Lula faz investida eleitoral em SP; fala em parceria com Tarcísio e filia Marta

Política
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Disposto a reeditar na cidade de São Paulo a polarização da disputa de 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu agendas no Estado nesta sexta-feira, 2, onde difundiu uma ideia de parceria administrativa com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e também participou da filiação de Marta Suplicy ao PT. Lula, que patrocinou a construção da futura chapa Guilherme Boulos (PSOL)-Marta (PT) para a Prefeitura da capital paulista, fez uma imersão na política local.

O presidente assinou a ficha de filiação da ex-prefeita, que deixou o PT em 2015 com críticas ao que chamou de protagonismo do partido em "um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou" - numa referência aos fatos revelados pela Operação Lava Jato.

Em seu discurso, Lula disse que Boulos precisava de alguém com a "marca" de Marta e que "é plenamente possível" a aliança PSOL-PT vencer a eleição na maior cidade brasileira. A ex-prefeita afirmou estar voltando às suas raízes, fez elogios a Boulos e criticou o que classificou como "o crescimento da direita autoritária do País". O evento foi realizado na Casa de Portugal, na região central de São Paulo.

Antes, pela manhã, o petista trocou amabilidades com Tarcísio durante a cerimônia em comemoração aos 132 anos do Porto de Santos e no anúncio de investimentos no Túnel Imerso Santos-Guarujá.

Em aceno ao adversário político - eleito governador em 2022 com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - e na busca por reduzir a resistência entre o eleitorado de centro-direita, Lula afirmou que Tarcísio terá da Presidência da República "tudo aquilo que for necessário". Ele disse que os investimentos no Estado têm como foco a população paulista.

"Disputamos (a eleição estadual de 2022) com Tarcísio e perdemos. Não dá para querer dar um golpe em São Paulo, invadir prédio de São Paulo. É voltar para casa, se preparar e disputar outra vez, e respeitar o direito do exercício da função de quem ganhou as eleições, senão a democracia fica capenga", disse o presidente.

Lula e Tarcísio assinaram ontem o termo de cooperação técnica para a execução das obras do túnel de Santos. Com um valor de investimento da ordem de R$ 6 bilhões, a obra ligará Santos ao Guarujá com a promessa de tirar do papel um projeto de cem anos (mais informações na pág. A8).

Tarcísio se engajou nos últimos dias na pré-campanha do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que vai disputar a reeleição e contará com o apoio de Bolsonaro (mais informações na pág. A10).

Na estratégia do PT e do presidente, o cenário ideal para o embate na capital é a reprodução de um confronto "direto" entre lulistas e bolsonaristas.

No evento em Santos, o petista afirmou que o ato representava mais do que anúncio de investimentos, mas a necessidade de "restaurar a normalidade". "E a normalidade é a gente respeitar o direito às diferenças. É a gente aprender a conviver com quem a gente não gosta, mas a gente respeita o direito de a pessoa até não gostar da gente."

Em seu discurso, Tarcísio agradeceu ao presidente pela parceria, que vai além do túnel anunciado ontem. Também foram feitos acordos para reformas da Avenida Perimetral, nas proximidades do Porto de Santos, e para construção de moradias para populações em situações de vulnerabilidade, morando em palafitas, no litoral sul.

"Me sinto privilegiado de estar celebrando essa parceria para entregar para a população um sonho de cem anos. Vamos fazer esse sonho sair do papel. Juntamente com a parceria do túnel, acertamos a parceria da Avenida Perimetral e também para a construção de casas populares. Quando somamos, vamos passar de R$ 8 bilhões. É hora de celebrar o que é histórico. O que importa é enxergar o interesse público", discursou governador, se dirigindo ao presidente.

Redes

A parceria entre os governos federal e estadual foi acertada durante reunião em Brasília no início desta semana. Havia entraves políticos para a decisão da execução da obra. Segundo Sergio Denicoli, do blog Conectado, o encontro entre Lula e Tarcísio gerou forte repercussão nas redes sociais. Foi comentado não apenas em posts no Twitter, Facebook, Instagram e TikTok, mas gerou debates em diversos canais do YouTube.

A avaliação é de que ambos os políticos se beneficiaram do encontro. Conforme o colunista, que é analista de dados e CEO da AP Exata, as reações de cada um foram diferentes. "Enquanto Lula, como anfitrião, difundiu em todos os canais imagens da reunião, com muito sorrisos e ares de civilidade, Tarcísio omitiu a agenda em suas redes", escreveu Denicoli.

"Há ainda, obviamente, bolhas muito cristalizadas à direita e à esquerda, que, inclusive, se equivalem em capilaridade nas redes. Mas há uma coluna do meio, observadora, que quer ver resultados, independentemente de ideologias, mesmo que tenham tendências de direita, esquerda ou centro", escreveu. "Hoje elas (essas pessoas) são ambicionadas por qualquer estrategista político, que entende que serão decisivas nas eleições."

Lula e Tarcísio chegaram juntos ao palco da cerimônia em Santos, por volta das 10h30, e permaneceram lado a lado durante todo evento. Foram vários momentos de interação entre os políticos.

"Governei com (Geraldo) Alckmin, (José) Serra, nunca, em oito anos, eu tratei o Estado de maneira diferente. Eu quero te dizer, Tarcísio, que você terá tudo o que for necessário. Não estou beneficiando o governador, estou beneficiando o Estado mais importante da Federação. São Paulo merece respeito e o governador merece ser tratado com respeito", afirmou o presidente, que tratou o governador como futuro adversário eleitoral - Bolsonaro está inelegível e Tarcísio é nome cotado para a eleição presidencial de 2026.

"Vou me preparar para te derrotar nas próximas eleições, mas, da minha parte, não faltará respeito ao papel que você exerce em São Paulo. Eu e o Alckmin éramos adversários, mas estamos casadinhos agora", brincou o petista.

O público vaiou o governador, principalmente no início do seu discurso. Em alguns momentos, Tarcísio teve de subir o tom diante dos gritos de "Lula, guerreiro do povo brasileiro". O pronunciamento do presidente, pedindo respeito ao governador, foi uma reprimenda indireta ao comportamento da plateia, formada, em sua maioria, por representantes de centrais sindicais da Baixada Santista, servidores públicos e trabalhadores do Porto de Santos.

Na extensa agenda em São Paulo, Lula também participou ontem da cerimônia de anúncio do novo ciclo de investimentos da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Vaticano disse ter tido uma "troca de opiniões" a respeito de "países afetados por guerra, tensões políticas e situações humanitárias difíceis, com atenção particular a migrantes, refugiados e prisioneiros" com o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance em agenda neste sábado, 19.

Em comunicado, a Santa Sé disse que o norte-americano foi recebido na Secretaria de Estado pelo Secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, acompanhado pelo arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário de Relações com Estados e Organizações Internacionais. Não foi relatado nenhum encontro entre Vance e o Papa Francisco.

O comunicado pós-encontro afirmou ainda que "expressou-se a esperança por uma colaboração serena entre o Estado e a Igreja Católica nos Estados Unidos, cujo valioso serviço às pessoas mais vulneráveis foi reconhecido".

De acordo com a Associated Press, a declaração foi vista como uma referência à afirmação de Vance de que a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA estava reassentando "imigrantes ilegais" para receber financiamento federal. A fala causou reação de altos cardeais dos EUA.

Vance é católico, mas já apresentou posições opostas às expressadas pelo Papa Francisco em assuntos como o tratamento dado a imigrantes ilegais.

O político está em Roma, onde assistiu aos serviços da Sexta-feira Santa na Basílica de São Pedro com a família após se encontrar com a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni. De lá, segue para a Índia. (COM INFORMAÇÕES DA ASSOCIATED PRESS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky publicou no X neste sábado, 18, que o país agirá em conformidade com as ações da Rússia, que ordenou uma trégua nos ataques durante o fim de semana de Páscoa. "Se a Rússia estiver agora subitamente disposta a empenhar-se verdadeiramente num formato de silêncio total e incondicional, a Ucrânia agirá em conformidade", escreveu Zelensky, que também defendeu prolongar o cessar-fogo por mais 30 dias.

Ele ressaltou que "a proposta correspondente de um cessar-fogo total e incondicional de 30 dias ficou sem resposta por parte da Rússia durante 39 dias. Os Estados Unidos fizeram esta proposta, a Ucrânia respondeu positivamente, mas a Rússia ignorou-a".

"Se um cessar-fogo total for realmente estabelecido, a Ucrânia propõe que seja prolongado para além do dia de Páscoa, 20 de abril. É isso que revelará as verdadeiras intenções da Rússia - porque 30 horas são suficientes para fazer manchetes, mas não para medidas genuínas de criação de confiança. Trinta dias poderiam dar uma oportunidade à paz", acrescentou Zelensky na publicação.

O presidente ucraniano escreveu ainda que as operações russas continuam no país ucraniano, de acordo com relatórios do comandante chefe,Oleksandr Syrskyi. "Espero que o comandante chefe Oleksandr Syrskyi apresente atualizações pormenorizadas às 21h30 e às 22h, na sequência das suas conversas com os comandantes de brigada e outras unidades na linha da frente sobre a situação em direções específicas", finalizou.

O empresário e chefe do Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos (DOGE, na sigla em inglês), Elon Musk, afirmou que pretende visitar a Índia ainda este ano depois de conversar com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi.

"Foi uma honra falar com o primeiro-ministro Modi. Estou ansioso para visitar a Índia ainda este ano", escreveu em sua rede social, o X, ao compartilhar o comentário de Modi sobre a conversa.

Segundo o primeiro-ministro, ambos discutiram vários assuntos incluindo "o imenso potencial para colaboração nas áreas de tecnologia e inovação", disse citando reunião realizada em Washington, nos EUA, no início do ano. "A Índia permanece comprometida em avançar nossas parcerias com os EUA nesses domínios", completou.

As mensagens ocorrem às vésperas de o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, visitar o país asiático onde se encontrará com Modi e passará pelas cidades de Nova Délhi, Jaipur e Agra. No momento, o vice-presidente está na Itália. De acordo com o governo norte-americano, ele discutirá "prioridades econômicas e geopolíticas compartilhadas" com os dois países.