MP diz que vice-reitora da USP não pode ocupar o cargo após aposentadoria e pede sua exoneração

Política
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O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) deu entrada em uma ação de improbidade administrativa para obrigar a Universidade de São Paulo (USP) a exonerar a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda. O argumento é que ela não pode exercer a função porque já se aposentou compulsoriamente aos 75 anos.

A USP publicou um comunicado rebatendo a ação. A universidade informou que vai apresentar na Justiça os fundamentos jurídicos para a permanência da vice-reitora no cargo até a conclusão do seu mandato, que termina em 2026.

"A atuação institucional, bem como a do reitor e da vice-reitora, sempre foram pautados pela boa-fé e pela transparência", diz o comunicado.

A universidade afirma que o mandato na reitoria tem natureza "sui generis", análoga ao regime das funções comissionadas, e não está sujeito às mesmas regras aplicadas aos cargos efetivos, como é o caso da aposentadoria compulsória aos 75 anos.

A instituição argumenta ainda que o reitor e a vice-reitora assumiram o mandato "pautados por programa de gestão, que se encerrará conjuntamente, e, dessa forma, não cabe ao reitor, nem ao Conselho Universitário, exonerar a vice-reitora do cargo".

"Nem a Constituição, nem as normas da universidade, nem a jurisprudência, nem a farta e qualificada doutrina mencionada nos precedentes, inclusive em pareceres especificamente formulados para o caso, indicam a exoneração da vice-reitora como o caminho legal a ser adotado", afirma a USP.

É o governador de São Paulo quem escolhe os professores titulares que vão ocupar a reitoria e a vice-reitoria na USP, a partir de uma lista tríplice definida em eleição na comunidade universitária.

A Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da Capital - braço do Ministério Público de São Paulo que investiga casos de improbidade - pede que o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior e a vice-reitora sejam condenados a devolver os valores que ela recebeu a título de gratificação desde que assumiu o cargo, em 2022, e a pagar multa e indenização por "danos morais coletivos à sociedade paulista". O total cobrado no processo soma R$ 482.456,70.

"O prejuízo ao erário também se configura, no presente caso, diante da notória perda de dinheiro público dispensado para a manutenção desta política interna, por mais de uma década, pela Universidade de São Paulo", alega o MP.

O processo tramita na 13.ª Vara de Fazenda Pública. Se forem condenados, reitor e vice podem perder as funções na administração pública.

Os promotores de Justiça Silvio Marques, Cíntia Marangoni e Karyna Mori, que subscrevem a ação, acusam a USP de abusar da autonomia universitária.

"A instituição de ensino se utiliza do manto da autonomia universitária para, afrontando a Carta Magna, criar locus normativo próprio, no qual suas deliberações internas são capazes de se sobreporem à vontade do Constituinte", diz outro trecho do processo.

Para os promotores, o vínculo dos servidores com a USP se encerra no momento da aposentadoria, "de forma que o exercício da função de reitor e vice-reitor é logicamente limitado pela aposentadoria compulsória que atinge o cargo docente".

Antes de dar entrada no processo, o MP enviou uma recomendação extrajudicial orientado a USP a exonerar a vice-reitoria. A universidade afirma que houve "abrupta interrupção das tratativas pelo órgão ministerial".

O Ministério Público informa no processo que, se for de interesse da reitoria, o órgão não descarta oferecer um acordo de não persecução civil. Esse instrumento encerra a ação de improbidade, desde que os processados se comprometam a cumprir algumas exigências, como o pagamento de multa.

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O governo da Malásia deu aprovação final para que uma empresa de robótica marinha do Texas (EUA) retome as buscas pelo voo Malaysia Airlines MH370, que desapareceu há mais de dez anos. Acredita-se que a aeronave caiu no sul do Oceano Índico.

Ministros do gabinete concordaram com os termos e condições de um contrato baseado na política "no-find, no-fee" (sem achado, sem pagamento) com a empresa Ocean Infinity, também do Texas. A nova operação de busca no fundo do mar será realizada em uma área de 15 mil quilômetros quadrados no oceano, informou o ministro dos Transportes da Malásia, Anthony Loke, em um comunicado na quarta-feira, 19.

A Ocean Infinity receberá US$ 70 milhões apenas se os destroços forem encontrados.

O avião Boeing 777 desapareceu dos radares logo após decolar em 8 de março de 2014, transportando 239 pessoas, a maioria cidadãos chineses, em um voo de Kuala Lumpur, capital da Malásia, para Pequim, capital da China. Dados de satélite indicam que a aeronave desviou da rota e seguiu para o extremo sul do Oceano Índico, onde acredita-se que tenha caído.

Uma extensa e cara operação de busca multinacional falhou em localizar o avião, embora destroços tenham sido encontrados na costa leste da África e em ilhas do Oceano Índico. Uma busca privada realizada em 2018 pela Ocean Infinity também não obteve sucesso.

A aprovação final para a nova busca veio três meses após a Malásia ter dado um aval inicial para os planos de retomar as operações. O CEO da Ocean Infinity, Oliver Plunkett, afirmou anteriormente que a empresa aprimorou sua tecnologia desde 2018 e que especialistas analisaram novos dados, reduzindo a área mais provável para a localização dos destroços.

O ministro Anthony Loke disse que o contrato será formalizado em breve, mas não revelou detalhes sobre os termos. A empresa já teria enviado um navio para a área e indicou que o período entre janeiro e abril é o mais adequado para a busca.

"O governo está comprometido em continuar a operação de busca e em proporcionar um desfecho para as famílias dos passageiros do voo MH370", afirmou Loke no comunicado.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou um decreto que exige que todos os cidadãos ucranianos presentes em territórios ocupados pelos russos sem autorização legal para permanência (residência) "deixem a Federação Russa por conta própria ou regularizem sua situação jurídica até 10 de setembro de 2025".

O decreto também estipula que estrangeiros e apátridas que tenham chegado às regiões da República Popular de Donetsk, República Popular de Lugansk, Oblast de Zaporíjia e Oblast de Kherson "para fins não relacionados ao exercício de atividade laboral, por mais de 90 dias consecutivos, ou para fins de trabalho, sem ter passado por exame médico", deverão ser submetidos a testes para detecção de drogas e possíveis doenças infecciosas até 10 de junho.

O Estado da Austrália Meridional fechou duas praias depois que peixes mortos e uma espuma incomum de cor esbranquiçada apareceram na costa, enquanto surfistas ficaram doentes, informaram autoridades na terça-feira, 18.

Suspeita-se que uma floração de microalgas, causada por condições climáticas incomuns, tenha afetado tanto os humanos quanto a vida marinha, além de ter gerado a espuma que cobriu centenas de metros da costa, disse Sam Gaylard, principal cientista da Autoridade de Proteção Ambiental da Austrália do Sul.

"É muito preocupante", disse Gaylard à Australian Broadcasting Corp. "É incomum nessa escala. Nesta época do ano, quando as condições climáticas permitem, ocasionalmente ocorrem florações isoladas, mas algo dessa magnitude é definitivamente um pouco incomum", acrescentou.

As praias de Waitpinga e Parsons, ambas ao sul da capital do Estado da Austrália do Sul, Adelaide, foram fechadas ao público desde segunda-feira devido a um "evento de mortalidade de peixes na área", informou o Departamento de Meio Ambiente e Água em um comunicado. "As praias serão reabertas assim que possível", afirmou o departamento.

Dezenas de peixes mortos foram encontrados na costa. Surfistas têm reclamado desde o fim de semana de sintomas como olhos irritados, dor de garganta e tosse após o contato com a água, disse o morador local Anthony Rowland, que surfou em Waitpinga no sábado.

"Enquanto estávamos na água, começamos a tossir", disse Rowland, referindo-se aos colegas surfistas. Ele contou que ficou impressionado com a resposta de outros surfistas após compartilhar sua experiência online. "Muitas pessoas entraram em contato - várias disseram que tiveram exatamente os mesmos sintomas", afirmou Rowland.

Cientistas marinhos coletaram amostras da espuma - um subproduto da decomposição de organismos tóxicos - na segunda-feira, mas pode levar até o final da semana para identificar o organismo responsável, disse Gaylard.

Uma floração de microalgas - organismos microscópicos unicelulares - pode ter sido causada por um recente período prolongado de clima quente e seco, com pouco vento e marés baixas, explicou Gaylard.

Desde domingo, as ondas aumentaram na região, e a turbulência pode estar quebrando as algas enquanto gera mais espuma, acrescentou. "No momento, não sabemos quanto tempo isso vai durar", concluiu Gaylard.