Kit Madonna, cangas e até CDs: Orla de Copacabana vira loja não oficial da cantora; veja preços

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"Quero minha parte nesses R$ 300 milhões que a prefeitura diz que a Madonna vai movimentar no Rio", cobra o vendedor ambulante Moacir Santos, de 47 anos, num raro intervalo entre os gritos para anunciar seu "kit Madonna", composto por boné, camiseta e leque da rainha do pop, tudo a "apenas" R$ 120, em Copacabana, na zona sul do Rio, na tarde da sexta-feira, 3.

Na véspera do aguardado show da cantora, que deve levar cerca de 1,5 milhão de pessoas à praia neste sábado, 4, as calçadas da rua Rodolfo Dantas, que liga a estação de metrô Cardeal Arcoverde ao ponto da praia onde está instalado o palco que vai receber Madonna a partir das 21h45, passaram o dia e boa parte da noite lotadas de vendedores.

Além de camisetas, bonés e leques (se comprados separados, a R$ 80, R$ 25 e R$ 30, respectivamente), estão à venda toalhas (R$ 50) e cangas (R$ 80) com fotos de Madonna, buzinas e até CDs (você se lembra deles, caro leitor?) da cantora (R$ 20). "Só hoje já faturei mais do que em abril inteiro", comemora Santos, o vendedor do kit. "No Carnaval dá pra gente lucrar, mas agora está sendo melhor, o pessoal está mais disposto a gastar", compara.

O movimento em Copacabana, comparável ao do Réveillon, indica uma movimentação econômica intensa e dá argumentos ao prefeito Eduardo Paes (PSD), que investiu R$ 10 milhões dos cofres públicos no evento. Não faltaram críticas a esse investimento - nas redes sociais, muita gente disse que é um absurdo a prefeitura gastar com o show enquanto poderia investir em hospitais, escolas ou na segurança pública.

O prefeito se justifica citando a lotação dos hotéis, recorde para essa época do ano, e o movimento nos aeroportos e na rodoviária - que registra aumento de 30% no movimento neste final de semana. São esperados cerca de 150 mil turistas na cidade.

Ex-adversários em disputas políticas locais, Paes e Marcelo Freixo, presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), se uniram no mesmo discurso: "O show da Madonna coloca o Rio e o Brasil para o mundo inteiro, vai ser assunto no mundo inteiro. São mais ou menos R$ 300 milhões injetados na economia carioca. A cadeia produtiva do turismo é muito democrática: vai do dono do hotel, do dono do restaurante ao motorista do táxi, do Uber, ao vendedor do mate, todo mundo ganha. O turismo hoje é 8% do PIB brasileiro, é geração de emprego e renda", afirmou, em vídeo nas redes sociais.

Restaurantes de Copacabana

Citados por Freixo, os restaurantes de Copacabana aproveitam o movimento, mas, pela pesquisa da reportagem, desta vez não reajustaram os preços, como invariavelmente acontece dias antes de cada Réveillon. Nos estabelecimentos self-service nas ruas próximas ao local do show, o quilo da comida varia de R$ 59,99 a R$ 100, dependendo da sofisticação. "Até quinta-feira, 2, o movimento no restaurante não tinha mudado. Nesta sexta, já teve bem mais gente, o bairro está lotado", conta Almir Pereira, dono de um bar na avenida Nossa Senhora de Copacabana, a cerca de 400 metros do palco, que serve comida a R$ 59,99 o quilo.

Entre os mais sofisticados, a Churrascaria Palace, a poucos metros do palco, oferece rodízio por R$ 225. Também nas imediações, são famosos o Cervantes, com sanduíche de pernil com abacaxi a R$ 33, o Galeto Sat's com porções de coração de frango a R$ 52, e a Tasca Carvalho, onde a sardinha à escabeche custa R$ 35.

Cerveja a R$ 10 e quiosque-camarote a partir de R$ 1.000

Na orla, a latinha de cerveja mais barata oferecida à reportagem pelos ambulantes - Brahma ou Antarctica - custava R$ 10. Uma latinha de Xeque Mate, bebida à base de rum que fez sucesso no carnaval, sai por R$ 25 (no carnaval era R$ 20). A água custa a partir de R$ 6. "Estou vendendo bem, esse calor ajudou", comentou Márcio Seixas, de 27 anos, que mora em Brás de Pina, na zona norte, e foi até Copacabana para tentar garantir renda extra. "Trabalho como vigia, mas aproveito as horas vagas para ganhar um trocado a mais", afirmou.

Como acontece no Réveillon, durante o show deste sábado os quiosques vão virar "camarotes", com comida e bebida liberados, a preços nada módicos: nos quatro mais próximos do palco, o menor valor cobrado pelo ingresso era R$ 1.000 - e esgotou.

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O papa Francisco morreu nesta segunda-feira, 21, aos 88 anos, informou o Vaticano. Nascido em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio sofria de uma doença pulmonar crônica que o vitimou.

A morte do papa acontece um dia após o Domingo de Páscoa, quando ele fez uma breve aparição para abençoar as milhares de pessoas na Praça São Pedro, no Vaticano, o que provocou vivas e aplausos da multidão.

O pontífice continuava sua recuperação de um grave episódio de pneumonia bilateral.

Ele não celebrou a missa de Páscoa na praça, deixando a tarefa para o cardeal Angelo Comastri, o arcipreste aposentado da Basílica de São Pedro.

Aparições raras desde o retorno da hospitalização

Francisco só apareceu em público algumas vezes desde que retornou ao Vaticano, em 23 de março, após uma hospitalização de 38 dias.

Ele não participou das solenidades da Sexta-Feira Santa e do Sábado Santo, mas o folheto da missa e os planos litúrgicos publicados pelo Vaticano já adiantavam sua aparição no domingo.

Segundo o Vaticano, ao menos 35 mil pessoas participaram da missa no local, especialmente adornado com narcisos, tulipas e outras flores doadas pelos Países Baixos.

"Irmãos e irmãs, feliz Páscoa!", disse Francisco, no domingo.

Primeiro pontífice das Américas

Francisco foi o primeiro pontífice das Américas.

Ele encantou o mundo com seu estilo humilde e preocupação com os pobres, mas entrou em conflitos internos dentro da própria Igreja Católica ao criticar o capitalismo e adotar um discurso de inclusão da população LGBTQIAPN+.

Período da Igreja

Agora que Francisco morreu a Igreja entra em período de Sé Vacante.

Caberá ao camerlengo, cardeal responsável pela administração dos bens e Tesouro do Vaticano, o governo temporário e a transição de poder.

O cargo é ocupado atualmente pelo irlandês Kevin Joseph Farrell.

Entre outras funções, ele irá organizar o conclave para eleição do novo papa.

*Com informações da Associated Press.

O velório de um papa sempre se torna um evento, até pelo tempo que demora (nove dias). Mas o papa Francisco, que morreu nesta segunda-feira, 21, buscou no ano passado simplificar esses ritos. E ele será enterrado em um caixão simples de madeira e fora do Vaticano, pela primeira vez em mais de um século.

Francisco renunciou a uma prática secular, segundo a qual o chefe da Igreja é enterrado em três caixões interligados feitos de cipreste, chumbo e carvalho.

Em vez disso, Francisco será enterrado em um único caixão de madeira revestido de zinco.

O uso de uma plataforma elevada na Basílica de São Pedro para o "velório", como aconteceu com os pontífices anteriores, também foi abolido. Os fiéis serão convidados a prestar suas homenagens enquanto o corpo de Francisco ficará dentro do caixão, com a tampa aberta.

Segundo as últimas informações vaticanas, ele optou pelo enterro na Igreja de Santa Maria Maior em Roma, em vez da Basílica de São Pedro, que abriga mais de 90 papas.

A escolha foi por se tratar da igreja que Francisco tradicionalmente frequentava para fazer suas orações em Roma (diocese da qual era, oficialmente, o bispo). Antes dele, Leão XIII, em 1903, havia optado pelo enterro na igreja de São João de Latrão.

As instruções estão no "Ordo Exsequiarum Romani Pontificis", aprovado em 29 de abril de 2024 pelo próprio papa Francisco, que recebeu o primeiro exemplar em 4 de novembro.

"Fez-se necessária uma nova edição - explicou à época o arcebispo Diego Ravelli, Mestre das Celebrações Litúrgicas dos Pontífices - antes de tudo porque o papa Francisco pediu, como ele mesmo declarou em diversas ocasiões, para simplificar e adaptar alguns ritos de forma que a celebração das exéquias do Bispo de Roma expressasse melhor a fé da Igreja em Cristo Ressuscitado", disse. "O rito renovado, ademais, deveria enfatizar ainda mais que o funeral do Romano Pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não de uma pessoa poderosa deste mundo."

A razão de não ser enterrado no Vaticano

Francisco declarou seu desejo de ser enterrado fora do Vaticano em 2023. "Quero ser sepultado em Santa Maria Maggiore por causa da minha grande devoção" pela Virgem, confidenciou à jornalista mexicana Valentina Alakraki. A devoção mariana é antiga: então cardeal Bergoglio frequentava a basílica ao lado da estação Termini já quando era arcebispo de Buenos Aires: "Sempre ia lá no domingo de manhã, quando eu estava em Roma."

Voltou ao local uma centena de vezes, após cada uma de suas viagens apostólicas e nas festas litúrgicas marianas. Foi ainda o primeiro lugar em que foi após se tornar papa e que procurou durante a pandemia de covid-19. Curiosamente, trata-se da mesma forte devoção de Santo Inácio de Loyola, fundador dos jesuítas, que ali celebrou sua primeira missa em 1538.

Por fim, o papa consegue deixar o Vaticano, no qual durante mais de uma vez se disse "engaiolado". E, em uma sequência iniciada ao se recusar a ir para o Palácio Apostólico e optou por morar na Hospedaria Santa Marta, quebrou um último "protocolo" de seus antecessores.

O presidente da Argentina, Javier Milei, escreveu nesta segunda-feira, 21, em post na rede X que recebeu com "profunda dor" a notícia da morte do papa Francisco. "Apesar de diferenças que hoje parecem menores, ter podido conhecê-lo em sua bondade e sabedoria foi uma verdadeira honra para mim. Como Presidente, como argentino e, fundamentalmente, como um homem de fé, despeço-me do Santo Padre e me solidarizo com todos que hoje recebem essa triste notícia."

Já o presidente da França, Emmanuel Macron, lamentou na mesma rede pelo falecimento do pontífice. "De Buenos Aires a Roma, o Papa Francisco queria que a Igreja levasse alegria e esperança aos mais pobres. Que unisse os seres humanos entre si e com a natureza. Que essa esperança possa ressuscitar perpetuamente além dele."