Deputados querem que governo Lula classifique Hamas como 'organização terrorista'

Política
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Um grupo de 61 deputados federais quer que o Ministério das Relações Exteriores classifique o Hamas como "organização terrorista". O objetivo é que a Câmara formalize um pedido para o Itamaraty. No último sábado, 7, o grupo terrorista atacou o território israelense.

"A declaração oficial do Hamas como organização terrorista é de extrema importância para que o governo brasileiro possa tomar medidas firmes contra a organização", diz a indicação protocolada nesta quarta-feira, 11, pelos parlamentares. O documento faz parte da pressão da oposição, que já se reuniu com o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, como mostrou a Coluna do Estadão.

A indicação tem o caráter de sugestão e não precisa ser votado pelo plenário da Casa. O documento é entregue à Mesa Diretora, que pode ou não dar encaminhamento para ele. Se chegar ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o documento também não provoca qualquer tipo de obrigação.

O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) lidera o pedido. A maioria dos signatários, 42, é do PL e dois são ex-ministros do governo Jair Bolsonaro (PL) - Eduardo Pazuello (RJ) e Mário Frias (SP). Carla Zambelli (SP), Gustavo Gayer (GO), Bia Kicis (DF), Nikolas Ferreira (MG) e Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP) também assinaram a indicação.

Republicanos, Podemos, MDB, PSD, União Brasil, PP e Novo são as siglas dos demais deputados signatários. O presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, Pedro Lupion (PP-PR), também assina o documento.

A guerra que já deixou mais de 1.500 mortos na Faixa de Gaza tem alimentado a polarização política no Brasil. A oposição critica o governo pela falta de declarações mais enfáticas sobre os ataques terroristas feitos pelo Hamas. A nota divulgada pelo Itamaraty sobre a morte de brasileiros nos conflitos não cita a organização paramilitar.

Os ministros Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) se manifestaram contra a classificação do Hamas como grupo terrorista. Em 2021, eles assinaram um comunicado refutando o gesto do governo britânico de atribuir ao Movimento de Resistência Islâmico-Hamas a designação de "organização terrorista"

Itamaraty diz que avaliação do Hamas será debatida na ONU

Também nesta quarta, o embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte, secretário da África e do Oriente Médio, disse que a classificação do Hamas como "grupo terrorista" pelo Brasil será debatida no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Hoje, a entidade não usa essa nomenclatura para a organização fundamentalista islâmica.

O embaixador disse que a posição do governo brasileiro foi "muito clara e muito forte" e que, por enquanto, não há data para a próxima reunião do Conselho. Segundo ele, outro embaixador, Sérgio França Danese, que é representante permanente do Brasil na ONU, está engajado em consultas para "obter consensos" entre os membros do colegiado.

Após pressão, Lula faz novo pronunciamento

Neste mês de outubro, o Brasil está presidindo o Conselho de Segurança. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido criticado pela falta de uma condenação enfática do Hamas. Diante dessa pressão, o presidente fez um novo pronunciamento, direcionado ao secretário-geral da ONU, pedindo a liberação das crianças feitas reféns pelo Hamas, o cessar-fogo na Faixa de Gaza e "intervenção humanitária internacional".

"É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra. É urgente uma intervenção humanitária internacional. É urgente um cessar fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas", escreveu Lula nas redes sociais.

O primeiro grupo de brasileiros resgatados em Israel chegou na madrugada desta quarta em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). O voo trouxe 211 pessoas repatriadas. Há reféns brasileiros em Gaza, mas eles ainda não foram identificados.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira, 21, que há uma "boa chance" de que a Rússia e a Ucrânia cheguem a um acordo nesta semana para acabar com a guerra. O conflito já dura três anos.

"Há uma boa chance", declarou Trump quando perguntado se ele achava que Moscou e Kiev poderiam selar um acordo até sexta-feira, acrescentando que teve boas reunião com os dois lados.

Durante o evento anual Easter Egg Roll realizado na Casa Branca, o republicano também disse que teve "reuniões muito boas sobre o Irã" e expressou confiança de que uma solução comercial seria alcançada com a União Europeia. "No final das contas, teremos um acordo com qualquer um", afirmou ele.

A secretária de Comunicação da Casa Branca, Karoline Leavitt, negou nesta segunda-feira, 21, que o governo americano tenha iniciado o processo de busca por um novo secretário de Defesa, conforme noticiou a NPR. "Essa história da NPR é uma notícia falsa completa, baseada em uma fonte anônima que claramente não tem a mínima ideia do que está falando. Como o presidente disse esta manhã, ele apoia firmemente o secretário da Defesa", escreveu Leavitt, em publicação na rede social X.

Segundo fontes ouvidas pela NPR, a Casa Branca teria a intenção de substituir o atual secretário de Defesa, Pete Hegseth, diante das controvérsias pelo compartilhamento de detalhes sigilosos de operações militares por meio de bate-papos no aplicativo Signal.

De acordo com a Reuters, o presidente americano Donald Trump disse a jornalistas hoje que "Pete está fazendo um ótimo trabalho" e que "todos estão felizes com ele". Quando questionado se continuaria confiando em Hegseth, Trump disse: "Ah, totalmente".

Caças britânicos interceptaram duas aeronaves russas voando perto do espaço aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), segundo comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa do Reino Unido. As interceptações marcam o primeiro voo da Força Aérea Real (RAF, na sigla em inglês) como parte da Operação "CHESSMAN" e ocorrem poucas semanas após o início da defesa britânica, junto à Suécia, do flanco leste da Otan.

O comunicado diz que dois Typhoons da RAF foram enviados da Base Aérea de Malbork, na Polônia, na última terça-feira, dia 15, para interceptar uma aeronave de inteligência russa Ilyushin Il-20M "Coot-A" que sobrevoava o Mar Báltico.

Depois, na quinta-feira, dia 17, outros dois Typhoons partiram da base para interceptar uma aeronave desconhecida que deixava o espaço aéreo de Kaliningrado e se aproximava do espaço aéreo da Otan.

Ainda segundo o documento, a medida segue o compromisso do governo britânico de aumentar os gastos com defesa para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

"O Reino Unido é inabalável em seu compromisso com a Otan. Com a crescente agressão russa e o aumento das ameaças à segurança, estamos nos mobilizando para tranquilizar nossos Aliados, dissuadir adversários e proteger nossa segurança nacional por meio do nosso Plano para a Mudança", disse o ministro das Forças Armadas, Luke Pollard, em nota.