Extremista apela a 'Papai do Céu' para pedir absolvição por 8/1

Política
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Quarto réu acusado de participar dos atos golpistas do 8 de Janeiro em Brasília, o paranaense Moacir José dos Santos, 52 anos, será julgado pelo plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) a partir desta terça-feira, 26.

Preso em flagrante durante invasão ao Palácio do Planalto, Santos responde o processo em liberdade. Após dois meses preso, ele foi libertado no dia 8 de agosto, com tornozeleira, pelo ministro Alexandre de Moraes. Ao ser questionado em depoimento sobre quem ele apoiava durante a invasão aos prédios públicos dos Três Poderes, Santos citou "Papai do Céu" ao justificar os atos.

"Na verdade, assim, da minha parte particularmente falando, eu não defendia a pessoa nenhuma. Eu só defendia os ideais das escrituras sagradas, a moral implantada pelo nosso Papai do céu", disse em julho - ele ganhou liberdade provisória em agosto. O vídeo obtido pelo Estadão faz parte da Ação Penal 1505 no STF.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Santos deixou material genético no local, o que comprovaria sua presença nos atos. Ele responde pelos mesmos cinco crimes que levaram à condenação dos outros três réus desta primeira leva: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada.

Nos minutos finais da defesa, Santos defendeu sua liberdade e chorou ao citar a família. "Tenho passado por esses constrangimentos tão profundos que tem abalado meu psicológico. Eu estou profundamente abalado. Eu sei que a minha esposa tem chorado muito, ela e meus irmãos, minhas irmãs têm sofrido muito a minha falta. Estou dependente totalmente e sofrendo aqui longe da minha família, do meu pequeno (filho) Guilherme passando importante constrangimento sendo que eu não fiz nada. O nosso manifesto era pacífico, totalmente pacífico como a Constituição Federal nos reserva o direito", disse.

Santos afirmou que o ônibus que o levou até Brasília foi fretado e que ele não recebeu qualquer auxílio financeiro para se deslocar até a capital. O denunciado afirmou que não danificou nenhum bem. Questionado sobre o interesse de auxiliar na implantação de um novo regime ao governo, por meio dos ataques, Santos afirmou não saber a resposta. O paranaense também afirmou não saber se tinha interesse com os ataques de promover a queda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Entretanto, segundo denúncia da PGR, Santos proferiu um discurso contra Lula durante os ataques. "No interior do Palácio do Planalto, o denunciado participou ativamente e concorreu com os demais agentes para a destruição dos móveis que ali se encontravam. Todos gritavam palavras de ordem demonstrativas da intenção de deposição do governo legitimamente constituído, como "fora, Lula", "presidente ladrão", "presidiário", afirma a PGR.

A data do julgamento de Santos foi divulgada na última segunda-feira, 18, pela presidente do STF, ministra Rosa Weber, que atendeu ao pedido do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes. Os membros da Corte terão do dia 26 de setembro até o dia 2 de outubro para apresentar os votos no Plenário virtual.

Nas últimas semanas, o STF condenou os três primeiros acusados de participação nos atos golpistas do dia 8 de janeiro em Brasília. Essas foram as primeiras condenações da história democrática do país por tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, crimes incluídos no Código Penal em setembro de 2021.

Aécio Pereira e Matheus Lima foram condenados à pena máxima de 17 anos de prisão, e Thiago Mathar recebeu a sanção de 14 anos, pois, de acordo com o voto do relator, ministro Moraes, "ele não postou e não ficou incentivando que outros adentrassem".

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O CEO da Tesla, Elon Musk, chamou de "fake news" a informação de que deve se afastar, já nas próximas semanas, de suas funções à frente do Departamento de Eficiência Governamental (Doge), como informou o Politico.

Musk compartilhou em seu perfil no X a publicação da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que já havia negado que o presidente Donald Trump tenha reforçado a seus aliados que o bilionário deixaria o cargo público em breve.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, negou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha reforçado a aliados que Elon Musk, chefe do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), deve se afastar nas próximas semanas, como publicado mais cedo pelo Politico. "Trump já disse publicamente que Elon deixará o serviço público depois de terminar seu incrível trabalho no Doge", escreveu Leavitt no X.

Mais cedo, uma pesquisa apontou que 58% dos entrevistados desaprovam a gestão de Musk à frente do Doge, enquanto 41% a aprovam - a menor taxa registrada desde o início do novo mandato de Trump.

O próprio Musk já havia afirmado que suas empresas estavam "sofrendo" por sua presença no governo, referindo-se aos ataques contra a Tesla e à queda das ações da companhia. O bilionário também mencionou que esperava concluir os cortes no Doge até o fim de maio.

O governo de unidade da África do Sul corre o risco de entrar em colapso, após o segundo maior partido político do país, a Aliança Democrática (DA), romper com parceiros como o partido Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) e votar contra o orçamento nacional, nesta quarta-feira, 2. A justificativa foi a impossibilidade de apoiar um aumento de impostos que sobrecarregaria ainda mais a maioria pobre da população do país.

O orçamento contestado aumentaria o Imposto sobre Valor Agregado - que é pago sobre bens e serviços, incluindo alimentos e eletricidade - em meio ponto porcentual a partir do mês que vem, com outro meio ponto porcentual introduzido no ano que vem. É esperado que o aumento gere mais de 15 bilhões de rands (cerca de US$ 800 milhões) em receita por ano para financiar programas de saúde, educação e serviços sociais.

O líder do partido rival de esquerda Economic Freedom Fighters (EFF), Julius Malema, comemorou o atrito. "Estamos felizes por termos conseguido quebrar esse chamado governo de unidade nacional. O que está unindo vocês se vocês não conseguem concordar com algo como um orçamento nacional?", disse.

O ministro das Finanças sul-africano, Enoch Godongwana, levantou dúvidas sobre a capacidade do DA de permanecer no governo. "Não acho que você pode votar contra um orçamento, e amanhã você quer crescer e fazer parte de sua implementação. Não pode ser", defendeu. Fonte: Associated Press.