Ministério da Saúde confirma demissão de secretário, mas nega pressão política

Política
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O Ministério da Saúde confirmou nesta quinta-feira, 22, a demissão do secretário de Atenção Primária, Nésio Fernandes. Segundo a pasta, ele será substituído pelo médico da família Felipe Proenço. Apesar da exoneração ter acontecido após a secretaria de Nésio sofrer pressão de líderes partidários e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a pasta negou que a mudança tenha sido motivada por fatos externos e internos.

A exoneração de Nésio foi revelada pelo Estadão nesta quarta-feira, 21. Segundo três fontes da pasta ouvidas pela reportagem, Nésio se reuniu com subordinados durante o dia, comunicou sua saída e explicou que a decisão foi de Nísia.

Em nota enviada para o Estadão nesta quinta, a Saúde afirmou que o "ajuste na equipe da pasta é um processo natural ao longo da gestão e não foi baseado em nenhum tipo de pressão interna ou externa". Nésio é o primeiro membro da cúpula da pasta a ser exonerado desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). (Leia a nota completa no fim desta reportagem).

Na pasta, o cargo de Nésio era responsável por gerenciar políticas relacionadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao programa Mais Médicos. Antes de chegar no ministério, ele foi secretário de saúde do Espírito Santo, durante o primeiro mandato do governador capixaba Renato Casagrande (PSB) e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Nésio sofreu pressão de parlamentares antes de demissão

A Secretaria de Atenção Básica, chefiada por Nésio, era alvo de descontentamento de líderes partidários na Câmara dos Deputados. No começo deste mês, Lira formulou um requerimento de informações (RIC) destinado à ministra da Saúde questionando a pasta sobre os critérios para a distribuição de verbas para serviços de média e alta complexidade (MAC) e de pagamento de emendas parlamentares.

O pedido de informações foi assinado por líderes de outros seis partidos: PDT, Republicanos, União Brasil, PSDB, Podemos e PL. É inusual que o presidente da Casa faça este tipo de questionamento.

Por intermédio de sua assessoria, Lira afirmou que não tem nenhuma relação com a saída do secretário. Após a revelação da exoneração de Nésio pelo Estadão, Lira entrou em contato com a ministra da Saúde. Disse a ela que não tinha relação com a exoneração e cobrou: "Isso não é verdade. Espero que a senhora faça correção". Nísia Trindade prometeu fazer isso. "Até tenho uma avaliação positiva do secretário. A senhora e o PT deveriam explicar ao PCdoB a saída dele", insistiu o presidente da Câmara, segundo relato de pessoas próximas ao presidente da Câmara.

Antes da publicação da nota oficial, o Estadão tentou entrar em contato com a ministra por duas vezes nesta quarta, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço está aberto para manifestações.

O secretário exonerado é vinculado ao PCdoB. Nésio tentou se eleger deputado estadual pelo Tocantins em 2018, mas teve apenas 3.619 votos (0,48% dos votos válidos) e não foi eleito.

Leia a íntegra da nota do Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde informa mudanças no comando da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS). O atual secretário Nésio Fernandes será substituído por Felipe Proenço, médico de saúde da família, que já integra a equipe da SAPS e é um dos precursores do Programa Mais Médicos.

O ajuste na equipe da pasta é um processo natural ao longo da gestão e não foi baseado em nenhum tipo de pressão interna ou externa.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, agradece a colaboração de Nésio Fernandes que, com sua experiência, muito contribuiu para a gestão deste Ministério.

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A secretária de Comunicação da Casa Branca, Karoline Leavitt, negou nesta segunda-feira, 21, que o governo americano tenha iniciado o processo de busca por um novo secretário de Defesa, conforme noticiou a NPR. "Essa história da NPR é uma notícia falsa completa, baseada em uma fonte anônima que claramente não tem a mínima ideia do que está falando. Como o presidente disse esta manhã, ele apoia firmemente o secretário da Defesa", escreveu Leavitt, em publicação na rede social X.

Segundo fontes ouvidas pela NPR, a Casa Branca teria a intenção de substituir o atual secretário de Defesa, Pete Hegseth, diante das controvérsias pelo compartilhamento de detalhes sigilosos de operações militares por meio de bate-papos no aplicativo Signal.

De acordo com a Reuters, o presidente americano Donald Trump disse a jornalistas hoje que "Pete está fazendo um ótimo trabalho" e que "todos estão felizes com ele". Quando questionado se continuaria confiando em Hegseth, Trump disse: "Ah, totalmente".

Caças britânicos interceptaram duas aeronaves russas voando perto do espaço aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), segundo comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa do Reino Unido. As interceptações marcam o primeiro voo da Força Aérea Real (RAF, na sigla em inglês) como parte da Operação "CHESSMAN" e ocorrem poucas semanas após o início da defesa britânica, junto à Suécia, do flanco leste da Otan.

O comunicado diz que dois Typhoons da RAF foram enviados da Base Aérea de Malbork, na Polônia, na última terça-feira, dia 15, para interceptar uma aeronave de inteligência russa Ilyushin Il-20M "Coot-A" que sobrevoava o Mar Báltico.

Depois, na quinta-feira, dia 17, outros dois Typhoons partiram da base para interceptar uma aeronave desconhecida que deixava o espaço aéreo de Kaliningrado e se aproximava do espaço aéreo da Otan.

Ainda segundo o documento, a medida segue o compromisso do governo britânico de aumentar os gastos com defesa para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

"O Reino Unido é inabalável em seu compromisso com a Otan. Com a crescente agressão russa e o aumento das ameaças à segurança, estamos nos mobilizando para tranquilizar nossos Aliados, dissuadir adversários e proteger nossa segurança nacional por meio do nosso Plano para a Mudança", disse o ministro das Forças Armadas, Luke Pollard, em nota.

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta segunda-feira, 21, que o Brasil é o País da paz e que por isso continuará tentando ajudar no diálogo pelo fim das guerras, como a que ocorre na faixa de Gaza. Alckmin foi questionado em entrevista à CNN Brasil sobre o resultado de esforços de lideranças como o Papa Francisco, que morreu nesta segunda-feira, 21, para pacificar regiões.

"O Brasil é o país da paz, e exatamente por não ter litígio com ninguém, ele pode ajudar, ajudar nesse diálogo. É mais demorado infelizmente, mas o Brasil é sempre um protagonista importante, e o presidente Lula é um protagonista importante da paz e do diálogo, vamos continuar nesse trabalho", disse o vice-presidente.

Alckmin contou também que ainda conversará com Lula sobre a presença do Brasil no enterro do pontífice, e lembrou que o presidente já decretou luto oficial de sete dias pela morte do papa. "Para nós católicos, nosso líder, o Papa, sua santidade. Para toda a humanidade, a figura maravilhosa da paz, da concórdia, do diálogo entre as religiões, da inclusão, do respeito, é uma vida de exemplos que fica para todos nós. E o Brasil tinha um enorme carinho com o Papa", disse Alckmin sobre o papa Francisco.

O ministro também foi perguntado sobre a agenda do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que encontrou o líder da igreja católica em audiência reservada no ano passado, no contexto de conversas sobre a agenda de tributação de super-ricos - que atualmente é a proposta de compensação fiscal para o governo ampliar a faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Sobre o tema, Alckmin disse ser importante que o País tenha boas políticas públicas para ajudar a vida dos que mais necessitam. "E levar essa verdadeira mensagem de fraternidade, de diálogo, não de prepotência, de força, mas do diálogo e da compaixão", afirmou.

"Amar ao próximo não é discurso. Amar ao próximo são atitudes, são propostas, são ações, que a fé sem obras é morta", disse o vice-presidente.