Série dialoga com a vida real ao recriar crimes em fronteiras

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Com direção de Heitor Dhalia, DNA do Crime, série da Netflix que estreia nesta terça, dia 14, aborda uma faceta do crime brasileiro ainda pouco explorada em termos de imagens: o crime nas fronteiras do País, com o domínio de cidades.

Uma dinâmica "100% brasileira", descreve Dhalia, ao Estadão. "Não existe igual. São cinematográficas as ações. Esses caras [OS CRIMINOSO]são muito ousados. Atravessam uma fronteira riquíssima de 17 mil km do Brasil, vigiada pela Polícia Federal, para dominar uma cidade em outro país. Depois fogem por diversas rotas para Argentina, Brasil e Bolívia."

Baseado em investigações e acontecimentos reais, DNA do Crime acompanha a saga do policial Benício, papel de Rômulo Braga, e da também policial Suellen, interpretada por Maeve Jinkings, na busca pela identidade de um grupo de criminosos responsável por um assalto de grandes proporções a uma seguradora do Paraguai, perto da fronteira com o Brasil.

No entanto, para Benício, um policial que vive em função do trabalho, essa investigação assume também um caráter pessoal. Ele suspeita que o mandante do crime na fronteira, conhecido como "Sem Alma" e interpretado por Thomás Aquino, é o assassino de um colega seu de patrulha, que ocorreu durante a invasão de um presídio - Benício, claro, carrega o fardo de culpa pela morte. Movido pela necessidade de justiça, ele torna sua missão pessoal capturar o responsável por esse crime.

Heitor Dhalia usa uma gíria do crime interessante para descrever os transgressores que retrata em sua série: mente milionária. "É essa pessoa que tem uma mente genial, que consegue dominar uma cidade de outro país. Podia estar no mercado financeiro, na política, mas está no crime", explica.

Na ficção, algumas mentes milionárias têm sido o elemento que torna uma história digna de ser vista. É o caso de Breaking Bad, com Walter White, cuja expertise em química o conduz ao perigoso mundo do tráfico de drogas. Ou do chefe da máfia Tony Soprano, que, em Família Soprano, emprega sua inteligência para gerenciar seu império do crime enquanto enfrenta questões pessoais complexas.

O diretor avança a narrativa de forma a humanizar o "Sem Alma". Ao mostrar suas motivações, dilemas pessoais e momentos de vulnerabilidade, a série desafia estereótipos. O mesmo ocorre do lado oposto.

"Quisemos fazer personagens interessantes nas duas pontas. Porque eles são assim, de fato… complexos. Tem gente brilhante nas duas pontas", conta Dhalia.[UM LADO] "Não foi só o bandido que fez a escolha dele ou a polícia que fez a escolha dela. Somos nós, como País, e o que escolhemos como povo, como educação, como segurança, como tudo. E o reflexo é essa ponta que mostramos na série."

CONSULTORES. DNA do Crime tem sua origem em 2020, durante a pandemia. Motivado pela curiosidade em relação ao tema, Dhalia embarcou em extensa pesquisa sobre o assunto. A história passou a ser desenvolvida com a ajuda de consultores - tanto da polícia quanto do crime. O diretor falou com policiais e egressos do sistema penitenciário para garantir cenas de ação e perseguição muito críveis. "Nada da série é sem base no real. Tudo tem lastro, um fundo de verdade."

Para registros históricos, a série também retrata um avanço interessante dentro da polícia brasileira quando, a partir da iniciativa do trabalho da perícia com a coleta de DNA, foi possível aumentar o banco de dados e, consequentemente, prender os criminosos. A iniciativa rendeu ao Brasil o prêmio DNA Hit of the Year 2020, tido como Oscar do DNA, que nunca antes havia sido concedido a uma equipe brasileira.

Para Rômulo Braga, dar vida a Benício foi uma oportunidade de se aproximar de uma realidade que chega imbuída de vieses. "Cada profissional carrega seu arquétipo, sua entidade policial. Mas o que eu aprendi, para além dessa entidade policial, foi que a série aprofunda essa camada subjetiva de cada personagem."

Maeve Jinkings concorda: "Sinto que eu tenho ferramentas melhores de empatia para me aproximar da humanidade desses profissionais". Com Suellen, a atriz foi destaque em DNA do Crime desde o início. Maeve imprime autoridade e entrega humor num tempo perfeito. E aborda não só a questão da escassa representatividade feminina dentro da polícia, mas também as consequências disso para a família. "Gosto do dilema da personagem na série, o que representa colocar uma mulher nesse cenário, tendo tão poucas nesse gênero."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Na véspera da data em que Isabella Nardoni completaria 23 anos de idade, Ana Carolina Oliveira compartilhou nas redes sociais as lembranças que guarda da filha em uma caixa, como fotos, brinquedos e sapatos de bebê. Isabella foi morta aos 5 anos pelo pai, Alexandre Nardoni, e pela madrasta, Anna Carolina Jatobá, em 2008.

Hoje vereadora de São Paulo pelo Podemos, Oliveira também publicou um vídeo em homenagem à filha: "Eu guardo tudo de você com tanto carinho, suas fotos, seus desenhos, suas cartinhas. Às vezes fecho os olhos e consigo sentir você aqui comigo", disse.

Ela diz imaginar como a filha estaria hoje, se estaria na faculdade, se teria um amor e como seria a relação com os irmãos mais novos. "Daria tudo pra viver mais um aniversário com você", disse no vídeo.

Relembre o crime e desdobramentos

Isabella teria sido jogada da janela do 6º andar do prédio na Vila Guilherme, zona norte de São Paulo, onde moravam o pai e a madrasta. Ambos foram condenados em 2010 - ele, a 31 anos e 1 mês, ela, a 26 anos e 8 meses de prisão - mas já se encontravam presos desde 2008, quando ocorreu o crime. O caso teve grande repercussão nacional.

Alexandre Nardoni está em regime aberto desde maio do ano passado, cumprindo o restante da pena em liberdade. Ele teve concedida a progressão para o regime aberto depois de ficar preso por 16 anos. Já Anna Carolina Jatobá cumpriu 15 anos de pena e foi solta em 2023, também em progressão para o regime aberto.

Ana Carolina Oliveira foi a segunda vereadora mais votada da cidade nas eleições municipais de 2024. Seus projetos em tramitação na Câmara de São Paulo são voltados à proteção de mulheres, crianças e adolescentes e pessoas com deficiência contra a violência, mas nenhuma proposta ainda foi aprovada.

Uma adolescente de 17 anos foi esfaqueada dentro de sua casa, em Sorocaba, interior paulista, pelo namorado, também de 17 anos. O crime ocorreu na noite de quinta-feira, 17.

O próprio jovem chamou a Polícia Militar após o ato, confessando o crime. Ele foi encaminhado à Fundação Casa e permanece à disposição da Justiça.

A Polícia Civil investiga o caso. A perícia foi solicitada ao local e o caso foi registrado como feminicídio na Delegacia de Plantão de Sorocaba.

Em 2024, o Brasil registrou 1.450 feminicídios, uma redução de 5% em relação a 2023, segundo dados do Ministério da Justiça. No Estado de São Paulo, porém, houve recorde de casos de homicídios de mulheres por razões de gênero no último ano - foram mais de 250.

O advogado Juliano Bento Rodrigues Girau foi morto a tiros durante um assalto na madrugada deste sábado, 19, na orla da Praia Grande, em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Um amigo da vítima também foi baleado.

Ao menos um dos quatro suspeitos de participação no crime foi detido pela manhã. A Polícia Civil faz buscas pelos demais envolvidos.

Morador de São Gonçalo do Sapucaí (MG), o advogado estava no litoral paulista a passeio, junto com dois amigos. O crime teria ocorrido quando o grupo saiu de uma festa realizada na beira da praia, momento em que foi abordado por quatro homens encapuzados.

O caso foi registrado como latrocínio na Delegacia de Ubatuba. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), um terceiro amigo da vítima não se feriu e prestou depoimento à polícia.

"Os criminosos levaram celulares, carteiras e joias das vítimas", apontou em nota. "As investigações seguem em andamento para identificar e localizar os responsáveis pelo crime", finalizou.

Câmeras de segurança captaram o momento do crime, ocorrido pouco antes das 4 horas da madrugada. Nas imagens, o advogado e seus amigos são abordados por quatro homens encapuzados enquanto ainda estavam na faixa de areia.

Nas redes sociais, um dos amigos do advogado havia postado imagens das cerca de 12 horas de viagem de carro até Ubatuba. Guirau era formado em Direito pela Faculdade de Direito de Varginha (Fadiva), mas residia em São Gonçalo do Sapucaí, município do sul mineiro localizado a menos de 300 quilômetros de Ubatuba.

Prefeitura e OAB lamentam crime: 'Profissional íntegro'

A subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Gonçalo do Sapucaí se manifestou nas redes sociais: "Sua dedicação e compromisso com a Justiça sempre será lembrada com respeito e gratidão". "Manifestamos nosso repúdio pelo crime brutal que levou a morte do advogado da nossa subseção e que as medidas sejam tomadas para uma célere investigação", acrescentou.

A Prefeitura de São Gonçalo do Sapucaí também lamentou o caso em nota veiculada nas redes sociais. "Profissional íntegro, Dr. Juliano dedicou sua vida ao exercício da Justiça com ética, competência e respeito ao próximo. Sua partida representa uma grande perda não apenas para a advocacia, mas para toda a nossa comunidade", declarou.