Wallace do vôlei rejeita acordo por incitação ao crime em post sobre 'tiro na cara' de Lula

Política
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O jogador Wallace de Souza, medalhista olímpico com a seleção brasileira de vôlei, recusou nesta terça-feira, 7, um acordo penal proposto pelo Ministério Público Federal (MPF). Com a rejeição da proposta, um processo criminal é instaurado, com Wallace na posição de réu por incitação ao crime contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em janeiro deste ano, em postagem feita nas redes sociais, o jogador perguntou se seguidores dariam um "tiro na cara do Lula". Com a repercussão negativa, ele apagou a publicação e divulgou um vídeo no qual pede desculpas pelo "post infeliz" e diz que "jamais incitaria violência". A defesa dele sustenta que não houve incitação à prática de crime.

A rejeição da proposta ocorreu durante audiência preliminar na Justiça Federal em Belo Horizonte (MG), segundo informações da coluna de Frederico Vasconcelos, no jornal Folha de S.Paulo. O MPF propôs ao jogador um acordo que envolveria o pagamento de R$ 10 mil pela ofensa. O valor poderia ser parcelado em até dez vezes e seria destinado a uma entidade de assistência social.

Wallace rejeitou a proposta, com a argumentação de que há uma investigação sobre os mesmos fatos correndo na Justiça Estadual. Ele tem uma audiência preliminar marcada para o dia 18 de dezembro na Justiça mineira, em ação movida pelo Ministério Público de Minas Gerais.

A decisão de recusar a proposta do MPF tira de jogo a possibilidade de fechar um acordo - o que encerraria o processo na Justiça Federal - e leva ao oferecimento da denúncia e à instauração de um processo criminal, do qual o jogador se torna réu. Se for condenado, ele deixa de ser primário.

A Advocacia Geral da União (AGU) também se manifestou sobre o acordo, avaliando que o valor oferecido seria insuficiente.

A partir da recusa, o juiz federal Jorge Gustavo Serra de Macêdo Costa, da 2ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte, marcou uma audiência de instrução e julgamento com o jogador. Ela deve ocorrer na próxima terça-feira, dia 14, com interrogatório do réu e depoimentos de testemunhas. Lula pode ser ouvido como vítima.

A defesa do jogador aponta que a competência para o processamento do crime seria da Justiça comum.

Entenda o caso

No dia 31 de janeiro deste ano, Wallace de Souza fez uma série de postagens no Instagram sobre a sua experiência em um stand de tiro. Na ocasião, abriu a caixa de perguntas aos seguidores e foi questionado se "daria um tiro na cara do Lula". O jogador compartilhou a pergunta e abriu uma enquete: "alguém faria isso: sim ou não?", com um emoji sorrindo com uma auréola sobre a cabeça. O atleta é apoiador declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Depois de a publicação ganhar repercussão, o jogador apagou a enquete e publicou um vídeo no qual se desculpa pela atitude.

"Quem me conhece sabe muito bem que eu jamais incitaria violência em hipótese alguma, contra qualquer pessoa, principalmente ao nosso presidente. Venho aqui pedir desculpas, foi um post infeliz", afirmou Wallace no vídeo. "Quando você erra, tem que assumir o erro. Jamais tive a intenção de incitar a violência ou o ódio. Não foi isso que o esporte me ensinou."

Na ocasião, ele foi suspenso temporariamente do Sada Cruzeiro, time em que atua, e suspenso pelo Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Também foi banido de competições de vôlei até o fim da temporada, mas recorreu ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e pôde voltar ao Cruzeiro para completar a temporada.

Além do inquérito na Justiça Federal, Wallace também responde na Justiça Estadual de Minas Gerais. A defesa alega que Lula não foi vítima do crime de incitação à prática de crime pela postagem do jogador. O MPF, no entanto, considera que incitação ao crime é o tipo penal mais adequado aos fatos.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.