Jungmann afirma que delegado Rivaldo Barbosa se dizia amigo de Marielle

Política
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Raul Jungmann, ex-ministro da Segurança Pública no governo Michel Temer, disse neste domingo, 24, que Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, afirmava que era amigo de Marielle Franco. Barbosa foi preso preventivamente pela Polícia Federal na manhã de domingo, 24, suspeito de agir para proteger o deputado federal Chiquinho Brazão e seu irmão, Domingos Brazão, acusados de serem os mandantes do assassinato da vereadora. Jungmann disse ainda, em entrevista à Globo News, que a intervenção militar na segurança pública do Rio de Janeiro em 2018 não demonstrou interesse ou demandava informações que a PF tinha sobre o caso.

O ex-ministro relatou uma reunião na Cidade da Polícia, que ocorreu após o crime. Na ocasião, estavam presentes o interventor Walter Braga Netto, que depois viria a ser ministro no governo Bolsonaro, Raquel Dodge, então procuradora-geral da República, e Rivaldo Barbosa.

Ele afirma que Barbosa disse na ocasião que era amigo de Marielle e que ela era a responsável por fazer a ponte entre o gabinete do então deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), do qual era assessora, e a Delegacia de Homicídios da Polícia Civil, quando havia problemas ou conflitos envolvendo comunidades cariocas e os policiais.

"(Rivaldo Barbosa disse) que depois isso continuou acontecendo com a Marielle como vereadora. Que era amigo dela e ficou muito chocado com tudo aquilo (o assassinato)", afirmou Jungmann ao canal de televisão. "Por isso o choque que todos nós tivemos com essa denúncia envolvendo o delegado Rivaldo Barbosa", continuou.

O vínculo do delegado Barbosa com o caso surpreendeu as famílias das vítimas. Ele foi a primeira autoridade do estado a receber famílias e amigos de Marielle e Anderson, no dia seguinte ao duplo assassinato, e prestou solidariedade. Ele prometeu que a solução do caso seria "questão de honra".

O advogado Alexandre Dumans, que representa Barbosa, afirmou em entrevista na Superintendência da PF, que o delegado "não tem participação em crime nenhum" e que a defesa ainda não teve acesso aos autos e às acusações contra Barbosa.

Relação orgânica entre milícia e políticos fluminenses

Jungmann relatou ainda que Raquel Dodge tentou federalizar a investigação sobre o assassinato, mas que houve resistência da alta cúpula do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, que queria manter a apuração no âmbito estadual. A investigação ficou no Rio de Janeiro após decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

O ex-ministro também lembrou o depoimento do miliciano Orlando Curicica, que relatou a existência de ligações entre o crime organizado, a milícia e setores da Polícia Civil fluminense. A partir disso, Jungmann afirmou que, em conjunto com Dodge, determinou a realização da "investigação da investigação". Curicica chegou a ser apontado como um dos mandantes do assassinato de Marielle, acusação que depois foi retirada.

"O próprio Curicica nesse depoimento diz que o delegado responsável pelo caso, Giniton (Lages) propôs a ele que assumisse o crime", disse Jungmann. Giniton Lages foi alvo de busca e apreensão neste domingo. Ele foi o primeiro delegado a investigar o assassinato.

Na visão do ex-ministro, há uma relação orgânica entre a milícia e a política fluminense: os milicianos garantem votos dos eleitores onde dominam os territórios, enquanto os políticos atuam na defesa e para impedir a responsabilização dos criminosos, além de indicarem pessoas ligadas aos milicianos para cargos no governo estadual, sobretudo nas áreas de assistência social e da saúde.

"De um lado, a milícia tem a força e a violência e do outro também conta com os benefícios a dar a comunidade. Isso é uma aliança orgânica que hoje existe no Rio de Janeiro e precisa ser rompida. È como se houvesse uma espécie de septicemia (espécie de infecção) entre o crime organizado, o Estado e a segurança do Rio de Janeiro. Isso precisa ser rompido com o apoio do governo federal e da própria sociedade", concluiu Jungmann.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.