Morre Carlos Brickman, um dos melhores jornalistas de sua geração

Política
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Foi enterrado na tarde deste domingo, 18, no Cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo, o corpo do jornalista Carlos Ernâni Brickmann, morto aos 78 anos no sábado. Vítima de falência múltipla de órgãos, ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês havia 3 meses, tratando vários problemas de saúde.

Figura reconhecida e admirada como repórter, editor, diretor de jornalismo - e, por todos os lados, como um colecionador de amigos -, Carlinhos, como era conhecido, deixa a mulher, Berta, e os filhos Rafael e Esther.

Ele deixa também o site noticioso Chumbo Gordo, que criou em 2015 e no qual trabalhou até recentemente, como analista político, ao lado de Marli Gonçalves. Ali, mostrou até o fim seu espírito crítico, sua memória gigantesca para grandes e pequenas coisas, sua ironia, a apuração competente e seu marcante bom humor.

O Brasil ainda era presidido por João Goulart, em 1962, quando Brickmann começou sua carreira, na Folha de S.Paulo - ele foi o mais jovem editor de Internacional. Em 1966, depois de breves passagens pela sucursal paulista do Jornal do Brasil e pela editoria de Esportes do Estadão, destacou-se na primeira equipe do Jornal da Tarde, que revolucionou a imprensa brasileira na época - pelo conteúdo, pela forma, pelos furos, pelos prêmios. Entre estes, os prêmios Esso de 1966, 1967, 1968 e 1974, dos quais o então jovem editor participou diretamente.

Nas seis décadas em que passou mergulhado na vida política e econômica brasileira, Carlinhos alternou funções de repórter, editor e diretor em várias redações, como as da Folha da Tarde, editora Bloch, Visão e TV Bandeirantes, na qual dirigiu o telejornalismo e ganhou um prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte, a APCA.

Assessoria

Em 1993, ele abriu sua própria empresa, a Brickmann & Associados, pela qual foi atuar como assessor de políticos como Paulo Maluf e Nion Albernaz, além de dirigir a comunicação social da antiga Vasp. Na época, sua coluna, BBNews chegou a ser divulgada por 40 jornais de País.

Tendo trabalhado ao lado dele nas últimas três décadas, a jornalista Marli Gonçalves diz que Brickmann "deve ser lembrado eternamente como defensor da imprensa livre e do pensamento democrático". Ele foi, acrescenta, "um eterno gigante gentil que unia a inteligência ao humor, a precisão e uma memória ímpar e implacável".

Outro grande amigo, o jornalista e executivo Miguel Jorge - ex-editor-chefe do Estadão e ex-ministro da Indústria e Comércio - conta que Carlinhos "tinha um coração do tamanho do mundo e ajudava todos, especialmente os focas (jargão para jornalistas iniciantes)": "Sentiremos muita falta de sua verve, de suas ironias e de tudo o que o fez um grande amigo, um ótimo caráter e um excepcional jornalista".

"Talentoso e criativo, o inquieto Carlinhos era uma referência de qualidade na redação. Essa é a lembrança que guardo e guardarei do amigo e colega que perdemos. Que o jornalismo do Brasil perdeu. Fica o exemplo", disse Fernando Mitre, diretor nacional de jornalismo da Band - que com ele trabalhou, no JT.

Homenagem

A biografia profissional de Carlos Brickmann proporcionaria material a um bom manual de jornalismo, com excelentes capítulos sobre reportagem, avaliação de conteúdo, edição e qualidade de texto. Mas seria também uma história divertida, cheia do humor e da boa disposição de uma figura tão rigorosa em seus padrões pessoais quanto compreensiva e generosa. O nome da coluna mantida nos últimos anos, Chumbo Gordo, é uma demonstração desse bom espírito.

Carlinhos nunca reagiu mal à sua imagem de grandalhão gordo. Achou graça quando Maurício de Souza introduziu em seus quadrinhos um elefante chamado Ernâni - uma homenagem divertida a Carlos Ernâni Brickmann, um sujeito, afinal, grande por fora e ainda maior por dentro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.