Lula busca acordo com João Campos em disputa no Recife e antecipa cenário de 2026

Política
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai nesta terça-feira, 2, a Recife, em Pernambuco, sob um cenário de favoritismo comandado pelo nome de João Campos (PSB) à reeleição na Prefeitura da capital do Estado. Apesar da situação positiva para um partido da base, Lula tenta, ainda sem sucesso, emplacar um nome para compor a chapa de João Campos, o que antecipa a conjuntura eleitoral de 2026.

O chefe do Executivo federal participa hoje de cerimônia de anúncio de acordos indenizatórios às famílias proprietárias de moradias em prédios do tipo "caixão" e da assinatura de termo de repasse de recursos para execução da quarta etapa de obras na região do porto de Suape. O presidente fará ainda a entrega de unidades habitacionais dos Conjuntos Vila Brasil I e II.

João Campos é filho do ex-governador Eduardo Campos, que morreu em agosto de 2014, vítima de um acidente de avião em Santos (SP) durante campanha à Presidência da República. Em 2020, João Campos foi o mais jovem prefeito eleito em uma capital e também o mais novo a atingir o cargo na história da maior cidade de Pernambuco.

A gestão do prefeito é bem avaliada pelos recifenses e apresenta um forte favoritismo para ganhar a disputa eleitoral deste ano. Diante da alta popularidade, o pleito na capital de Pernambuco tem como pano de fundo a corrida ao Estado em 2026, para a qual o nome do filho de Eduardo Campos já é ventilado.

Desde o início do ano, Lula dá sinais ao prefeito de Recife da intenção de trabalhar junto à chapa. Ambos, inclusive, já se reuniram várias vezes para fechar um acordo nesse sentido. Porém, até o momento, o PSB não pretende abrir mão de indicar um vice.

A decisão do partido é que a indicação do nome ao cargo de vice deve ser construída de olho, principalmente, nas eleições de 2026, com uma possível renúncia do prefeito para disputar o pleito ao Estado. Ou seja, caso João Campos concorra ao governo de Pernambuco, o vice passaria a comandar a Prefeitura de Recife. Assim, o vice deve ser um nome de confiança do PSB e, especialmente, com perfil semelhante ao de João Campos.

O PT tenta emplacar Mozart Sales, médico e assessor da Secretaria das Relações Institucionais, sob o ministro Alexandre Padilha. Porém, o PSB e João Campos resistem ao nome. O favorito ao posto e defendido pelo PSB é o de Victor Marques Alves, chefe de gabinete da Prefeitura de Recife. Alves é filiado ao PCdoB e, por trabalhar com João Campos, conhece a fundo a gestão, tanto no caráter administrativo quanto político.

Diante da indefinição, PT e PSB tentam costurar um acordo. Na mesa de negociação, por exemplo, em troca do aceite de Lula em não indicar o vice, João Campos apoiará o vereador Vinicius Castello (PT) à Prefeitura de Olinda e Elias Gomes (PT) ao município de Jaboatão dos Guararapes. O prefeito já anunciou apoio aos pré-candidatos do PT em ambas as cidades, mas não foi o suficiente para satisfazer o partido comandado por Gleisi Hoffmann.

Outras alternativas que estão sendo discutidas também é o PSB apoiar candidaturas do PT em outras cidades, como o nome de Maria do Rosário à Prefeitura de Porto Alegre. Também já está sendo pleiteado um nome do PT a vice na chapa de João Campos em 2026 e, até mesmo, apoio do PSB ao PT na corrida ao Senado em 2026.

Em abril, durante entrevista ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o presidente do PSB, Carlos Siqueira, confirmou que Lula "cobrava" a indicação de um nome para compor com João Campos. Porém, Siqueira ponderou que, como o atual prefeito do Recife representa uma frente ampla, é preciso conversar com os outros partidos antes de fechar questão.

Apesar do favoritismo de João Campos, a Prefeitura de Recife também esbarra na governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), adversária do atual prefeito. O embate entre ambos é esperado para 2026. A gestora estadual apoia o nome do ex-deputado federal Daniel Coelho (PSD). Além dele, há também Gilson Machado Neto (PL), ex-ministro do Turismo no governo Bolsonaro, pré-candidato ao pleito em Recife.

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O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que disse este mês que deixaria o cargo de líder do país e do Partido Liberal, afirmou nesta quarta-feira, 15, que não concorrerá às eleições que devem ser realizadas este ano.

"Quanto ao que poderei fazer mais tarde, sinceramente não tive muito tempo para pensar nisso", explicou Trudeau, que se reuniu com os primeiros-ministros das províncias do país para discutir a estratégia comercial em meio à ameaça do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de impor uma tarifa de 25% sobre todas as importações canadenses.

"Estou totalmente concentrado em fazer o trabalho que os canadenses me elegeram para fazer em um momento extraordinariamente crucial neste momento."

Os membros do Partido Liberal do Canadá deverão escolher um novo líder em 9 de março, e os observadores políticos esperam que a disputa se dê entre o ex-banqueiro central do Canadá e do Reino Unido, Mark Carney, e a ex-ministra das Finanças Chrystia Freeland.

O senador da Flórida, Marco Rubio, pintou nesta quarta-feira, 15, uma visão sombria das consequências do "relacionamento desequilibrado" dos Estados Unidos com a China, ecoando a retórica antiglobalista do presidente eleito Donald Trump enquanto ele busca ser confirmado como seu secretário de Estado.

Ao abordar questões que assolam o Oriente Médio, a América Latina e a Europa Oriental, Rubio concentrou grande parte da sua audiência de confirmação de cinco horas no Senado alertando que, sem mudanças políticas rápidas e substanciais, a China continuará a ser a "maior ameaça" à prosperidade americana no século XXI. .

"Se não mudarmos de rumo, viveremos num mundo onde muito do que é importante para nós diariamente, desde a nossa segurança até à nossa saúde, dependerá de os chineses nos permitirem tê-lo ou não". Rubio testemunhou perante a Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Questionado sobre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que Trump criticou repetidamente, Rubio afirmou o seu valor, chamando de uma "aliança muito importante". Mas Rubio apoiou a opinião de Trump de que alguns aliados europeus deveriam contribuir mais para a sua defesa coletiva, acrescentando que os EUA devem decidir se querem "um papel primário de defesa" ou ser uma "proteção" contra a agressão.

Mesmo antes de assumir o cargo, Trump provocou angústia nas capitais estrangeiras ao ameaçar tomar o Canal do Panamá e a Groenlândia e sugerir que pressionará o Canadá para se tornar o 51.º estado do país. Quando questionado sobre o Canal na quarta-feira, Rubio testemunhou que, embora não tenha "olhado para a investigação jurídica", é "obrigado a suspeitar que se poderia argumentar que os termos sob os quais o canal foi entregue foram violados". Mas acrescentou que "o Panamá é um grande parceiro em muitas outras questões e espero que possamos resolver esta".

Com o cessar-fogo entre Israel e Hamas mediado por Estados Unidos, Catar e Egito firmado cinco dias antes da troca de poder na Casa Branca, o presidente Joe Biden e o presidente eleito Donald Trump celebraram o acordo anunciado nesta quarta-feira, 15, disputando o crédito pelo acordo histórico a partir da participação de representantes dos dois governos nas negociações.

Biden disse estar "empolgado" com a libertação dos reféns, como parte do acordo, e atribuiu o sucesso das conversas à "diplomacia persistente e meticulosa" dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que reivindicou certa parcela de crédito no momento decisivo da guerra de 15 meses.

"Eu estabeleci os contornos precisos deste plano em 31 de maio de 2024, após o que ele foi endossado unanimemente pelo Conselho de Segurança da ONU", Biden acrescentou em uma declaração. "Minha diplomacia nunca cessou em seus esforços para fazer isso."

Mas antes mesmo da confirmação de alguma autoridade do atual governo de Biden, Trump já celebrava a notícia em sua rede Truth Social. "Temos um acordo para a libertação dos reféns no Oriente Médio. Eles serão libertados em breve. Obrigado", escreveu.

"Este acordo de cessar-fogo ÉPICO só poderia ter acontecido como resultado de nossa vitória histórica em novembro", acrescentou Trump em uma segunda e longa publicação.

O republicano disse que sua vitória nas eleições americanas de novembro "indicou ao mundo inteiro que minha administração buscaria a paz e negociaria acordos para garantir a segurança de todos os americanos e nossos aliados".

O enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, se juntou ao conselheiro de Biden para o Oriente Médio, Brett McGurk, em Doha para conversas nos últimos dias. Uma autoridade que participou das negociações descreveu a coordenação de McGurk e Witkoff como uma parceria frutífera.

Trump, que assume a Casa Branca na segunda-feira, 20, prometeu que não permitirá que Gaza se torne em um "santuário terrorista". "Continuaremos trabalhando de forma próxima com Israel e com nossos aliados para garantir que Gaza NUNCA se torne um santuário terrorista", escreveu o republicano na sua rede social.

33 reféns na primeira leva

A implementação do acordo deverá começar no domingo, quando o primeiro grupo de reféns poderá ser libertado.

O primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al Thani, confirmou em uma coletiva de imprensa em Doha que 33 reféns israelenses serão libertados durante a primeira fase da trégua em Gaza, que terá duração de 42 dias e começará no domingo.

"O Hamas libertará 33 cativos israelenses, incluindo mulheres civis [...], crianças, pessoas idosas, civis doentes e feridos, em troca de vários prisioneiros palestinos detidos em prisões israelenses. Os detalhes sobre as fases dois e três serão definidos durante a implementação da primeira fase", explicou.

Em seu discurso na Casa Branca, Biden declarou que ele e a vice-presidente Kamala Harris "mal podemos esperar para recebê-los em casa".

As negociações para abrir a passagem de Rafah, que separa a Faixa de Gaza do Egito, e "autorizar a entrada de ajuda internacional" no território palestino já começaram. O Egito se "prepara para fazer chegar a maior quantidade possível de ajuda à Faixa de Gaza", informou o jornal governamental Al Ahram, citando a Al-Qahera News, próxima aos serviços de inteligência, pouco depois do anúncio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)