PSDB homologa a candidatura de Datena para conter ala pró-Nunes

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
A federação PSDB-Cidadania se antecipou à convenção partidária, marcada para este sábado, 27, e homologou nesta sexta, 26, a candidatura à Prefeitura de São Paulo do apresentador de TV José Luiz Datena. O movimento da Executiva nacional teve como objetivo blindar o jornalista de iniciativa da ala tucana, favorável ao apoio ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição. Na quinta, 25, o grupo refratário ao nome de Datena lançou a pré-candidatura do ex-presidente municipal do PSDB Fernando Alfredo, que agora questiona na Justiça o processo que resultou na escolha do apresentador como o nome do partido na disputa.

A decisão da federação, na prática, esvazia a convenção, que terá caráter meramente festivo. Durante o ato, também está prevista a indicação do vice para a chapa de Datena, de acordo com o presidente nacional do PSDB, o ex-governador Marconi Perillo. O evento está mantido e será realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

"Todos os votos foram favoráveis. Nenhum voto contra", disse o ex-senador José Aníbal, presidente do diretório do PSDB na cidade de São Paulo e um dos cotados para compor chapa com o jornalista. Na reunião de ontem, além da homologação da candidatura de Datena, foi aprovada a chapa de candidatos que concorrerão ao cargo de vereador pelas legendas da federação.

Questionamento

Após a deliberação da Executiva nacional, Fernando Alfredo, líder da ala que se opõe à candidatura do apresentador, anunciou que entrou com recurso na Justiça Eleitoral pedindo a suspensão da convenção de hoje e a nulidade de todo o processo que levou à escolha de uma candidatura própria pelo partido.

"A federação não tem a prerrogativa de homologar a candidatura quando há uma candidatura convocada. Eles não podem homologar uma candidatura sem ter prévias, debate com a militância, programa de governo sendo discutido. Não tem nada", afirmou Alfredo. Ele disse ainda que a reunião de ontem foi irregular porque nem todos os integrantes da federação foram convidados para participar.

A homologação não significa que Datena já seja candidato a prefeito. Os partidos têm até o dia 5 de agosto para realizar suas convenções e homologar seus candidatos aos cargos eletivos. Após a homologação, ainda é necessário o registro da candidatura na Justiça Eleitoral. O prazo para o registro dos candidatos se esgota em 15 de agosto, conforme calendário definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Vaivém

O lançamento de uma pré-candidatura tucana como alternativa a Datena ocorre após o apresentador dar declarações que colocaram em dúvida sua permanência na corrida pela Prefeitura de São Paulo. Na semana passada, durante sabatina, ele afirmou que não confia em políticos e não descartou uma nova desistência - em eleições anteriores, ele já recuou quatro vezes.

"A minha desconfiança com político é total. E, até que eu faça parte do meio político e passe a ter confiança nos políticos de forma geral, eu vou continuar na expectativa de ser ou não ser. Eis a questão", afirmou Datena na ocasião. "Se alguém me sacanear de hoje até o dia da eleição, vai ficar no meio do caminho também. A minha intenção, desta vez, é ir até o fim, desde que ninguém me encha o saco."

Nesta semana, o apresentador voltou a causar desconfiança dentro do PSDB, o que intensificou o racha interno na legenda. "Se o (Joe) Biden pode desistir a qualquer momento, por que eu não posso?", declarou o apresentador na segunda-feira, citando a situação do presidente americano, que deixou a disputa. No dia seguinte, porém, mudou o tom e disse que o respaldo de Perillo "basta" para que prossiga com a candidatura. No mesmo dia, Datena se reuniu com o presidente nacional do PSDB e com o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) para discutir estratégias que serão adotadas pelo jornalista durante entrevistas e debates ao longo da campanha. "Encontrei um Datena determinado a ser candidato. Tratamos detalhes da convenção e também sobre o programa de governo. Tenho muita confiança", declarou Aécio após o encontro.

Diretório municipal

Fernando Alfredo, por sua vez, pretende obstruir o caminho de Datena. "Ele se nega a dialogar com a militância do PSDB sobre o que ele acha dos três bons governos tucanos que tivemos na cidade de São Paulo. Não sabemos o que, de fato, ele pensa sobre os principais temas da cidade", disse o ex-presidente do PSDB municipal em entrevista ao Estadão.

Alfredo foi destituído do diretório paulistano do partido em meio a um imbróglio na Justiça com a Executiva estadual tucana. Removido do cargo, no fim do ano passado, deixou a sede partidária levando móveis, documentos e livros que ficavam no local.

Como mostrou a Coluna do Estadão, o lançamento da pré-candidatura de Alfredo ganhou força após a proposta de um debate entre ele e Datena. A ala pró-Nunes do PSDB avalia que essa articulação "paralela" pode elevar a pressão para que o apresentador desista, mais uma vez, de concorrer.

Debandada

O impasse entre ter um candidato próprio, se aliar a Nunes ou integrar a coligação da pré-candidata do PSB à Prefeitura, deputada federal Tabata Amaral, marcou o primeiro semestre do PSDB. Durante o período da janela partidária, o partido perdeu todos os seus integrantes com mandato na Câmara Municipal de São Paulo. Os vereadores tucanos preferiram seguir com o projeto de Nunes e migraram para outras legendas, como o MDB e o União Brasil.

Em dezembro do ano passado, Datena se filiou ao PSB. No mês seguinte, o jornalista participou do lançamento da pré-campanha de Tabata, indicando que estaria próximo de anunciar um acordo com a pré-candidata (mais informações nesta página). Em abril, às vésperas do fechamento da janela partidária, migrou para o PSDB e lançou a pré-candidatura à Prefeitura. O apresentador, por enquanto, só fez uma agenda de pré-campanha: uma visita ao Mercado Municipal no último dia 17.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou seu apoio ao secretário da Defesa, Pete Hegseth após o The New York Times reportar que ele havia compartilhado planos militares para o ataque ao Iêmen em grupo com familiares no aplicativo de mensagens Signal.

Anteriormente, a revista The Atlantic havia publicado que o seu editor-chefe Jeffrey Goldberg havia sido incluído por engano em outro grupo do Signal, em que a cúpula da Casa Branca discutia a ofensiva contra os rebeldes houthis.

As autoridades americanas negam que as informações compartilhadas por Pete Hegseth fossem confidenciais enquanto reforçam o seu apoio ao secretário de Defesa, atribuindo as notícias a ex-funcionários insatisfeitos com as mudanças no Pentágono.

Ao falar com repórteres no gramado da Casa Branca, onde participava das celebrações de Páscoa, Trump reafirmou a confiança em Hegseth e minimizou as preocupações sobre o vazamento de planos militares como "perda de tempo".

"Ele está fazendo um excelente trabalho. Perguntem aos houthis como ele está se saindo", disse o presidente, referindo-se ao grupo rebelde, que é apoiado pelo Irã e foi alvo dos ataques dos Estados Unidos.

De acordo com o NYT, o secretario de Defesa americano compartilhou detalhes sobre os ataques em 15 de março, antes que os bombardeios fossem lançados, em grupo que incluía a mulher, o irmão e o advogado pessoal de Pete Hegseth.

Os detalhes compartilhados no grupo eram essencialmente os mesmos que Hegseth enviou, no mesmo dia, em outro grupo do Signal que, por engano, incluía o editor da revista The Atlantic.

Pete Hegseth se mostrou furioso com a matéria do NYT, que atribuiu a "difamações anônimas de ex-funcionários descontentes sobre notícias antigas".

Ao chegar para as celebrações de Páscoa com a família, ele apontou para os repórteres e os chamou de "farsantes". Na sequência, se voltou para os filhos pequenos, que estavam ao fundo. "Essas crianças aqui, são o motivo pelo qual estamos lutando contra a mídia de notícias falsas", disse.

Em resposta às críticas do governo, um porta-voz disse que o NY Times tem confiança na precisão da reportagem e destacou que o Pentágono "não negou a existência do grupo de mensagens".

Embora as autoridades americanas tenham insistido que nenhuma informação confidencial foi compartilhada no grupo, o NY Times disse que isso não vem ao caso porque a sua reportagem "não caracterizou a informação como confidencial".

Trump e Hegseth conversaram por telefone na noite de domingo. Segundo uma fonte informada sobrea a ligação, o presidente disse ao seu secretário que "delatores ressentidos" seriam culpados pela reportagem e reafirmou que o apoiava.

Essa ideia de que delatores ressentidos estariam por trás da reportagem foi reforçada pela secretária de imprensa da Casa Branca Karoline Leavitt em entrevista ao Fox & Friends, programa da Fox News que era apresentado por Pete Hegseth. "É isso que acontece quando todo o Pentágono está trabalhando contra você e contra as mudanças monumentais que você está tentando implementar", disse. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Dos peronistas ao libertário Javier Milei, o papa Francisco teve relações tensas com presidentes da Argentina. Alvo da politização, ele acabou se distanciado do seu país de origem e morreu sem nunca ter retornado a Buenos Aires.

A disputa envolvendo o líder católico ganhou novos contornos quando Javier Milei o insultou como "imbecil" e "representante do maligno na Terra" durante as eleições. O libertário, contudo, não foi o único líder argentino a criticar o papa, que tinha relações delicadas com a política.

Embora tenha recebido todos os presidentes no Vaticano, Francisco morreu sem ter visitado a Argentina enquanto papa por temer que o seu retorno fosse usado politicamente - por um lado ou pelo outro.

Relação com presidentes argentinos

A relação espinhosa do papa com a política argentina vem de muito antes de Javier Milei.

O casal Néstor e Cristina Kirchner considerava Francisco o "líder espiritual da oposição". Os peronistas chegaram a acusá-lo de colaborar com a ditadura militar argentina entregando padres para o regime - denúncia que nunca ficou comprovada.

Depois que o arcebispo de Buenos Aires Jorge Bergoglio se tornou o papa Francisco, em 2013, a então presidente Cristina Kirchner foi aconselhada por aliados a rever sua posição e pediu desculpas. "Achei que você fosse outra coisa", teria dito Cristina em encontro com o pontífice.

Ela foi recebida pelo papa quatro vezes e foi atrás de Francisco durante as suas visitas ao Brasil, Paraguai e Cuba. Mas o uso político da aproximação por parte de Cristina Kirchner desagradou o pontífice, segundo reportou o Clarín. Depois disso, a relação voltaria a se desgastar.

Já com Mauricio Macri, o desgaste começou quando ele ainda era prefeito de Buenos Aires. O líder católico havia apoiado a candidatura do bispo Joaquín Piña que conseguiu barrar, na constituinte da província de Misiones, a reeleição indefinida do governador peronista Carlos Rovira. E esperou, em retribuição, que Macri apelasse contra a decisão que abriu caminho para o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Argentina, o que não aconteceu.

Durante a presidência de Mauricio Macri, a Argentina deu mais um passo nas reformas progressistas: o início das discussões no Congresso sobre a legalização do aborto. Apesar do desgaste com o papa Francisco, que enfrentava a pressão dos setores mais conservadores da Igreja Católica, eles mantiveram as relações no nível institucional.

No caso de Alberto Fernández, a relação foi afetada pela legalização do aborto, concluída durante o seu período na Casa Rosada. De acordo com o Clarín, o pontífice também teria se incomodado com a estratégia de Fernández, que assim como sua vice-presidente Cristina Kirchner, tentou explorar politicamente as relações o papa.

Milei, por sua vez, atacou o líder católico antes de chegar à presidência. Depois de eleito, ele participou da missa de canonização de Mama Antula, a primeira santa da Argentina, e foi recebido pelo papa Francisco.

A relação foi apaziguada, mas eles mantiveram profundas discordâncias sobre o papel do Estado. O libertário Javier Milei promove um duro ajuste fiscal, que atinge principalmente os mais pobres na Argentina, enquanto o papa Francisco se dedicou à defesa dos vulneráveis.

"O Estado, hoje mais importante do que nunca, é chamado a exercer esse papel central de redistribuição e justiça social", disse o papa, um mês após receber Milei no Vaticano.

Francisco também criticou a repressão do governo aos protestos na Argentina. "Me mostraram as imagens da repressão, onde a polícia reprimiu os trabalhadores que exigiam os seus direitos nas ruas como se fossem desordeiros. Em vez de gastarem com justiça social, gastam na compra de gás de pimenta", disse após encontro com representantes dos movimentos sociais.

Embora na Argentina o Estado e a Igreja estejam separados, os vínculos sempre foram muito estreitos. Até a reforma constitucional de 1994, ser católico era requisito para assumir a presidência. Nesse contexto, o papa se viu no meio da polarização e das discussões em torno do peronismo.

"Nunca fui filiado, militante ou simpatizante do peronismo. Afirmar isso é uma mentira. Meus escritos sobre justiça social levaram a dizerem que sou peronista. Mas, na hipótese de ter uma concepção peronista da política, o que haveria de errado nisso?", questionou o papa sobre as acusações dos críticos de vínculos com o peronismo.

"Na Argentina, o papa era visto com um perfil de esquerda, e a direita mais liberal não gostava dele", explicou o biógrafo Sergio Rubín, coautor de O jesuíta (2013) e O Pastor (2023).

A disputa acabou afastando o papa, que nunca voltou a Buenos Aires. O papa Francisco chegou a dizer que gostaria de visitar à Argentina, mas não queria que a sua passagem pelo país fosse "usada nem para um lado, nem para o outro", expressando a preocupação com a politização de sua imagem.

Reações à morte do papa Francisco

Agora, enquanto o mundo dá adeus ao papa Francisco, os líderes políticos da Argentina deixam as desavenças com o líder católico para trás.

"Apesar das diferenças que hoje parecem pequenas, foi uma verdadeira honra para mim ter podido conhecê-lo em sua bondade e sabedoria", escreveu Javier Milei ao lamentar a morte. O presidente decretou luto oficial de sete dias e vai a Roma para a despedida do papa.

Por sua vez, Cristina Kirchner disse que ele era o "rosto de uma Igreja mais humana, com os pés na terra e o olhar fixo no céu", lembrando do primeiro encontro que teve com o papa Francisco.

O caráter humanitário do pontífice também foi destacado por Alberto Fernández. "A Igreja deveria apoiar os despossuídos, os marginalizados e os perseguidos. A Igreja deveria abraçar aqueles que foram condenados a ser minorias ou perseguidos em suas terras. A Igreja deveria levantar sua voz contra aqueles que acumulam riqueza e distribuem pobreza. No entanto, a Igreja só conseguiu fazer isso quando Francisco, o jesuíta, era o papa", escreveu nas redes sociais.

Lembrando o seu último encontro com o papa Francisco, acompanhado da mulher e das filhas, Mauricio Macri disse: "Tenho a imagem daquele dia e também de Francisco como um homem religioso de estatura inigualável, um político severo e, principalmente, um bom pastor. Sua vida foi marcada pelos ensinamentos que transmitiu com suas palavras, seu compromisso e seus gestos. Ele mesmo, com sua trajetória, é uma lição para todos nós".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira, 21, que há uma "boa chance" de que a Rússia e a Ucrânia cheguem a um acordo nesta semana para acabar com a guerra. O conflito já dura três anos.

"Há uma boa chance", declarou Trump quando perguntado se ele achava que Moscou e Kiev poderiam selar um acordo até sexta-feira, acrescentando que teve boas reunião com os dois lados.

Durante o evento anual Easter Egg Roll realizado na Casa Branca, o republicano também disse que teve "reuniões muito boas sobre o Irã" e expressou confiança de que uma solução comercial seria alcançada com a União Europeia. "No final das contas, teremos um acordo com qualquer um", afirmou ele.