Um dupla de três na cadência do samba e na devoção ao sagrado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse desejar que o próximo papa seja igual a Francisco, pontífice enterrado neste sábado, 26. "Quisera Deus que o próximo papa fosse igual a ele, com o mesmo coração dele, os mesmos compromissos religiosos dele, com os mesmos compromissos com o combate à desigualdade", disse Lula em Roma, onde acompanha o funeral de Francisco.
Lula disse ainda ter "um apreço muito grande pelo comportamento como homem, como religioso" de Francisco, e afirmou que o acompanhamento do cortejo fúnebre "foi uma dívida que nós pagamos a um homem que prestou serviços à humanidade".
A comitiva do presidente em Roma contou com a presença de quatro ministros de Estado, dos chefes dos Três Poderes e dez parlamentares. Além deles, participaram do ato a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e o embaixador Celso Amorim, assessor-chefe da assessoria especial da Presidência da República.
Em nota de pesar pelo falecimento de Francisco, Lula já havia dito que o papa foi uma "voz de respeito e acolhimento ao próximo". "O Papa Francisco viveu e propagou em seu dia a dia o amor, a tolerância e a solidariedade que são a base dos ensinamentos cristãos", disse o presidente, que decretou um luto oficial no País de sete dias como homenagem ao pontífice.
Em Roma, Lula também comentou sobre o encontro entre Donald Trump e Volodmir Zelenski. Os presidentes dos Estados Unidos e Ucrânia, respectivamente, se reuniram na manhã deste sábado antes do início do funeral. O petista criticou os chefes de Estado pela falta de consenso a uma solução de paz e defendeu mais negociações para a resolução do conflito provocado pela invasão da Rússia à Ucrânia.
"O Brasil continua teimando que a solução é a gente fazer com que os dois sentem na mesa de negociação e encontrem uma solução não só para Ucrânia e para Rússia, mas também para a violência que Israel comete contra a Faixa de Gaza", afirmou Lula.
Mais de 250 mil pessoas participaram do funeral do papa Francisco neste sábado, 26, segundo o Vaticano. A cerimônia começou na Praça de São Pedro, com a Missa das Exéquias, e foi encerrada na Basílica de Santa Maria Maggiore (Santa Maria Maior), em um ato fechado, sem a presença de fiéis, após cortejo fúnebre por um percurso de 5,5 km.
Assim que o caixão fechado foi colocado em frente ao altar externo da Basílica de São Pedro, o corpo de Francisco foi recebido com longos e emocionantes aplausos dos fiéis, que se aglomeravam na praça desde a madrugada.
Grupos de jovens chegaram a dormir na Praça de São Pedro para garantir um bom lugar. Por volta das 5h40 (0h40 de Brasília), uma multidão já aguardava no local. O acesso dos fiéis, que corriam para garantir um bom lugar para dar o último adeus a Jorge Mario Bergoglio, foi liberado pouco mais de 20 minutos depois.
Com o nascer do sol, a multidão tomou conta da Praça de São Pedro. Detectores de metal foram alocados nas principais vias de acesso. A polícia revistava mochilas e pedia que cada pessoa bebesse água de sua garrafa por medida de segurança.
Cerca de 50 chefes de Estado participam do funeral. Entre eles, estão o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente da Argentina (terra natal de Francisco), Javier Milei, e dez monarcas.
Minutos antes das 8h (3h pelo horário de Brasília), o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, chegou a Roma para participar do funeral. Na sexta-feira, ele tinha sinalizado que talvez não fosse à cerimônia por "falta de tempo".
A celebração foi feita por Giovanni Battista Re, decano do Colégio dos Cardeais. Perto do altar ficaram 220 cardeais e 750 bispos, além de aproximadamente 4 mil padres.
Battista Re chamou Francisco de "um papa do povo, de coração aberto a todos". O cardeal disse que o argentino sabia se comunicar com um estilo informal e espontâneo e lembrou que a última imagem que muitas pessoas têm de Francisco é a dele proferindo o que se tornaria sua bênção final no Domingo de Páscoa e saudando-o do papamóvel na mesma praça onde seu funeral é celebrado.
O cardeal também destacou o fato de Francisco ter defendido durante o seu papado que a Igreja deveria acolher os fiéis sem julgá-los. "Ele foi movido pela convicção de que a Igreja é um lar para todos, um lar com suas portas sempre abertas... uma Igreja capaz de se curvar diante de cada pessoa, independentemente de suas crenças ou condições, e curar suas feridas."
Battista Re foi interrompido pelos aplausos da multidão quando recordou o compromisso de Francisco com a paz. "Diante das guerras devastadoras destes anos, com horrores desumanos e inúmeras mortes e destruições, o papa Francisco tem incessantemente levantado a sua voz implorando pela paz e apelando à sensatez, a negociações honestas para encontrar soluções possíveis, porque a guerra é apenas a morte de pessoas, a destruição de lares, hospitais e escolas", disse o decano. "A guerra deixa sempre o mundo pior do que era antes: é sempre uma derrota dolorosa e trágica para todos", acrescentou.
Após a homilia, as orações dos fiéis foram recitadas em francês, árabe, português, polonês, alemão e mandarim.
O papa Francisco escolheu ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore (Santa Maria Maior), localizada no centro de Roma. Último sepultamento de um líder católico no local ocorreu há mais de 350 anos
Gesto semelhante ao do argentino foi feito pelo papa Leão XIII, que escolheu a Basílica de São João de Latrão, também na capital italiana, para o seu sepultamento, em 1903.
Francisco será o oitavo papa a ser enterrado no local. Os outros segundo a Agência de Notícias Católicas (CNA, na sigla em inglês), foram:
- Honório III (1226-1227);
- Nicolau IV (1288-1292);
- São Pio V (1566-1578);
- Sisto V (1585-1590);
- Paulo V (1605-1621);
- Clemente VIII (1592-1605);
- Clemente IX (1667-1669).
O papa argentino tinha uma relação próxima com a Basílica. Ele cultivava o hábito de ir à capela Paulina antes e depois de suas viagens apostólicas e rezar para a Salus Populi Romani, a imagem ícone de Nossa Senhora segurando o menino Jesus no colo.
Além disso, foi também nesta mesma igreja que o Santo Padre compareceu no seu primeiro dia de pontificado. Por conta dessa proximidade, Francisco deixou registrada a preferência por este santuário no seu próprio testamento.
"Peço que o meu túmulo seja preparado no nicho do corredor lateral entre a Capela Paulina (Capela da Salus Populi Romani) e a Capela Sforza desta mesma Basílica Papal, como indicado no anexo", escreveu o papa Francisco.
"O túmulo deve ser no chão; simples, sem decoração especial e com uma única inscrição: Franciscus", acrescentou, em documento produzido em 2022, e divulgado pelo Vaticano após a morte do líder da Igreja Católica.
Nesta quinta-feira, redes sociais da própria Basílica, anunciaram que o túmulo já foi preparado para receber o corpo de Francisco. O enterro está marcado para este sábado, 26, às 5h (do horário de Brasília).
Eles informam que a lápide será "discreta", e que consistirá de uma "simples" laje de pedra liguriana, "gravada com o nome Francisco". E na parede frontal, foi colocada uma reprodução ampliada da cruz peitoral que o papa carregava.
Na frente do túmulo, estará uma inscrição já existente, datada de 1615, do Papa Paulo V Borghese, ligada à construção da Capela dos Salus Populi Romani, a capela Paulina.
"Tal subscrição lembra como o Papa mandou erguer a capela em glória da efígie da Virgem, atribuída a São Lucas, e recomenda a celebração de ritos e cânticos perpétuos em honra de Maria Santíssima", informou a rede social da Basílica.