Quem é o deputado que promove baixarias na Câmara e tem apoio de Bolsonaro para Belém

Política
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Alvo de processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o deputado federal Éder Mauro (PL-PA) se notabilizou por promover confusões, bate-bocas e pela atuação bélica como parlamentar no Congresso Nacional. O perfil alinhado ao "bolsonarismo raiz" e a subserviência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve garantir ao parlamentar dividendos eleitorais. Ele é um dos pré-candidatos apoiados diretamente pelo ex-chefe do Executivo para as eleições municipais deste ano.

Pré-candidato à Prefeitura de Belém (PA), Éder Mauro acumula brigas e baixarias nos corredores e comissões da Câmara. No episódio mais recente, no início de junho, ele e um assessor empurraram um militante aos gritos após o homem insultar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Procurado pelo Estadão, o deputado não retornou às tentativas de contato.

"Bolsonaro na Papuda", gritou, em referência ao complexo penitenciário no Distrito Federal, enquanto era retirado da sala da Comissão de Direitos Humanos.

"Tira esse canalha daí", falou o deputado federal Éder Mauro. "Canalha é teu pai", respondeu o ativista. "Vem me dizer na minha cara aqui, se tu é homem" treplicou o parlamentar, que então levantou e partiu para cima.

Já fora da sala da comissão, Éder Mauro começa a fazer questionamentos em tom efusivo enquanto usa o peito para empurrar o militante. "Quem é o canalha? Quem é o canalha, hein?", perguntou. Ato contínuo, um homem identificado como assessor de Éder Mauro tenta desferir um tapa no cidadão. "Respeita o cara, rapaz. Respeita o cara", disse.

O cenário eleitoral em Belém é favorável ao deputado. Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, divulgado no dia 15 de junho, mostra o deputado bolsonarista na liderança com 30% das intenções de voto, seguido por Igor Normando (MDB), ex-secretário de governo e apoiado pelo governador Helder Barbalho (MDB), com 18,4% das intenções de voto. O atual prefeito, Edmilson Rodrigues, apoiado pelo PT, aparece em terceiro, com 13,4%.

Foram entrevistadas 800 pessoas com 16 anos ou mais em Belém (PA). O índice de confiança é de 95%. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento está registrado no TSE sob o número PA-04749/2024.

Em março, nova polêmica, deputados de esquerda e de direita brigaram em razão da discussão sobre a morte da ex-vereadora do Rio Marielle Franco, morta em 2018. A sessão teve que ser encerrada por conta da confusão. Lá estava Éder Mauro.

Parlamentares apoiadores de Bolsonaro exibiram uma foto de Domingos Brazão, auditor-fiscal do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, fazendo campanha para Dilma Rousseff, provocando o entrevero.

"Tá aqui quem mandou matar Marielle", disse Delegado Éder Mauro (PL-PA), enquanto exibia a imagem. "Vocês vão ter que arrumar outro defunto para poder atribuir a Bolsonaro porque esse defunto que está aí é de vocês."

Enquanto deputados do PSOL, partido da ex-vereadora, protestavam, Delegado Caveira (PL-PA) pegou a imagem das mãos de Éder Mauro e exibiu na cara de Tarcísio Motta (PSOL-RJ).

A troca de ataques entre deputados de esquerda e direita se alongou. "Vocês vão para a cadeia", disse Tarcísio. "Vocês comunistas que mataram Marielle", rebateu Éder Mauro.

A morte de Marielle já havia sido usada como combustível politiqueiro dias antes na Comissão de Direitos Humanos. A confusão começou após Éder Mauro provocar a esquerda ao falar o nome da ex-vereadora do Rio na véspera do dia em que ela foi assassinada há seis anos. Éder Mauro disse que Marielle "acabou". O tumulto foi tão grande que a reunião precisou ser encerrada pela presidente do colegiado, Daiana Santos (PCdoB-RS).

O apoiador do ex-presidente Bolsonaro disse que congressistas "feministas que defendem bandidos do Rio" não se manifestam a favor das mulheres estupradas por terroristas do Hamas em invasão a Israel, em outubro de 2023. Daí, então, ele mencionou o nome de Marielle. "Mas se fosse Marielle Franco tenha certeza que elas estariam até hoje (defendendo)", afirmou.

No meio do tumulto, Éder Mauro ainda disse que foi a esquerda que matou Marielle, algo que ele já falou em outras comissões no ano passado. Após a saída dos deputados da oposição da sala da Comissão de Direitos Humanos, Talíria começou a chorar e precisou ser amparada pelos colegas Daiana Santos e Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ).

'Deputado, cale a boca'

O primeiro depoimento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpista de 8 de Janeiro, em junho do ano passado, precisou ser interrompido por causa de um bate-boca envolvendo Éder Mauro. A relatora do colegiado, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), chegou a mandar o deputado "calar a boca".

"Deputado, cale a boca, vá gritar em outro lugar', disse a senadora. Éder, por sua vez, respondeu que ninguém o mandaria se calar. O confronto entre os parlamentares se acirrou a tal ponto que o presidente da CPMI, Arthur Maia (União Brasil-BA), determinou a suspensão dos trabalhos pelo prazo de cinco minutos.

A discussão começou porque Eliziane confrontou o ex-diretor Silvinei Vasques sobre um processo que ele respondeu por agredir um frentista em Goiás. Segundo Éber Mauro, a relatora tentou pressionar o depoente. Foi neste momento que a discussão se iniciou e passou a envolver diversos parlamentares governistas e de oposição.

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A proteção político-diplomática dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia, condenada em caso de corrupção envolvendo a Operação Lava Jato, gerou desgaste político imediato ao petista. O asilo político, seguido de um pedido de refúgio que na prática bloqueia a extradição dela, rendeu quatro frentes de cobrança da oposição no Brasil.

Parlamentares sugeriram a abertura de investigações pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Além disso, querem convocar o chanceler Mauro Vieira a prestar explicações na Câmara e requisitaram informações por escrito ao Itamaraty.

Ao todo, a Câmara dos Deputados já registrou seis propostas legislativas relacionadas à atuação diplomática e política de Lula, em socorro a Nadine Heredia. A defesa nega qualquer irregularidade.

O deputado Evair de Melo (PP-ES), autor de quatro delas, sugeriu à PGR a investigação de possíveis irregularidades na concessão do asilo diplomático e o uso de recursos públicos no transporte dela pela Força Aérea Brasileira (FAB). Ele também sugeriu a convocação do ministro para prestar esclarecimentos em audiência pública.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Filipe Barros (PL-PR), pediu que o TCU realize uma auditoria sobre as despesas e a regularidade do emprego da FAB, que deslocou um jatinho para buscar a ex-primeira-dama em Lima e transportá-la, bem como seu filho, até Brasília.

Já os deputados do partido Novo Adriana Ventura (SP) e Marcel Van Hattem (RS) requisitaram ao Itamaraty informações sobre a decisão de Lula. Os parlamentares querem saber, por exemplo, o que embasou a decisão do governo brasileiro e se uma futura extradição, a pedido da Justiça do país vizinho, é cogitada. Ambos indagam também se foi feita alguma avaliação prévia de impactos nas relações bilaterais com o Peru.

Para Ventura e Van Hattem, "a urgência da situação foi invocada, mas a decisão ocorreu horas após a condenação judicial e ordem de prisão, sem que, até o momento, tenham sido publicamente apresentados indícios claros de motivação política na perseguição ou de risco à vida ou integridade da requerente".

"A transparência e o respeito ao Estado de Direito exigem que se esclareçamos critérios utilizados pela diplomacia brasileira para essa concessão, que tem impactos relevantes nas relações bilaterais com o Peru e no posicionamento internacional do Brasil no combate à corrupção e à impunidade", justificaram os deputados do Novo.

Por outro lado, o advogado Marco Aurélio de Carvalho, que representa Nadine no Brasil descartou quaisquer irregularidades na proteção dada a ex-primeira-dama ou no uso do avião da FAB, destacando que seria responsabilidade do País retirá-la do Peru após conceder o asilo.

"A oposição está tentando criar um fato político. Não tem nenhum embasamento (o pedido de investigação). O asilo foi concedido dentro das regras", disse, acrescentando que não vê impactos concretos para o caso de Nadine Heredia. "A oposição quer gritar e tem o direito de fazer isso. Assim como o governo tem o direito de fazer o que acha que deve ser feito dentro das regras estabelecidas pelas convenções internacionais", concluiu.

Nadine Heridia e o ex-presidente peruano Ollanta Humala foram condenados a 15 anos de prisão, acusados de receber contribuições ilegais de campanha da Odebretch e do governo venezuelano no valor de US$ 3 milhões.

Ao anunciar a sentença, na terça-feira, 15, a Justiça ordenou a prisão imediata do casal, mas apenas Humala estava presente no tribunal. Nadia, por sua vez, se asilou na embaixada do Brasil em Lima e pediu refúgio após chegar ao País.

"A embaixada do Brasil estava plena e totalmente informada sobre a sentença da senhora Heredia pelo crime de lavagem de dinheiro", disse o ministro das Relações Exteriores Elmer Schialer sobre o asilo, destacando que o Peru era obrigado pela Convenção de Caracas a conceder o salvo-conduto imediato para Nadine deixasse o país após o asilo. "Esta decisão foi tomada em estrito cumprimento das obrigações internacionais do Peru".

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia manifestou objeção contra os planos de Tóquio de realizar exercícios militares com mísseis próximos ao território russo. O departamento manifestou sua posição em um comunicado entregue à Embaixada do Japão em Moscou nesta quinta-feira, 17.

Segundo o comunicado, o governo russo condena os testes previstos para junho na ilha de Hokkaido, que incluirão o lançamento de mísseis a partir de sistemas costeiros com alcance de até 200 km. Para Moscou, a atividade é "provocativa" e representa uma "ameaça potencial à segurança nacional", especialmente por ocorrer "nas imediações das fronteiras da Federação da Rússia".

O texto também afirma que ações como essa "contribuem para o aumento da tensão no Nordeste Asiático e na região Ásia-Pacífico como um todo" e são "absolutamente inaceitáveis". Moscou ainda adverte que "se reserva o direito de adotar todas as contramedidas necessárias para neutralizar ameaças à sua segurança" em suas fronteiras no leste. A declaração, no entanto, não especifica quais medidas poderiam ser adotadas.

Em conversa telefônica nesta quinta-feira, 17, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, abordaram os esforços para encerrar o conflito na Ucrânia, com Washington apresentando uma proposta de paz e Moscou mantendo sua disposição ao diálogo, segundo comunicados oficiais de ambos os países.

O Ministério das Relações Exteriores russo informou que Rubio, que está em Paris para discussões com aliados europeus e ucranianos, detalhou a Lavrov seus recentes contatos diplomáticos. O ministro russo "reafirmou a disposição de Moscou em continuar o trabalho conjunto com os colegas americanos para eliminar de forma confiável as causas fundamentais da crise ucraniana", segundo a nota da Rússia.

Do lado americano, a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, afirmou que Rubio apresentou a Lavrov a mesma proposta de paz discutida com europeus e ucranianos. "O presidente Donald Trump e os EUA querem que esta guerra termine, e apresentaram a todas as partes os contornos de uma paz duradoura e sustentável", declarou.

A nota americana destacou a "recepção encorajadora" à proposta em Paris, sugerindo abertura das partes para negociações. Enquanto isso, o comunicado russo enfatizou o acordo em manter "comunicação ativa", especialmente antes das próximas reuniões diplomáticas previstas para a semana que vem.