Em São Paulo, quem lidera o 1º turno vence; Haddad foi a única exceção desde 1992

Política
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Se depender do histórico eleitoral de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem tudo para se reeleger. Segundo levantamento do Estadão, desde 1992, todos os candidatos que lideraram o primeiro turno na capital saíram vitoriosos no segundo, com apenas uma exceção: Fernando Haddad (PT), em 2012. O retrospecto reforça a importância de largar na frente, tornando as reviravoltas no segundo turno um acontecimento raro.

Com a máquina municipal e o apoio do governo estadual, Nunes terminou o primeiro turno na frente, mas com uma margem apertada: apenas 25.012 votos à frente de Guilherme Boulos (PSOL), com quem disputará a Prefeitura de São Paulo. O influenciador Pablo Marçal (PRTB), que ficou em terceiro lugar, também terminou próximo, a apenas 81 mil votos de distância do emedebista.

Com exceção de Haddad, todas as disputas pela Prefeitura de São Paulo nas últimas três décadas seguiram o mesmo roteiro: quem largou na frente no 1º turno manteve a vantagem e venceu no 2º. Em 2008, em um cenário semelhante ao deste ano, Gilberto Kassab (então no DEM) e Marta Suplicy (PT) - hoje vice de Boulos - encerraram o primeiro turno colados: 33,61% dos votos válidos para Kassab e 32,79% para Marta.

Da mesma forma que Nunes, Kassab disputava a reeleição no cargo e tinha o apoio do então governador José Serra (PSDB). Hoje, Nunes conta com Tarcísio de Freitas (Republicanos) como seu principal fiador. Enquanto isso, Marta, a exemplo de Boulos, recebia o respaldo do presidente Lula, que à época gozava de alta popularidade.

Antecessor de Nunes, o ex-prefeito Bruno Covas (PSDB) também largou na frente, com 32,85% no primeiro turno, contra 20,24% de Boulos. No segundo turno, Covas ampliou a vantagem e garantiu a vitória com 59,38% dos votos válidos.

O cenário se repetiu em outros anos, como 2000, quando Marta despontou com 38,13% dos votos válidos no primeiro turno contra 17,40% de Paulo Maluf (PPB). No segundo turno, Marta ampliou a vantagem e venceu com 58,51%. Veja o levantamento no fim da matéria.

Haddad foi a única exceção

Fernando Haddad foi o único candidato que chegou ao segundo turno em desvantagem e conseguiu reverter o cenário, saindo vitorioso. Tendo o presidente Lula como seu principal cabo eleitoral, o petista começou a disputa pouco conhecido pelo eleitorado paulistano, mas conquistou visibilidade e cresceu nas pesquisas ao longo da campanha, impulsionado pelo amplo tempo no horário eleitoral.

Haddad terminou o primeiro turno com 28,98%, pouco atrás de José Serra (PSDB), que havia alcançado 30,75%. No segundo turno, conseguiu virar o jogo e abriu vantagem, vencendo com 55,57% dos votos válidos, enquanto o tucano ficou com 44,43%.

2º turno tende a ser mais difícil para Boulos

Apesar da diferença mínima de votos no primeiro turno, a disputa tende a ser mais complicada para Guilherme Boulos do que para Ricardo Nunes no segundo turno - e não é só por conta do histórico de quem lidera no primeiro turno. Nunes entra com o apoio das máquinas municipal e estadual, além de uma rejeição mais baixa: 25% dos eleitores dizem que não votariam nele de jeito nenhum, contra 38% que rejeitam Boulos.

Nunes também conta com o apoio das máquinas municipal e estadual. O governador Tarcísio de Freitas, principal cabo eleitoral do emedebista no primeiro turno, deve continuar engajado em sua campanha.

Por outro lado, o prefeito terá que lidar com a tentativa de Boulos de associá-lo a Bolsonaro, figura com alta rejeição entre os paulistanos. O PSOL deve usar a estratégia de reeditar o embate de 2022 entre Lula e Bolsonaro para atrair eleitores de baixa renda, com o reforço de Lula, Fernando Haddad e Luiza Erundina na campanha. Ao mesmo tempo, Boulos precisará combater o estigma de radical e mostrar que tem capacidade de gestão, uma fragilidade que tenta neutralizar com a presença de Marta Suplicy em sua chapa.

Histórico das disputas na capital

2020

Primeiro turno

Bruno Covas (PSDB): 32,85%

Guilherme Boulos (PSOL): 20,24%

Segundo turno

Bruno Covas (PSDB): 59,38% (eleito)

Guilherme Boulos (PSOL): 40,62%

2016

João Doria (PSDB): 53,29% (eleito em primeiro turno)

2012

Primeiro turno

José Serra: 30,75%

Fernando Haddad: 28,98%

Segundo turno

Fernando Haddad: 55,57% (eleito)

José Serra: 44,43%

2008

Primeiro turno

Gilberto Kassab: 33,61%

Marta Suplicy: 32,79%

Segundo turno

Gilberto Kassab: 60,72% (eleito)

Marta Suplicy: 39,28%

2004

Primeiro turno

José Serra: 43,56%

Marta Suplicy: 35,82%

Segundo turno

José Serra: 54,86% (eleito)

Marta Suplicy: 45,14%

2000

Primeiro turno

Marta Suplicy: 38,13%

Paulo Maluf: 17,40%

Segundo turno

Marta Suplicy: 58,51% (eleita)

Paulo Maluf: 41,49%

1996

Primeiro turno

Celso Pitta: 44,93%

Luiza Erundina: 22,83%

Segundo turno

Celso Pitta: 62,28% (eleito)

Luiza Erundina: 37,72%

1992

Primeiro turno

Paulo Maluf: 48,84%

Eduardo Suplicy: 30,68%

Segundo turno

Paulo Maluf: 58,08% (eleito)

Eduardo Suplicy: 41,92%

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A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

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O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

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*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

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Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.