14 investigados por trama do golpe seguiram Bolsonaro e se calaram à PF; o que pesa contra eles

Política
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Ao marcar depoimentos simultâneos no inquérito do golpe, a Polícia Federal (PF) agiu estrategicamente para evitar a combinação de versões e pegar eventuais contradições nas respostas. Quando a força-tarefa de delegados ficou frente a frente com os investigados, 15 deles decidiram ficar em silêncio, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

As defesas justificaram que não tiveram acesso a todo o conteúdo da investigação. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou compartilhamento dos autos com os advogados, mas mantém o sigilo sobre documentos relacionados a diligências em andamento e sobre a delação do tenente-coronel Mauro Cid.

O direito ao silêncio está previsto na Constituição. Investigados e testemunhas têm a prerrogativa de não responder a perguntas se entenderem que as respostas podem incriminá-los.

Veja a lista de quem ficou em silêncio no inquérito do golpe:

Jair Bolsonaro

Até o momento, há dois indícios que complicam a situação do ex-presidente. O primeiro é um áudio enviado por Mauro Cid que sugere que Bolsonaro ajudou a redigir e editar uma minuta de golpe. O segundo é o depoimento do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que atribui ao ex-presidente a articulação de reuniões com comandantes das Forças Armadas para discutir "hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e sítio em relação ao processo eleitoral". A defesa de Bolsonaro foi procurada mas ainda não se manifestou.

Walter Braga Netto

Mensagens apreendidas pela PF mostram que o ex-ministro da Casa Civil liderou uma campanha velada, mas agressiva, de pressão a oficiais das Forças Armadas que rejeitaram aderir ao plano golpista. Em um dos diálogos, em dezembro de 2022, Braga Netto afirma que a "culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do general Freire Gomes". "Omissão e indecisão não cabem a um combatente", acrescenta o ministro.

Augusto Heleno

O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional defendeu, em reunião ministerial, que o governo deveria "virar a mesa" antes das eleições e sondou a Agência Brasileira da Inteligência (Abin) sobre a possibilidade de "infiltrar" agentes nas campanhas dos adversários de Bolsonaro.

Paulo Sérgio Nogueira

Segundo relatos dos ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Baptista Júnior (Aeronáutica) à Polícia Federal, o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, convocou os chefes militares para a reunião onde foi apresentada a proposta de golpe.

Almir Garnier

O ex-comandante da Marinha teria colocado as tropas à disposição de Bolsonaro, de acordo com os comandantes do Exército e da Aeronáutica em depoimento à PF.

Marcelo Costa Câmara

O ex-assessor especial de Bolsonaro foi apontado pela PF como o responsável por um núcleo de inteligência paralela do presidente. Ele teria ajudado a monitorar ilegalmente o ministro Alexandre de Moraes.

Filipe Martins

Preso na a Operação Tempus Veritatis, o ex-assessor da presidência para assuntos internacionais teria levado a Bolsonaro a minuta de decreto de golpe que viria a ser discutida em reuniões com oficiais das Forças Armadas, segundo a Polícia Federal.

Amauri Feres Saad

O advogado foi apontado como um dos autores da minuta golpista.

José Eduardo de Oliveira e Silva

O padre é citado no relatório da investigação como membro do "núcleo jurídico" do plano de golpe. Ele teria participado de uma reunião golpista no Palácio do Planalto, em novembro de 2022, e segundo a PF tem "diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas".

Ailton Gonçalves Moraes Barros

O major da reserva do Exército, que já havia sido preso na investigação dos cartões de vacina, teria ajudado a pressionar e a coordenar ataques a comandantes que não queriam aderir ao plano golpista.

Angelo Martins Denicoli, Helio Ferreira Lima e Mário Fernandes

Os militares do Exército são apontados na investigação como membros de um "núcleo de desinformação", que teria produzido e espalhado notícias falsas para deslegitimar o processo eleitoral e, ao mesmo tempo, manter bolsonaristas mobilizados em acampamentos próximo aos quartéis. O objetivo, segundo a PF, seria "criar o ambiente propício para o Golpe de Estado".

Rafael Martins de Oliveira

Conversas obtidas pela PF mostram que o major das Forças Especiais do Exército ajudou a organizar protestos no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 15 de novembro de 2022, Data da Proclamação da República. Segundo a PF, ele fazia parte do "núcleo operacional" que dava suporte a ações golpistas.

Ronald Ferreira de Araújo Junior

O tenente-coronel do Exército teria circulado documentos "complementares" à minuta golpista e que, na avaliação dos investigadores, também seriam usados para justificar o golpe. A Polícia Federal localizou arquivos como "Anexo A - Levantamento de ações do STF em desfavor do governo federal" e "Anexo B - Levantamento de ações do TSE em desfavor do candidato Jair Bolsonaro".

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O jornal Washington Post noticiou nesta terça-feira, 22, que a Casa Branca propôs reconhecer a Crimeia como parte da Rússia e congelar a linha de frente, como forma de facilitar a negociação de um acordo de paz na Ucrânia, que será realizada amanhã em Londres. Europeus e ucranianos esperam obter garantias de segurança e planos de reconstrução para o país em troca de concessões territoriais.

A proposta dos EUA, apresentada à Ucrânia em Paris, na semana passada, inclui o reconhecimento formal da anexação da Crimeia como território russo e, eventualmente, o levantamento das sanções à Rússia em um futuro acordo. Moscou, por sua vez, encerraria as hostilidades no momento em que suas tropas avançam no campo de batalha.

Um assessor do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse que a proposta americana incluía algumas ideias com as quais Kiev concorda. Uma autoridade ocidental afirmou que os termos do acordo proposto e as concessões da Ucrânia eram "surpreendentes". Todos falaram sob condição de anonimato, para poder discutir temas sensíveis.

Um funcionário do Departamento de Estado dos EUA minimizou o fato de o plano ter sido apresentado como um pacote fechado. Os ucranianos, no entanto, temem novos atritos com Donald Trump, cada vez mais frustrado com o ritmo das negociações.

Franceses, britânicos e alemães, que estão organizando o encontro em Londres, pedem que qualquer acordo inclua garantias de segurança e programas de reconstrução pós-guerra, possivelmente pagos em parte com ativos russos congelados.

Nos bastidores, autoridades europeias e ucranianas reconhecem que é improvável a retomada dos territórios ocupados pela Rússia. Na melhor das hipóteses, eles esperam atrasar qualquer acordo que levante as sanções aos russos antes obter alguma vantagem para a Ucrânia.

O Financial Times publicou nesta terça que a Rússia aceitaria manter os territórios que já ocupa dentro das quatro províncias que pretende anexar. O que, dentro dessas províncias, estiver em controle ucraniano, permaneceria assim. A proposta teria sido feita por Putin ao enviado de Trump Steven Witkoff.

"Existe a preocupação de que Trump não tenha sido suficientemente duro com a Rússia", disse Mujtaba Rahman, diretor do Eurasia Group, uma consultoria de risco político. "A questão agora é o que a Ucrânia receberá em troca de abrir mão de parte de seu território."

Os EUA apresentaram o esboço a proposta à Ucrânia em Paris. Na ocasião, o secretário de Estado, Marco Rubio, ameaçou se retirar da mediação caso não houvesse progresso em breve. Como sinal da frustração dos EUA, Rubio cancelou sua participação na negociação de Londres.

A proposta dos EUA veio depois que o enviado de Trump, Steve Witkoff, visitou Moscou para uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, no dia 12. Espera-se que volte à Rússia no fim de semana. Um dos diplomatas informados sobre a negociação descreveu o plano como "a ideia de Witkoff".

A proposta será difícil de ser digerida pela Ucrânia. A anexação da Crimeia, em 2014, foi o alvo de abertura da guerra e foi seguida da separação arquitetada pelos russos das regiões orientais de Donetsk e Luhansk, que precederam a invasão em grande de 2022.

"Se o que está relatando for verdade, é triste e perigoso", disse a deputada ucraniana Ivanna Klympush-Tsintsadze. "Isso significa que os EUA não estão buscando uma paz justa e duradoura, mas sim algum tipo de trégua temporária às custas de concessões ao agressor - e apresentar isso como uma grande conquista dos EUA."

Zelenski nunca desistiu da meta de um dia retomar a Crimeia, mas admitiu suas limitações militares. "Não temos forças suficientes", disse o ucraniano, no ano passado. "Precisamos buscar meios diplomáticos."

Os líderes europeus tentar usar sua influência em favor da Ucrânia. A Europa tem poder de influência, incluindo bilhões em ativos russos congelados que poderiam ser devolvidos ou usados para financiar programas de reconstrução pós-guerra. "Os europeus têm cartas reais para jogar", disse Rahman. "Se não houver alívio das sanções por parte da UE, apenas dos EUA, os benefícios econômicos para a Rússia serão marginais."

Um diplomata da UE, familiarizado com a proposta dos EUA, disse que as expectativas permanecem baixas para a rodada de negociações em Londres. "Cabe aos ucranianos decidir se esses termos são razoáveis", disse.

Sob pressão dos EUA, tanto a Rússia quanto a Ucrânia sugeriram que estariam abertas a negociações diretas enquanto Donald Trump cobra um acordo. Embora tenham mantido contato nos bastidores, por meio de intermediários, Moscou e Kiev não discutem diretamente o fim do conflito desde que os esforços iniciais para a paz foram abandonados, ainda no começo da guerra.

Zelenski disse nas redes sociais que a Ucrânia está pronta para qualquer conversa sobre um cessar-fogo que interrompa os ataques à infraestrutura civil. Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, afirmou que havia nuances na proposta ucraniana que fazem sentido discutir com Kiev.

Peskov disse que ainda não há planos concretos para negociações diretas entre Moscou e Kiev, mas a incomum troca pública indica que os dois lados estariam interessados em pelo menos parecer dispostos a negociar, especialmente diante da insistência de Trump.

No domingo, 20, o presidente americano disse esperar que a Rússia e a Ucrânia fechassem o acordo esta semana, acrescentando que os Estados Unidos poderiam lucrar muito com isso.

A Ucrânia havia concordado com a pausa de 30 dias nos ataques proposta por Donald Trump, mas a Rússia negou, apresentando novas exigências. O resultado desses esforços foi uma trégua frágil e limitada. Mais recentemente, Vladimir Putin anunciou um cessar fogo de Páscoa, que os dois lados se acusaram mutuamente de violar. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O CEO da Tesla, Elon Musk, afirmou que, a partir de maio, o seu tempo gasto à frente do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) cairá significativamente.

"A partir de maio, eu me dedicarei mais à Tesla", disse Musk em webcast para comentar o resultado da montadora. A empresa divulgou nesta terça-feira, 22, resultado líquido de US$ 934 milhões no primeiro trimestre de 2025, uma queda de 39% na comparação anual. O lucro diluído atribuído aos acionistas detentores de ações ordinárias, pelo padrão US GAAP, caiu 71%, a US$ 409 milhões.

Musk, que comanda o Doge desde que foi escolhido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que a companhia tem sido atacada por sua ligação com o departamento.

"Temos sido atacados pela minha associação com o Doge", afirmou.

'Tarifas mais baixas são, no geral, uma boa ideia'

Musk afirmou que acredita que tarifas mais baixas são, no geral, uma boa ideia. Esses comentários foram feitos durante webcast para discutir o resultado da montadora, que mostrou tombo em seu lucro líquido.

"A incerteza nos mercados automotivo e de energia continua aumentando à medida que a política comercial em rápida evolução impacta negativamente a cadeia de suprimentos global e a estrutura de custos da Tesla e de nossos pares", citou a empresa em seu balanço.

No início de abril, Musk fez enxurrada de postagens nas redes sociais criticando um dos principais conselheiros da Casa Branca e um dos artífices do agressivo plano de tarifas de Donald Trump - o conselheiro comercial Peter Navarro.

A Ucrânia está aberta a negociar o fim da guerra com a Rússia "em qualquer formato", desde que haja um cessar-fogo efetivo, afirmou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nesta terça-feira, 22. "Se os russos amanhã não apenas estiverem prontos para um cessar-fogo, mas se cessarem o fogo, estamos prontos para sentar e conversar", declarou.

Segundo Zelensky, a delegação ucraniana tem mandato para discutir um acordo de cessar-fogo total ou parcial. "Estamos prontos para essa etapa", disse, destacando o apoio de Kiev à proposta de trégua incondicional apresentada pelos Estados Unidos. Ele alertou, no entanto, que Moscou ainda não sinalizou disposição concreta. "Putin mostrou na Páscoa que, se querem reduzir ataques, reduzem. Mas até um cessar-fogo incondicional está muito longe", afirmou.

Ao comentar um possível acordo de paz, Zelensky foi taxativo: "É impossível acertar todos os termos rapidamente". Ele comparou o processo a "tentar ler um livro pelo meio" e criticou a pressa em discutir temas como soberania territorial antes do fim dos combates. "Se queremos realmente avançar para o fim da guerra, o primeiro passo é o cessar-fogo incondicional", reforçou.

A Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, continua sendo um dos principais impasses. Zelensky reiterou que o país não aceitará a ocupação. "Não podemos simplesmente dizer 'por que não?'. Isso está fora da nossa Constituição. É nosso território." Questionado sobre rumores de pressão americana por concessões, respondeu: "Se houver uma proposta oficial, reagiremos. Até agora, são apenas sinais na imprensa".

Na agenda internacional, Zelensky confirmou que está disposto a se encontrar com Donald Trump durante a ida do presidente americano ao Vaticano para o funeral do papa Francisco. Sobre o apoio militar, disse que a Ucrânia ainda aguarda resposta formal de Washington à solicitação por novos sistemas de defesa aérea Patriot. "Esta guerra é algo muito mais sério do que um jogo de pressão", concluiu.