A Divisão Antissequestro do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope) investiga o sequestro de um empresário espanhol, de 25 anos, na região metropolitana de São Paulo, que terminou com a prisão de um policial civil, nesta segunda-feira, 31, e a de um policial militar da reserva, no sábado, 29.
Um terceiro agente, também policial civil, é suspeito de envolvimento com o caso e está foragido, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP). Ainda conforme a pasta, a Corregedoria da Polícia Civil apontou a participação de sete suspeitos ao todo, incluindo a namorada da vítima, Luana Bektas Lopez, do Paraguai. A defesa dela não foi localizada.
"As forças de segurança do Estado ressaltam seu compromisso com a legalidade e afirmam que não toleram desvios de conduta, aplicando punições exemplares a agentes que descumprem a lei e os protocolos institucionais", completou a pasta. Procurada, a Embaixada da Espanha no Brasil ainda não se pronunciou sobre o caso.
O crime aconteceu no início da semana passada. O empresário Rodrigo Perez Aristizabal relatou à polícia, sem conseguir precisar o dia, que voltava de uma padaria para o seu apartamento, no Ipiranga, zona sul da cidade, na noite de segunda ou terça-feira, quando foi abordado por dois homens que estavam em uma camionete preta com a logomarca da Polícia Civil.
Ele foi chamado pelo nome. Ao responder, os supostos agentes teriam dito que eram da polícia internacional, e o colocaram à força no veículo. Os suspeitos estavam usando uniforme da Polícia Civil, segundo o boletim de ocorrência.
Aristizabal foi levado para um cativeiro, em uma área de mata em Mogi das Cruzes. Ele relata que teve de tomar remédio para dormir. Ele conta ainda passou a ser extorquido pelos sequestradores. De acordo com a vítima, os suspeitos teriam desviado uma quantia de US$ 50 milhões da sua conta - cerca de R$ 287 milhões na conversão atual.
Conforme o registro policial, no sábado, ele conseguiu escapar do cativeiro depois de colocar, escondido, o remédio tranquilizante em uma bebida que estaria tomando acompanhando de um dos sequestradores, de quem teria conseguido a confiança.
O espanhol conseguiu se libertar das algemas, escapar do cativeiro, e acessar um restaurante, onde acionou a PM. Os agentes foram ao local onde o empresário era mantido como refém e encontraram um dos sequestradores no local do crime.
Aos policiais, Ronaldo da Cruz Batista confessou a participação no crime e ele foi preso em flagrante. A defesa dele também não foi localizada.
De acordo com a Corregedoria da Polícia Civil, sete pessoas estão envolvidas no caso. De acordo com SSP, um policial civil também confessou a participação na ocorrência.
A secretaria diz que as autoridades seguem as buscas para capturar os demais envolvidos e esclarecer todas as circunstâncias do caso.
Participação da namorada
A Corregedoria da Polícia Civil investiga a participação da namorada de Rodrigo Aristizabal no crime. O espanhol relatou à polícia que Luana Bektas teria aparecido no local do cativeiro em um dos dias em que esteve sob o domínio dos bandidos.
Ainda conforme o registro policial, o empresário teria percebido, no dia do sequestro, que a companheira estava trocando mensagens no celular com um contato identificado como "Thor", com quem ela já teria conversado em outras oportunidades, escondida do empresário.