Lewandowski: Identificamos os mandantes do caso Marielle, mas podem surgir novos elementos

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou neste domingo, 24, que ainda podem surgir novas informações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Torres, em 2018. Os mandantes do crime já foram descobertos pela Polícia Federal e presos de forma preventiva hoje.

Por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), foi deflagrada na manhã deste domingo a Operação Murder Inc para prender de forma preventiva o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), seu irmão Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Os três são suspeitos de serem os mandantes do crime. Também foram expedidos 12 mandados de busca e apreensão no Rio.

Em entrevista coletiva na sede da pasta, Lewandowski elogiou o trabalho dos investigadores, incluindo a Polícia Federal e o Ministério Público, e também a agilidade do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

"Quero dizer que este momento é extremamente significativo, é uma vitória do Estado brasileiro, das nossas forças de segurança do País, em relação ao combate ao crime organizado", disse o ministro. "Temos bem claro os executores desse crime odioso, hediondo, de natureza claramente política. A polícia investigou os mandantes e os demais envolvidos nessa questão. Claro que poderão surgir novos elementos", emendou Lewandowski.

O ministro também confirmou as prisões e citou outras medidas cautelares. Foram presos o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), seu irmão Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Os três são suspeitos de serem os mandantes do crime.

De acordo com Lewandowski, os policiais que foram alvo da operação tiveram suspenso o exercício de suas funções públicas. Ele também confirmou que os presos serão transferidos para presídio federal em Brasília e que Moraes já retirou o sigilo da operação.

'Podemos desvendar outros casos sobre milícias no Rio'

Lewandowski afirmou que, a partir da resolução do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, pode ser possível desvendar outros casos relacionados a milícias no Rio de Janeiro.

"O que este relatório policial e as longas investigações revelam, antes de mais nada, é o modus operandi das milícias no Rio de Janeiro, que é bastante sofisticado, complexo e que se espraia, infelizmente, por todo o Estado e várias atividades", disse Lewandowski, em entrevista coletiva, na sede do ministério.

"Eu tenho a impressão de que, a partir desse caso, podemos, talvez, desvendar outros casos. Ou, pelo menos, seguir o fio da meada de um novelo cuja dimensão ainda não temos claro. É a radiografia operam as milícias e o crime organizado como RJ, e como há um entrelaçamento com órgão políticos e públicos", emendou.

Lewandowski disse que investigação mostra que a motivação básica para o assassinato de Marielle foi o fato de ela se opor ao grupo dos mandantes do crime, que queria regularizar terras para fins comerciais. A vereadora defendia o uso dessas propriedades para a construção de moradias populares.

"A motivação precisa ser olhada em um contexto. A gente não pode dizer, e isso está nos relatórios, na própria decisão, nos autos, que houve um único e exclusivo fato. O que há são várias situações que envolvem a vereadora Marielle Franco", afirmou o diretor-geral da PF, Andrei Passos, que também participou da coletiva.

"Envolve, sim, a questão ligada à milícia, à disputa de territórios, de regularização de empreendimentos, loteamentos", disse Passos, em outro momento da entrevista. "Se a pauta imobiliária não era central para o mandato da vereadora, era uma pauta que ela tinha, como investimento em moradias sociais, que iam em confronto com o que o grupo mandante defendia."

Quem autorizou a operação foi o ministro Alexandre de Moraes, integrante do STF, que assumiu a relatoria do caso Marielle recentemente.

A prisão dos suspeitos ocorreu após o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciar a homologação da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, apontado como o responsável por executar os assassinatos, em março de 2018. O caso foi federalizado e passou a ser de responsabilidade do STF após Lessa citar o deputado Chiquinho Brazão, que tem foro privilegiado.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.