Baixo-barítono galês Bryn Terfel faz concerto na Sala São Paulo

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Foi um daqueles convites impossíveis de se recusar - não que Bryn Terfel tivesse a intenção de fazê-lo. "Para um cantor que começava a se deparar com os principais papéis das óperas de Richard Wagner, ter a chance de gravá-los com um maestro como Claudio Abbado era um presente quase inacreditável", ele conta.

Isso foi em 2002. Desde então, ele interpretou personagens como o deus Wotan, em O Anel do Nibelungo, ou o atormentado Holandês Errante, em O Navio Fantasma, nos principais palcos do mundo.

Anos depois, já os aposentou de seu repertório. Mas voltará a eles no concerto que faz nesta quarta, 8, ao lado da Orquestra Acadêmica Mozarteum Brasileiro, na Sala São Paulo. Ele vai interpretar a cena final de A Valquíria, momento em que Wotan aprisiona sua filha mais querida em uma roda de fogo.

É uma das cenas mais bonitas de toda a obra wagneriana - e que Terfel gravou naquele disco com Abbado. "A questão, com ele, não era apenas a qualidade da regência, o modo como sabia exatamente o que queria dos seus músicos. Era também aquilo que ele queria: a preocupação com o fraseado, com o lirismo, com a construção da interpretação. Abbado foi um mestre verdadeiro."

De Wagner, o repertório do concerto que Terfel faz em São Paulo, sua estreia no Brasil, também tem ária da ópera Os Mestres Cantores de Nuremberg. E ele parte, então, para uma seleção de árias de Gounod, Offenbach, Boito, Beethoven e canções tradicionais do País de Gales, onde ele nasceu.

"A ideia é muito clara, apresentar um pouco daquilo que eu fiz como artista ao longo da minha carreira, em toda a sua diversidade", ele explica. Uma diversidade, completa ele, que buscou desde o início.

HORAS CERTAS

Terfel ganhou notoriedade durante o concurso BBC Cardiff Singer of the World de 1989. Em uma das disputas mais acirradas da competição, ficou em segundo lugar, atrás do barítono Dmitry Hvorostovsky - os dois fariam carreiras de destaque. Os primeiros papéis foram em óperas de Mozart. Depois, veio Wagner. Ao mesmo tempo, ele gravou álbuns de canções tradicionais e com trechos de musicais de sucesso da Broadway.

"Tão importante quanto saber a hora de começar a se dedicar a um papel, respeitando os caminhos sugeridos pela sua voz, é saber a hora de deixar outros para trás", ele explica. E o faz sem grandes dramas.

Terfel nunca se rendeu totalmente ao mercado da ópera. Pelo contrário, não parece ser fácil tirá-lo de sua fazenda em Faenol, onde nasceu. Peter Gelb, diretor do Metropolitan de Nova York, disse em meados dos anos 2000 que poderia fazer de Terfel o maior astro da ópera mundial. "O problema é que ele não quer."

Em 2010, conversando com o Estadão, o cantor afirmou: "Eu poderia cantar todo dia, e isso vale para outros artistas também. A questão é: para quê? Eu tenho minha família e, no final das contas, o fundamental para mim é que meus filhos cresçam ao lado do pai."

Os filhos já estão grandes, mas o conceito não parece ter mudando de maneira profunda. Ele restringe seus compromissos a alguns teatros europeus. No mais, realiza turnês eventuais, como a que faz agora pela América Latina.

Algumas oportunidades, no entanto, ele não perde, como a de cantar na coroação do rei Charles III. Ou, então, a de atuar em Falstaff, de Verdi. "É uma síntese fascinante e genial de drama e comédia. Enquanto tiver alguma voz e conseguir cantar, quero estar no palco interpretando essa música."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A forte chuva que caiu especialmente na região metropolitana de São Paulo e no litoral paulista na noite desta quinta-feira, 26, provocou pontos de alagamentos, quedas de árvores e deslizamentos. Em Caieiras, na Grande São Paulo, ruas ficaram completamente interditadas pela água. A Rodovia Tancredo de Almeida Neves (SP-332) está bloqueada nos dois sentidos desde a madrugada, no trecho próximo à cidade pela queda de postes e árvores.

Caieiras teve o segundo maior acumulado de chuva no Estado, de 111 milímetros nas últimas 24 horas, mas não há registro de desalojados, desabrigados ou feridos, segundo a Defesa Civil estadual. Onde mais choveu foi em São Caetano do Sul (112 milímetros), mas não foram registradas ocorrências graves.

Em Guarulhos, na Grande SP, algumas ruas também ficaram tomadas por alagamentos, mas até o momento não há registro de vítimas que perderam suas casas. "Equipes ainda estão em campo vistorias nas áreas afetadas", diz a Defesa Civil. Os bairros mais afetados não foram divulgados.

As cidades de Campinas, Campo Limpo Paulista, Francisco Morato e Bertioga, no litoral norte, tiveram deslizamento de terra. Cinco residências foram afetadas em Franco da Rocha, deixando oito desalojados. Também há interdição parcial da Rodovia Mogi-Bertioga (SP-098), na altura do km 85 no sentido sul.

A capital paulista teve pontos de quedas de árvores. Nos últimos dias, a capital já vinha sofrendo com enchentes e tempestades - um motociclista foi levado pelas enxurradas na Avenida Rebouças e imóveis chegaram a ficar ser luz durante o temporal. Não houve desta vez, no entanto, grandes apagões, como os registrados em meses anteriores, em que mais de um milhão de casas ficaram sem energia.

O número de imóveis sem energia elétrica por conta da chuva em todo o Estado era 31.817 no início da manhã desta sexta-feira, 27, de acordo com a Defesa Civil estadual.

A chuva persiste na região metropolitana de São Paulo, em Campinas e no Vale do Paraíba. A manhã de sexta também começou com precipitações moderadas a fortes na Baixada Santista e no Litoral Norte.

"Ao longo do dia, especialmente a partir da tarde, aumentam as condições para chuva em todo o Estado, com destaque principalmente para todas as regionais que fazem divisa com MG, além da regional da Baixada Santista, Região Metropolitana de São Paulo, Sorocaba, Bauru e Araraquara, onde ainda podem ser significativos", diz a Defesa Civil do Estado, em nota.

A recomendação do órgão estadual é de que a população se mantenha atenta a áreas de risco de deslizamento e alagamentos. Em casos de emergência, deve-se entrar em contato pelo 199.

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), estabeleceu ontem critérios para o uso obrigatório das câmeras corporais pelos policiais militares de São Paulo. Conforme a decisão, os equipamentos devem ser usados em três situações: operações de "grande envergadura", incursões em "comunidades vulneráveis para restaurar a ordem pública" e operações para responder ataques a policiais militares.

Essas são situações prioritárias para uso das câmeras, mas a ideia é que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) amplie a instalação dos aparelhos, especialmente nas circunstâncias definidas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública anteriormente. "Na medida em que for viável, o Estado de São Paulo deve garantir que unidades que realizam patrulhamento preventivo e ostensivo também sejam contempladas", explica o ministro na decisão.

Os critérios foram definidos após uma série de episódios de violência policial em São Paulo que pressionaram o governador. Recentemente, Tarcísio admitiu que errou ao criticar as câmeras corporais em ocasiões anteriores.

O QUE ACONTECEU AGORA?

Barroso já havia definido a obrigatoriedade das câmeras nos efetivos policiais paulistas. Foi o próprio governo de São Paulo quem pediu um detalhamento sobre os critérios de uso.

A Secretaria da Segurança Pública alega que não há aparelhos suficientes para toda a PM. São 10.125 câmeras para cerca de 80 mil agentes públicos. A decisão desta quinta-feira é uma resposta ao pedido de prioridade.

Essa decisão define que, neste momento, o governo pode priorizar as regiões em que há disponibilidade dos equipamentos, mas deve distribuir as câmeras "estrategicamente" em áreas com maior índice de letalidade policial. "Essa observação é importante para que os objetivos da decisão não sejam frustrados pela distribuição de câmeras a localidades e unidades com menores taxas de mortes em decorrência da ação policial", afirma Barroso.

Segundo o ministro, a transparência nesse processo é fundamental para assegurar que os recursos disponíveis sejam alocados "de maneira eficiente". "E que os objetivos da política sejam efetivamente alcançados", define.

ESCALADA

No mês passado, 2 policiais militares foram presos e mais de 40 acabaram afastados por denúncias de violência em abordagens. Entre janeiro e o início de dezembro, foram registradas 784 mortes em decorrência de intervenção policial, segundo o Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo tem afirmado investigar os casos e não tolerar os desvios de agentes.

Dados da SSP apontam que, de janeiro a setembro, a Polícia Militar matou 496 pessoas - o maior número desde 2020. A alta interrompeu a curva de queda de mortes pela PM que vinha desde o início do uso de câmeras corporais.

PARA O FUTURO

Pela decisão do STF, o governo de São Paulo precisa manter o ministro informado sobre o andamento da política de câmeras. Barroso pediu relatórios mensais detalhando resultados. O Estado foi procurado pela reportagem, mas não havia se pronunciado até as 21 horas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Marinha do Brasil (MB) informou na noite desta quinta-feira, 26, que mais uma vítima da queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que cedeu no último domingo, 22, foi encontrada no Rio Tocantins. Ao todo, nove pessoas já foram localizadas e oito ainda seguem desaparecidas.

A vítima é uma mulher de 48 anos, que não teve a identidade revelada. De acordo com a Marinha, ela foi localizada por moradores a seis quilômetros do local do acidente, que aconteceu entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA).

Ainda segundo a Marinha, a Força-Tarefa de mergulhadores localizou duas motos, uma caminhonete, um caminhão com a carga de defensivos agrícolas preservada. Na área de buscas, testes de qualidade da água são feitos por militares especializados em Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR) e, até o momento, não foram constatadas alterações causadas por agentes químicos.

No início da tarde de quinta, outras duas pessoas desaparecidas foram localizadas. Ambas, no entanto, ainda não foram retiradas da água e seguem embaixo dos escombros, que estão a 35 metros de profundidade.

"Não foi possível realizar a extração dos corpos e a partir de agora, os operadores traçam estratégias para realizar novos mergulhos para retirá-los do local", informou a Polícia Militar do Tocantins.

A Força-Tarefa é coordenada pela MB, que conta com o apoio do Corpo de Bombeiros dos Estados do Maranhão, do Tocantins e do Pará. Até a última atualização, 79 militares da Marinha atuavam no local, com 44 mergulhadores ao todo - 18 da Marinha, 10 do Maranhão, 10 do Tocantins e seis do Pará.

Dificuldades na localização dos corpos

A localização dos corpos tem sido um desafio para os mergulhadores. Muito por conta das características do rio, como água turva e correnteza, além das presenças de escombros da própria estrutura colapsada e de materiais tóxicos que estavam sendo transportados por caminhões que caíram na água.

A possível presença de materiais tóxicos no rio, como ácido sulfúrico, que é corrosivo, altamente perigoso para a saúde humana e danoso aos materiais de mergulho (como os cilindros), faz a Marinha analisar qualidade a água toda manhã antes de começar as buscas. Todos os mergulhos foram autorizados após os exames identificarem que não havia o risco para os agentes.

Outras dificuldades enfrentadas pelos mergulhadores são: o nível de profundidade do Rio Tocantins, que chega a 48 metros; a baixa visibilidade da água, que é muito turva; além da presença de escombros, concreto e vergalhões no rio, que podem se deslocar, enroscar e provocar lesões à equipe de mergulho.

Reforços

Por conta disso, os trabalhos de busca vêm ganhando reforços de contingente e maquinários. Nesta quinta, por exemplo, a Força Aérea Brasileira (FAB) transportou até o aeroporto de Imperatriz, no Maranhão, uma câmara hiperbárica da Marinha, que permitirá a realização de mergulhos de profundidades maiores que 30 metros.

A Polícia Federal (PF), que também atua nas operações, utiliza dois drones subaquáticos para ajudar a localizar as vítimas e os caminhões submersos. O trabalho é realizado pelo Núcleo de Polícia Marítima da Polícia Federal, que fará uma varredura no Rio Tocantins. Um drone subaquático da Transpetro também está sendo usado.

Na lista, também está um sonar "sidescan", um instrumento que ajuda a identificar a posição dos veículos submersos. A ferramenta ajuda a garantir que os mergulhadores atuem de forma mais precisa e otimizada dentro do tempo diário que eles têm disponível.

E existe, ainda, a previsão de a equipe contar, com um médico hiperbárico, dois enfermeiros hiperbáricos e um operador da empresa Geosaker, especializada em inspeções subaquáticas que está auxiliando de forma voluntária nas buscas, que também devem chegar nos próximos dias.

Acidente

No último domingo, 22, a ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, de 533 metros e mais de 60 anos, teve parte da sua estrutura colapsada. A estrutura faz parte de um eixo rodoviário importante para a região Norte, por ser ponto de travessia das rodovias BR-226 (Belém-Brasília) e BR-230 (Transamazônica).

Ao todo 10 veículos, entre carros, caminhões e motocicletas, foram atingidos pelo acidentes. Dois caminhões carregavam ácido sulfúrico e um, que transportava defensivos agrícolas, caíram no Rio Tocantins.