Antes de ato na Paulista, petistas lembram 8/1 e dizem que Bolsonaro 'cometeu muitos crimes'

Política
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Lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT) criticaram neste domingo, 25, a manifestação convocada para hoje pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, em São Paulo. Ministros e parlamentares da sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembraram, nas redes sociais, os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando radicais invadiram as sedes do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Também ressaltaram a defesa que Bolsonaro faz da ditadura militar e disseram que o ex-chefe do Executivo "cometeu muitos crimes".

Bolsonaro convocou o ato na capital paulista depois de ter sido um dos alvos da operação Tempus Veritatis (hora da verdade, em latim) da Polícia Federal (PF) no último dia 8, quando teve que entregar seu passaporte às autoridades. A PF apura a participação do ex-presidente em uma articulação para dar um golpe de Estado que impediria a realização das eleições de 2022 ou a posse de Lula.

"Hoje a Avenida Paulista virou palanque para o golpismo e para a mentira. Fica mais nítida a ação criminosa de Bolsonaro e seus comparsas", publicou, no X (antigo Twitter), o perfil da bancada do PT na Câmara. As contas do partido nas redes sociais têm postado, desde o início do dia, uma série de críticas à manifestação chamada pelo ex-presidente e compartilhado declarações de lideranças petistas.

Os aliados de Lula passaram a elencar ações consideradas negativas de Bolsonaro. "Foram muitos crimes praticados por Bolsonaro, incluindo levar 700 mil brasileiros à morte por Covid-19, atentar contra a democracia, interferir de forma ilegal na PF e enriquecer com rachadinhas. #SemAnistia para o chefe do golpe", postou o perfil nacional do PT no X.

Bolsonaro convocou o ato na Paulista para mostrar força política em meio ao avanço das investigações da PF. Ao gravar um vídeo no último dia 12 para chamar os apoiadores para a manifestação, o ex-presidente disse que queria um movimento "pacífico em defesa do nosso Estado Democrático de Direito". Ele também pediu que os militantes não carregassem faixas ou cartazes "contra quem quer que seja", mas apenas fossem ao local vestidos de verde e amarelo. Em atos anteriores na Paulista, durante seu governo, Bolsonaro chegou a atacar verbalmente o STF e seus ministros, como Alexandre de Moraes.

"Bolsonaro quer levar seus seguidores para a cadeia também, essa é a única explicação para convocar um ato ilegítimo em "defesa do Estado democrático de Direito" quando ele está sendo investigado justamente por articular um golpe de Estado", publicou, no X, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. "Nunca é demais lembrar que esse grupo, marcado por perseguir ministros do STF, pedir intervenção militar e o fechamento do Congresso, atacou a Constituição no quebra-quebra do 8 de janeiro de 2023. Representantes do verdadeiro risco para a democracia brasileira não podem ser normalizados!", emendou a petista.

Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) escreveu nas redes sociais que a Paulista "virou palanque para o golpismo e para a mentira". O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) lembrou que Bolsonaro está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido a uma reunião com embaixadores estrangeiros em que atacou as urnas eletrônicas. "O presidente é Lula e a democracia venceu!", afirmou. Ele usou a hashtag #BolsonaroPreso.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política do governo com o Congresso, compartilhou nas redes sociais um recorte da entrevista que concedeu na última segunda-feira, 19, ao Programa Roda Viva, da TV Cultura. No trecho, ele critica o ex-presidente. "Eu reafirmo que Bolsonaro é um líder de barro, um líder que não se sustenta", diz.

Operações

A PF tem feito uma série de operações que atingem Bolsonaro e seu núcleo mais próximo. Com autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF, a operação Tempus Veritatis também mirou, no último dia 8, militares como o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022; o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha.

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres também foi alvo da operação. Foram presos Filipe Martins, ex-assessor internacional de Bolsonaro; Marcelo Câmara, coronel do Exército e também ex-assessor; Rafael Martins de Oliveira, major das Forças Especiais do Exército; e o coronel Bernardo Romão Correa Neto. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chegou a ser preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo, mas ganhou liberdade provisória.

Antes, em 29 de janeiro, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho "zero dois" do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi alvo de uma operação da PF. Ele é suspeito de integrar um esquema ilegal de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). No dia 25, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), pré-candidato a prefeito do Rio, foi alvo de busca e apreensão, também sob suspeita de participação em um esquema de monitoramento ilegal de adversários políticos quando comandou a Abin durante o governo anterior.

Em 18 de janeiro, o líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ), foi alvo de uma operação da PF por suspeita de ter orientado manifestantes que invadiram as sedes dos Três Poderes nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

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A tentativa do presidente americano Donald Trump de demitir quase todos os funcionários do Escritório de Proteção Financeira do Consumidor (CFPB, na sigla em inglês) foi suspensa nesta sexta-feira pela juíza federal Amy Berman Jackson, que se declarou "profundamente preocupada" com o plano. Jackson agendou uma audiência para 28 de abril para ouvir depoimentos de autoridades que trabalharam na redução de força de trabalho, ou "RIF".

A decisão deixa no limbo um órgão criado após a Grande Recessão para proteger contra fraudes, abusos e práticas enganosas. Autoridades do governo Trump argumentam que o órgão extrapolou sua autoridade e deveria ter uma missão mais limitada.

Na quinta-feira, as autoridades do governo haviam decidido demitir cerca de 1.500 pessoas, restando aproximadamente 200 funcionários, por meio de uma redução de efetivo que reduziria drasticamente o tamanho do órgão.

Trata-se do exemplo mais recente de como os planos de Trump enfrentaram obstáculos legais enquanto ele trabalha para remodelar o governo federal, alegando estar repleto de fraudes, desperdícios e abusos. Outras demissões e políticas foram alvo de litígios e ordens judiciais.

O CFPB há muito tempo frustra empresas com sua supervisão e investigações, e o assessor de Trump, Elon Musk, o tornou um dos principais alvos de seu Departamento de Eficiência Governamental, conhecido como "DOGE".

Autoridades da Casa Branca não responderam imediatamente às perguntas sobre a decisão da juíza.

O governo Donald Trump acusou Harvard de descumprir requisitos legais sobre doações estrangeiras, como parte do esforço para pressionar a universidade a atender suas exigências. Nos últimos dias, a Casa Branca também anunciou o bloqueio de US$ 2 bilhões em verbas e ameaçou retirar a isenção fiscal da instituição.

O Departamento de Educação pressionou Harvard a fornecer todos os nomes dos doadores estrangeiros e todos os registros de comunicação com eles desde 2020, após acusar a universidade de não relatar as grandes contribuições a partir de outros países, como exige a lei. A instituição nega.

Em carta enviada ao reitor Alan Garber, o Departamento de Educação também pediu uma série de registros relacionados a estrangeiros que passaram por Harvard. Isso inclui estudantes expulsos ou que tiveram seus vínculos com a universidade cancelados desde 2016, além de detalhes sobre pesquisadores visitantes, acadêmicos, estudantes e professores estrangeiros desde 2010.

Jason Newton, porta-voz de Harvard, contestou a alegação de que a universidade não estava cumprindo a exigência legal de relatar doações estrangeiras superiores a US$ 250 mil. "Harvard tem apresentado relatórios há décadas como parte de seu cumprimento contínuo da lei", disse ele em comunicado.

Atender à mais recente demanda de Donald Trump seria um desafio significativo. Dados a própria universidade apontam que mais de 69 mil ex-alunos vivem fora dos Estados Unidos, espalhados por 202 países. É provável que todos tenham sido contatados pela universidade para doações. Como Harvard cancela os vínculos de qualquer aluno que deixa o campus - por conclusão do curso ou expulsão - é possível que a exigência se aplique a todos eles. Já o tamanho da rede de acadêmicos visitantes que são de outros países ou vivem fora dos EUA não estava imediatamente claro.

O pedido é parte dos esforços da Casa Branca para pressionar a Universidade de Harvard, que se recusou a atender uma série de exigências de Donald Trump, acusando o governo de interferir na liberdade acadêmica. Anteriormente a administração republicana havia anunciado o bloqueio de mais de US$ 2 bilhões em verbas federais e ameaçado retirar a isenção fiscal da instituição de ensino.

"Talvez Harvard devesse perder seu status de isenção fiscal e ser taxada como uma entidade política se continuar promovendo a 'doença' inspirada em política, ideologia e terrorismo? Lembre-se, o status de isenção fiscal depende totalmente de agir no INTERESSE PÚBLICO!", escreveu Donald Trump na sua rede, a Truth Social, durante a semana.

Trump está em ofensiva contra as universidades de elite americana contra as políticas de inclusão de minorias e o que chama de falha em combater o antissemitismo nos campi. O governo conseguiu concessões de Columbia, após cortar US$ 400 milhões em verbas federais para a universidade. As exigências para Harvard, contudo, eram ainda mais amplas e a instituição se tornou a primeira a enfrentar a Casa Branca, mesmo sob ameaça.

No mês passado, o governo disse que estava revisando cerca de US$ 9 bilhões em contratos com Harvard, alegando que a universidade havia permitido que o antissemitismo se espalhasse sem controle.

A Casa Branca então apresentou uma longa lista de exigências. Entre outras coisas, o governo Trump queria que a universidade privada alterasse seus critérios de admissão, implementasse "diversidade de pontos de vista" entre os professores, se submetesse a uma "auditoria" de suas práticas de contratação, revisasse seus padrões disciplinares e informasse ao governo sempre que um estudante estrangeiro cometesse uma infração.

A universidade se recusou a atender as demandas. "Nenhum governo, independentemente do partido no poder, deve ditar o que universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir e contratar, e quais áreas de estudo e investigação podem seguir", escreveu o Alan Garber em resposta contundente.

A resistência foi elogiada por críticos de Donald Trump, incluindo o ex-presidente Barack Obama, que foi aluno da Faculdade de Direito de Harvard. O democrata disse que a universidade deu um exemplo a ser seguido e pode inspirar outras instituições de ensino pressionadas pelo governo.

Em outra frente, os republicanos no Congresso anunciaram na quinta-feira, 17, que vão investigar a universidade, chamada de "piada" por Donald Trump. Os legisladores acusam a universidade de violar direitos civis e pediram dados sobre as práticas de contratação, programas de diversidade e os protestos pró-Palestina ocorridos no campus no ano passado.

A carta, assinada pelo presidente da Comissão de Supervisão da Câmara, James Comer, e pela deputada de Nova York Elise Stefanik criticava a universidade por negar as exigências de Trump. "Harvard é tão incapaz ou está tão indisposta a impedir a discriminação ilegal que a instituição, sob sua direção, se recusa a assinar um acordo razoável proposto por autoridades federais para que Harvard volte a cumprir a lei." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está substituindo o comissário interino da Receita Federal, que ele nomeou apenas três dias antes, dando continuidade à turbulência na cúpula da agência tributária, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

O vice-secretário do Tesouro, Michael Faulkender, agora comandará a Receita Federal (IRS, em inglês), tornando-se a quinta pessoa a ocupar o cargo até agora neste ano.

Trump indicou Billy Long, ex-congressista republicano do Missouri, para dirigir a agência. O Comitê de Finanças do Senado não agendou sua audiência de confirmação, e os democratas criticam os vínculos de Long com empresas que promovem créditos tributários questionáveis.

Faulkender atuou no Departamento do Tesouro em uma função não tributária durante o primeiro governo Trump, trabalhando no Programa de Proteção ao Salário e em outras questões antes de retornar à Universidade de Maryland, onde lecionou cursos de finanças. O Senado votou por 53 a 43 no mês passado para confirmá-lo como secretário adjunto do Tesouro.