Sequestro de avião da Vasp ganha versão para o cinema

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O mercado audiovisual brasileiro demorou 34 anos para conseguir realizar o sonho de transformar em filme um episódio traumático da crônica política e policial brasileira que se não fosse real seria completamente inverossímil. No último dia 10, um sábado, 40 atores se acomodaram como passageiros em seus lugares em um Boeing 737 da Vasp instalado em cima de uma traquitana montada em um galpão gigante no Pavilhão Vera Cruz, o icônico estúdio em São Bernardo do Campo que foi a "casa" de Mazzaropi. O avião foi alugado pela produção do longa O Sequestro do Voo 375 - uma parceria da Disney com a produtora Estúdio Escarlate - de um colecionador de Brasília, transportado de caminhão até São Paulo e desmontado com a promessa de que seria devolvido inteiro. Uma parte dele, o corredor e a cabine, foi separada para a cena capital: o momento em que o piloto fez um tonneau, manobra na qual o piloto executa um giro 360° mesmo desconhecendo se a aeronave poderia sustentar tal ousadia. O objetivo desse gesto radical foi desestabilizar o sequestrador, Raimundo Nonato Alves da Conceição, que portava um revólver calibre 32 com o qual tinha matado o copiloto, Salvador Evangelista, com um tiro na nuca após ele tentar contato com o controle de tráfego aéreo. O elenco foi medicado com remédios contra enjoo e amarrado nas poltronas com cordas especiais usadas em atrações circenses. O diretor Marcus Baldini queria o máximo de realismo. A ideia era que tudo em volta desabasse ao redor diante do desespero dos passageiros. Corta. DESAFIOS Previsto para estrear nos cinemas só em outubro do ano que vem, o longa conseguiu superar seu maior desafio logístico. Nas últimas três décadas, ninguém conseguiu reunir recursos para contar de maneira convincente essa história. E por um capricho do destino, o caso do homem que tentou matar José Sarney jogando um Boeing contra o Palácio do Planalto nos primeiros anos após a ditadura foi gravado no momento em que manifestantes de extrema direita são detidos com armas (e até uma ameaça de bomba) enquanto defendem intervenção militar. "O filme dialoga com esse mundo atual. Há um sentimento sempre presente de traição do povo. O Nonato é um cara que toma uma atitude extrema ao se sentir traído pelos governantes que o iludem dizendo que o Brasil vai melhorar. Por mais que seja um ato terrorista e condenável, ele espelha um sentimento que está no inconsciente coletivo das pessoas. O Brasil se renova em círculos de esperanças e as pessoas reincidentemente se sentem traídas", disse ao Estadão o diretor Marcus Baldini. HISTÓRIA Para quem não se lembra ou nem era nascido, o longa conta a história do sequestro que aconteceu no dia 29 de setembro de 1988, quando a aeronave da Vasp partiu de Porto Velho, em Rondônia, com destino ao Rio de Janeiro, com quatro escalas no caminho: Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. No último trecho, entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro, um dos passageiros anunciou o sequestro e ordenou ao piloto para desviar a rota para Brasília, onde desejava jogar a aeronave contra o Palácio do Planalto e, assim, matar o presidente José Sarney. "O cinema tentou, mas não conseguiu fazer esse filme antes. Entrevistamos todos os personagens. Além de um filme de ação com temática política, é um filme de personagem na realidade pós-ditadura e Constituinte que chega no pós-pandemia e pós-Bolsonaro", disse Joana Henning, CEO do Estúdio Escarlate, sócio na Disney na produção. Ao custo de R$ 15 milhões, um valor modesto para o primeiro filme de sequestro de avião do cinema brasileiro, o longa teve apoio decisivo dos militares, que cederam locações, aeronaves e técnicos em dois governos diferentes - Michel Temer e Bolsonaro. Baldini conta que o caso brasileiro foi uma referência quando houve os atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York. "A Força Aérea foi muito proativa (no caso Vasp). A rapidez com que o caça decolou de Anápolis e chegou para a escolta não aconteceu no 11 de Setembro (nos Estados Unidos), quando demoraram muito para a autorização. Aqui no Brasil o sistema de tráfego aéreo é integrado. Eles (os EUA) vieram pra cá estudar essa integração", compara. O ator Danilo Gragheia interpreta o piloto Murilo. Jorge Paz será o sequestrador Nonato. Entre os outros nomes do elenco estão Roberta Gualda, Cesar Mello, Juliana Alves, Arianne Botelho, Diego Montez e Wagner Santisteban. O longa está sendo gravado no Pavilhão Vera Cruz. Fundada em uma antiga fazenda do industrial Francisco Matarazzo Sobrinho, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz funcionou como palco de produções audiovisuais nacionais de 1949 a 1954. Lá, foram produzidos 22 filmes, mas o número de obras sobe para 40 contando parcerias com outros estúdios. O espaço histórico, que representou o sonho de transformar a indústria do cinema no Brasil, foi inaugurado em 1949, em São Bernardo do Campo (SP).

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As fortes chuvas que atingiram cidades do ABC e do litoral paulista provocaram transtornos nesse sábado, 19. Além do acionamento de sirenes, mensagens de alerta severo foram enviadas para moradores da região. Deslizamentos e alagamentos foram registrados pela Defesa Civil do Estado de São Paulo. Nas redes sociais, moradores relataram que pessoas ficaram ilhadas.

Sirene de alerta acionada no Guarujá

A Defesa Civil emitiu um alerta de fortes chuvas na região do Guarujá. A sirene da comunidade da Barreira foi acionada, e os moradores precisaram se deslocar imediatamente para um local seguro. A Escola Sérgio Pereira esteve disponível para abrigar a população em áreas de risco.

"Foi acionado o sistema de alerta Cell Broadcast, emitido no modo extremo para a região, bem como o Sistema de Alarme Remoto (SISAR)", informou a Defesa Civil do Estado de São Paulo.

No Morro do Bio, houve um deslizamento de terra e a área atingida foi interditada preventivamente. Ao menos 17 pessoas foram encaminhadas para o abrigo municipal.

Segundo levantamento realizado pelo Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Defesa Civil, entre 17h30 e 23h30, a cidade do Guarujá registrou todo o volume de chuva esperado para o mês de abril.

A média do mês é de 190,7mm e choveu em 6 horas o total de 191mm. Desde o início de abril, já choveu na cidade o equivalente a 282 mm.

São Vicente

Após uma chuva de forte intensidade, o asfalto cedeu na Avenida Marechal Deodoro, no cruzamento com a Rua Pero Lopes de Souza, colocando em risco a estrutura de um edifício. A Defesa Civil de São Vicente avaliou o local e não houve necessidade de retirada dos moradores.

Chuva no ABC

De acordo com a Defesa Civil do Estado de São Paulo, houve chamados para alagamentos em São Bernardo do Campo. O bairro mais afetado foi o Galileia, onde algumas residências foram invadidas pela água.

Em Diadema, uma chuva de forte intensidade, acompanhada por fortes rajadas de vento, causou pontos de alagamento, quedas de árvores e queda de muro.

Segundo levantamento realizado pelo CGE, a cidade de Santo André ultrapassou o volume de chuva esperado para todo o mês apenas nesse sábado. Foram 110 mm de volume de chuva, enquanto a média é de 106,6 mm.

Campos do Jordão

A chuva forte também atingiu a região de Campos do Jordão. Acompanhada por rajadas de vento, ela causou deslizamentos de terra, pontos de alagamento e quedas de árvore. Quatro pessoas desalojadas foram encaminhadas para a casa de parentes.

A Páscoa, principal celebração do calendário cristão, representa a ressurreição de Jesus Cristo, que segundo a crença cristã veio à Terra para salvar a humanidade de seus pecados.

Embora, quanto à razão, sejam totalmente distintas, a Páscoa cristã teve influência da Pessach ("passagem", em hebraico), celebração tradicional dos judeus para festejar a libertação do povo hebreu após 400 anos de escravidão no Egito.

Esse evento anual acontecia perto do início da primavera no hemisfério norte, onde os hebreus moravam, e acontecia desde muito antes do cristianismo. Jesus teria até conhecido e participado de algumas edições da Pessach.

A Páscoa cristã, no entanto, tem um significado bem diferente da celebração dos judeus: relembra a crucificação e morte de Jesus e sua ressurreição, três dias depois. Uma das tradições relacionadas à data e comuns no mundo inteiro é a encenação da Paixão de Cristo, que relembra os últimos momentos do líder religioso até ser crucificado.

A celebração cristã também incorporou elementos de fora da religião: nessa mesma época do início da primavera no hemisfério norte, na antiguidade, os agricultores e mesmo a população em geral comemoravam a chegada do período em que a lavoura era mais produtiva, devido ao fim do inverno.

Nesse momento do ano, organizava-se uma homenagem à deusa Ostara, que na mitologia nórdica, anglo-saxã e germânica era a deusa da Primavera, da fertilidade e do renascimento. Era um culto a uma figura pagã, como é chamado quem não segue uma religião tradicional.

Uma das tradições da festa em homenagem a Ostara era decorar ovos, ou ainda escondê-los para que outras pessoas os procurassem. Esses hábitos em relação aos ovos resistem até hoje, agora (no Brasil) com ovos de chocolate.

O coelho ou a lebre eram símbolos da festa pela chegada da primavera porque estão entre os primeiros animais a saírem de suas moradias ao fim do inverno, para aproveitar o calor e o sol mais frequente.

Como surgiram os ovos de Páscoa?

Como símbolos de renascimento e renovação, os ovos de galinha são usados na Páscoa há séculos - a simbologia dos ovos se encaixa perfeitamente na acepção cristã da data, de celebração do renascimento de Jesus Cristo.

No século 13, o rei inglês Eduardo 1º (1239-1307) presenteou seus cortesãos com ovos de galinha embalados em folhas de ouro. A partir dessa época, tornou-se habitual decorar os ovos para presentear amigos e mesmo para celebrar a Páscoa.

O chocolate só chegou à Grã-Bretanha 400 anos depois, no século 17. Era uma novidade tão fascinante quanto cara. Naquela época, aliás, era líquido, e se tornou uma bebida da moda entre os milionários, um símbolo de status.

Em 1847, a empresa Fry's, que hoje pertence à fábrica de chocolates inglesa Cadbury, fabricou as primeiras barras de chocolate, sólidas. Elas começaram a se popularizar e, em 1973, a mesma fábrica produziu os primeiros ovos de Páscoa de chocolate em todo o mundo.

Embora tenham se disseminado, os ovos de chocolate seguiram sendo sinal de status por muitos anos. Mesmo no início do século 20, pessoas que ganhavam ovos de chocolate os guardavam por anos, em vez de consumi-los.

Apenas nos anos 1970 o comércio começou a oferecer ovos de chocolate a preços mais em conta, e a partir de então eles se tornaram uma tradição.

O Brasil tem até um recorde relacionado aos ovos de Páscoa: o maior do mundo, oficializado pelo Guinness (o livro mundial dos recordes), fica na cidade catarinense de Pomerode, que promove uma festa com tradições alemãs nessa data.

Na véspera da data em que Isabella Nardoni completaria 23 anos de idade, Ana Carolina Oliveira compartilhou nas redes sociais as lembranças que guarda da filha em uma caixa, como fotos, brinquedos e sapatos de bebê. Isabella foi morta aos 5 anos pelo pai, Alexandre Nardoni, e pela madrasta, Anna Carolina Jatobá, em 2008.

Hoje vereadora de São Paulo pelo Podemos, Oliveira também publicou um vídeo em homenagem à filha: "Eu guardo tudo de você com tanto carinho, suas fotos, seus desenhos, suas cartinhas. Às vezes fecho os olhos e consigo sentir você aqui comigo", disse.

Ela diz imaginar como a filha estaria hoje, se estaria na faculdade, se teria um amor e como seria a relação com os irmãos mais novos. "Daria tudo pra viver mais um aniversário com você", disse no vídeo.

Relembre o crime e desdobramentos

Isabella teria sido jogada da janela do 6º andar do prédio na Vila Guilherme, zona norte de São Paulo, onde moravam o pai e a madrasta. Ambos foram condenados em 2010 - ele, a 31 anos e 1 mês, ela, a 26 anos e 8 meses de prisão - mas já se encontravam presos desde 2008, quando ocorreu o crime. O caso teve grande repercussão nacional.

Alexandre Nardoni está em regime aberto desde maio do ano passado, cumprindo o restante da pena em liberdade. Ele teve concedida a progressão para o regime aberto depois de ficar preso por 16 anos. Já Anna Carolina Jatobá cumpriu 15 anos de pena e foi solta em 2023, também em progressão para o regime aberto.

Ana Carolina Oliveira foi a segunda vereadora mais votada da cidade nas eleições municipais de 2024. Seus projetos em tramitação na Câmara de São Paulo são voltados à proteção de mulheres, crianças e adolescentes e pessoas com deficiência contra a violência, mas nenhuma proposta ainda foi aprovada.