Ex-chefes do Exército e da Fab põem Torres no centro de trama do golpe

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O depoimento do ex-ministro da Justiça Anderson Torres sobre suposta tentativa de golpe de Estado pela cúpula do governo Jair Bolsonaro é marcado por negativas, sendo a principal delas sobre a participação em reuniões em que foi discutida a trama antidemocrática. No entanto, o depoimento dos ex-chefes da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, e do Exército, Marco Antônio Freire Gomes põem em xeque a versão de Torres, em cuja casa foi encontrada uma 'minuta do golpe'.

Os militares apontam a presença de Torres em ao menos uma reunião com Bolsonaro e a cúpula das Forças Armadas para discussão do golpe. Baptista narrou que, no encontro, o ex-ministro da Justiça 'procurou pontuar aspectos jurídicos que dariam suporte às medidas de exceção' que eram estudadas por Bolsonaro para que ele se mantivesse no poder.

Na mesma linha, o ex-comandante do Exército, Freire Gomes ressaltou que participou de algumas reuniões em que foi discutido o suposto golpe, com a presença do ex-ministro da Justiça, que 'explanava o suporte jurídico para as medidas que poderiam ser adotadas. Freire Gomes narrou também que, no dia 14 de dezembro de 2022, recebeu, das mãos do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Oliveira, uma cópia da 'minuta de golpe' que foi apreendida na casa de Torres.

Após as revelações dos militares, a defesa de Torres reforçou a narrativa de que o ex-ministro não participou de reuniões para tratar de 'medidas antidemocráticas'. "O ex-ministro, citado de modo genérico e vago por duas testemunhas, esclarece que houve grave equívoco nos depoimentos prestados", indicou o advogado Edmar Novaki, que defende Torres.

Ele ressaltou que pretende requerer uma nova oitiva de Torres e eventual acareação com os ex-chefes das Forças Armadas. A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro também foi procurada e ainda não se manifestou.

No depoimento prestado à PF no dia 22 de fevereiro, Torres foi indagado se havia participado de reuniões, com o ex-presidente Jair Bolsonaro, sobre o uso de instrumentos como Garantia da Lei e da Ordem, Estado de Defesa ou Estado de Sítio. Respondeu: "não, jamais".

Também foi indagado se, nas reuniões, teria apresentado suporte jurídico para a decretação das medidas. O ex-ministro da Justiça reiterou não ter participado dos encontros, 'tampouco fornecido suporte jurídico ou técnico'.

"Afirma categoricamente que, em nenhuma oportunidade no Palácio da Alvorada naquele período, tratou de golpe de estado, abolição do Estado Democrático de Direito, GLO, Estado de Sítio, Estado de Defesa, intervenção militar ou algo do gênero", registra o depoimento.

Visitas a Bolsonaro após a derrota nas urnas

A PF perguntou a Torres a razão para as visitas ao ex-presidente após as eleições 2022. O ex-ministro disse que foi até Bolsonaro no dia 1 de novembro para se solidarizar, tendo o ex-presidente apresentado um 'sentimento de decepção'. Naquele mês, ainda segundo Torres, Bolsonaro teve um quadro de depressão, culminando na redução de sua imunidade e o desenvolvimento de uma erisipela.

Reunião de 5 de junho de 22

Boa parte da oitava de Torres foi dedicada a questionamentos quanto à conduta do ex-ministro durante a reunião do dia 5 de junho de 2022 - cuja gravação foi encontrada no computador do ex-ajudante de ordens da Presidência tenente-coronel Mauro Cid, hoje delator.

Torres negou ter cumprido a ordem de Bolsonaro para, no bojo do Ministério da Justiça, questionar a segurança das urnas eletrônicas. Disse que nunca questionou a lisura do sistema eleitoral.

A PF questionou porque Torres anuiu com a narrativa de Bolsonaro, induzindo outros participantes da reunião a propagarem informações falsas sobre o tema. O ex-ministro, novamente, negou. Alegou que suas afirmações foram no sentido de que, cada um dos ministros de Estado deveria 'atuar no bojo de suas pasta para que todas as acoes fossem levadas ao conhecimento da população, potencializando a chance de vitória nas eleições.

Os investigadores também quiseram saber se a Comissão de Transparência Eleitoral foi criada para atender um pedido de Bolsonaro. Torres disse que 'não houve pedido ou determinação específica, mas uma ação em atenção à diretriz passada pelo então presidente, que tinha dúvidas a respeito do processo'.

Monitoramento de Moraes

Os investigadores também quiseram ouvir Torres sobre um eventual monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, considerando plano de prisão encontrado na casa do ex-ministro da Justiça, no bojo da 'minuta de golpe'. Questionaram inclusive se o ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, participou de tal vigilância. As respostas de Torres foram uníssonas: "desconheço

Comitê de Campanha do PL

Outro tópico central do depoimento de Torres foi relacionado ao comitê de campanha do PL, no Lago Sul, em Brasília. A PF questionou ores sobre os frequentadores do local. Também quis saber se o imóvel foi usado, em novembro e dezembro de 2022, para tratar de assuntos relativos a uma suposta intervenção militar. Torres respondeu que desconhecia os assuntos.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira, 21, que há uma "boa chance" de que a Rússia e a Ucrânia cheguem a um acordo nesta semana para acabar com a guerra. O conflito já dura três anos.

"Há uma boa chance", declarou Trump quando perguntado se ele achava que Moscou e Kiev poderiam selar um acordo até sexta-feira, acrescentando que teve boas reunião com os dois lados.

Durante o evento anual Easter Egg Roll realizado na Casa Branca, o republicano também disse que teve "reuniões muito boas sobre o Irã" e expressou confiança de que uma solução comercial seria alcançada com a União Europeia. "No final das contas, teremos um acordo com qualquer um", afirmou ele.

A secretária de Comunicação da Casa Branca, Karoline Leavitt, negou nesta segunda-feira, 21, que o governo americano tenha iniciado o processo de busca por um novo secretário de Defesa, conforme noticiou a NPR. "Essa história da NPR é uma notícia falsa completa, baseada em uma fonte anônima que claramente não tem a mínima ideia do que está falando. Como o presidente disse esta manhã, ele apoia firmemente o secretário da Defesa", escreveu Leavitt, em publicação na rede social X.

Segundo fontes ouvidas pela NPR, a Casa Branca teria a intenção de substituir o atual secretário de Defesa, Pete Hegseth, diante das controvérsias pelo compartilhamento de detalhes sigilosos de operações militares por meio de bate-papos no aplicativo Signal.

De acordo com a Reuters, o presidente americano Donald Trump disse a jornalistas hoje que "Pete está fazendo um ótimo trabalho" e que "todos estão felizes com ele". Quando questionado se continuaria confiando em Hegseth, Trump disse: "Ah, totalmente".

Caças britânicos interceptaram duas aeronaves russas voando perto do espaço aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), segundo comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa do Reino Unido. As interceptações marcam o primeiro voo da Força Aérea Real (RAF, na sigla em inglês) como parte da Operação "CHESSMAN" e ocorrem poucas semanas após o início da defesa britânica, junto à Suécia, do flanco leste da Otan.

O comunicado diz que dois Typhoons da RAF foram enviados da Base Aérea de Malbork, na Polônia, na última terça-feira, dia 15, para interceptar uma aeronave de inteligência russa Ilyushin Il-20M "Coot-A" que sobrevoava o Mar Báltico.

Depois, na quinta-feira, dia 17, outros dois Typhoons partiram da base para interceptar uma aeronave desconhecida que deixava o espaço aéreo de Kaliningrado e se aproximava do espaço aéreo da Otan.

Ainda segundo o documento, a medida segue o compromisso do governo britânico de aumentar os gastos com defesa para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

"O Reino Unido é inabalável em seu compromisso com a Otan. Com a crescente agressão russa e o aumento das ameaças à segurança, estamos nos mobilizando para tranquilizar nossos Aliados, dissuadir adversários e proteger nossa segurança nacional por meio do nosso Plano para a Mudança", disse o ministro das Forças Armadas, Luke Pollard, em nota.