Apoio ao impeachment reforça racha na direita e deve afetar alianças em 2022

Política
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Em meio à queda de popularidade e ao aumento da pressão pelo impeachment, com a mobilização de adversários nas redes sociais e a multiplicação de carreatas e panelaços, o presidente Jair Bolsonaro conquistou algumas casas preciosas no xadrez político do País.

Com a vitória dos candidatos do Palácio do Planalto às presidências do Senado e da Câmara dos Deputados, cujo ocupante tem a atribuição de aceitar - ou não - um pedido de impeachment, o afastamento de Bolsonaro parece ter ficado mais distante do que muitos de seus opositores gostariam.

"Nós estamos num momento de pandemia, de crise social, de crise econômica. Não precisamos abrir uma crise política", afirmou o deputado Arthur Lira (PP-AL), novo comandante da Câmara, ao responder a uma pergunta sobre o tema um dia antes de ser eleito para o cargo, em entrevista ao programa Em Foco, da GloboNews.

Líder do Centrão - que avalizou a sua candidatura na Câmara e a de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no Senado -, Lira disse que não via motivos para levar o processo de impeachment adiante. "Se o atual presidente (da Câmara), Rodrigo Maia (DEM-RJ), com muita prudência e muito equilíbrio, não pautou nenhum dos 59 pedidos de impeachment que ele tem na gaveta, é porque sabe que não há nada lá que tipifique uma ruptura política desta gravidade."

"Tempestade perfeita". Embora alguns líderes, influenciadores e apoiadores do movimento pelo impeachment afirmem que a mobilização deverá continuar no mesmo diapasão e até crescer nos próximos meses, a postura de Lira poderá esfriar as pretensões do grupo - ao menos enquanto durar a lua de mel de Bolsonaro com o Centrão.

"Acredito que não vai ter mais impeachment, não", diz Fernando Schuler, cientista político e professor do Insper, escola de economia, engenharia e direito de São Paulo. "Para a gente chegar numa tempestade perfeita de impeachment, que ainda está bem longe, tem de haver uma queda mais forte de popularidade do presidente", afirma o cientista político Lucas de Aragão, da Arko Advice, uma consultoria de Brasília. "Essa queda de popularidade terá de ser barulhenta, gerar protestos, grandes manifestações."

Com o recrudescimento da pandemia e as restrições impostas a grandes aglomerações, também parece improvável que as manifestações pelo impeachment alcancem as dimensões necessárias para ampliar o apoio político à medida no Congresso. A não ser que Bolsonaro continue a jogar contra si mesmo, cometendo erros em série e atiçando os adversários com vara curta - o que está longe de ser uma possibilidade remota, considerando o seu retrospecto nos primeiros dois anos de governo.

Entrega de cargos. "O grande adversário do Bolsonaro é ele próprio", afirma o agrônomo Xico Graziano, ex-secretário da Agricultura e do Meio Ambiente de São Paulo, que deixou o PSDB para apoiar Bolsonaro em 2018 e se "desencantou" com ele, embora não esteja apoiando o impeachment. "A capacidade do Bolsonaro de fazer besteira é muito grande."

Os analistas apontam também que a fidelidade do Centrão, conhecido pelos interesses fisiológicos que costumam pautar as ações de seus integrantes, vai depender muito do cumprimento das promessas feitas por Bolsonaro e da entrega de cargos e emendas aos integrantes do grupo. Dependendo do que acontecer neste quesito, a percepção dos parlamentares do bloco em relação ao impeachment pode mudar subitamente. Até agora, porém, os sinais indicam que Bolsonaro, aparentemente, obteve uma sobrevida no posto.

"Esse grupo não tem lealdade ao presidente, mas a ele mesmo. Se o presidente não andar na linha e cumprir o que prometeu, eles vão começar a mandar recados nas votações do Congresso", diz Aragão. "O Centrão é aquele namorado, aquela namorada, desconfiado. É um relacionamento naturalmente tenso."

"Nova esquerda". Agora, desde já, independentemente dos desdobramentos que o impeachment terá nas ruas, nas redes e no Congresso, o movimento pelo afastamento de Bolsonaro, aliado à sua aproximação com o Centrão, gerou efeitos colaterais que deverão ter uma repercussão considerável no atual cenário político e nas eleições de 2022.

Com a adesão de grupos e personalidades de direita e centro-direita que apoiaram Bolsonaro em 2018 à mobilização pelo impeachment, o racha na frente que viabilizou a sua eleição ganhou contornos de um divórcio litigioso. A turma, chamada de "direita limpinha", "nova esquerda" ou simplesmente de "traidora" pelas brigadas bolsonaristas nas redes, já vinha se afastando do presidente por uma razão ou por outra, mais cedo ou mais tarde, nos dois primeiros anos de governo. Mas, ao abraçar a bandeira do impeachment, até agora defendida apenas pela esquerda, levou as divergências na direita a um novo patamar.

A lista de ex-apoiadores de Bolsonaro que encamparam o impeachment inclui grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua (VPR), que lideraram as manifestações pelo afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, além de integrantes das alas lavajatista e liberal, que perderam espaço no governo. Inclui também figuras como o apresentador e comediante Danilo Gentili, que passou a chamar Bolsonaro de "Minto", em vez de "Mito", os cantores e compositores Lobão e Raimundo Fagner, o cineasta José Padilha, o músico e youtuber Nando Moura, o ator Carlos Vereza e intelectuais como Denis Rosenfield, Francisco Razzo, Martím Vasques e o professor de filosofia pernambucano Rodrigo Jungmann, que disse fazer parte da "direita com superego", ao se distanciar do presidente.

Da atuação desastrada na pandemia à quebra da promessa de não disputar a reeleição, da paralisa da privatização e das reformas à aliança com o Centrão e à saída do ex-ministro Sérgio Moro do governo, os motivos que levaram ex-apoiadores de Bolsonaro a se bandear para a oposição e a se juntar ao coro pelo impeachment se contam às dezenas e viraram temas de memes nas redes sociais.

"O caldo bolsonarista foi se juntando com o que há de pior na vida pública brasileira", afirma Lobão, um dos primeiros a defender o impeachment de Bolsonaro entre seus ex-apoiadores. "O malefício que Bolsonaro está fazendo ao País se tornou indiscutível e insuportável. Ele prometeu combater a corrupção e desarmou as estruturas anticorrupção que levaram anos para ser conquistadas", diz o empresário Rogerio Chequer, um dos fundadores do VPR e ex-candidato ao governo de São Paulo pelo Novo. "Bolsonaro prometeu acabar com a mamata, com o 'toma lá, dá cá', mas se uniu com o Centrão", disse o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), um dos líderes do MBL. "Dizia que era contra a reeleição e agora só pensa em 2022."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Mais 135 brasileiros repatriados dos Estados Unidos chegaram neste sábado, 15, ao País. Em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), o quarto voo com imigrantes deportados desde o começo do ano pousou em Fortaleza e depois desembarcou no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte.

Minas Gerais costumava ser o destino dos voos com deportados dos Estados Unidos, mas o governo decidiu mudar a rota para reduzir o tempo que os brasileiros passam algemados depois que o tratamento dado aos imigrantes abriu uma crise diplomática entre Brasília e Washington. As algemas foram retiradas já na parada em Fortaleza.

De volta à Casa Branca, Donald Trump fechou o certo contra os 11 milhões de imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos e intensificou as prisões como parte da operação para deportação em massa. Estima-se que 230 mil brasileiros estão em situação irregular nos Estados Unidos. Desses, 38 mil estão sob ordem de deportação, sem possibilidade de recurso.

No primeiro voo de deportação da era Trump, as imagens de brasileiros algemados em território nacional e as denúncias de maus tratos por parte das autoridades americanas levaram o governo a pedir explicações sobre o tratamento considerado degradante.

Depois do episódio, o chefe da embaixada americana, Gabriel Escobar, pediu desculpas em reunião a portas fechadas. E autoridades dos dois países se reuniram para discutir os próximos voos com deportados.

José Maria Ferreira da Costa, um dos deportados, afirmou que a tentativa de imigrar para os Estados Unidos não valeu a pena. Ele ficou detido por quatro meses após cruzar a fronteira. "A gente nos Estados Unidos é tratado muito mal dentro da prisão. Passa muita fome, é muito maltratado. É uma situação muito desagradável para um pai de família, uma mãe de família, com suas crianças. Não desejo para ninguém", relatou no desembarque em Minas Gerais.

Em Fortaleza, os deportados receberam os primeiros atendimentos antes de seguir para Minas Gerais, origem de boa parte dos imigrantes. A operação envolve os ministérios de Direitos Humanos e Cidadania, Relações Exteriores, Justiça e Segurança Pública e Defesa, além da Polícia Federal.

De acordo com o governo brasileiro, os repatriados recebem alimentação, água, orientações para regularizar os documentos e apoio logístico para retornar a suas cidades de origem. No aeroporto de Confins, uma equipe multidisciplinar com assistentes sociais e psicólogos estava à disposição dos deportados.

Com o voo deste sábado, o total de repatriados dos Estados Unidos desde o começo do ano chega a 498, segundo informações do governo. O País tem recebido deportados com frequência desde 2018, em acordo com os EUA para reduzir o tempo que os brasileiros ficam detidos por imigração ilegal.

Dentre os deportados, dois foram presos pela Polícia Federal já na parada em Fortaleza por estarem com mandado de prisão em aberto no Brasil: um, de Rondonópolis (MT), foi condenado por homicídio e porte ilegal de arma; outro, de Contagem (MG), cometeu um roubo e havia fugido da prisão.

Uma forte tempestade atingiu várias regiões dos Estados Unidos neste fim de semana, provocando tornados, incêndios e ventos extremos. Pelo menos 17 pessoas morreram e centenas de casas foram destruídas. O Estado mais afetado foi o Missouri, onde 11 mortes foram confirmadas após tornados durante a madrugada deste sábado, 15. Em Arkansas, três pessoas morreram e 29 ficaram feridas em oito condados. No Texas, três pessoas morreram em colisões causadas por uma tempestade de poeira.

Os ventos chegaram a 130 quilômetros por hora, causando incêndios em Oklahoma, Texas, Kansas, Missouri e Novo México. Mais de 130 focos de fogo foram registrados apenas em Oklahoma, onde 300 casas foram danificadas ou destruídas. O governador Kevin Stitt afirmou que 266 mil hectares já foram queimados. Em Texas e Oklahoma, milhares de pessoas ficaram sem energia após os ventos derrubarem linhas de transmissão e tombarem caminhões em rodovias.

O Serviço Nacional de Meteorologia emitiu alertas para tornados, incêndios e nevascas. Em Estados do norte, como Minnesota e Dakota do Sul, a previsão é de nevascas com ventos de 100 quilômetros por hora e acúmulo de até 30 centímetros de neve. Fonte: Associated Press.

Os bombardeios americanos contra alvos dos rebeldes houthis no Iêmen mataram pelo menos nove civis e feriram outros nove em Sanaa, capital do país, segundo informou neste sábado, 15, Anees al-Asbahi, porta-voz do ministério da saúde controlado pelo grupo.

Imagens que circulam na internet mostram colunas de fumaça preta sobre a área do complexo do aeroporto de Sanaa, que inclui uma extensa instalação militar. Moradores relataram que pelo menos quatro ataques aéreos atingiram o bairro Eastern Geraf, no distrito de Shouab, ao norte da capital. "As explosões foram muito fortes", disse Abdallah al-Alffi, morador da região. "Foi como um terremoto."

Nasruddin Amer, vice-chefe do escritório de mídia dos houthis, afirmou que os bombardeios não vão dissuadir o grupo, que promete retaliar contra os Estados Unidos. "Sanaa continuará sendo o escudo e o apoio de Gaza e não a abandonará, não importam os desafios", acrescentou em mensagem nas redes sociais.

O presidente Donald Trump anunciou a operação enquanto passava o dia no Trump International Golf Club em West Palm Beach, Flórida. O ataque foi realizado exclusivamente pelos EUA, segundo uma autoridade americana, sem participação de Israel ou do Reino Unido, países que também já bombardearam alvos houthis no passado.

A operação ocorre poucos dias depois de os houthis anunciarem que retomariam ataques contra embarcações israelenses em águas próximas ao Iêmen, em resposta ao bloqueio de Israel a Gaza. Segundo o grupo, as ameaças valem para o Mar Vermelho, o Golfo de Áden, o Estreito de Bab el-Mandeb e o Mar Arábico.

O escritório de mídia dos houthis afirmou que os ataques americanos atingiram "um bairro residencial" no distrito de Shouab. Para os houthis, as agressões elevam seu perfil em um momento em que enfrentam problemas econômicos e intensificam a repressão aos dissidentes e trabalhadores humanitários em meio à guerra civil que há uma década desestrutura o país mais pobre do mundo árabe.

Os bombardeios acontecem duas semanas após Trump enviar uma carta aos líderes iranianos oferecendo um caminho para retomar conversas bilaterais sobre o programa nuclear do Irã. Ao mesmo tempo, o presidente americano adotou uma postura mais dura ao reinstituir a designação de "organização terrorista estrangeira" para os houthis e prometeu responsabilizar Teerã pelas ações do grupo rebelde, como parte de sua estratégia de "pressão máxima" contra o regime iraniano. Fonte: Associated Press.