'Ninguém nunca tinha cantado como eu', diz Ney Matogrosso no 'Conversa com Bial'

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Ney Matogrosso foi convidado do Conversa com Bial na quinta-feira, 24, como parte da programação comemorativa dos 60 anos da TV Globo. Aos 83, o artista celebra 50 anos de carreira solo, inclusive com a estreia da cinebiografia Homem com H nos cinemas, em 1º de maio. O programa já está disponível na íntegra no Globoplay.

Pedro Bial recebeu o artista como "alguém que pode falar a respeito de música no reino da imagem". Ney apresentou sua versão da clássica Como Dois e Dois, composição de Caetano Veloso imortalizada nas vozes de Roberto Carlos e Gal Costa.

A conversa abordou a trajetória do artista, sua personalidade irreverente e a liberdade sexual. Tratou também da relação de Matogrosso com a TV, as novelas marcadas por sua voz, e as performances teatrais, singulares, que eternizam sua carreira.

"Ninguém nunca tinha cantado e vestido do jeito que eu me vestia. Ninguém tinha cantando com o rosto escondido como eu. Acho que muita coisa foi atiçando o povo", avaliou o artista. Pintar o rosto era uma forma de se "poupar do desprazer de não andar na rua, porque diziam que artista não andava na rua. Como é que eu ia perder o direito de andar na rua com 31 anos de idade?", disse Ney.

Ele relembrou o clássico musical do Secos & Molhados, exibido pelo Fantástico nos anos 1970 e responsável pela repercussão da banda em escala nacional. "Ali a história começou, detonou. Nunca tinham visto aquilo."

Na ocasião da gravação, ele conta, um diretor disse que não deveriam olhar para a câmera. "Eu olhei para a cara do fulano e disse: 'Eu vou olhar'. Porque exatamente o que eu pretendia, estando na televisão, era ser visto e me comunicar com as pessoas. Isso era proibido. E foi para o ar eu olhando", descreve Ney.

O arquivo foi perdido em um incêndio, mas, felizmente, outra gravação, feita para um programa dominical mexicano nos estúdios da finada TV Tupi, sobreviveu. O vídeo serviu de base para uma cena da cinebiografia que reproduz a apresentação de Sangue Latino.

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A brasileira Bianca Fraccalvieri foi a responsável pela leitura em português da Oração Universal, também conhecida como Oração dos Fiéis ou Preces, durante a missa de funeral do papa Francisco neste sábado, 26.

A cerimônia teve início às 10h no horário local (5h no horário de Brasília) e foi comandada pelo cardeal italiano Giovanni Battista Re, decano do Colégio dos Cardeais.

Após a leitura do evangelho, as orações universais são feitas em seis línguas diferentes. A terceira leitura, em português, foi feita por Bianca, que é jornalista e coordena as redes sociais do Vaticano.

Bianca também estava à frente de uma equipe de brasileiros totalmente dedicada aos detalhes finais do funeral do papa.

Ela conviveu por muitos anos com Francisco e foi convidada pelo Santo Padre para fazer leituras religiosas nos encontros semanais do papa com funcionários do Vaticano.

No site Vatican News, que transmite as notícias oficiais da Igreja e do país, é possível encontrar matérias feitas pela jornalista.

O funeral do papa Francisco ocorreu neste sábado, 26, em uma cerimônia repleta de significados. Antes de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, o corpo do papa foi abençoado durante uma missa na Praça de São Pedro.

Durante a celebração, alguns rituais da fé católica chamaram atenção, como orações em latim e grego, a comunhão para todos os fiéis da praça, entre outros.

O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma), explica alguns símbolos que apareceram na cerimônia deste sábado.

Homilia

A "homilia" é o momento em que o sacerdote passa a mensagem pregada durante a missa. A palavra vem do grego e significa "conversa". É quando o sacerdote fala sobre o Evangelho e aborda outros aspectos da palavra de Deus.

Na homilia, o cardeal Giovanni Battista Re, que rezou a missa, destacou o perfil conciliador do pontífice e destacou que Francisco foi um papa "junto do povo" e "atento aos sinais de seu tempo".

Battista Re é o decano do Colégio dos Cardeais. Perto do altar ficaram 220 cardeais e 750 bispos, além de aproximadamente 4 mil padres.

"São inúmeros os seus gestos e exortações a favor dos refugiados e deslocados. Constante foi também a sua insistência em agir a favor dos pobres", disse o cardeal na homilia, citando ainda a frase do papa: "Construir pontes e não muros".

Orações em latim

Latim é a língua universal da Igreja. Segundo o padre José Eduardo, quando há fiéis de diversas origens, a missa é celebrada em latim, que é "a língua litúrgica comum de todos os católicos".

Antes do início do rito da comunhão, o sacerdote inicia a reza do Pai Nosso, que é a principal oração da fé católica, conhecida como "a oração que Jesus nos ensinou".

"O Pai Nosso é sempre rezado no início do Rito da Comunhão, como expressão da nossa filiação divina em Cristo", explica o padre José Eduardo.

Comunhão

O sacramento da comunhão é um momento-chave da missa. Para os católicos, a hóstia consagrada é o próprio corpo de Cristo, entregue como "alimento de vida eterna" e um instrumento de remissão dos pecados.

Neste sábado, a comunhão foi distribuída para todos os fiéis que acompanhavam a missa em homenagem ao papa na Praça de São Pedro. O momento foi um dos mais emocionantes da celebração.

"Para a Igreja, depois da Consagração, o pão se converte na carne do Senhor", explica o Padre José Eduardo.

Ladainha

A ladainha é um momento da missa no qual o sacerdote pede a intercessão aos santos pela alma do papa Francisco.

Na oração do "Credo" há uma passagem que explica esse momento. Um dos versos ditos é "creio na comunhão dos Santos", isso significa que a fé católica acredita que há uma comunhão entre a chamada "Igreja militante" -a que está neste mundo-, a "Igreja padecente" - que reúne as almas do purgatório -, e a "Igreja triunfante"- que congrega os santos que estão no céu.

"Portanto, no caso, a Igreja militante intercede junto à Igreja triunfante pelo Papa, presumindo que ele possa estar na Igreja padecente, com as almas em purificação. É claro que não temos certeza de onde ele está e, justamente por isso, rezamos por sua alma", explica o padre José Eduardo de Oliveira e Silva.

Ofício de defuntos

O "Ofício de defuntos" é o conjunto das orações que a Igreja faz pelos fiéis falecidos. Nesse momento, patriarcas da Igreja Católica no Oriente também se apresentaram e ficaram junto ao caixão para rezar pelo pontífice, quando é feita a oração da liturgia bizantina e o coro canta em grego.

Como explica o padre José Eduardo:

"No caso, como o papa é o pastor de toda a Igreja, a qual tem, no dizer de S. João Paulo II, dois pulmões: Oriente e Ocidente, são feitas duas orações, em latim e em grego, para representar a unidade de toda a Igreja, órfã, diante do corpo de seu pai terreno".

Responsório

O "responsório" é um tipo de oração, um cântico, na qual o sacerdote diz um verso e os fiéis respondem com outro.

No ritual das "exéquias", ou seja, do sepultamento, é feita a oração responsória pelo defunto. A própria palavra "exéquias" vem do latim e significa "acompanhar". Nesse momento, o corpo é borrifado com água benta e incensado.

"Com esse rito, a Igreja professa a fé na ressurreição da carne: no final dos tempos, os nossos corpos ressurgirão com Cristo glorioso", diz o padre José Eduardo.

O rito das exéquias é considerado sagrado pela Igreja. Durante esse rito, o corpo do papa foi incensado e benzido por um dos patriarcas.

"A água é em recordação do batismo. E o incenso representa as nossas orações por aquela alma, orações que sobem perfumadas para o céu", explica o padre.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse desejar que o próximo papa seja igual a Francisco, pontífice enterrado neste sábado, 26. "Quisera Deus que o próximo papa fosse igual a ele, com o mesmo coração dele, os mesmos compromissos religiosos dele, com os mesmos compromissos com o combate à desigualdade", disse Lula em Roma, onde acompanha o funeral de Francisco.

Lula disse ainda ter "um apreço muito grande pelo comportamento como homem, como religioso" de Francisco, e afirmou que o acompanhamento do cortejo fúnebre "foi uma dívida que nós pagamos a um homem que prestou serviços à humanidade".

A comitiva do presidente em Roma contou com a presença de quatro ministros de Estado, dos chefes dos Três Poderes e dez parlamentares. Além deles, participaram do ato a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e o embaixador Celso Amorim, assessor-chefe da assessoria especial da Presidência da República.

Em nota de pesar pelo falecimento de Francisco, Lula já havia dito que o papa foi uma "voz de respeito e acolhimento ao próximo". "O Papa Francisco viveu e propagou em seu dia a dia o amor, a tolerância e a solidariedade que são a base dos ensinamentos cristãos", disse o presidente, que decretou um luto oficial no País de sete dias como homenagem ao pontífice.

Em Roma, Lula também comentou sobre o encontro entre Donald Trump e Volodmir Zelenski. Os presidentes dos Estados Unidos e Ucrânia, respectivamente, se reuniram na manhã deste sábado antes do início do funeral. O petista criticou os chefes de Estado pela falta de consenso a uma solução de paz e defendeu mais negociações para a resolução do conflito provocado pela invasão da Rússia à Ucrânia.

"O Brasil continua teimando que a solução é a gente fazer com que os dois sentem na mesa de negociação e encontrem uma solução não só para Ucrânia e para Rússia, mas também para a violência que Israel comete contra a Faixa de Gaza", afirmou Lula.