Taís Araujo expõe recusa a Vin Diesel e revela episódio de racismo em condomínio de luxo

Variedades
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Taís Araujo explicou os motivos que a levaram a recusar o convite de Vin Diesel para atuar no filme Velozes e Furiosos, durante entrevista ao videocast Conversa vai, conversa vem. A atriz também falou sobre os desafios que enfrentou para educar seus filhos, João Vicente e Maria Antônia, em uma sociedade marcada pela desigualdade racial. Taís compartilhou um episódio de racismo que seu filho vivenciou em um condomínio de luxo e discutiu o impacto dessas experiências na infância.

Taís Araujo revelou que foi convidada para um teste de seleção para o filme Velozes e Furiosos, mas, ao viajar para Los Angeles (EUA), optou por não aceitar o papel. Para ela, naquele momento, a prioridade era sua vida pessoal e sua família. "Eu queria ter filho. Meu marido está me esperando lá em Nova York. Mas é óbvio que se eu te falar que vou fazer, vou fazer, mas meu desejo agora é olhar para a minha vida pessoal", explicou.

A atriz comentou que, apesar do convite para um grande filme, sua decisão foi motivada por não se identificar com o "sonho americano". "Nunca tive esse 'american dream'. Tenho uma vida muito boa aqui no Brasil, sou muito feliz aqui", disse Taís, deixando claro que a experiência de viver em Hollywood nunca foi uma de suas ambições.

Racismo enfrentado pelo filho

Em outro momento da entrevista, Taís relatou um episódio de racismo vivido por seu filho, João Vicente. Ele foi parado por um segurança enquanto caminhava no condomínio de um amigo negro. "Estava andando no condomínio de um amigo negro, e o segurança parou eles", contou Taís.

Ela lembrou que, ao alertar seu filho sobre o que ele poderia enfrentar fora de casa, disse: "Quando for na rua, vai ser pior". Para Taís, essa situação não foi apenas um incidente isolado, mas um reflexo de uma sociedade que constantemente coloca obstáculos para as crianças negras. "É duro porque te obriga a tirar a inocência de uma criança. Mas se eu não alertar, pode ser pior", completou.

A atriz também abordou o impacto de situações cotidianas de racismo na vida de seus filhos. Ela explicou que, além das grandes questões, são os pequenos gestos que também fazem parte da educação. "Falo pra minha filha: 'Não deixa tocar no seu cabelo. Se tocar, tu pode... depois eu resolvo com a escola'", disse.

Batalha para educar filhos negros em um ambiente desigual

Taís Araujo falou também sobre os esforços que ela e o marido fizeram para garantir que seus filhos tivessem uma educação de qualidade, apesar de viverem em um contexto social racialmente desigual. Ela destacou que, ao escolher uma escola predominantemente branca, ela e outros pais negros se organizaram para criar um movimento que trouxesse seus filhos para aquele espaço. "A gente fez um movimento de pais de crianças negras colocarem seus filhos nessa escola", contou.

A atriz enfatizou a importância de ensinar seus filhos sobre sua herança cultural, algo que ela não teve acesso em sua infância. "Meu filho está lendo Carolina Maria de Jesus no oitavo ano. Minha filha estava estudando as escolas de samba. Estão aprendendo sobre a cultura do País. Isso já é um acontecimento bem diferente da minha época", disse Taís.

Além das questões raciais, Taís também falou sobre os desafios de criar um filho homem em um mundo dominado pela misoginia. "Tento o tempo inteiro. E o mundo vai dizendo que a gente tá errado. Passa por mim também, de não ficar reproduzindo coisas. Estou me reeducando", afirmou.

Ela explicou que, ao educar seus filhos, o objetivo não é apenas corrigir comportamentos entre meninos e meninas, mas garantir que os dois tenham igualdade de oportunidades e tratamento. "Quando falo que algo não pode para os meus filhos, nunca é porque um é menino e a outra é menina, mas pela idade", disse Taís, deixando claro que as regras em casa se aplicam a ambos de forma igual, sem distinção de gênero.

No entanto, a atriz também contou que, mesmo dentro de sua família, é necessário lidar com os estereótipos passados pelas gerações anteriores. "Mas aí vem minha mãe e solta uma pérola, vem meu pai e solta outra", comentou, apontando como, muitas vezes, ela precisa corrigir os avós para que não repitam padrões antiquados. E, ao fazer isso, seus filhos já estão aprendendo a se posicionar: "Mas eles já falam: 'Vovô, não é assim'", disse Taís. "Minha filha é mais combativa", completou.

Em outra categoria

A Justiça de São Paulo determinou nesta terça-feira, 13, a paralisação das obras que estão sendo realizadas para instalar uma churrascaria dentro do Parque da Água Branca, na zona oeste de São Paulo. A decisão, provisória, foi tomada pelo juiz Márcio Ferraz Nunes, da 16.ª Vara da Fazenda Pública da capital, em ação popular proposta pela vereadora Luna Zarattini (PT).

Inaugurado em 1929, o Parque da Água Branca foi concedido à iniciativa privada em 2022, quando a Reserva Parques passou a ser responsável pelo espaço. Nos últimos meses teve início uma reforma no prédio onde funcionou um estábulo da Polícia Militar, desativado. O objetivo é instalar no local uma unidade da Fazenda Churrascada.

Mas, toda a área do parque é tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) desde 1996 e pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) desde 2004. Por isso, qualquer obra em seus prédios precisa de autorização prévia desses órgãos.

A reportagem entrou em contato com a Fazenda Churrascada, responsável pela obra, e a Reserva Parques, concessionária que administra o Parque da Água Branca, e aguarda retorno.

A irregularidade foi denunciada ao Conpresp em 28 de abril pela conselheira Danielle Dias, que visitou o espaço em obras. Em janeiro, a Fazenda Churrascada pediu autorização ao Conpresp para instalar mesas, cadeiras e tendas no parque e promover um evento temporário para até 426 pessoas chamado "Hípica Churrascada".

O memorial descritivo que acompanha o pedido afirma que haveria montagem e desmontagem de equipamentos e mobiliário de restaurante, incluindo uma tenda. Mas não cita as obras no estábulo.

Por conta da falta de autorizações dos órgãos do patrimônio histórico, em 6 de maio a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) já havia determinado a suspensão das obras no espaço.

O juiz aceitou os argumentos. "Ao que se extrai dos documentos acostados à inicial, a obra não somente já se iniciou, mas está em estágio consideravelmente avançado", registrou na decisão o magistrado Nunes. "Também se extrai dos autos que a obra não foi devidamente aprovada pelo Conpresp. E, a despeito de existir notícia de que já houve determinação de suspensão da obra, administrativamente, não há confirmação da prática de tal ato administrativo nos autos", segue o juiz.

"Assim, em primeira análise da questão, verifico presentes os requisitos necessários à concessão da liminar, especialmente pelas consequências irreparáveis que a continuidade da obra pode acarretar ao patrimônio público tombado", decidiu Nunes. "Defiro o pedido liminar para determinar a imediata suspensão das obras realizadas no Parque da Água Branca, com vistas à construção do restaurante denominado Hípica Churrascada, ou qualquer outra que venha a ser a sua denominação, sob pena de imposição de multa". A liminar, no entanto, não determina qual será a multa.

O Ministério Público investiga o que chama de "loteamento, a exploração predatória e a elitização" do Parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. O inquérito tem como alvo a concessionária Urbia e a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

No documento, ao qual o Estadão teve acesso, o promotor Silvio Marques aponta que a Urbia, com a conivência da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, "de fato está transformando o Parque Ibirapuera em verdadeiro 'shopping center' a céu aberto".

O processo foi aberto em dezembro de 2024. À reportagem, o promotor afirmou que atualmente está em fase de coleta de provas. "Inclusive será feito um parecer técnico sobre a descaracterização do parque, que é tombado pelos Iphan (obras de Oscar Niemeyer), Condephaat e Conpresp", disse.

"O Parque Ibirapuera é bem público de uso comum, não sendo pertinente a monetização, o loteamento ou a transformação do espaço em centro de compras", aponta o promotor.

Em coletiva de imprensa nesta terça, 13, o prefeito Ricardo Nunes defendeu a concessão e levantou o tom. "Esse promotor tinha que ser candidato a prefeito, ganhar a eleição, para querer governar. (...) Não o Ministério Público, que é um órgão sério, importante, que contribui com o governo, mas tem promotor que às vezes já está passando dos limites, quer fazer pressões e não vamos aceitar. (...) Não vai ter nada de acabar com as concessões, muito pelo contrário, vamos fazer mais concessões, porque é isso que a população quer."

Questionado, Silvio Marques disse que o prefeito também pode ser investigado por permitir a descaracterização do Parque Ibirapuera e que não irá comentar as declarações de Nunes.

A Urbia negou as irregularidades e disse considerar a comparação "inverídica". Por meio de nota, a concessionária afirmou que todos os apontamentos do inquérito "são infundados e a concessionária já se manifestou formalmente com os argumentos contratuais e legais."

A empresa diz ver indícios de que o inquérito pretende questionar o contrato celebrado e, especialmente, o modelo de concessão. "A comparação do parque com um shopping center também é inverídica, uma vez que não há lojas, mas apenas pontos de alimentos, bebidas e souvenirs."

De acordo com a concessionária, os espaços comerciais presentes no parque hoje foram reduzidos em relação ao período pré-concessão. "Os pontos atuais constituem obrigação contratual com a inclusão de 169 vendedores autônomos ao projeto, pessoas que trabalham no parque há décadas. Hoje, não superam 140 unidades."

No inquérito, o promotor afirma que a concessionária permitiu a instalação de espaços destinados a um público específico de determinadas marcas, como o caso da "Casa Nubank Ultravioleta", serviço desenvolvido para descanso e lazer somente de alguns clientes do banco.

"Os atuais gestores da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, segundo as informações obtidas pela Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social, estão se omitindo ou permitindo eventos, autorizando a construção de grandes edifícios e a exploração predatória por diversos empresários do espaço do Parque Ibirapuera."

O Nubank diz, em nota, que "reforça seu compromisso em respeitar as regulamentações vigentes". "A empresa permanece à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos aos órgãos responsáveis."

Desde o início do ano, o MP apura a cobrança a treinadores de corrida que utilizam o espaço para reuniões e prática de exercícios de seus alunos.

No final de 2024, um publicitário que organizava um grupo de corrida gratuito no parque foi impedido de realizar um encontro dentro do espaço. Ao MP, ele informou que recebeu uma notificação extrajudicial informando que deveria mudar de local ou cancelar.

Segundo o promotor, a associação de moradores do entorno do parque aponta que os eventos de grande porte realizados nos finais de semana, "com alto volume de som e grande afluxo de público, causam inúmeros danos à saúde e perturbação da fauna local."

Acesso livre e gratuito

A Urbia venceu a disputa pela concessão do Ibirapuera e assumiu, em 2020, a gestão e operação do parque por um período de 35 anos. Uma das exigências é manter o acesso livre e gratuito ao parque durante todo o contrato. A concessionária pode lucrar, por exemplo, com o uso do restaurante do parque, o estacionamento e o aluguel de espaços para eventos.

Na investigação, o promotor cobrou esclarecimentos do secretário municipal do Verde e Meio Ambiente sobre as taxas para a utilização do parque, e pede os nomes dos agentes públicos que autorizaram ou não fiscalizaram tal prática pela Urbia.

Também foram solicitados os documentos que autorizaram a concessionária a utilizar o espaço para fins de obtenção de lucro.

O que diz a Prefeitura de SP

Questionada, a Prefeitura não respondeu se os documentos já foram enviados e quais as medidas tomadas com relação às alegações do promotor.

Em nota, a gestão municipal apenas afirmou que o modelo de concessão "tem contribuído para a melhoria de equipamentos públicos e serviços à população" e reforçou o "compromisso com a legalidade, proteção ambiental e fiscalização das ações da Urbia".

Um grupo de criminosos invadiu um prédio residencial na Rua Dr. Gabriel dos Santos, em Higienópolis, na região central de São Paulo, nesta terça-feira, 13, e fez moradores reféns.

Informações preliminares indicam que, durante o arrastão, um grupo de oito assaltantes entrou em apartamentos e conseguiu roubar os pertences das vítimas. O 13.° Batalhão de Polícia Militar foi acionado para atender o caso.

"A ocorrência foi comunicada ao Delegado de Plantão do 2° Distrito Policial, que ficará responsável pela investigação dos fatos e das circunstâncias do crime", informou a Polícia Militar em nota.