BBB: Emilly Araújo conta como fez para superar relação abusiva

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Aos 19 anos, a vida de Emilly Araújo mudou completamente. Ela venceu o Big Brother Brasil 2017, foi vítima de relacionamento abusivo com um dos participantes da casa e viveu tudo isso enquanto enfrentava o luto pela perda da mãe, que morreu de câncer de mama, dias antes de ela entrar no programa. "Foi tanta coisa que aconteceu ao mesmo tempo, tanta coisa que tive de assimilar. Mas, apesar de tudo, eu sei que o BBB mudou a minha vida positivamente, mas também negativamente com os traumas que tive de viver lá dentro", conta. Hoje, depois de anos de terapia e apoio dos amigos, ela consegue falar sobre o assunto. "Eu tinha medo de me julgarem, mas sei que ajudo outras mulheres a não passarem pelo que passei nesse tipo de relacionamento." O ano era 2017 e as pautas sobre relacionamentos tóxicos ou abusivos não faziam parte do vocabulário dos jornais, revistas e rede sociais da época. Quem dirá de um reality show como o Big Brother Brasil. Mesmo assim, a participante do reality Emilly Araújo lidava com violência verbal, física e psicológica do namorado, e também participante, Marcos Harter. O caso voltou à tona na última segunda-feira, 23, depois de ela parabenizar a emissora por intervir na relação de Bruna Griphao e Gabriel Tavares. "Eu sou muito grata ao programa, mas acho que faltou empatia, cuidado e muito amparo", diz, sobre a relação com o namorado no programa. Na ocasião, a polícia civil precisou abrir um inquérito para verificar lesão corporal e certificar que Marcos fosse expulso do BBB. "Já se passaram 6 anos e isso dói, machuca, me causa angústia ver outras mulheres passando por isso, me desespera, mas eu não sabia se um dia eu teria a força para falar a respeito disso", diz. Apesar das dores, Emilly encontrou uma rede de apoio grande na família, nos amigos e até nos fãs. "Foram as mulheres ao meu redor que me ajudaram a fortalecer o amor próprio que eu perdi " De acordo com ela, o mundo está mais acolhedor e atento em questões desse tipo, o que facilita a conversa. "Estamos nos importando mais umas com as outras e esse assunto de relacionamento tóxico está sendo mais comentado. Assim, a gente consegue abrir mais os olhos para identificar qualquer problema no estágio inicial", diz. "Tem que ser assim na TV ou na roda de amigos." Medo do julgamento Se na vida real as mulheres têm dificuldades de denunciar as agressões que sofrem por medo das reações dos outro, imagina em uma casa vigiada 24 horas por dia? "Eu tinha vergonha de tocar no assunto, ficava me perguntando se sempre iriam me ver como a guria que foi agredida no BBB em vez de uma pessoa que venceu e conseguiu passar por isso." Graças aos relatos que recebia nas redes sociais, ela percebeu a importância de falar sobre relacionamentos abusivos e reconhecer os alertas existentes. "Eu tenho mais coragem, quero falar sobre força feminina, para não termos que passar por mais relacionamentos agressivos. Quero inspirar outras mulheres, porque eu penso naquelas que não têm apoio, nas meninas que estão desistindo do sonho delas por ciúmes de homem. A gente precisa alertar o quanto antes." Apesar disso, ela reconhece que não é fácil, especialmente para a vítima, reconhecer os abusos que, na maioria dos casos, começam em ofensas verbais, disfarçadas de brincadeiras. "É assustador a gente se sentir culpada pela nossa personalidade. Mas ao mesmo tempo que eles falam coisas horríveis, nos chamam de louca, eles nos fazem sentir a mulher mais incrível do mundo", lembra. "Associado a isso, muita gente ao nosso redor tem uma mentalidade condicionada ao machismo e podem perguntar: ‘E o que você fez para ele agir assim’?", diz. Segundo ela, depois que se manifestou sobre o caso de Bruna Griphao nas redes, recebeu comentários que insinuavam que ela irritava o parceiro ou que ela queria atenção por retomar o assunto anos depois. Para mudar a situação, o autoconhecimento e a valorização da autoestima foi essencial para que ela conseguisse romper o ciclo de culpa e vergonha. "Hoje eu me esforço para não deixar ninguém abalar meu amor-próprio e me dizer como eu devo ser. Eu estou sempre tentando evoluir, sempre em mudança", conta. "A Emilly de hoje é completamente diferente da de 2017, mas é completamente diferente da Emilly de amanhã." O esforço reflete na maneira como ela olha hoje para o passado. "Se eu pudesse, falaria para eu mesma de 19 anos que ela foi muito forte, que as coisas ruins que aconteceram na sua vida vão servir para a sua evolução e para reconhecer as coisas boas que o mundo e as pessoas têm a oferecer", conta. "Conseguir alertar e tirar outras meninas disso me ajuda a cicatrizar essa ferida."

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A Andreani Logística anunciou nesta terça-feira, 29, a suspensão dos serviços prestados à Fundação Butantan, incluindo o armazenamento de insumos utilizados na produção de vacinas. O centro de pesquisa, por sua vez, afirma que o contrato com a empresa foi encerrado dentro do prazo previsto e nega qualquer interrupção inesperada.

A versão da Andreani, no entanto, é diferente. Segundo a empresa, o contrato original teve vigência de abril de 2023 a abril de 2024, com solicitação da fundação para que a operação fosse mantida por mais seis meses, enquanto uma nova licitação era elaborada. A previsão era de que a prorrogação se encerrasse em 30 de setembro. Em agosto, porém, o Butantan já havia selecionado a empresa Simas Logística como vencedora da concorrência.

Em 30 de setembro, a fundação teria enviado à Andreani uma prorrogação unilateral do contrato até abril de 2025 - decisão que a empresa afirma que não aceitou nem assinou. "Estamos prestando serviço sem contrato. Não existe negócio unilateral, e o Butantan agiu de forma arbitrária. Isso está sendo discutido em juízo", afirma a Andreani.

A disputa pela gestão logística, armazenamento e distribuição de vacinas já foi levada ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP), após a Andreani, segunda colocada no certame, contestar a legalidade da contratação da Simas. Um dos principais pontos de questionamento é a transparência do processo. Segundo a Andreani, o edital exigia a apresentação de uma licença que comprovasse a atuação da empresa em São Paulo - o que facilitaria a logística -, mas o documento da Simas não foi disponibilizado, mesmo após solicitação formal.

Outro ponto de crítica da Andreani é o que considera "falta de preparo da nova operadora". De acordo com a empresa, nas últimas 48 horas, equipamentos do Butantan que estavam sob sua guarda foram transferidos para uma fazenda da fundação e não para instalações da Simas, em um movimento que comprovaria a ausência de estrutura adequada.

A Andreani afirma que a única movimentação solicitada até o momento foi essa. A denúncia foi levada ao Ministério Público.

Embora o início oficial das atividades da Simas estivesse previsto para 17 de abril, a Andreani afirma que continuou recebendo cargas. "De 1º até 28 de abril, recebemos 340 paletes de insumos, sendo 40 apenas na segunda-feira, 28", afirma. A empresa também alega que nenhum desses materiais foi retirado até agora - versão contestada pelo Butantan, que informa já ter transferido 900 paletes para a nova operadora.

Segundo a Andreani, os serviços vêm sendo mantidos sem contrato e com valores determinados de forma unilateral pelo Butantan. A empresa afirma que, a partir desta quarta-feira, 30, deixará de receber novos insumos e de transportar cargas já armazenadas - função que também está sob sua responsabilidade - caso não seja apresentado um cronograma detalhado de transferência, amparado legalmente, com respeito aos valores comerciais anteriormente pactuados e acesso completo à documentação do processo licitatório.

A empresa afirma ainda que o imbróglio coloca em risco a integridade dos insumos. Ela assegura que as cargas sob seus cuidados seguirão armazenadas e refrigeradas, mas se recusa a receber novos insumos para armazenamento ou a realizar o transporte dos que já estão armazenados.

O que diz o Butantan?

A Fundação Butantan afirma que a Simas Logística, vencedora da licitação, dispõe de um galpão já qualificado e começou a receber insumos desde 3 de abril - informação que, assegura, foi previamente comunicada à Andreani.

Inicialmente, a fundação afirma que foram encaminhados materiais não refrigerados e, a partir de 30 de abril, a nova operadora também passará a receber insumos refrigerados. "Mais de 900 paletes já foram transferidos para as instalações da Simas, e a previsão é de que toda a migração seja concluída até o fim de maio", diz o Butantan.

O centro de pesquisa também destaca que o contrato com a Andreani foi firmado por inexigibilidade de licitação - modalidade diferente de uma contratação emergencial - e foi prorrogado unilateralmente com base na Lei 14.133/2021. "A empresa segue prestando serviços até o encerramento do contrato, em 30 de abril. Após essa data, caberá à Andreani permitir a retirada do restante dos materiais, já que a Simas está plenamente capacitada para armazenar e operar com os insumos", afirma.

A fundação assegura que não há risco de interrupção na produção de vacinas, especialmente considerando que a entrega das doses contra gripe ao Ministério da Saúde já foi concluída e que essa produção, a de maior volume do Butantan, só será retomada no segundo semestre, como ocorre regularmente.

A instituição também defende a regularidade do processo licitatório. Afirma que todo o procedimento foi conduzido com transparência e dentro da legislação, sendo reiteradamente validado por decisões judiciais favoráveis, e acrescenta que a Simas teria apresentado uma proposta com preço 45% inferior ao da segunda colocada, gerando uma economia estimada em R$ 72 milhões. "O que ocorreu, portanto e simplesmente, foi que a Andreani perdeu uma licitação", afirma o Butantan.

Segundo a fundação, a Andreani apresentou diversos recursos, todos sem sucesso. Além do recurso administrativo indeferido no âmbito do próprio Butantan, a empresa teve três pedidos de liminar negados pela Justiça - dois já em segunda instância - e teve indeferido também, pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP), o pedido de suspensão do certame. O processo ainda está em fase de instrução para julgamento do mérito, mas relatório técnico da fiscalização do TCE concluiu pela regularidade da licitação e improcedência da representação feita pela empresa.

Um metalúrgico de 22 anos morreu baleado durante discussão no trânsito em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, na madrugada do domingo, 27. O autor do tiro fugiu e não havia sido identificado até a publicação desta reportagem, segundo a polícia.

Patrick da Silva Brito morava em Diadema e na noite de sábado, 26, foi à festa de aniversário de um amigo em São Bernardo do Campo. Ao fim do evento, na madrugada de domingo, pegou carona com um amigo que também mora em Diadema. Durante o trajeto, enquanto passavam por uma rua próxima do Corredor ABD, se depararam com um carro parado na via, impedindo a passagem. Fora do veículo, um casal discutia.

O amigo de Patrick, que dirigia um Citroen C4 Cactus branco, buzinou pedindo passagem. O homem responsável pelo outro veículo sacou um revólver e disparou dois tiros na direção do motorista, segundo foi registrado na Polícia Civil.

Quando o amigo de Patrick percebeu a reação do rapaz, manobrou e tentou fugir, mas um dos tiros atingiu a nuca de Patrick. O amigo saiu com o veículo rumo a um hospital e, no caminho, encontrou guardas-civis municipais e pediu ajuda. Patrick chegou vivo ao hospital, mas não resistiu.

O caso está sendo investigado pelo Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil em São Bernardo do Campo, segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado. Até a noite de terça-feira, 29, o autor dos tiros não havia sido identificado.

Ainda hoje, muitos órgãos para transplante são transportados em embalagens que usam o gelo para manter refrigeração, sem controle preciso da temperatura. Pensando nisso e em outras demandas baseadas na realidade brasileira, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) desenvolveram uma embalagem inteligente que promete mudar esse cenário.

O produto é equipado com um sistema de monitoramento em tempo real, via internet, que permite rastrear o órgão e detectar qualquer queda ou alteração de temperatura durante o transporte. A embalagem, além disso, possui uma autonomia de até 6 horas e conexão de backup para garantir a continuidade do processo em situações adversas.

"Ela tem várias funcionalidades para dar um suporte em tempo real e garantir que esses órgãos e tecidos sejam transportados na temperatura adequada, diferentemente do gelo, em que não temos controle algum", detalha Bartira de Aguiar Roza, coordenadora do projeto e professora da Escola Paulista de Enfermagem da Unifesp. "O objetivo é reduzir perdas e otimizar o trabalho."

De acordo com a professora, existe uma perda estimada de 5% dos órgãos que são transportados a uma longa distância. As caixas, ela explica, precisam passar por diferentes ambientes, como aeroportos e táxis, onde muitas vezes a temperatura do ar-condicionado não é suficiente para manter a refrigeração adequada.

"Além disso, existem os requisitos de segurança, de rastreabilidade. Existem produtos que são transportados com alta tecnologia, mas, quando falamos de órgãos humanos, estamos transportando com iglu de gelo. Precisamos responder várias demandas, não só a demanda de perdas, mas também assegurar a rastreabilidade", diz.

A inovação é mais cara do que as embalagens padrão. A estimativa é de que chegue ao mercado por um valor entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. "Mas, comparando com caixas desenvolvidas em outros países, é mais barata", assegura a pesquisadora. "Caixas (estrangeiras) que ainda usam gelox, mas são rastreadas são vendidas por R$ 80 mil no Brasil. Desenvolvemos o produto para ter uma caixa nossa, da qual possamos nos orgulhar e que, sobretudo, seja mais barata."

Recentemente, foi concluída a etapa de validação pré-clínica da nova embalagem por meio de um estudo de caso-controle. Nessa fase, foi feita uma comparação entre o modelo atualmente utilizado no Brasil e a proposta desenvolvida pelos pesquisadores. Segundo Bartira, os resultados demonstraram que a nova embalagem é segura para o transporte de órgãos e tecidos destinados a transplantes.

O produto ainda deve passar por outros testes com órgãos humanos e a expectativa é que esteja disponível no mercado no início de 2026. A embalagem começou a ser desenvolvida em 2017, sem nenhum tipo de apoio financeiro, e em 2020 recebeu um aporte da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

A tecnologia foi desenvolvida pela Unifesp, por meio da Escola Paulista de Enfermagem e da Escola Paulista de Medicina, em parceria com a São Rafael Câmaras Frigoríficas, Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) e o Centro de Tecnologia em Embalagem para Alimentos do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL).