Danilo Gentili e Ratinho comemoram demissão de Rinaldi Faria do SBT

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O SBT anunciou, nesta terça-feira, 18, a saída de Rinaldi Faria da emissora através de um comunicado oficial para a imprensa. Na mesma noite, Danilo Gentili, apresentador do The Noite, ironizou a demissão de Rinaldi da Superintendência Artística e de Programação, em seu perfil no X, enquanto Ratinho agradeceu de joelhos por "permanecer na emissora".

"O SBT e o empresário Rinaldi Faria comunicam, em comum acordo, o encerramento do contrato de prestação de serviços de consultoria. Rinaldi Faria integrou a emissora há um ano como consultor e, desde julho, acumulava interinamente as responsabilidades da Superintendência Artística e de Programação", começou o comunicado, enviado ao Estadão. Rinaldi é conhecido por ter criado os palhaços Patati e Patatá, sucesso do público infantil.

A empresa explicou que Rinaldi coordenou e realizou estratégias para o desenvolvimento do conteúdo de programas: "O SBT agradece a parceria, a dedicação e as contribuições de Rinaldi Faria e deseja sucesso nos seus próximos desafios profissionais e de seus próprios negócios. A reestruturação da área será conduzida diretamente pela Presidência do SBT, que reforça seu compromisso em manter o avanço na jornada de transformação e inovação da emissora."

Durante o Programa do Ratinho dessa terça-feira, 18, o apresentador, junto de Liminha e de parte do elenco, agradeceu de joelhos pela permanência na casa, ironizando a saída de Faria. Após a veiculação da notícia nas redes sociais, Danilo Gentili respondeu ao comunicado: "Se você quer sumir, fale com o Patati. Se você quer chorar, fale com o Patatá."

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Dois policiais militares estão internados em estado grave após serem atropelados no acostamento da Rodovia dos Imigrantes, em São Paulo. Segundo a PM, o acidente ocorreu na noite desta terça-feira, 18, às 22h37.

Os PMs prestavam apoio a um motorista na troca de pneu quando foram atingidos por um caminhão que perdeu o controle. O 2º sargento PM Borges, está entubado e aguarda avaliação de um neurologista.

O soldado PM Joelson, passou por procedimento cirúrgico, sofreu uma nova parada cardiorrespiratória e também está entubado. O motorista do caminhão, que estava junto aos policiais na troca do pneu, sofreu lesões leves, mas está consciente e em recuperação.

A Polícia Militar afirma que presta apoio aos policiais e ao motorista, bem como aos seus familiares, acompanhando de perto o estado de saúde dos envolvidos.

O avanço do crime organizado traz uma série de consequências danosas para moradores da Amazônia Legal, segundo a 4ª edição do Cartografias da Violência na Amazônia, estudo divulgado nesta quarta-feira, 19, em meio à Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30), que ocorre em Belém.

A pesquisa aponta que a atuação de facções como o Comando Vermelho (CV) resultou em aumento do uso de óxi, droga considerada mais forte que o crack, e até no surgimento de "minicracolândias" em cidades da região da tríplice fronteira com Peru e Colômbia, como Tabatinga e Benjamin Constant, no Amazonas.

"Pelo menos na região do Alto Solimões, esse é um problema que tem afetado principalmente comunidades indígenas que estão em regiões periurbanas (entre a zona rural e ambientes urbanos)", afirma ao Estadão David Marques, gerente de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

"O que chamou a atenção nesse caso foi isso também estar presente numa região fronteiriça e estar afetando mais diretamente comunidades indígenas, algo que não tinha sido documentado dessa forma até então. Havia muito mais relatos em relação ao uso abusivo de álcool, que também segue presente", acrescenta.

O Cartografias da Violência na Amazônia, um dos estudos mais robustos sobre o avanço do crime organizado na região de floresta, é produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com entidades como os institutos Mãe Crioula e Clima e Sociedade.

O material apontou que 17 facções criminosas têm presença ativa na Amazônia Legal, incluindo três grupos estrangeiros. Elas estão em quase metade das 772 cidades da região. O foco principal é o tráfico internacional, mas a presença desses grupos também tem acarretado em consequências diretas à população.

Mais de um quarto das cidades da Amazônia Legal são dominadas pelo CV. A região é considerada estratégica pela possibilidade de importar rapidamente cargas de cocaína e skunk de países como Peru e Colômbia, além de permitir que as mesmas rotas sejam usadas para crimes ambientais.

"Embora também trabalhe o tráfico no atacado (tido como o principal foco de grupos como o CV), digamos, (as facções) também têm interesse grande em controlar e disponibilizar essa droga no varejo, no mercado local", afirma Marques. O pesquisador afirma que as minicracolândias podem ser vistas como um problema diretamente associado à intensificação da presença de organizações criminosas que têm o narcotráfico como um de seus principais pilares econômicos - além do Comando Vermelho, também atua na região o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Conforme o Cartografias, as minicracolândias, descritas como problema recente da região, têm piorado a sensação de insegurança de moradores do Alto Solimões. "A cocaína é barata, mas eles acabam utilizando uma mais barata ainda, um refugo, um resto da preparação, que vira o óxi", descreve uma autoridade de Benjamin Constant ouvida pelos pesquisadores.

Uso de óxi, mais forte que o crack, preocupa

O "óxi" (ou oxidado), subproduto da cocaína que combina substâncias químicas como cal, querosene, gasolina ou solventes em um produto de baixo custo, é apontado como o principal vetor da desestruturação familiar e da cooptação da juventude na região, segundo o estudo. "Famílias relatam perder o controle de seus filhos muito jovens sendo recrutados para o consumo e para a pequena criminalidade a ele associada", diz o Cartografias.

Segundo a pesquisa, em entrevistas com autoridades policiais e municipais, a maior parte dos furtos e pequenos roubos nas cidades é atribuída a dependentes químicos que buscam sustentar o vício, "alimentando um ciclo de insegurança de baixa intensidade, mas de alta frequência, que gera medo e altera o modo de vida nas cidades".

Nas comunidades indígenas do Alto Solimões, o microtráfico (ou tráfico de varejo) tem se consolidado como uma das principais formas de presença do crime organizado, ocupando a maior parte dos relatos e das demandas por segurança por parte dos indígenas. "O consumo abusivo de álcool e drogas é uma preocupação amplamente relatada, trazida por mães e lideranças ticuna, que observam a crescente intrusão desse tipo de comércio e produto nas aldeias, sobretudo nas maiores e com maior acessibilidade fluvial", diz o estudo.

"Essas dinâmicas, embora não sejam inteiramente novas, se intensificaram a ponto de se tornarem a pauta mais urgente dessas comunidades, que têm se mobilizado em diversas direções para dar conta do problema", acrescentam os pesquisadores.

O Cartografias aponta que, em uma das maiores aldeias indígenas da região de Tabatinga, uma das principais portas de entrada da droga na Amazônia, há relatos de práticas que se assemelham às observadas em centros urbanos: reuniões noturnas de adolescentes com música e venda e consumo de bebidas alcoólicas e drogas.

O acesso aos itens é proporcionado por pessoas de fora dessa comunidade, mas também pode ser facilitado por jovens ticuna cooptados pelo tráfico. Segundo o estudo, eles têm se envolvido cada vez mais cedo nessas dinâmicas: os relatos dão conta de uma faixa etária entre 12 e 16 anos.

O óxi não é uma droga exatamente nova: houve preocupação em relação ao uso da substância no começo dos anos 2010. A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo publicou em 2011 um alerta em que afirmou que a droga teria um efeito ainda mais devastador à saúde do que o crack.

"O que se relatava naquele momento, aqui em São Paulo pelo menos, é que os traficantes conseguiam vender o óxi mais barato, como um atrativo, ou muitas vezes ofereciam o óxi para aqueles que já estavam sob o efeito do crack, conseguindo ter uma lucratividade maior, já que o óxi era vendido como crack", afirma Marques.

Umariaçu e Belém do Solimões estão entre comunidades afetadas

Entre as regiões mais afetadas pelo surgimento de minicracolândias na Amazônia estão as comunidades de Umariaçu e Belém do Solimões, esta última uma das maiores do Brasil. "É uma surpresa que tenha chegado também num território como esse a formação de um problema já bem documentado em grandes centros urbanos", diz Marques.

As minicracolândias são descritas no estudo como espaços de uso contínuo de drogas e que envolvem até mesmo mulheres com crianças pequenas. Entre as consequências diretas desse fenômeno, estão, por exemplo, casos de violência doméstica.

O estudo aponta que, em 2024, 586 mulheres foram assassinadas na Amazônia Legal, o equivalente a 4,1 vítimas para cada 100 mil mulheres. A taxa é 21,8% superior à média nacional. "Lideranças relatam que, antes da entrada do tráfico, não havia registros de agressões vinculadas ao uso de drogas ou álcool", diz o Cartografias.

A pesquisa destaca que terras indígenas do Alto Solimões - são 41 no total - têm sido usadas como corredores logísticos do tráfico, áreas de armazenamento e pontos de circulação de drogas. Alerta ainda que tem crescido o aliciamento de jovens pelo comércio varejista, impulsionado por endividamento, ausência de oportunidades e erosão dos vínculos comunitários.

"Relatos de lideranças descrevem ameaças de morte, retaliações e invasões silenciosas, somadas ao uso intensivo de álcool e drogas, que alteram profundamente as dinâmicas comunitárias e agravam a violência intrafamiliar", diz o estudo.

Mais de um quarto das cidades da Amazônia Legal hoje são dominadas pelo Comando Vermelho (CV), alvo de megaoperação recente que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A Região Norte do País é considerada estratégica pela possibilidade de importar rapidamente cargas de cocaína e skunk de nações vizinhas, como Peru e Colômbia, além de permitir que as mesmas rotas sejam usadas para crimes como o garimpo ilegal, em fenômeno conhecido como o "narcogarimpo".

. O domínio do CV, facção fundada há mais de quatro décadas no Rio, se estende por 202 cidades da região, incluindo locais estratégicos na área de fronteira, como Tabatinga (AM);

. A facção está presente em 286 municípios da Amazônia Legal, mais de um terço das 772 cidades da região - em 84 delas, como em Santana, no Amapá, há um cenário de disputa com outros grupos.

Isso é o que aponta a 4.ª edição do Cartografias da Violência na Amazônia, divulgado nesta quarta-feira, 19, durante Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30), em Belém. O estudo, um dos mais robustos sobre o avanço do crime organizado na região de floresta, é produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com entidades como os institutos Mãe Crioula e Clima e Sociedade.

Segundo a pesquisa, além do domínio do CV, o Primeiro Comando da Capital (PCC), hegemônico em São Paulo, está em 90 cidades. A leitura de pesquisadores é de que, depois de dominar a chamada "rota caipira", que liga a fronteira da Bolívia a Estados do Sudeste, a facção tem buscado se estabilizar na Amazônia, mesmo que lá tenha a presença massiva do Comando Vermelho, seu principal rival.

Ao todo, são 17 facções com atuação na Amazônia Legal, incluindo siglas nordestinas, como o Bonde do Maluco (BDM), da Bahia, e os Guardiões do Estado (GDE), do Ceará. A lista inclui ainda três organizações estrangeiras: o Estado Maior Central (EMC) e a Ex-Farc Acácio Medina, da Colômbia, além do Trem de Aragua, da Venezuela.

"A expansão das facções criminosas constitui um dos principais desafios à segurança pública, à governança territorial e à soberania nacional na Amazônia. Observa-se, nos últimos anos, um processo de interiorização e diversificação das dinâmicas criminais, com a consolidação de rotas estratégicas para o tráfico de drogas, armas, minérios e madeira, conectando a região aos mercados nacional e internacional", diz trecho do estudo. O levantamento aponta que as 17 facções ativas na Amazônia são:

. Comando Vermelho (CV)

. Primeiro Comando da Capital (PCC)

. Amigos do Estado (ADE)

. Bonde dos 40 (B40)

. Primeiro Comando do Maranhão (PCM)

. Família Terror do Amapá (FTA)

. União Criminosa do Amapá (UCA)

. Comando Classe A (CCA)

. Bonde dos 13 (B13)

. Bonde dos 777 (dissidência do CV)

. Tropa do Castelar

. Piratas do Solimões

. Bonde do Maluco (BDM)

. Guardiões do Estado (GDE)

. Trem de Aragua

. Estado Maior Central (EMC)

. Ex-Farc Acácio Medina

O estudo constata que a facção carioca Amigos dos Amigos (ADA) também age de forma associada ao B40 em municípios maranhenses. Porém, por não atuarem de forma autônoma em nenhuma localidade, os ADA não são contabilizados como facção ativa na Amazônia. "Essa configuração, no entanto, deve ser vista com atenção, pois pode indicar o aumento da atuação da ADA na região no futuro", diz o estudo.

Os pesquisadores afirmam que, em três anos de mapeamento, se observa um processo de consolidação do Comando Vermelho e de "estabilização da influência" do PCC, com forte atuação em Coari (AM), no Médio Solimões, e em Estados como Roraima. As demais facções teriam atuação mais localizada.

O Bonde dos 40, por exemplo, está no Maranhão e em Mato Grosso, com registros em 26 municípios. A Família Terror do Amapá (FTA) opera no Amapá e no Pará, em 8 municípios. O Comando Classe A (CCA) está em 4 municípios, e o Primeiro Comando do Maranhão (PCM), em seis.

"Já a Tropa do Castelar atua em 5 municípios mato-grossenses, enquanto a União Criminosa do Amapá (UCA) aparece em 3 municípios amapaenses. O grupo Piratas do Solimões também foi registrado em 3 municípios, assim como o Amigos do Estado (ADE), com atuação em localidades do Tocantins e Pará", acrescenta.

A metodologia do estudo sobre facções consiste em análise de documentos, entrevistas com agentes de segurança pública, líderes de comunidades tradicionais e moradores de municípios de interesse. Também são usadas informações jornalísticas, divulgações de operações policiais das forças de segurança e pesquisas de campo in loco. A pesquisa foi realizada de novembro de 2024 a setembro de 2025.

Facções estão em quase metade das cidades da Amazônia

O Cartografias aponta que, dos 772 municípios amazônicos, 344 (44,6%) apresentam alguma evidência da presença de facções, "demonstrando um processo de capilarização que transcende os grandes centros urbanos". Ao todo, 258 municípios (33,4%) registram a atuação de apenas uma facção, enquanto 86 (11,1%) veem disputas entre duas ou mais organizações criminosas.

É um crescimento expressivo em relação à 2.ª edição do estudo, de 2023, que apontou facções em 178 municípios. Na época, o CV já era considerado hegemônico, com presença em 128 cidades. Mas o número corresponde a menos do que a metade da quantidade de cidades sob influência da facção carioca (286). Os números do PCC na região variaram pouco na região, com presença em 93 cidades, em 2023, e em 90 na última edição da pesquisa.

Há facções em todos os 22 municípios do Acre, aponta a pesquisa. Já Mato Grosso e Pará têm, respectivamente, 92 (65,24% das cidades mato-grossenses) e 91 municípios (63,19% das cidades paraenses) com algum tipo de atuação de organizações criminosas - são os Estados com maior número de municípios com facções.

"O Comando Vermelho mantém hegemonia nas rotas fluviais, especialmente no eixo do Rio Solimões, em articulação com a produção peruana e os cartéis colombianos. O escoamento das drogas segue em direção a centros portuários estratégicos como Manaus, Santarém, Barcarena, Belém e Macapá, utilizando embarcações regionais, lanchas rápidas, submersíveis e 'mulas' humanas", afirma o estudo.

O PCC, por sua vez, tem intensificado o uso de rotas aéreas clandestinas, aproveitando pistas de pouso em garimpos ilegais e unidades de conservação. Como mostrou o Estadão, mapeamento da Secretaria da Segurança Pública amazonense aponta ao menos 200 pistas de pouso clandestinas no Estado.

A região "mais do que nunca se tornou estratégica não apenas para o tráfico na Amazônia, mas para o tráfico internacional de drogas", afirma ao Estadão Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Estimativas indicam que, somente no Peru, seja produzida uma tonelada de pasta base de cocaína por dia. A droga é comprada por facções brasileiras por cerca de US$ 1 mil e é revendida em outros continentes, como Europa, por US$ 50 mil.

O estudo destaca que, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), foram produzidas 3.708 toneladas de cocaína pura no mundo em 2023, alta de 34% ante o ano anterior - o maior volume já registrado na história. Já a área de cultivo da folha de coca cresceu 6% no mesmo período.

Taxa de assassinatos na região é 31% maior do que média nacional

No ano passado, a Amazônia Legal teve 8.047 pessoas vítimas de mortes violentas intencionais (MVI), que incluem homicídio doloso e feminicídio,. A taxa de 27,3 assassinatos por 100 mil habitantes é 31% superior à média nacional. O Estado mais violento da região e do País foi o Amapá, com taxa de MVI de 45,1 por 100 mil habitantes.

Entre os nove Estados da Amazônia Legal, Maranhão foi o único que apresentou aumento nas taxas de homicídio entre 2023 e 2024, com crescimento de 11,5%. Segundo o Cartografias, o Estado vê intensa disputa territorial pelo controle do tráfico, que envolve especialmente o Bonde dos 40, o CV e o PCC.

Samira reforça que, em geral, as cidades listadas entre as mais violentas da Amazônia Legal são estratégicas para o tráfico. Seja para a entrada de cargas de droga, como no caso de Tabatinga, na fronteira, ou para a exportação dessa droga, como no caso de Santana, que tem um dos maiores portos da região.

Muitas vezes, alerta ela, a atuação de grupos como CV e PCC afeta também comunidades indígenas. "Para a droga ser transportada por essa região, cortada pela floresta e pelos rios, é comum que as facções utilizem especialmente das populações indígenas e das terras indígenas como pontos de passagem, como estrutura para sua logística", diz Samira.

Comando Vermelho atua como 'síndico do garimpo' em algumas regiões

Estados como o Mato Grosso também chamam atenção pelo avanço de crimes ambientais. "Na terra indígena Sararé (em Conquista D'Oeste, perto da fronteira com a Bolívia), o Comando Vermelho dominou a maior parte do garimpo", diz Samira. "Cobram taxas pela exploração de todo o garimpo na região e alguns dos garimpos são controlados pelo CV."

A terra indígena Sararé teve 28,65 km² de área desmatada no ano passado. "Em segundo lugar, está a Terra Indígena Yanomami, em Roraima, com 22,59 km² desmatados. A Terra Indígena Uati-Paraná, no Amazonas, foi a terceira do ranking, tendo 19,88 km² desmatados, evidenciando a pressão crescente sobre áreas tradicionalmente isoladas", diz o estudo.

A rota amazônica, com destaque para o Rio Solimões, passou a ser alvo de disputa do crime organizado sobretudo após 2016, quando o narcotraficante Jorge Rafaat, conhecido como "Rei da Fronteira", foi morto a tiros em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. O assassinato teria tornado o PCC ainda mais dominante na região, o que dificultou o uso da "rota caipira" por outras facções.

Pesquisadores avaliam que o estudo indica um novo momento do narcotráfico na Amazônia. Se há cerca de uma década o foco era na consolidação de rotas, também por meio de acordos com cartéis colombianos, nos últimos anos passou a intensificar o controle territorial, marca do Comando Vermelho inclusive no Rio de Janeiro.

"Agora eles têm visto que essa expansão pelas cidades da região permite também a ampliação de serviços, que é uma outra característica do Comando Vermelho", afirma. "Uma década depois da abertura dessa nova rota do Solimões e da consolidação do Comando Vermelho nessa nova rota, eles passam a esse momento de difusão no território."

O PCC, por outro lado, não tem essa preocupação, porque é uma facção focada no "atacado", apontam os pesquisadores. Por isso, preocupa-se com cidades estratégicas para o tráfico internacional, carro-chefe da organização criminosa investigada por ter braços inclusive no principal centro financeiro do País, a Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo.