Fraude em cartão de vacina: o que significa o indiciamento da PF que atinge Bolsonaro?

Política
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado na manhã desta terça-feira, 19, pelos crimes de associação criminosa e de inserção de dados falsos em sistema de informação. O indiciamento da Polícia Federal (PF) conclui as investigações da Operação Venire, que apurou possíveis fraudes nos cartões de vacinação do ex-presidente e de sua filha Laura.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foi indiciado pelos mesmos crimes. O delito de associação criminosa tem pena prevista de um a três anos de reclusão, enquanto a inserção de dados falsos pode acarretar em reclusão de dois a 12 anos, além de multa.

O advogado do ex-presidente, Fábio Wajngarten, classificou o relatório final da PF como "perseguição política" e "absurdo", em publicação no X (antigo Twitter).

O indiciamento de Bolsonaro não significa que o ex-presidente tenha sido considerado culpado pela fraude no cartão de vacina. Entenda o que é o termo e o que ocorre com a investigação contra o ex-presidente a partir de agora.

O que significa ser indiciado?

O inquérito é a etapa na qual a autoridade policial coleta provas que indiquem, primeiro, a existência de um crime, a chamada materialidade. Comprovada a materialidade, busca-se a autoria da conduta criminosa.

Ao final dessa fase de investigação, a polícia pode não ter reunido evidências o suficiente para levar o caso contra um investigado adiante, o que acarreta no arquivamento do inquérito. Em outra hipótese, se as autoridades mantiverem a suspeita a partir das provas coletadas, o investigado é indiciado. Indiciamento não é a confirmação da conduta criminosa de um investigado.

Segundo Celso Vilardi, advogado criminalista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), o indiciamento é um ato próprio do delegado de polícia e ocorre "quando se verifica que, contra determinada pessoa, há indícios de autoria, se há provas de uma infração criminal". Ou seja, o indiciado tem contra ele indícios que o apontam como o autor provável da infração penal que se apura.

É o caso da investigação que mira Bolsonaro pela fraude nos cartões de vacinação. Segundo a PF, não houve comprovação de que os outros indiciados agiram "à revelia" do ex-presidente, ou seja, sem que então chefe do Executivo soubesse o que estava sendo empreendido pelos auxiliares. Dessa forma, os investigadores concluíram que Bolsonaro "agiu com consciência e vontade" para que informações fraudulentas fossem inseridas nos sistemas de saúde.

O que ocorre após o indiciamento?

A partir do indiciamento, os autos do inquérito são enviados ao Ministério Público - o titular da ação penal, no jargão jurídico -, que avaliará o que fazer com o processo. O órgão pode apresentar ou não denúncia à Justiça.

O Ministério Público pode discordar da conclusão entregue pela autoridade policial. "O indiciamento feito pelo delegado não vincula o MP, que pode arquivar uma investigação em que existe um indiciado", disse Vilardi. No caso de Bolsonaro, a autoridade policial foi a Polícia Federal, e o MP competente é Ministério Público Federal.

Carlos Wehrs, professor convidado de Direito Penal da FGV do Rio de Janeiro, explica que existem quatro possibilidades a partir deste momento. O MP deve decidir "se vai oferecer denúncia, se vai requisitar a continuidade das investigações, se vai determinar o arquivamento do inquérito ou se vai oferecer um acordo de não persecução penal, nos casos que a lei permite".

"Se o MP entender que a autoridade (policial) está correta, denuncia a pessoa e terá início o processo penal", explicou Vilardi.

Indiciado é sinônimo de réu ou culpado?

Não. Uma pessoa só se torna ré quando a denúncia do Ministério Público é acolhida pela Justiça e, então, ela começa a responder a um processo judicial. Portanto, não é possível falar em "acusação" nem em culpabilidade neste momento, quando há o indiciamento.

"O que importa para a legislação brasileira é se a pessoa será ou não processada. Se a pessoa for indiciada, mas não processada, a pessoa permanecerá primária", explicou o advogado criminalista.

O réu, após responder ao processo, pode ser absolvido, quando todas as acusações são consideradas improcedentes pelo juiz, ou condenado, quando há convencimento do juiz de que houve cometimento de crime, a partir de todas as provas apresentadas durante do processo.

Um indiciamento pode ser anulado?

Segundo Carlos Wehrs, um indiciamento pode ter seus efeitos anulados. No caso de o MP determinar a continuidade das investigações, por exemplo, a autoridade policial pode alterar a conclusão do inquérito. Nesse cenário, segundo o professor, "o delegado pode vir a tornar sem efeito o despacho de indiciamento, se mudar de ideia sobre a autoria do crime".

Também há a possibilidade de o indiciamento ser anulado por questões processuais: com o arquivamento da investigação ou mesmo, como explica Wehrs, "se o inquérito for trancado em uma decisão judicial", como um habeas corpus.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinará nesta quinta-feira, 20, uma ordem executiva com o objetivo de desmantelar o Departamento de Educação, segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt. "O presidente finalmente está tomando a ação necessária para devolver a educação aonde ela pertence, ou seja, aos educadores mais próximos dos alunos, em suas salas de aula e em seus respectivos estados", disse Leavitt aos jornalistas na manhã desta quinta.

Mais cedo, ela postou nas redes sociais que Trump estava assinando uma ordem com o objetivo de "eliminar" o departamento. Trump sempre afirmou que as responsabilidades do departamento deveriam ser transferidas para os estados.

Embora fechar o departamento de 4 mil funcionários exija uma ação do Congresso, o governo já começou a tomar medidas para reduzi-lo, incluindo o anúncio na semana passada de que cortaria o pessoal em quase 50%. O departamento "continuará a cumprir todos os programas estatutários sob sua responsabilidade, incluindo empréstimos estudantis, bolsas Pell, financiamento para estudantes com necessidades especiais e concessão de bolsas competitivas", disse a secretária de Educação, Linda McMahon ao anunciar os cortes.

Em uma entrevista à SiriusXM no início desta semana, McMahon disse que o papel do departamento é "ajudar a fornecer financiamento para que os estados possam cuidar de seus próprios programas", acrescentando que a criatividade e a inovação devem vir dos próprios estados.

O departamento supervisiona cerca de US$ 1,6 trilhões em empréstimos estudantis garantidos pelo governo federal, que são de milhões de americanos. Reduzir suas operações poderia ajudar a indústria de educação privada, caso isso leve a menos supervisão federal. Fonte: Dow Jones Newswires.

A procuradora-geral dos Estados Unidos, Pamela Bondi, apresentou nesta quinta-feira, 20, acusações contra três indivíduos responsáveis pela "destruição violenta" de propriedades da Tesla. Segundo comunicado do Departamento de Justiça dos EUA (DoJ, na sigla em inglês), "todos os três réus enfrentarão todo o peso da lei por usarem coquetéis molotov para incendiar carros e estações de recarga da Tesla".

"O DoJ está comprometido em acabar com todos os atos de violência e incêndio criminosos direcionados a propriedades da Tesla e outras", afirma o texto. "A era de cometer crimes sem consequências acabou", declarou Bondi. "Que isto sirva de aviso: se você participar desta onda de terrorismo doméstico contra propriedades da Tesla, o DoJ colocará você atrás das grades."

De acordo com o DoJ, um dos réus foi preso após lançar cerca de oito coquetéis molotov em uma concessionária da Tesla, além de estar armado com um rifle. Outro réu tentou incendiar Teslas com coquetéis molotov.

O terceiro escreveu "mensagens ofensivas contra o presidente Donald Trump" em estações de recarga da montadora antes de incendiá-las.

As penas para os acusados variam de cinco a 20 anos de prisão.

A parceria entre a Rússia e a China é de natureza estratégica e a cooperação entre Moscou e Pequim na esfera militar está se desenvolvendo em todas as áreas, disse o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Sergei Shoigu, segundo a agência de notícias RIA Novosti.

O dirigente afirmou ainda que o espaço e a energia nuclear são áreas promissoras de cooperação.

"Hoje, esta é uma parceria estratégica... Na parte militar, tudo está se desenvolvendo em todas as direções", disse Shoigu aos jornalistas. Ele observou que a Rússia e a China realizam patrulhas aéreas estratégicas conjuntas na região da Ásia-Pacífico e que os dois países também realizam exercícios navais.

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O secretário do Conselho de Segurança russo afirmou ainda que as armas do país foram aperfeiçoadas durante a operação militar especial e haverá uma longa fila para elas no mundo, disse o secretário do Conselho de Segurança da Federação Russa, Sergei Shoigu.

Shoigu disse que as armas foram colocadas à prova em combate e foram levadas à perfeição.