Novo comandante da Marinha toma posse, agradece Lula e promete lealdade a Múcio

Política
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O almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, novo comandante da Marinha, assumiu o cargo nesta quinta-feira, 5, em cerimônia de posse marcada pela ausência de seu antecessor e por um agradecimento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Olsen foi o único dos três novos comandantes das Forças Armadas a, em cerimônia pública e aberta à imprensa, citar o petista. O almirante afirmou que Lula garantiu recursos solicitados pela Marinha, sobretudo para os programas estratégicos da Força Naval, como a construção de fragatas e submarinos. Ele garantiu "lealdade" ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.

"Expresso aqui notória gratidão ao presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo apanágio ao nomear-me comandante da Marinha. Agradeço o introdutório de orientações e estímulo, particularmente, ao referir-se à necessidade premente de prover o requerido espaço orçamentário para aumentar a capacidade e prontidão operacional da Marinha do Brasil", disse Olsen. "Ao ministro de Estado da Defesa, José Múcio Monteiro, pela honra e agraciamento pela indicação para o cargo, asseverando minha lealdade, comprometimento, disponibilidade e diligência na condução da Força Naval."

A declaração ocorreu diante de ex-colaboradores e apoiadores de Jair Bolsonaro, como o almirante de Esquadra Flávio Viana Rocha, ex-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, e do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, apoiador de Bolsonaro e de manifestações antidemocráticas, como o acampamento no Quartel-General, que rejeitava a eleição do petista e clamava por um golpe militar. Ao final da solenidade, José Múcio fez questão de cumprimentar Villas Bôas e trocou algumas palavras com sua esposa.

O ministro da Defesa também voltou a citar gratidão a Lula e disse que a Marinha é instituição de Estado, com atribuições "indelegáveis" a qualquer outro órgão nacional. Segundo Múcio, o que está em curso é "um processo natural de renovação" das Forças Armadas. "Ratifico a minha pela tranquilidade em saber que o timão da Marinha está confiado às mãos competentes de tão experiente oficial", afirmou Múcio, segundo quem o atual ambiente global é "complexo, volátil e permeado de incertezas".

Cumprir a missão

O novo comandante pregou o cumprimento da missão constitucional da Marinha "em estrita observância às políticas, estratégias e planos nacionais e setoriais de Defesa". E disse que as necessidades da Marinha estão alinhadas às melhores práticas de governança dos recursos públicos. O comandante afirmou que "o culto às tradições, a camaradagem a forja maruja, urdida por ventos fortes e mar grosso, alicerçam a confiança e serenidade necessárias para o abalizado exercício do cargo".

O almirante tem demonstrando, em conversas privadas, preocupação com o andamento dos projetos estratégicos de longo prazo e com a garantia de orçamento para minimizar riscos de que não deem certo. Nenhum dos projetos de desenvolvimento de equipamentos no Exército, na Marinha e na Aeronáutica deixou de sofrer atrasos nos últimos anos, por restrições de verba. Submarinista, Olsen tem especial atenção ao ProSub, que constrói quatro submarinos convencionais e um novo projeto de propulsão nuclear, em parceria com a França.

"A estatura política e estratégica do Estado brasileiro reclama por um poder naval compatível, dotado de capacidade operacional crível, estruturada sob condições de eficiência que garantam seu pleno emprego e a defesa da pátria e a salvaguarda dos interesses nacionais no mar e em águas anteriores, em sintonia com os anseios da sociedade. Os oceanos são espaços naturais de poder nas relações internacionais", disse Olsen.

Durante leitura da ordem do dia, seu discurso oficial, Olsen se emocionou ao falar de sua família e parentes. A cerimônia no Clube Naval contou com os 19 tiros de canhão, previstos em rito militar, prática que havia sido vetado da posse presidencial por iniciativa da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. Olsen tem mostrado desenvoltura política e circulou durante horas no coquetel que Lula e Janta ofereceram no Itamaraty. Oficiais da Marinha falam em deixar para trás episódios de politização na caserna.

Olsen assumiu a Marinha sem a presença do antecessor, o almirante Almir Garnier Santos, único dos últimos três comandantes do governo Jair Bolsonaro a não transmitir o cargo ao sucessor indicado por Lula. Mandou uma mensagem protocolar lida por um marinheiro. O ato foi tratado na caserna e no novo governo como um gesto político de hostilidade a Lula. Ele participou de discussões com os antigos comandantes de Exército e Aeronáutica sobre sair do cargo antecipadamente, à revelia do novo governo, mas por gestões políticas de Múcio a intenção foi contida. Garnier, porém, não aceitou negociar a data de saída do cargo com a Defesa. A cerimônia foi transformada, então, em posse, em vez de passagem de comando.

O ato expressou a sensibilidade na relação de Lula com as Forças Armadas e o descontentamento com a vitória eleitoral do petista. Garnier era visto como um dos mais bolsonaristas da antiga cúpula militar brasileira, tinha mulher e filho empregados em cargos de confiança do governo e demonstrava apoio ao ex-presidente nas redes sociais. Ele jamais deu esclarecimentos sobre o motivo da ausência, mas oficiais da ativa da Marinha dizem, sob reserva, que ele nunca justificou ter razões de saúde ou compromissos pessoais. A situação gerou desconforto entre oficiais-generais.

A ausência do ex-comandante Almir Garnier foi criticada em conversas durante o coquetel que se seguiu à posse. Alguns dos presentes falaram em "deselegância com os colegas" e ainda que Garnier esqueceu que Forças Armadas são de Estado, não de governo.

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Ele voltou a dizer que as tarifas impostas em 2 de abril serão recíprocas de países que tiram vantagem dos EUA e que seus antecessores presidenciais deixaram "o país na mão".

O presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou que vai solicitar a ajuda do Exército brasileiro, dos Estados Unidos e de países europeus para combater o crime organizado no país, considerado o mais violento da América Latina em 2024. A declaração foi dada em entrevista ao jornal britânico BBC nesta terça-feira, 18.

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Fontes do Exército brasileiro ouvidas pelo Estadão disseram que é improvável que tropas sejam enviadas. A atuação de forças estrangeiras costuma ser utilizado como recurso extremo em países com crises e tende a ser abordado no âmbito da ONU, que aprovam, por exemplo, as missões de paz. O Brasil liderou uma dessas missões no passado, no Haiti, mas esse não é o caso do Equador.

Noboa, que disputa o segundo turno das eleições presidenciais contra a candidata Luisa González no dia 13, afirmou que também quer que o presidente dos EUA, Donald Trump, passe a considerar as organizações criminosas do país como terroristas, a exemplo do que fez contra os cartéis de drogas do México.

Desde que assumiu o cargo em novembro de 2023, o governo Noboa enfrenta uma crise de segurança que o levou a declarar conflito armado interno em janeiro do ano passado e a alterar a legislação para endurecer as leis. O decreto autorizou o Exército equatoriano a atuar nas ruas do país.

Apesar disso, a violência no Equador continua em alta. Em janeiro, a polícia do Equador registrou o janeiro mais violento da história. Foram 600 homicídios, contra 479 no ano passado. Nos primeiros 50 dias deste ano, 1,3 mil homicídios foram registrados - uma média de um assassinato a cada hora.

Os homicídios estão relacionados, em sua maioria, ao narcotráfico. O Equador se tornou um dos principais exportadores de cocaína para os Estados Unidos nos últimos anos. O fluxo fortaleceu diferentes facções criminosas, que disputam territórios entre si e atuam em diversos negócios ilícitos além do narcotráfico, como mineração ilegal e tráfico de armas.

Segundo um relatório da Iniciativa Global Contra o Crime Transnacional Organizado de 2024, uma das facções presentes no Equador é o Primeiro Comando da Capital (PCC). Facções da Albânia, México e Itália também atuam no país, além de grupos locais como Los Choneros e Los Lobos.

Segundo a BBC, Noboa ordenou que o Ministério das Relações Exteriores busque acordos de cooperação com "nações aliadas" para apoiar a polícia e o exército do Equador e quer mudar a Constituição para permitir a instalação de bases militares estrangeiras no país.

Críticos do presidente afirmam que o plano, no entanto, tem um caráter eleitoral. Com a permanência da violência, esse é o tema de maior preocupação entre os equatorianos, de acordo com as pesquisas eleitorais. No primeiro turno, Noboa, que era o favorito, ficou à frente da adversária Luisa González, do Movimento pela Revolução Cidadã, por 0,5%.

Analistas de segurança afirmam que a estratégia adotada pelo presidente com relação a segurança é insuficiente, porque não englobam o fortalecimento de instituições. "São necessárias estratégias mais abrangentes para enfraquecer as estruturas e redes do crime organizado", disse Robert Muggah, diretor do Instituto Igarapé.

Israel disse nesta quarta-feira que suas tropas retomaram parte de um corredor que divide a Faixa de Gaza, e seu ministro da Defesa advertiu que os ataques se intensificarão até que o Hamas liberte dezenas de reféns e abandone o controle do território.

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Em Israel, a retomada de ataques aéreos e das manobras terrestres levantou preocupações sobre o destino de cerca de duas dúzias de reféns mantidos pelo Hamas que, acredita-se, ainda estejam vivos. Milhares de israelenses participaram de manifestações contra o governo em Jerusalém e muitos pediram um acordo para trazer os prisioneiros de volta para casa.

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Também hoje, as Nações Unidas declararam que um de seus funcionários foi morto em Gaza e outros cinco ficaram feridos em um aparente ataque a uma casa de hóspedes. Não ficou imediatamente claro quem estava por trás do ataque, de acordo com a ONU.