Mesmo depois de denúncia ao MP, Claudia Leitte volta a cantar Yeshua no lugar de Iemanjá

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A cantora Claudia Leitte voltou a remover o nome de Iemanjá da música Caranguejo. Na noite passada, ela se apresentou no pré-Réveillon no Recife. No show, ela trocou o trecho que fala da orixá e incluiu Yeshua, que, para algumas religiões cristãs, é o nome de Jesus. Claudia é evangélica desde 2014.

Não é a primeira vez que a cantora faz essa troca. No último dia 14, ela se apresentou em Salvador e lá, Claudia cantou "Eu canto meu Rei Yeshua" no lugar de "Saudando a rainha Iemanjá".

Logo depois da apresentação em Salvador, a yalorixá Jaciara Ribeiro e o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) entraram com uma denúncia de racismo religioso contra a cantora.

A denúncia foi acolhida e o MP-BA abriu um inquérito para investigar o caso. O Idafro e a yalorixá argumentam que essa alteração descontextualiza a música e demonstra desprezo e hostilidade por religiões afro-brasileiras, configurando discriminação.

Eles ressaltam que a Festa de Iemanjá, retratada na música, e a própria figura da Orixá são patrimônios culturais protegidos por lei, e que a ação da cantora pode ser considerada um ataque a esses bens.

O advogado Hédio Silva Jr., do Idafro, disse que ingressaria com uma interpelação criminal em nome da mãe Jaciara.

O Estadão entrou em contato com assessoria de imprensa de Claudia Leitte e aguarda posicionamento.

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Os pais de uma menina negra de 12 anos de idade denunciaram à Polícia Civil ofensas racistas proferidas por uma criança de 11 anos, filha do síndico do condomínio onde moram na Vila Maria, zona norte de São Paulo.

Nos vídeos a que o Estadão teve acesso, com cerca de 14 minutos de duração, a menina fala para a câmera, conversando com uma outra criança que não aparece nas imagens: "Pretos são burros", "preto é feio, parece um macaco", "ser racista é bom".

As falas racistas, xenofóbicas e gordofóbicas, que seriam direcionadas à vizinha de 12 anos e a outras crianças do condomínio, continuam: "Acho que eles deviam esfolar a pele deles até eles ficarem mais branquinhos, mais bonitos". "Pretos deviam todos morrer, o sangue deles deve ser mais escuro que o nosso". "Tenho nojo de gente escura". "Boliviano fede", diz a garota, entre outras afirmações.

Segundo o boletim de ocorrência registrado em 19 de dezembro, na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), a vítima relatou à mãe sobre os vídeos que circulavam em um grupo de WhatsApp. A mulher então procurou o síndico, pai da menina nas imagens. De acordo com o documento, o homem primeiro se exaltou, dizendo estar ocupado e com problemas, e posteriormente enviou um áudio pedindo desculpas.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que o caso é investigado pelo 19º Distrito Policial (Vila Maria), responsável pela área dos fatos, como injúria racial.

"Já comunicamos ao Conselho Tutelar, que poderá avaliar a situação e aplicar medidas protetivas, como orientação psicológica, encaminhamento a programas de conscientização ou outras ações educativas e medidas que julgar necessárias", diz o advogado da família, Diego Moreiras, sobre a menina dos vídeos.

Os pais da autora das imagens não foram localizados pela reportagem e, até o momento, não constituíram advogado. Em mensagem divulgada no grupo do condomínio, o pai da menina pede desculpas e diz que a família discorda do que foi dito.

"Venho a público me retratar por um ato praticado por minha filha através de um vídeo em que ela disse coisas ofensivas e preconceituosas", diz no início da mensagem.

"Já tivemos duas conversas em particular onde afirmei e reafirmo aqui: 'Nós não concordamos com o que foi dito por nossa filha. Nós não demos esse tipo de educação para a nossa filha. Nós estamos arrasados como pais e acho que falhamos em algum momento'", acrescenta.

Ele continua afirmando ser neto de afrodescendentes, diz que todos foram criados à imagem e semelhança de Deus e, por fim, pede perdão à família da menina ofendida.

Moreiras afirma que os pais podem ser responsabilizados civilmente pelos atos praticados pela criança, com base no artigo 932 do Código Civil, que estabelece a responsabilidade por danos causados por filhos menores de idade. Isso pode incluir indenizações por danos morais e obrigações de retratação ou reparação simbólica, cabendo ao Poder Judiciário analisar o mérito dos pedidos.

O advogado considera ainda que é preciso verificar se há evidências de que os pais incentivaram ou foram negligentes em relação ao comportamento racista da criança. A autora dos vídeos não pode ser denunciada criminalmente por não ter capacidade penal - o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estipula a idade mínima de 12 anos para a penalização por atos infracionais.

A jovem de 26 anos atingida na cabeça por um tiro disparado por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na terça-feira, 24, começou a despertar e está respondendo a estímulos. A atualização do quadro de saúde de Juliana Leite Rangel consta no boletim médico informado pela Prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por meio da Secretaria Municipal de Saúde da cidade e da direção do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes nesta quarta-feira, 1º de janeiro.

Juliana permanece internada no CTI da unidade hospitalar. O estado de saúde segue dela segue grave, porém, a melhora clínica é considerada progressiva.

Conforme as informações, do ponto de vista neurológico, a jovem ainda está sem interação adequada, não sendo possível uma avaliação completa do nível de consciência e de possíveis sequelas permanentes.

A direção do hospital informa ainda que Juliana segue em ventilação mecânica - uma traqueostomia foi realizada em 30 de dezembro. "Segue em protocolo de redução da sedoanalgesia e ventilação mecânica, apresentando boa resposta a essa redução de suporte", disse a nota.

O processo de desmame de sedação e ventilação mecânica seguirá de acordo com a tolerância da paciente, de acordo com o boletim médico.

"A mesma segue acompanhada pelo serviço de neurocirurgia e cirurgia torácica em conjunto com equipe multidisciplinar", acrescentou a secretaria.

Juliana estava no carro com a família, a caminho de Niterói, para a ceia de Natal, quando foi atingida por disparos de agentes da PRF durante uma abordagem.

Segundo o pai da jovem, mais de 30 tiros foram disparados

Ao Estadão, o pai da vítima, Alexandre Rangel, disse que mais de 30 tiros foram disparados em série pelos agentes, e que os policiais teriam alegado que abriram fogo porque o carro onde estava Juliana teria atirado primeiro.

Na quarta-feira, 25, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento investigatório criminal para apurar a conduta dos agentes da PRF.

No procedimento, o MPF pede que as viaturas que estavam na abordagem sejam recolhidas, assim como as armas dos policiais, e que a Polícia Federal, que também abriu uma investigação, informe o que já foi apurado sobre o caso.

Em nota, a PRF informou que os agentes - dois homens e uma mulher - envolvidos no caso foram afastados preventivamente das atividades operacionais.

A Polícia Civil de São Paulo instaurou um inquérito para apurar a acusação de ameaça de um policial civil contra a jornalista Natuza Nery na noite de segunda-feira, 30, em um supermercado da capital paulista. A corregedoria da instituição assumiu a investigação.

Conforme a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), a vítima acionou a Polícia Militar por meio do 190 e ambos foram conduzidos até o 14° DP (Pinheiros), para o registro da ocorrência. A reportagem tentou contato com a jornalista por meio de sua assessoria, mas não obteve retorno.

Segundo informações obtidas pela coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o homem teria dito que a jornalista da GloboNews e a empresa para a qual trabalha são "responsáveis pela situação do País" e que pessoas como a profissional "merecem ser aniquiladas".

"A corregedoria da instituição, assim que cientificada dos fatos, se deslocou até a delegacia e assumiu as investigações, realizando diligências no estabelecimento em busca de imagens do ocorrido e eventuais testemunhas", afirma a SSP.

Uma investigação no âmbito administrativo também foi aberta contra o agente, podendo resultar no seu afastamento, de acordo com a pasta.