Lira diz que 'Abin paralela' do governo Bolsonaro tem 'fatos que não são brandos, são graves'

Política
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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta segunda-feira, 15, que os fatos que vieram à tona sobre a chamada "Abin paralela" do governo Bolsonaro não são "suaves" nem "brandos", mas, sim, "graves". Nesta semana, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo das investigações sobre o suposto esquema de espionagem ilegal. Um dos alvos de monitoramento foi o próprio Lira, segundo a Polícia Federal.

Ao ser questionado, contudo, sobre o pedido de cassação do mandato do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e alvo das investigações, o presidente da Câmara disse que o Conselho de Ética da Casa não pode cassar deputados por situações anteriores à Legislatura atual, que se iniciou em 2023, depois do fim do governo Bolsonaro.

"Estávamos na última semana muito focados em entregar ao Brasil a reforma tributária em seu primeiro projeto de regulamentação. Tivemos acesso a informações, como todo brasileiro teve. Eu não tive acesso a nenhum tipo de auto de processo, de peça. Há muita conversa e versão. Lógico que os fatos não são suaves, nem são brandos, os fatos são graves", declarou Lira, em entrevista à CNN Brasil.

O presidente da Câmara relatou que todos os pedidos de cassação de deputados são encaminhados para o Conselho de Ética e ressaltou que o colegiado tem autonomia para eleger seus membros e o presidente, indicados pelas bancadas partidárias. "Portanto, a presidência da Casa não tem, nunca teve e jamais terá ingerência sobre resultados de votações, por mais que eu concorde ou discorde a respeito do Conselho", disse.

No primeiro semestre do ano, diante da avaliação de que o Conselho de Ética atuava de forma lenta, o plenário da Câmara aprovou um projeto interno que estabelece prazos para a análise de pedidos de cassação de deputados que sejam acusados de faltar com o decoro. A Mesa Diretora, comandada por Lira, passou a ter o poder de sugerir análises de possíveis infrações dos parlamentares.

"Agora, temos uma coisa também que tem de ser analisada no decoro parlamentar. Nenhum fato anterior ao da Legislatura pode ser julgado no Conselho de Ética", afirmou o presidente da Câmara, ao citar como exemplo o caso do deputado André Janones (Avante-MG), que teve o pedido de cassação por acusações de praticar rachadinha arquivado no Conselho de Ética, em junho. "Rachadinha" é o termo usado para definir quando parte dos salários de funcionários de um gabinete é repassada ao próprio parlamentar que os contratou.

"Foi assim com o deputado Janones, num caso que foi muito explorado na mídia. Ele simplesmente foi absolvido no Conselho porque se aconteceu ou não foi no mandato anterior", exemplificou Lira. "A gente tem que ter cuidado com o que preconiza o nosso Regimento em detrimento de tudo que aconteceu", acrescentou o deputado alagoano.

Na entrevista, Lira disse que as autoridades competentes devem dar sequência ao caso. "Os caminhos naturais são a instrução do processo, levantamentos com minúcias do que aconteceu, quem são os responsáveis, para que se destinou esse acompanhamento de autoridades, com qual finalidade e quem mandou", afirmou.

"Não tenho dúvida que Polícia Federal, a própria Abin, Ministério Pública, Supremo Tribunal Federal devem estar muito adiantados nesse sentido", emendou o presidente da Câmara.

Na última quinta-feira, 11, a PF foi às ruas para cumprir cinco mandados de prisão preventiva na Operação Última Milha, relacionada à investigação sobre monitoramento ilegal de autoridades públicas e produção de notícias falsas pela Abin no governo Bolsonaro. A ofensiva mirou auxiliares diretos de Ramagem.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.