candidaturas avulsas, a proteção aos povos indígenas e os despejos na pandemia.

O ministro também tem uma carreira acadêmica longeva. Ele fez pós-doutorado na Universidade de Harvard (EUA) e hoje é professor titular de Direito Constitucional na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Também já lecionou como professor visitante nas Universidades de Poitiers (França), de Breslávia (Polônia) e de Brasília (UnB).

Barroso foi presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e virou alvo de ataques pesados de bolsonaristas ao longo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele chegou a ser abordado por um apoiador de Bolsonaro em Nova York, em novembro do ano passado, quando deu a resposta que viralizou nas redes sociais: "Perdeu, mané. Não amola."

Futuro ministro

A sucessão na presidência do STF está resolvida, mas ainda não há definição sobre quem vai assumir a vaga deixada por Rosa Weber no tribunal. Despontam como favoritos o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o advogado-geral da União, Jorge Messias, dois nomes próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Apesar da pressão de setores progressistas para Lula escolher uma mulher negra, o presidente tem evitado se comprometer com a indicação. "Eu vou escolher uma pessoa que possa atender os interesses e as expectativas do Brasil, uma pessoa que possa servir o Brasil, que tenha respeito com a sociedade brasileira. Não precisa perguntar essa questão de gênero ou de cor", afirmou o presidente mais cedo.

Como mostrou Estadão, se Lula indicar mais um ministro homem, o Supremo Tribunal Federal passará os próximos 14 anos sem uma mulher na presidência. Além disso, terá apenas uma ministra - Cármen Lúcia - entre onze integrantes.

Em outra categoria

Os republicanos conquistaram as duas cadeiras da Câmara da Flórida uma eleição especial nesta terça-feira, 1, derrotando seus adversários democratas.

Jimmy Patronis venceu no 1º Distrito Congressional da Flórida, apoiado pelo endosso do presidente Donald Trump para preencher a vaga. Patronis, o diretor financeiro do estado, concorreu contra a democrata Gay Valimont. Ele ocupará a vaga no noroeste do estado deixada pelo ex-deputado Matt Gaetz, que foi escolhido para ser o procurador-geral de Trump, mas desistiu de concorrer em meio a alegações de má conduta sexual.

Mais cedo, o senador estadual republicano Randy Fine conseguiu o assento no 6º Distrito Congressional do estado, derrotando o democrata Josh Weil.

"As duas cadeiras da Câmara da Flórida foram conquistadas, em grande escala, pelos candidatos republicanos. O apoio de Trump, como sempre, provou ser muito maior do que as forças do mal dos democratas. Parabéns América!!!", escreveu o presidente no Truth Social.

*Com informações da Associated Press

O governo de Donald Trump iniciou amplos cortes de pessoal no Departamento de Saúde e Serviços Humanos, deixando alguns funcionários fora dos prédios federais e transferindo outros para novas agências, incluindo o Serviço de Saúde Indígena.

Os e-mails notificando os funcionários sobre os cortes e remanejamentos inundaram as caixas de entrada na noite de segunda-feira e na manhã de hoje. A medida faz parte da estratégia do secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., de reduzir e remodelar os órgãos de saúde do país.

Os cortes se estendem por toda parte, desde a Administração de Alimentos e Medicamentos e os Institutos Nacionais de Saúde até os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

Na plataforma de mídia social X, Kennedy disse que o que o governo anterior vinha fazendo não estava funcionando: "Precisamos mudar de rumo. Essas mudanças não afetarão o Medicare, o Medicaid ou outros serviços essenciais de saúde".

O senador democrata de Nova Jersey Cory Booker ocupou o plenário do Senado americano com um discurso de quase um dia inteiro, em uma demonstração de resistência para evidenciar o que ele chamou de "crise" enfrentada pelos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump.

Booker foi ao plenário do Senado na noite de segunda-feira, 31, e começou a falar às 19h. Mais de 22 horas depois, no começo da noite desta terça-feira, o senador, claramente exausto, continuava falando, criticando os cortes do governo Trump nos serviços governamentais e sua repressão aos imigrantes.

O discurso foi parte de um esforço dos democratas para retomar a iniciativa e se opor mais assertivamente ao presidente Trump. Booker dividiu seus comentários em seções focadas em um aspecto das políticas da administração, incluindo assistência médica, educação, imigração e segurança nacional.

"Estes não são tempos normais em nossa nação", disse ao iniciar seu discurso. "E eles não devem ser tratados como tal no Senado dos Estados Unidos. As ameaças ao povo americano e à democracia americana são graves e urgentes, e todos nós devemos fazer mais para enfrentá-las."

Na tarde de terça-feira, Booker parecia estar determinado a quebrar um recorde estabelecido pelo senador Strom Thurmond, que em 1957 falou por 24 horas e 18 minutos se opondo a uma parte da legislação de direitos civis.

Às 16h20 no horário local, o discurso já havia ultrapassado a memorável arenga do senador Ted Cruz sobre a Lei de Assistência Médica Acessível do presidente Barack Obama em 2013, que durou 21 horas e 19 minutos.

Sem pausas para ir ao banheiro, mas fazendo pausas ocasionais para perguntas de seus colegas democratas, Booker leu um fichário de notas e acenou com uma pequena cópia da Constituição dos EUA. Com o passar das horas, sua voz ficou rouca. Não ficou claro se ele se alimentou ao longo da maratona, e apenas alguns copos de água foram vistos no púlpito.

Andando de um lado para o outro, às vezes se inclinando, Booker protestou por horas contra os cortes nos escritórios da Previdência Social liderados pelo Departamento de Eficiência Governamental do conselheiro de Trump, Elon Musk.

Ele listou os impactos das ordens iniciais de Trump e falou sobre as preocupações de que cortes mais amplos na rede de segurança social poderiam estar chegando, embora os legisladores republicanos digam que o programa não será tocado.

Musk estava ativo no X ativo nesta terça-feira, mas não fez menção a Booker ou seu discurso a noite toda. Nem Trump no Truth Social.

Booker está no seu segundo mandato no Senado. Ele tentou se candidatar à presidência em 2020, mas desistiu e perdeu a nomeação para Joe Biden. (Com agências internacionais)